Economistas antecipam expansão de 2% do PIB este ano, acima da meta do Governo

  • ECO e Lusa
  • 13 Novembro 2019

Os economistas antecipam que a economia portuguesa tenha crescido, em média, 0,4% no terceiro trimestre face aos três meses anteriores.

Os economistas ouvidos pela Lusa consideram que a meta do Governo para o crescimento económico este ano, de 1,9%, é exequível e pode ser superada e antecipam, em média, um crescimento de 2%, em linha com Bruxelas.

“Atualmente, depois do crescimento de 2,1% no primeiro trimestre e de 1,9% no segundo trimestre, a meta de crescimento do Governo é perfeitamente exequível, sendo provável que possa ser ultrapassada”, afirmou António Ascensão Costa, coordenador do Grupo de Análise Económica do ISEG.

Depois do crescimento de 2,1% no primeiro trimestre e de 1,9% no segundo trimestre, a meta de crescimento do Governo é perfeitamente exequível, sendo provável que possa ser ultrapassada.

António Ascensão Costa

Coordenador do Grupo de Análise Económica do ISEG

O economista adiantou que “vão nesse sentido revisões recentes do Banco de Portugal e da Comissão Europeia, que fixaram as suas mais recentes previsões de crescimento em 2%” este ano. António Ascensão Costa acrescentou que, “por agora, o ISEG considera como mais prováveis, para o crescimento do PIB em 2019, os valores de 1,9% ou 2,0%”, que já pertenciam ao intervalo de previsão inicial.

“No essencial, com um crescimento desta ordem, a economia portuguesa, tendo desacelerado, ficará razoavelmente acima do crescimento médio esperado da área euro (1,1% na mais recente previsão da Comissão Europeia), tendo resistido bem à maior desaceleração do crescimento na região”, comentou ainda o coordenador do Grupo de Análise Económica do ISEG.

Rui Bernardes Serra, economista-chefe do Montepio, também considera que a meta do Governo é alcançável. “A nossa previsão anual para 2019 é de um crescimento de 2%, pelo que é exequível a meta do Governo de 1,9%”, afirmou o economista à Lusa, acrescentando que, “para tal, basta que a economia cresça mais de 0,22% em cadeia no terceiro e quarto trimestres”.

A nossa previsão anual para 2019 é de um crescimento de 2%, pelo que é exequível a meta do Governo de 1,9%.

Rui Bernardes Serra

Eeconomista-chefe do Montepio

Pedro Brinca e João Duarte, professores da Nova SBE, também alinham a previsão de crescimento económico deste ano com a Comissão Europeia. “Para o ano de 2019 espera-se um crescimento de 2% do PIB, acima da meta de crescimento estabelecida pelo Governo no Programa de Estabilidade 2019-2023 (1,9%)”, a mesma previsão enviada pelo executivo a Bruxelas, em 15 de outubro, no Projeto de Plano Orçamental para 2020, disseram à Lusa os professores da Nova SBE. “Note-se que esta meta foi revista em baixa relativamente aos valores previstos no Orçamento de Estado para 2019 (2,2%)”, acrescentaram.

A previsão mais otimista para o crescimento da economia portuguesa no conjunto de 2019, entre os economistas ouvidos pela Lusa, é da Universidade Católica. “O que nos parece mais provável é um crescimento anual de 2,1% este ano”, afirmou à Lusa João Borges de Assunção, professor da Universidade Católica, recordando que a Comissão Europeia reviu em alta a sua previsão de crescimento do PIB português para 2% em 2019, na semana passada.

O economista adiantou que é “claro que ainda há alguma incerteza, em particular sobre se o abrandamento da zona euro se propagará para Portugal ainda durante este ano ou apenas no próximo”.

O que nos parece mais provável é um crescimento anual de 2,1% este ano. Claro que ainda há alguma incerteza, em particular sobre se o abrandamento da zona euro se propagará para Portugal ainda durante este ano ou apenas no próximo.

João Borges de Assunção

Professor da Universidade Católica

Contudo, João Borges de Assunção acrescentou que “em termos qualitativos não há uma grande diferença entre crescer 1,9% ou 2,1% este ano” e “as diferenças de opinião centram-se agora sobre o crescimento em 2020 e 2021”. “Na nossa opinião, o cenário mais provável é o de um abrandamento nos próximos dois anos, ainda que mantendo um diferencial favorável face à zona euro”, frisou João Borges de Assunção.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga na quinta-feira a estimativa rápida das Contas Nacionais Trimestrais, ou seja, os primeiros números sobre a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) entre julho e setembro.

Economistas esperam desaceleração do PIB no terceiro trimestre em cadeia

Os economistas antecipam que a economia portuguesa tenha crescido, em média, 0,4% no terceiro trimestre face aos três meses anteriores, abaixo do crescimento de 0,6% registado no segundo trimestre. Já em termos homólogos, ou seja, na comparação com o mesmo período do ano anterior, a média das estimativas aponta para uma expansão de 2% do PIB, uma décima acima do crescimento de 1,9% registado entre abril e junho.

As previsões mais otimistas são do Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica, que antecipa que a economia tenha crescido 0,5% no terceiro trimestre face aos três meses anteriores, uma décima abaixo do registado no trimestre anterior. Em termos homólogos, a Católica antecipa uma expansão do PIB de 2,1% entre julho e setembro, mais duas décimas do que no trimestre anterior. Na Folha Trimestral de Conjuntura, divulgada em 9 de outubro, o NECEP indicava que se trata de previsões “sem alteração significativa face aos níveis de crescimento do trimestre anterior”.

A Nova SBE/MacroNova também antecipa uma expansão de 0,5% do PIB em cadeia no terceiro trimestre. “Esta evolução representa uma desaceleração do ritmo de crescimento relativamente aos dois primeiros trimestres do ano, onde se registou uma variação de 0,6%”, indicam Pedro Brinca e João Duarte, professores da Nova SBE. Em termos homólogos, a NOVA SBE prevê uma expansão de 1,8% do PIB, também ligeiramente abaixo dos 1,9% registados nos três meses anteriores.

“A ligeira desaceleração do crescimento do PIB no terceiro trimestre face aos trimestres anteriores está de acordo com o esperado e justifica a revisão em baixa anteriormente feita pelo Governo da previsão de crescimento para a economia portuguesa, este ano, em três décimas, dos 2,2% previstos no Orçamento do Estado para 2019, para 1,9%”, indicam os professores da Nova SBE.

Já a estimativa do ISEG (Grupo de Análise Económica/Síntese de Conjuntura) para a evolução do PIB no terceiro trimestre é de um crescimento de 0,4% em relação ao trimestre anterior e de 2% em termos homólogos. A previsão mais modesta para a evolução do PIB em cadeia, no terceiro trimestre, é do Montepio, que antecipa uma expansão de 0,3% face aos três meses anteriores, metade do registado no trimestre anterior.

“A nossa estimativa é de um crescimento em cadeia de 0,3% (entre 0,2% e 0,4%) no terceiro trimestre e um crescimento homólogo de 1,9%”, referiu à Lusa Rui Bernardes Serra, economista-chefe do Montepio.

Segundo os dados do INE atualizados com a base 2016, o PIB cresceu 0,6% no primeiro trimestre, na comparação com os três meses anteriores, e 2,1% face ao mesmo período do ano passado. Já no segundo trimestre do ano, a economia também cresceu 0,6% em cadeia, tendo acelerado 1,9% em termos homólogos.

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Hospital da Cruz Vermelha mais perto de ser vendido à Santa Casa da Misericórdia

  • ECO
  • 13 Novembro 2019

O Hospital da Cruz Vermelha poderá ser vendido na totalidade à Santa Casa da Misericórdia. Haverá já um contrato de intenção das duas partes e já terá sido adjudicado um contrato a uma consultora.

O Hospital Cruz Vermelha poderá ser vendido à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Até ao momento, haverá apenas um acordo de intenção das duas partes, mas já estarão a ser feitos estudos e auditorias necessários para fechar o negócio, avança o Diário de Notícias (acesso pago). Com este acordo, a Santa Casa pretende aumentar a resposta do setor social nos cuidados hospitalares.

De acordo com o jornal, em causa está a venda da totalidade do Hospital Cruz Vermelha, que é detido em 55% pela Cruz Vermelha através da CVP – Sociedade de Gestão Hospitalar e os restantes 45% pelo Estado, geridos pela Parpública. Do lado da Cruz Vermelha, acredita-se que o negócio poderá ficar fechado até ao final do ano, mas fonte da Santa Casa afirma que poderá não haver decisão até essa altura, já que ainda estão a ser realizados estudos à situação do hospital por uma consultora.

O valor da operação ainda não é conhecido. Ainda assim, fonte da unidade hospital assegurou ao Diário de Notícias que, um dos principais objetivos é reforçar a resposta social nos cuidados hospitalares. Para o efeito, estará em cima da mesa um programa de cooperação com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), para que os utentes do setor público possam deslocar-se à Cruz Vermelha para realizar exames e intervenções. O Ministério da Defesa, que tutela a Cruz Vermelha, já estará a par deste negócio, que, segundo o DN, terá sido bem aceite.

Os rumores da venda do hospital da Cruz Vermelha não são novos. Em junho, o Jornal Económico (acesso livre) avançava que a Santa Casa tinha sido contactada para estudar a compra da Cruz Vermelha. Nessa altura, a Parpública e a CVP garantiram que o hospital não estava à venda. O acordo de gestão da Cruz Vermelha com o Estado por 25 anos, termina em 2023. No ano passado, o hospital teve prejuízos na ordem dos 203 mil euros, face aos lucros de cerca de 800 mil euros no ano anterior.

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Autoeuropa vai produzir 250 mil carros este ano

  • ECO
  • 13 Novembro 2019

Este aumento de produção de 13 a 14% resulta do aumento de turnos semanais, da paragem em agosto ter sido de apenas duas semanas e não três e de não ter havido nenhum dia de paragem não planeado.

A Autoeuropa já assumiu que este ano vai conseguir produzir mais de 250 mil veículos em Palmela, revela esta quarta-feira o Jornal de Negócios. Esta fasquia é um novo recorde absoluto, e que ajudará o país a produzir um total de 300 mil unidades também graças ao aumento da produção de outras fábricas instaladas em Portugal.

A Autoeuropa deixou de revelar publicamente as suas metas de produção depois de o ano passado ter falhado a fasquia que se tinha estabelecido de produzir 240 mil unidades — produziu 220,9 mil veículos, o que ainda assim foi um novo recorde face aos melhores resultados conseguidos em 1998 (138.890 unidades).

Este aumento de produção de 13 a 14% resulta do aumento de turnos (19 por semana), da paragem em agosto ter sido de apenas duas semanas e não três e de não ter havido nenhum dia de paragem não planeado, ao contrário do que aconteceu o ano passado por diversas vezes devido aos problemas de fornecimento de peças, nomeadamente de motores.

A produção de veículos na Autoeuropa parece seguir imune ao abrandamento verificado na Alemanha, o principal mercado da Autoeuropa. As vendas de veículos Volkswagen, em solo alemão, cresceram 0,5% até setembro e o T-Roc, o modelo produzido exclusivamente em Palmela, vendeu 159 mil unidades até setembro, ou seja, uma subida de 13,8% em termos homólogos.

O aumento da produção automóvel também se verificou nas outras fábricas do país, tal como demonstram os dados da produção até setembro, o que leva a crer que Portugal poderá terminar o ano com uma produção total de 300 mil unidades.

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Trump defrauda expectativas. Bolsas europeias abrem em queda

Lisboa iniciou a sessão em terreno negativo, pressionado sobretudo pelo BCP e Galp. Lá fora também se verificam perdas depois de o aguardado discurso de Trump não ter correspondido ao esperado.

As bolsas europeias iniciariam o dia em terreno negativo, isto depois de o aguardado discurso de Donald Trump em relação ao comércio internacional não ter correspondido às expectativas dos investidores. Lisboa também começou a sessão em baixa.

O PSI-20, o principal índice português, perde 0,22% para 5.292,93 pontos, com apenas três cotadas em alta: EDP Renováveis, EDP e REN. Do lado das perdas, destaque para as quedas do BCP, Galp e CTT: o banco recua 1,31% para 0,2112 euros, a petrolífera desvaloriza 0,47% para 14,98 euros e a operadora dos correios desliza 0,64% para 3,10 euros.

Destaque ainda para a Sonae. A dona dos hipermercados Continente apresenta contas esta quarta-feira após o fecho da bolsa. Os analistas do BPI CaixaBank estimam que as vendas tenham situado nos 1.655 milhões de euros e o resultado líquido seja positivo de 57 milhões de euros. Para já as ações da retalhista cedem 0,53% para 0,935 euros.

Sonae em queda antes de prestar contas

Lisboa acompanha a tendência negativa observada nas principais praças europeias. Isto depois de as bolsas asiáticas também terem fechado a última sessão com sinal menos. No Velho Continente, o Stoxx 600 abriu em baixa de 0,23%. Paris, Frankfurt e Madrid também têm os seus índices de referência a cair entre 0,20% e 0,50%. Os investidores não escondem alguma deceção com o discurso desta terça-feira de Donald Trump em relação à disputa comercial dos EUA com a China e a Europa.

“O que faltou [no discurso de Trump] foram detalhes sobre os progressos em relação à primeira fase do acordo comercial com a China ou o estado das tarifas sobre os automóveis que poderão ser aplicadas nas importações da União Europeia”, referiu Chris Zaccarelli, da Independent Advisor Alliance. Os investidores acreditavam ontem que o Presidente dos EUA ia anunciar o adiamento das taxas alfandegárias aos carros europeus que deverão entrar em vigor no dia 15 de novembro.

Trump mencionou que um acordo com a China pode acontecer em breve, mas disse exatamente o mesmo que disse no passado, portanto não foi nada de novo”, acrescentou Zaccarelli.

(Notícia atualizada às 8h25)

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Marcelo pede para se honrar mandato de Draghi com reforço da União Europeia

  • Lusa
  • 13 Novembro 2019

O Chefe de Estado lembra que o objetivo da UE é "assegurar que o desenvolvimento coeso e harmonioso do espaço europeu" e, desta forma, honrar o "inestimável legado de Mario Draghi à frente do BCE".

O Presidente da República apelou esta terça-feira à defesa e aprofundamento do projeto europeu, desde logo, com a conclusão da União Económica e Monetária, para honrar o mandato de Mario Draghi à frente do Banco Central Europeu (BCE).

Marcelo Rebelo de Sousa falava num jantar oficial no Palácio do Quirinal, em Roma, oferecido pelo seu homólogo italiano, Sergio Mattarella, fechado à comunicação social, inserido na sua visita de Estado a Itália.

Na sua intervenção escrita, a que a agência Lusa teve acesso, o chefe de Estado considerou que se vive um tempo de “dúvidas, inquietações e convulsões”, com “nacionalismos extremistas e populismos demagógicos”, em que o “projeto de paz, desenvolvimento e coesão” europeu ganha ainda mais importância.

Segundo o Presidente da República, há que “assegurar que o desenvolvimento coeso e harmonioso do espaço europeu continuará a ser um objetivo primordial da União, completando o que importa completar, nomeadamente na União Económica e Monetária, e assim honrando o inestimável legado de Mario Draghi à frente do BCE“.

O economista italiano Mario Draghi foi presidente do BCE entre 2011 e o final do mês passado. Enquanto exerceu essas funções, Marcelo Rebelo de Sousa convidou-o a participar numa reunião do Conselho de Estado, para falar sobre a situação económica e financeira europeia, em abril de 2016, e condecorou-o com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique, em junho deste ano.

No discurso que fez neste jantar oficial, o chefe de Estado abordou novamente a questão das migrações, salientando “a solidariedade que Portugal se orgulha de ter assumido perante os fluxos migratórios com que a Itália se tem confrontado” e agradeceu o apoio da República Italiana “após os terríveis incêndios que assolaram Portugal em 2017”.

No seu entender, é preciso manter a “procura de soluções justas e solidárias” e garantir “um diálogo constante sobre os desafios geoestratégicos que exigem uma resposta coordenada – da situação do Mediterrâneo aos conflitos comerciais“.

“Em todos estes domínios Portugal sabe que pode contar com a Itália, como a Itália está certa de que pode contar com Portugal. Na defesa do comércio livre e justo. Na salvaguarda do multilateralismo e das Nações Unidas. Na permanente valorização da unidade europeia”, afirmou.

Em tom de advertência, acrescentou: “Fazemo-lo por convicção e porque conhecemos bem o preço do isolamento, do fechamento sobre si próprio, da recusa do diálogo. Como conhecemos o custo do protecionismo e da ‘não Europa'”.

No final da sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a assinalar “a feliz coincidência de Portugal e Itália celebrarem ambos o 25 de Abril como um dia de liberdade, de fraternidade e de futuro” e mostrou-se certo de que esses “três signos” continuarão “a guiar a Europa e o mundo”.

O chefe de Estado propôs um brinde “à saúde e felicidade do Presidente Sergio Mattarella e ao progresso e prosperidade de todos os italianos”, expressando “profundo reconhecimento” ao seu homólogo “pelo que tem feito em prol das relações luso-italianas e do projeto europeu”.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou a Itália na segunda-feira, para uma visita de Estado que termina na quarta-feira, em Bolonha, em que está acompanhado pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, e pelos deputados à Assembleia da República Jorge Lacão, do PS, Adão Silva, do PSD, e Bruno Dias, do PCP.

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Hoje nas notícias: Autoeuropa, Cruz Vermelha e Unitel

  • ECO
  • 13 Novembro 2019

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A Autoeuropa vai a caminho de alcançar novo recorde de produção, com mais de 250 mil automóveis produzidos este ano. A Cruz Vermelha Portuguesa e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa estão mais perto de chegar a um acordo para a venda do Hospital da Cruz Vermelha, estando em curso a auditoria para avaliar o negócio que pode ficar concluído até final do ano.

Produção recorde na Autoeuropa: 250 mil carros este ano

A fábrica da Volkswagen em Portugal vai superar os 250 mil automóveis produzidos este ano, alcançando assim um novo recorde de produção. A Autoeuropa não divulga publicamente as metas de produção este ano, mas assume internamente que estes números serão alcançados. No ano passado tinha indicado o objetivo de 240 mil unidades, mas acabou por ficar aquém (220,9 mil veículos), embora tinha sido um recorde também. Leia a notícia no Jornal de Negócios (acesso pago)

Hospital da Cruz Vermelha mais perto de ser vendido à Santa Casa

A Cruz Vermelha Portuguesa e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa estão mais perto de chegar a um acordo para a venda do Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa. Há já um acordo de intenção entre as duas partes e já foi adjudicado o contrato a uma consultora para que sejam realizadas as auditorias necessárias às contas e feitos os estudos de impacto económico. Do lado da Cruz Vermelha acredita-se que o negócio poderá ficar concluído até final do ano. Leia a notícia no Diário de Notícias (acesso pago)

Unitel paga dividendos à Oi apesar da crise de divisas

Com a entrada de António Miguel Ferreira Geraldes para o comando das operações da Unitel, a expectativa era de que a operadora brasileira retomasse o pagamento de dividendos à brasileira Oi. Nos últimos anos esses dividendos estiveram retidos e somam um total de quase 315 milhões de dólares. Mas agora, mesmo com Angola mergulhada numa crise de divisas, o pagamento vai avançar. Leia a notícia no jornal i (link indisponível)

“A geringonça estagnou as reformas de que o país tanto precisava”

Em entrevista, o ainda comissário europeu em fim de funções, Carlos Moedas, diz que a solução política à esquerda que deu suporte ao anterior Governo de António Costa parou o processo de reformas que são necessárias em Portugal. “A geringonça estagnou as reformas que já estavam na calha e de que o país evidentemente tanto precisava”, disse o antigo secretário de Estado do Executivo de Passos Coelho. Leia a notícia no Observador (acesso condicionado)

Englobar rendas no IRS aproxima Portugal dos países ricos da UE

O Governo pondera avançar para o englobamento dos rendimentos das rendas no IRS. Se a medida avançar, Portugal passará a acompanhar os parceiros europeus como a Alemanha, França, Itália e Espanha, onde os rendimentos prediais são tributados com englobamento através de taxas progressivas, segundo uma análise da PwC. Leia a notícia no Público (acesso condicionado)

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 13 Novembro 2019

Um leilão de divida marca o arranque dia em que ocorre o primeiro debate quinzenal da nova legislatura já após a divulgação da proposta do Governo para o salário mínimo para 2020.

O dia começa com a realização de mais um leilão de dívida pelo Tesouro português. Mas as atenções prometem estar centradas nas negociações sobre o valor do salário mínimo para 2020 e pelo debate quinzenal no Parlamento — o primeiro desta legislatura. Referência ainda para a divulgação dos dados sobre a inflação em outubro e para a apresentação das contas da Sonae.

Tesouro de regresso aos mercados

Portugal regressa aos mercados, nesta quarta-feira, para tentar levantar entre 750 e 1.000 milhões de euros através de uma emissão de Obrigações do Tesouro a dez anos. A última vez que a agência que gere a dívida pública portuguesa esteve no mercado à procura de financiamento com essa maturidade foi a 11 de setembro, tendo angariado 600 milhões de euros, tendo a taxa de colocação ficado em 0,264%.

Reunião de Concertação Social sobre salário mínimo

O Governo reúne-se com os diferentes parceiros sociais na manhã, ocasião em que irá apresentar a sua proposta de aumentos salariais para o próximo ano. Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social defendeu na semana passada uma “evolução o mais equilibrada possível” para o Salário Mínimo Nacional (SNM), ainda que não tenha dado qualquer sinal sobre o valor que será conhecido nesta quarta-feira.

Debate quinzenal no Parlamento

O primeiro debate quinzenal com o primeiro-ministro desta XIV Legislatura realiza-se esta quarta-feira, num Parlamento com a maior representação de forças políticas de sempre — dez partidos — todas com direito a intervenção. O debate começa às 15h00 e deverá ser marcado pelo resultado da reunião entre o Governo e os parceiros sociais em que o executivo de António Costa apresenta a proposta para o aumento do salário mínimo em 2020.

Como evoluíram os preços em outubro?

Após três meses consecutivos a cair, será possível saber como evoluíram os preços em outubro. Os dados provisórios divulgados no final de outubro pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) apontavam para que naquele mês tenha sido interrompido esse ciclo de quedas, com a inflação a ser nula. Esta quarta-feira, o gabinete público de estatísticas dá um valor definitivo.

Sonae divulga contas até setembro

A Sonae anuncia o balanço das suas contas relativo aos nove primeiros meses do ano. Segundo estimativas do CaixaBank BPI, a retalhista liderada por Cláudia Azevedo terá registado lucros de 95 milhões de euros naquele período. Ou seja, uma quebra de 10% face aos 105 milhões acumulados nos nove primeiros meses do ano passado. A divulgação será após o fecho do mercado.

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Facebook lança uma espécie de MB Way para pagamentos no Messenger, Instagram e WhatsApp

A empresa lançou o Facebook Pay, que permite transacionar dinheiro nas principais apps da empresa: Facebook, Messenger, Instagram e WhatsApp. Para já, só vai estar disponível nos EUA.

O Facebook lançou nos Estados Unidos uma nova funcionalidade para facilitar pagamentos através das quatro principais aplicações do grupo, que é semelhante ao funcionamento das transações com o MB Way em Portugal. Esta ferramenta chama-se Facebook Pay e surge num momento em que a empresa está a desenvolver a Libra, uma moeda virtual para a economia digital.

Num comunicado assinado por Deborah Liu, a responsável do Facebook explica que “as pessoas já fazem pagamentos” nas aplicações da empresa para comprar, doar e enviar dinheiro umas para as outras. “O Facebook Pay vai tornar estas transações mais simples, ao mesmo tempo que continua a garantir que os dados do pagamento estão seguros e protegidos”, sublinha.

O Facebook Pay vai fazer parte, a partir desta semana, nas aplicações móveis do Facebook, Messenger, Instagram e WhatsApp. Permitirá aos utilizadores destas plataformas transacionarem dinheiro — real — entre si, pagar compras no Facebook Marketplace (o mercado virtual de artigos em segunda mão do Facebook), comprar bilhetes para eventos ou até doar a instituições de solidariedade social, por exemplo.

O Facebook Pay é a nova incursão da rede social no mundo dos pagamentos digitais.Facebook

O serviço suporta cartões bancários Visa e MasterCard, ou outras formas de pagar, como é o caso do PayPal. Surge poucas semanas depois de se saber que estas empresas decidiram abandonar o consórcio montado pela tecnológica para criar uma nova moeda digital, a Libra. Para já, o Facebook Pay vai estar disponível no mercado norte-americano, sem previsão de quando é que poderá chegar a outros países, como Portugal.

Este lançamento é mais uma prova da determinação do criador da empresa, Mark Zuckerberg, em estender ramificações aos serviços financeiros e aos pagamentos digitais. No entanto, o Facebook Pay não faz parte do domínio da Calibra, o departamento da multinacional que está a desenvolver a moeda Libra, em conjunto com mais de duas dezenas de parceiros.

“O Facebook Pay está construído em cima da infraestrutura financeira existente e das parcerias, e é separado da carteira Calibra, que irá funcionar na rede da Libra”, explica a mesma responsável do Facebook.

Apesar de o novo serviço do Facebook não estar formalmente disponível em Portugal, há já vários meses que a aplicação da rede social dispõe da opção “Pedir ou enviar dinheiro” no país, que desempenha funções semelhantes às do Facebook Pay.

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Banco promocional de Siza espera luz verde de Bruxelas e Banco de Portugal

Desenho final do novo banco promocional nacional que o ministro da Economia anunciou para os primeiros 100 dias de Governo, "está em análise e discussão com a Comissão Europeia e Banco de Portugal".

O desenho final do novo banco promocional nacional que o ministro da Economia anunciou no debate sobre o Programa do Governo está a ser analisado por Bruxelas e pelo Banco de Portugal.

Pedro Siza Vieira avançou no Parlamento que o Executivo pretende criar “um verdadeiro banco promocional nacional” nos primeiro 100 dias do Executivo, com objetivo de dar às empresas maiores facilidades de financiamento. “Vamos criar, finalmente, um verdadeiro banco promocional nacional a partir da integração das diversas sociedades financeiras do Ministério da Economia”, anunciou o também ministro de Estado e número dois do Governo.

Questionado pelo ECO sobre se a integração destas várias sociedade financeiras num só organismo seria feita na Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), um banco grossista constituído para suprir falhas de mercado em termos de financiamento das empresas, mais conhecido por banco de fomento, fonte oficial do Ministério da Economia, disse que “o desenho final está em análise e discussão com a Comissão Europeia e Banco de Portugal. A seu tempo serão dadas mais informações”.

O desenho final está em análise e discussão com a Comissão Europeia e Banco de Portugal. A seu tempo serão dadas mais informações.

Fonte oficial do Ministério da Economia

Este foi exatamente o mesmo processo que a própria IFD teve de enfrentar antes de ser formalmente constituída. Em causa estava o facto de o banco trabalhar com fundos comunitários provenientes dos programas operacionais regionais, que tinham na sua dotação uma fatia dedicada a instrumentos financeiros. Uma gaveta que acabou por ser reduzida no âmbito da reprogramação do Portugal 2020 concluída o ano passado.

A IFD também teve de esperar por luz verde do Banco de Portugal e de Bruxelas e acabou por arrancar com um raio de ação muito mais limitado face ao que estava inicialmente previsto. Mas, ao longo dos anos, foi alargando o leque de serviços que oferece: linhas de crédito com garantia mútua, para investimento (business angels, capital de risco e capital reversível), mas também financiamento internacional de muito longo prazo, a repassar à economia através do sistema financeiro nacional (on lending e arrangement), mas também de sociedades de investimento e até operações com o Banco Europeu de Investimento.

Fases que tiveram todas de ser negociadas com Bruxelas, sendo a terceira e última prevista a gestão integrada da holding que gere os vários instrumentos financeiros relacionados com o financiamento da economia: Portugal Ventures, Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua, PME Investimento e Sofid.

Esta integração já fazia parte do plano original de criação do banco de fomento, quando Álvaro Santos Pereira era ministro da Economia. “São instrumentos fundamentais, já existem e trabalham bem junto da economia e serão congregados numa instituição só”, afirmou o então secretário de Estado da Economia, Leonardo Mathias, em declarações ao Diário Económico, em março de 2014. A forma como essa integração ia ser feita estava a ser “operacionalizada” pela comissão instaladora do banco, mas o problema que se colocava na altura ainda hoje persiste: estas entidades têm participações de privados.

Participações essas que “tinham de ser compradas ou resolvidas e os ativos avaliados”, explicou na altura o responsável, acrescentando que essa avaliação estava a ser feita por “um avaliador independente”. Mas nunca aconteceu e o Ministério da Economia, agora liderado por Siza Vieira, também não esclarece como será feita essa integração.

As únicas pistas são as deixadas pelo próprio ministro no Parlamento. “Nos próximos 100 dias, esta nova instituição deverá estar constituída, e dotada de recursos suficientes para disponibilizar às empresas portuguesas os meios de financiamento adequados à sua transformação“, disse Siza Vieira. “Irá funcionar, igualmente, como um Banco Verde, apoiando os investimentos necessários ao esforço de descarbonização da Economia e ao combate às alterações climáticas”, acrescentou.

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Por que não aumentam os preços com a subida dos salários?

Salários estão a aumentar mais do que a produtividade - em especial em Portugal e na Alemanha -, mas os preços não estão a acompanhar. Expetativas, concorrência e mais lucros ajudam a explicar porquê.

Os salários estão a aumentar nos países europeus, muitos deles — incluindo Portugal e Alemanha — acima do crescimento da produtividade, mas, ao contrário do que acontecia antes da crise, os preços não estão a acompanhar estes aumentos. Porquê?

Após os anos mais graves da crise, a taxa de desemprego tem vindo a diminuir de forma pronunciada na Europa desde 2013. Com cada vez menos recursos à disposição no mercado de trabalho, e com o regresso aos lucros, as empresas começaram a aumentar salários. O mesmo aconteceu no setor público, quando os países começaram a ter as suas contas em ordem depois de anos de défices.

As melhorias levaram a um aumento dos salários pagos aos trabalhadores, em muitos casos acima do crescimento da produtividade. Segundo o Fundo Monetário Internacional, Portugal e Alemanha foram as duas economias onde o crescimento dos salários mais divergiu do aumento da produtividade.

No entanto, e ao contrário do que vinha sendo a regra antes da crise financeira de 2009, o aumento dos salários não foi acompanhado por um aumento dos preços, com a economia europeia a esperar níveis de inflação bastante reduzidos. Em Portugal, as previsões foram revistas para valores inferiores a 1%.

Mas quais as razões para as empresas não estarem a aumentar os preços, quando os seus custos com pessoal estão a aumentar e os rendimentos em geral estão a subir?

Segundo uma análise do FMI, as empresas tendem a ser maus cautelosas na altura de aumentar os preços para compensar o aumento dos custos do trabalho quando a inflação é baixa e as expectativas são de que assim continue, porque veem o aumento dos custos com pessoal como temporário e acabam por limitar o aumento dos preços na expectativa que a concorrência faça o mesmo.

Neste domínio, a credibilidade que os bancos centrais ganharam com a atuação decisiva durante a crise – como foi o caso do Banco Central Europeu — faz com que as empresas tenham mais confiança nas previsões para a inflação, e baseiam-se nelas para manter os preços, acabando assim por ter o efeito contrário do que o próprio BCE tem tentado fazer.

O setor de atividade em que as empresas atuam também pode ser determinante, explica o Fundo. Setores como a indústria, que enfrentam mais concorrência, em particular de empresas de outros continentes (com custos de trabalho significativamente mais baixos) mais dificilmente aumentam os preços para compensar o aumento dos custos que têm com salários, por receio de perder competitividade face a empresas destes mercados de mão-de-obra barata.

Por fim, o crescimento da economia nos últimos anos também estará a ajudar a manter a inflação baixa, porque as empresas que têm lucros mais elevados tendem a resistir a aumentar os preços, não só porque têm capacidade para absorver o aumento dos custos com maior facilidade, mas também (e especialmente) porque não querem perder quota de mercado.

Os resultados da análise, diz o FMI, sugerem que a política monetária nos países europeus deve manter-se acomodatícia por um período prolongado para estimular o aumento da inflação. Mas manter esta política não só acaba por dar um incentivo às empresas para não aumentarem os preços, como pode criar instabilidade financeira uma vez que encoraja os agentes económicos a assumir riscos cada vez maiores.

No futuro próximo, antecipa o FMI, não será através do aumento dos salários que as economias vão conseguir aumentar a inflação para níveis satisfatórios.

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Quem já disse o quê sobre o salário mínimo nacional?

A ministra Ana Mendes Godinho vai reunir outra vez com os parceiros sociais para discutir o salário mínimo. Recorde quem disse o quê, no dia em que acontece também o primeiro debate quinzenal.

Qual a meta para o salário mínimo nacional (SMN) em 2020? O valor ainda não se sabe, mas estará prestes a ser conhecido esta quarta-feira. Para já, apenas é público que o Governo quer chegar aos 750 euros em 2023, como consta no Programa de Governo, uma decisão que não é consensual e que tem vindo a ser discutida na Concertação Social.

Em dia de primeiro debate quinzenal da legislatura e de nova reunião do Governo e parceiros sociais, vale a pena recuperar o que disseram os protagonistas e figuras mediáticas sobre este dossiê. Dos patrões aos sindicatos, passando, claro, pelos políticos, recorde quem disse o quê sobre os planos para aumentar o vencimento mínimo dos portugueses nos próximos anos.

O que disse António Costa?

O primeiro-ministro falou do SMN na apresentação do Programa de Governo. E logo assentou as bases para a discussão: “Nesta legislatura é necessário ter uma valorização do salário mínimo”, afirmou. “O SMN evoluirá em cada ano, ouvidos os parceiros sociais em função da dinâmica do emprego e do crescimento económico. [O Governo tem] o objetivo de atingir os 750 euros em 2023″, apontou. Para justificar a intenção, o chefe do Governo disse que o SMN tem um “papel importante” na “redução das desigualdades” no país.

O que disse Ana Mendes Godinho?

A nova ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, reuniu há uma semana com os parceiros sociais e, à saída, não quis revelar logo o valor que está a ser negociado já para o SMN do próximo ano. Remetendo para o encontro desta quarta-feira, mostrou estar determinada em “fechar este assunto”.

O que disse Rui Rio?

Foi depois da tomada de posse como deputado e líder da bancada parlamentar do PSD que Rui Rio, o presidente do partido, abordou a questão do aumento do SMN. Acerca da meta dos 750 euros em 2023, disse: “É um bocadinho arrojado dizer com esta distância toda que se consegue chegar a esse patamar”. Considerando, no entanto, ser “pouco dinheiro”, o líder da oposição mostrou-se reticente devido às projeções económicas que estão a ser tidas em conta pelo PSD. O partido propõe os 700 euros em 2023, uma meta que Rui Rui disse já ser “esticada”, mesmo assim.

O que disse Arménio Carlos?

Do lado dos trabalhadores, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, já disse que “a economia não só aguenta como agradece”. Para o representante desta confederação, o Governo deveria ir ainda mais longe e apostar nos 850 euros “a curto prazo” e sem contrapartidas para “compensar” as empresas. “O país não se desenvolve com a subsidiodependência das empresas”, rematou.

O que disse Carlos Silva?

Da parte da UGT, o secretário-geral Carlos Silva tem vindo a defender o aumento do SMN para 660 euros já em 2020 e 800 euros em 2023. “Uma vez que vai voltar para a Concertação Social e que nós aplaudimos, então, também, os patrões portugueses não sejam piegas e tenham a capacidade […] de dizer que é preciso aumentar o salário mínimo. Então, que tenhamos condições na próxima legislatura de quatro anos, que se chegue a 2023, com um mínimo de 800 euros”, referiu, citado pelo Público (acesso condicionado).

O que disse António Saraiva?

Do lado dos patrões, António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), disse numa entrevista à Renascença que um aumento de 150 euros no SMN até 2023 é “ambicioso”, dada a conjuntura económica “mais desfavorável” que se antecipa para o período. Saraiva alertou, assim, para o “amortecimento do crescimento” dos países com quem Portugal mantém relações comerciais, o que poderá representar um entrave a um apoio à meta de 750 euros em 2023 por parte da CIP.

O que disse Eduardo Oliveira e Sousa?

O líder da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa, já criticou publicamente a meta do Governo para os próximos anos, avisando que uma subida do SMN “não pode ser definida apenas por decreto”. Para o representante deste setor, é preciso garantir que as empresas têm condições para suportar essa mesma evolução. Assim, e face aos “sinais de abrandamento económico mundial”, Eduardo Oliveira e Sousa é defensor da meta do PSD dos 700 euros em 2023.

O que disse João Vieira Lopes?

Em declarações ao ECO, o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) lembrou também que a subida do SMN tem de ter por base “a evolução dos indicadores económicos”. Por isso, a CCP não alinha numa “espécie de leilão entre partidos e sindicatos, com a apresentação de valores frequentemente ditados por razões táticas e de conjuntura”.

E o que disse Marcelo Rebelo de Sousa?

Marcelo… não disse. O Presidente da República não quis pôr o pé na discussão do SMN para os próximos anos, referindo apenas que “é uma matéria em que a intervenção dos parceiros económicos e sociais é essencial”. “Eu sou um defensor de que tudo o que se possa obter pela via da concertação é bom que seja obtido. O Presidente da República espera que corra bem. Agora, não vai introduzir fatores de ruído num processo que está a começar”, apontou na semana passada.

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Em 45 anos só houve consenso no salário mínimo uma única vez. Foi com Sócrates

Mendes Godinho vai à Concertação Social apresentar o valor do salário mínimo para 2020. Em 45 anos de retribuição mínima garantida, apenas uma vez todos parceiros sociais chegaram a consenso.

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social tem marcada, esta quarta-feira, uma reunião com os parceiros sociais, na qual deverá apresentar a proposta do Executivo para o valor do salário mínimo nacional (SMN) que estará em vigor a partir de 1 de janeiro de 2020 — 635 euros de acordo com a imprensa. Ana Mendes Godinho tem desvalorizado a importância de fechar um acordo sobre esta matéria, frisando que, por lei, tem apenas de consultar os parceiros socais. E a história reforça a posição da governante. É que em 45 anos, só foi possível conseguir um consenso entre todos os sindicatos e associações patronais presentes na Concertação Social uma única vez.

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, estreou-se na Concertação Social numa reunião sobre a evolução do SMN.MANUEL DE ALMEIDA/ LUSA

É garantida aos trabalhadores uma retribuição mínima mensal, seja qual for a modalidade praticada, cujo valor é determinado anualmente por legislação específica, ouvida a Comissão Permanente de Concertação Social“, determina o artigo 273º do Código do Trabalho.

É com esse propósito que Ana Mendes Godinho vai, esta quarta-feira, ao encontro dos parceiros sociais. Nas mãos leva uma proposta de 635 euros, que igualaria o salário mínimo dos trabalhadores do privado com os da Função Pública, avançou na terça-feira o Jornal Económico. Na semana passada, a ministra do Trabalho estreou-se na Concertação Social numa reunião precisamente com este mesmo tema — os futuros aumentos do salário mínimo — mas que serviu somente para “ouvir os parceiros sociais”. À saída, a governante disse aos jornalistas que o Governo só apresentaria no dia 13 de novembro, esta quarta-feira, o valor que estará em vigor no próximo ano, pretendendo “fechar o assunto” nessa ocasião.

O Executivo de António Costa decidiu, assim, separar a discussão sobre o salário mínimo nacional das negociações sobre o acordo plurianual de rendimentos e competitividade. Tal decisão explica-se, em primeiro lugar, pelo próprio calendário. O Governo quer ver fechado o valor do SMN a curto prazo e, por outro lado, ao separar estas matérias, ganha tempo para negociar as contrapartidas exigidas pelas confederações patronais relativamente ao acordo sobre a generalidade dos rendimentos, que António Costa quer conseguir nesta legislatura.

Além disso, enquanto esse segundo momento exige um acordo entre os parceiros sociais, o primeiro depende apenas e só da sua auscultação. “Vamos ter dois momentos importantes: por um lado a fixação do salário mínimo nacional para 2020, num primeiro momento, e esse a curto prazo, e depois teremos de facto aqui uma negociação para o acordo global de rendimentos e competitividade, nesse sim, em que teremos uma discussão mais aprofundada”, afirmou a ministra do Trabalho.

Ana Mendes Godinho tem frisado mesmo que esta passagem pela Concertação Social relativamente ao salário mínimo nacional serve apenas para ouvir os parceiros sociais, tendo afirmado que a prioridade é chegar a um entendido formal, mais tarde, sobre a globalidade dos rendimentos.

De notar que, no discurso de tomada de posse, António Costa defendeu a subida do SMN para 750 euros mensais até 2023, faltando definir os valores que servirão de degraus para chegar a essa meta. Os parceiros sociais têm defendido valores diversos — dos 625 euros dos patrões ao aumento de 90 euros para todos os trabalhadores defendido pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) —mas caberá ao Executivo a última palavra, que terá força mesmo que não recolha consenso.

Aliás, a história mostra que tal “sim” de todos os parceiros é uma raridade, já que, em 45 anos de retribuição mínima garantida, apenas foi possível conseguir um consenso entre todos os parceiros uma única vez; isto é, ainda que vários acordos tenham sido assinados ao longo dos anos, apenas um mereceu a assinatura da CGTP, confirmou o ECO junto de fonte dessa mesma estrutura sindical.

De acordo com o estudo “Salário Mínimo – 45 anos depois” divulgado pelo Gabinete de Estratégica e Planeamento do Ministério do Trabalho, foi em 1987 que a lei passou a consagrar a “intervenção consultiva do Conselho Permanente da Concertação Social, no que respeita à atualização do valor do SMN”, com a revisão integral do regime jurídico.

E desde a introdução da remuneração mínima garantida (em 1974), foram alcançados vários acordos tripartidos como aquele conseguido, em 1996, por António Guterres — assinado na altura pelo Executivo, pela UGT, pela CAP, pela CCP e pela CIP — e aquele conseguido, em 2006, por José Sócrates — único, até hoje, que conseguiu a assinatura também da CGTP e reuniu de modo inédito o apoio de todos os parceiros.

Esse último acordo foi assinado a 5 de dezembro de 2006 pelo Governo e pelos parceiros sociais e considerava que “a evolução da remuneração mínima mensal garantida tem um objetivo político próprio: o de elevar a retribuição dos salários mais baixos“.

Nesse documento, ficou acordado subir o salário mínimo, logo em 2007, para 403 euros (mais 17,1 euros do que em 2006, ou seja, um aumento de cerca de 4,4%). Estava também previsto que o SMN deveria atingir o valor de 450 euros em 2009, assumindo-se como objetivo de médio prazo o valor de 500 euros em 2011, o que acabou por não acontecer.

Na altura, o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa — hoje Confederação Empresarial de Portugal — salientou que este acordo era “um desafio muito grande e difícil”, reconhecendo que algumas empresas corriam o risco de fechar devido ao aumento do SMN; Mas considerou que esses sacrifícios eram necessários para que outros setores possam evoluir.

Citado pelo Público, o então primeiro-ministro José Sócrates respondeu: “Não é verdade, todos os estudos feitos provam que o aumento do SMN não tem efeitos no desemprego nem na competitividade das empresas”.

Verdade ou não, a evolução da remuneração mínima garantida que tinha ficado acordada entre todos os parceiros sociais e o Governo acabou por não ser cumprida na íntegra. O SMN ainda subiu, em 2007, para os tais 403 euros e atingiu mesmo os 450 euros em 2009, mas em 2011 apenas foi possível um salto de dez euros em relação ao ano anterior para 485 euros (e não de 25 euros, como estava previsto), valor no qual a remuneração mínima ficou estagnada até meados de 2014.

No ano em que foi introduzido o Euro em Portugal, salário mínimo estava nos 348 euros

Fonte: PORDATA

Entre 2012 e até setembro de 2014, não houve qualquer aumento do salário mínimo, na sequência da assinatura do Memorando de Entendimento entre o Governo e as Instituições Internacionais. Em outubro de 2014, findas as condicionantes que levaram à não atualização da RMMG, o Executivo em funções iniciou um processo de diálogo com os Parceiros Sociais, em sede de CPCS, e o SMN foi aumentado em outubro de 2014″, lembra o estudo referido.

Nessa ocasião (no fim de 2014), os parceiros sociais voltaram a firmar um acordo com o Executivo, desta feita liderado por Pedro Passos Coelho, mas a CGTP ficou de fora, consolidando o caráter inédito da assinatura de 2006.

Mais de dez anos depois desse último “sim”, está a CGTP preparada para apoiar um novo acordo sobre o salário mínimo? Arménio Carlos não tem descartado a hipótese, mas sublinha: “Depende dos conteúdos e do valor. Da nossa parte, o que nós continuamos a afirmar é a nossa disponibilidade para encontrar um consenso sobre a evolução do salário mínimo nacional. Recordando que, no caso de não haver consenso na Concertação Social, isso obriga o Governo a cumprir a lei e a atualizar o salário mínimo. O que, neste momento, se discute é se vamos continuar a ter pequenos aumentos ou um aumento significativo para incentivar a que as restantes grelhas salariais evoluam de forma significativa para distribuir de uma outra maneira a riqueza”.

E ainda que António Costa venha insistindo na posição de que uma nova revisão do Código do Trabalho não é prioritária nesta legislatura, o dirigente da CGTP atira: “Da nossa parte, independentemente da disponibilidade para negociar acordos, o que importa é que o Governo tome as medidas adequadas, do ponto de vista legislativo, para por fim ao bloqueio da contratação coletiva”.

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