FMI aprova empréstimo de 118 milhões para apoiar na reconstrução de Moçambique

  • Lusa
  • 20 Abril 2019

O FMI aprovou um empréstimo de emergência no valor de 118,2 milhões de euros para apoiar a reconstrução das zonas afetadas pelo ciclone Idai em Moçambique.

O conselho executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou a concessão de um empréstimo de emergência no valor de 118,2 milhões de dólares (105 milhões de euros) destinado a apoiar Moçambique após a destruição causada pelo ciclone Idai.

A assistência financeira destina-se a suprir as lacunas de financiamento orçamental e externo decorrentes das necessidades de reconstrução após o ciclone, que causou perdas significativas de vidas humanas e danos nas infraestruturas, adiantou hoje a instituição em comunicado.

O pedido de Moçambique foi conhecido a 26 de março e visa fazer face à destruição provocada pela catástrofe. O FMI empresta, em situações de emergência, entre 60 a 120 milhões de dólares (cerca de 53 a 106 milhões de euros), no âmbito do Instrumento de Crédito Rápido (RCF, na sigla inglesa).

Segundo o comunicado da instituição financeira, as autoridades moçambicanas continuam “empenhadas” na estabilidade macroeconómica que também está a ser assegurada com financiamento do FMI. As principais medidas orçamentais preveem o desvio de gastos com baixa prioridade para assistência de emergência aos mais pobres e para reconstrução.

O diretor adjunto do FMI, Tao Zhang, salientou no comunicado que os custos da reconstrução e da assistência de emergência são “enormes”, tornando o Idai no pior e mais caro desastre natural de sempre a atingir Moçambique. “O desembolso [desta verba] ao abrigo do RCF vai ajudar nas necessidades imediatas de financiamento do país e desempenhar um papel catalisador para captar fundos de doadores e da comunidade internacional”, destaca.

Embora os gastos estejam a ser dirigidos à assistência de emergência, “o espaço de manobra é limitado e a maior parte da ajuda de emergência e das necessidades de reconstrução terão de ser cobertas pela comunidade internacional, sobretudo na forma de donativos para assegurar a sustentabilidade da dívida”, acrescenta Tao Zhang.

O responsável do FMI refere ainda que as autoridades estão a criar almofadas orçamentais para preparar e gerir futuros desastres naturais e procuram aliviar a dívida junto dos credores privados, “o que é importante para pôr a dívida pública numa trajetória descendente”. Aconselha ainda que o Governo se mantenha vigilante quanto aos possíveis efeitos secundários em termos de inflação devido aos choques sobre a oferta causados pelo ciclone.

Tao Zhang nota que “as autoridades estão comprometidas em melhorar a transparência, a governança e a prestação de contas” e assinala que a preparação, com assistência do FMI, de um relatório sobre os desafios, em termos de governança e corrupção, nas áreas mais relevantes para a atividade económica irá “assegurar” que os recursos públicos são bem usados.

No futuro, escreve ainda Tao Zhang, “será fundamental aumentar a resiliência da economia e a preparação para desastres naturais e mudanças climáticas”.

O ciclone Idai, que afetou também o Maláui e o Zimbabué, provocou pelo menos 603 mortos em Moçambique e afetou mais de 1,5 milhões de pessoas, segundo dados das autoridades moçambicanas.

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Revolut ainda não, mas contas na N26 já têm de ser declaradas no IRS

Conta na Revolut? Não tem de a declarar no IRS, este ano. Mas se preferiu a N26, não tem a mesma sorte: a empresa já era considerada um banco em 2018, pelo que tem de declarar o BIC e o IBAN ao Fisco.

Quem tem conta na Revolut não tem de a declarar no IRS este ano. O mesmo não acontece para as contas na N26, uma vez que a empresa já era considerada um banco em 2018.N26

Se os contribuintes portugueses estão dispensados de declarar a conta na Revolut em sede de IRS este ano, o mesmo não acontece para as contas na aplicação N26. Ao contrário da empresa britânica Revolut, a alemã N26 já tinha autorização em 2018 para operar como instituição de crédito, pelo que estas contas têm de ser declaradas no quadro 11 do anexo J da declaração de rendimentos.

A Autoridade Tributária (AT) esclareceu esta quinta-feira que os portugueses que abriram conta na Revolut em 2018, afinal, não têm de a declarar no IRS este ano, porque a empresa não operou em 2018 “como instituição de crédito/banco”, mas sim como empresa de pagamentos. No entanto, o serviço da aplicação N26 já era considerado como serviço bancário pelo Banco de Portugal (BdP), pelo que os contribuintes que tinham conta na aplicação antes de janeiro de 2019 têm de a declarar no IRS.

Esta obrigação é assumida pela própria empresa. Fonte oficial do banco N26, sedeado na Alemanha, disse ao ECO que “os residentes estão obrigados a declarar quaisquer contas bancárias que tenham aberto, usado ou fechado durante o ano a que se referem os rendimentos declarados” em “vários países europeus”. “Isso inclui as contas bancárias na N26”, reconheceu a empresa.

“No formulário da declaração anual de rendimentos, um cliente da N26 tem de declarar as contas bancárias estrangeiras que abriu ou fechou, bem como fornecer a informação necessária sobre a conta”, afirmou ao ECO fonte oficial da empresa. Ora, em Portugal, os dados que os contribuintes têm de declarar ao Fisco são apenas o IBAN e o BIC, dados fornecidos pela empresa. Clientes da Revolut não têm de o fazer já, mas o caso deverá ser diferente no próximo ano, se a lei se mantiver igual.

Assim, apesar de os portugueses com contas na Revolut estarem livres de declarar estes dados no IRS relativo a 2018 — cujo prazo de entrega arrancou a 1 de abril e decorre até 30 de junho –, os clientes do banco N26 não têm a mesma sorte, uma vez que este banco se enquadra naquilo que o Fisco considerou serem “contas de depósitos ou títulos” e não “contas de pagamento”.

“Nas situações em que os contribuintes, estando obrigados a declarar as contas em instituição financeira não residente ou em sucursal localizada fora do território português de instituição financeira residente, por as mesmas revestirem a natureza de contas de depósito ou de títulos, e já tenham entregado a declaração modelo 3 sem as identificar, devem proceder à entrega de declaração de substituição até ao final do prazo legal, a qual não estará sujeita a coimas”, escreveu a subdiretora-geral da AT, Teresa Gil, no ofício divulgado esta quinta-feira.

Declarar estas contas no IRS é apenas uma formalidade, uma vez que não tem qualquer impacto no montante do imposto a apurar e não vai influenciar quanto tem de receber do Fisco (ou pagar), quando forem feitos os acertos. No entanto, perde o direito ao IRS Automático, uma vez que o anexo J ainda não está abrangido pela funcionalidade.

No caso da Monese e da aplicação Lydia, estas ainda configuram empresas de pagamentos, pelo que também escapam à obrigatoriedade de os clientes terem de as declarar no IRS. Pelo menos para já.

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Greve parcial na Ryanair e Groundlink com adesão de 90%, diz sindicato

  • Lusa
  • 20 Abril 2019

A greve parcial na Ryanair e Groundlink está a ter uma adesão a rondar os 90%, garante o SINTAC. Prolonga-se até 15 de junho.

A greve parcial na Ryanair e Groundlink, que começou na terça-feira, tem tido uma adesão de cerca de 90%, apesar das “pressões” para que os trabalhadores não adiram à paralisação, anunciou o sindicato do setor.

A greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC), em nome dos trabalhadores da Ryanair e Groundlink, começou terça-feira e prolonga-se até 15 de julho, abrangendo duas horas ao início e ao fim de cada turno, assim como a todo o trabalho suplementar, exceto aos feriados.

Em comunicado, o sindicato avança que a greve está a registar níveis de adesão a rondar os 90%, “apesar de todas as pressões exercidas junto dos trabalhadores para tentar minimizar a adesão à mesma”.

O SINTAC acusa tanto a Ryanair como a Groundlink de “terem tido uma atitude agressiva, totalitária e de chicote em riste para com os trabalhadores, pressionando-os sempre que davam sinal de querer reivindicar os direitos consagrados na Constituição”.

O organismo que representa os trabalhadores do setor da aviação garante ainda que foi alvo de insinuações vis e infundadas com o objetivo de intimidar “quem, pelos trabalhadores e os seus direitos, luta de uma forma incansável e sem receios deste tipo de intimidações”.

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Tribunais estão a ficar mais modernos. Mas vão ser mais eficientes?

São várias as mudanças físicas e tecnológicas que estão em curso na Justiça. Mas será que os tribunais estão realmente melhor e mais dotados?

O wi-fi continua a falhar na maior parte dos tribunais portugueses.Fotomontagem: Lídia Leão

Uma app que mostra os tempos de espera nos tribunais, outra que ajuda na organização de provas em megaprocessos. Alguns tribunais vão ter competências alargadas para julgar mais casos, e outros, mais especializados, vão surgir, desde a instrução criminal à área de família e menores. O fisco agora já manda processos por via eletrónica e os magistrados vão passar a receber formação expresso para colmatar a falta de pessoal.

A justiça portuguesa tem-se tentado modernizar nestes últimos tempos, especialmente através do programa Tribunal + — uma das grandes bandeiras deste Governo —, um projeto que se dedica, sobretudo, à simplificação administrativa nos tribunais. E estas mudanças recentes não surgem por acaso.

Com uma série de greves no setor, de juízes a funcionários judiciais, a pasta de Francisca Van Dunem tem sofrido algumas pressões. As queixas são invariáveis: por todo o país, os tribunais acusam falta de condições, de meios e de pessoal.

Entre as várias medidas, este Executivo quer, por um lado, apostar numa “nova filosofia de atendimento” ao cidadão com o programa Balcão +. Pelo caminho, qualquer pessoa já consegue pedir a emissão do registo criminal online e consultar todos os processos judiciais em que estão envolvidos a partir de casa.

“Também as comunicações dos tribunais já chegam aos cidadãos numa linguagem mais clara”, diz fonte oficial do ministério da Justiça à Advocatus. “Na prática, um cidadão que se desloque ao tribunal deixará de se sentir perdido nos corredores da Justiça”, resume. Este é pelo menos um dos objetivos deste programa: tornar a justiça mais humana ao apostar numa “cultura de inovação, centrada nas pessoas”, pode ler-se no relatório preliminar da OCDE sobre os impactos das medidas do Governo na Justiça.

"O recurso intensivo a meios informáticos, quer para armazenamento e acesso à informação, quer para a agilização de diligências processuais, deveria ser mais utilizado e incentivado.”

Paulo Sá e Cunha

Advogado da Cuatrecasas

Tribunais têm mais condições. E menos burocracia?

Por outro lado, nos tribunais os benefícios passam por uma maior otimização de recursos, um ambiente de trabalho “mais tranquilo” nas secretarias, menos tempo de trabalho em determinadas tarefas e procedimento de chamada e de comprovativo de presença mais agilizado.

Na verdade, de acordo com o ministério, os oficiais de justiça têm agora mais tempo para se dedicarem a tarefas mais qualificadas, porque “deixaram de gastar 800.000 horas por ano a dobrar e envelopar notificações porque recebem eletronicamente as participações vindas da PSP”.

A falta de condições materiais e a burocracia nos tribunais são, contudo, as queixas mais frequentes de quem entra e sai deles diariamente. A opinião geral é a de que o sistema judicial está a melhorar, mas podia ser mais eficiente. E, ainda assim, há histórias recentes que parecem saídas da “idade da pedra”.

Rui Patrício, sócio da Morais Leitão, diz à Advocatus que acha que “não se deve generalizar”, pois existem tribunais com boas condições, outros com menos, e ainda alguns “que já deviam ter sido abatidos ao ativo no que toca às suas condições físicas e das instalações”.

Também em declarações à Advocatus, Paulo Sá e Cunha, sócio da Cuatrecasas, considera que as medidas do programa Tribunal + são “de saudar e poderão vir a refletir-se na melhoria da eficácia dos serviços”, mas estas medidas têm um âmbito “relativamente marginal em relação aos problemas de fundo, que estão na origem da ineficiência da tramitação dos processos judiciais”, admite.

Quanto à burocracia, “há burocracia desnecessária, mas outra necessária”, explica, por sua vez, o advogado da Morais Leitão. Para este jurista a situação geral dos tribunais não é tão má “quanto muitas vezes se pinta e que o problema maior em certos casos são as instalações”.

"Os oficiais de justiça deixaram de gastar 800.000 horas por ano a dobrar e envelopar notificações porque recebem eletronicamente as participações vindas da PSP.”

Fonte oficial do Ministério da Justiça

Ainda assim, nota algum esforço ao longo dos anos, mas em termos de instalações e condições tecnológicas a situação é muito díspar nos vários tribunais do país. “Essa disparidade também é em si um problema, e devíamos refletir sobre as razões dela”, sugere.

Sá e Cunha propõe uma separação na papelada. A seu ver seria útil ter de um lado tudo o que é a “burocracia” do processo, como o expediente relativo a notificações e cartas precatórias, e do outro os atos processuais em sentido estrito.

“O aligeiramento formal destes aspetos arcaicos da tramitação processual impunha-se e, à luz dos meios tecnológicos hoje disponíveis, afigura-se-me indispensável”, adianta. Para o advogado o recurso intensivo a meios informáticos, quer para armazenamento e acesso à informação, quer para a agilização de diligências processuais, “deveria ser mais utilizado e incentivado”.

Neste sentido, a mesma fonte da pasta da Justiça adiantou também que “qualquer advogado pode ser informado, por SMS, da alteração do agendamento de um ato processual em que tenha que participar”. O que será sem dúvida uma vantagem para os juristas, até porque Paulo Sá e Cunha relembra uma situação caricata.

“Lembro-me de um caso que me aconteceu há alguns anos, num julgamento em Portalegre. O processo tinha diversos intervenientes que foram todos notificados para comparecer na primeira data da audiência de julgamento”. A maior parte das pessoas em questão deslocou-se ao local e compareceu à hora marcada. “Fomos depois convidados a reunir no gabinete do juiz, onde nos foi comunicado que, por lapso, a secretaria se tinha esquecido de notificar um dos arguidos, pelo que a diligência teria que ser adiada, como foi”, recorda o sócio da Cuatrecasas.

“Todos os que compareceram, mais de trinta pessoas, voltaram então aos seus locais de origem para voltar a tribunal meses depois, na data em que veio a ser reagendado o início da audiência… Este episódio parece-me, de facto, da idade da pedra lascada”, classifica.

"Às vezes há falsas ideias, por exemplo sobre a celeridade e lentidão, julgando-se que a lentidão só ocorre em países tidos por menos desenvolvidos, o que nem sempre é o caso.”

Rui Patrício

Advogado da Morais Leitão

O wi-fi é outro dos pontos que continua a falhar junto dos tribunais portugueses. Se Paulo Sá e Cunha acha, por exemplo, que este ainda um constrangimento que revela a “inadequação do meio judiciário às realidades do século XXI”, Rui Patrício desvaloriza: “quanto ao wi-fi não creio que seja uma prioridade, e é um tema relativamente fácil de resolver por cada um de nós”.

Segundo fonte oficial do ministério da Justiça explica, “no que diz respeito ao wi-fi nos tribunais, foi disponibilizada essa capacidade logo no inicio o piloto do Tribunal +, inclusive para utilização pelos cidadãos”. Contudo, a falta do mesmo continua a verificar-se, por exemplo, no Campus de Justiça e no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa.

O ministério adianta que se encontra neste momento em fase de conclusão “um procedimento de aquisição de equipamentos para instalação em todos os tribunais e em outros espaços de justiça”.

Para a recolha de áudio das diligências, por exemplo, — um dos pontos que costuma falhar em vários processos — vão existir novos equipamentos, e ainda para a “gestão de multimédia, incluindo vídeo”. A capacidade de transcrição automática é outra aposta do gabinete, “iniciado como piloto recentemente, também de tradução”, revela a mesma fonte.

E lá fora?

A taxa de resolução processual por cá é, por norma, baixa e os vários relatórios europeus apontam no mesmo sentido: Portugal está melhor, mas tem ainda um longo caminho a percorrer. Será que lá fora os tribunais estão mesmo melhor?

“Por aquilo que sei, em jurisdições que nos são próximas, a realidade não é muito diferente. A plataforma Citius, por exemplo, tem muitos aspetos inovadores que ainda não existem na vizinha Espanha”, explica o sócio da Cuatrecasas.

Contudo, para o advogado é “evidente” que existem países com um grau de abertura muito superior ao de cá, como é o exemplo dos Estados Unidos. “Basta pensar no que pudemos assistir no julgamento de O.J. Simpson. Neste caso, no que respeita ao uso intensivo de meios informáticos, isso já era regra nos tribunais criminais norte-americanos. Infelizmente, entre nós, essa ainda não é a realidade”.

Rui Patrício não gosta de generalizar quando se compara a realidade internacional com a de cá. “Já vi parecido, já vi muito melhor, e já vi muito pior”, conta o advogado. “E às vezes há falsas ideias, por exemplo sobre a celeridade e lentidão, julgando-se que a lentidão só ocorre em países menos desenvolvidos, o que nem sempre é o caso, ou julgando certos processos céleres que só o são aparentemente”.

Justiça em números

Ao contrário do que se julga, a taxa de resolução processual tem vindo a melhorar em Portugal. Segundo dados do ministério da Justiça (MJ), a taxa de resolução processual atingiu, no segundo trimestre de 2018, os 127,4% nas ações cíveis e 164,2% nas ações executivas. Estes números traduzem-se numa melhoria, segundo fonte do gabinete explica à Advocatus, dado que os valores são superiores a 100% “significa que ocorreu uma recuperação dos processos pendentes nos tribunais”.

No final de 2017 o número de processos pendentes nos tribunais judiciais era o mais baixo desde 1996, tendo diminuído em 25%, isto é, em menos 333.044 processos. De 2016 a junho de 2018 o número de execuções pendentes diminuiu 30%, em menos 285.101 processos. Também nas insolvências, a pendência processual diminuiu 43% no mesmo período.

Em média, os cidadãos viram o tempo necessário para a resolução de um caso civil ou comercial diminuir para cerca de nove meses, em 2017.

Em 2018, o MJ gastou cerca de 3,2 milhões de euros em 3.4000 portáteis. Nos últimos três anos, o investimento do Governo em equipamentos neste setor destinou-se sobretudo a monitores adicionais para magistrados, em ecrãs para salas de audiência, equipamentos de videoconferência, impressoras, digitalizadores e multifuncionais. Pelo final da legislatura, o MJ estima que tenham sido renovados mais de 90% dos equipamentos existentes.

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Portugal sobe no ranking da liberdade de imprensa. 12.º lugar é o mais alto desde 2013

Portugal nunca esteve tão em cima no ranking da liberdade de imprensa, publicado pela RSF. Mas as ameaças judiciais aos jornalistas e a criminalização da difamação ainda são problemas.

Portugal subiu dois lugares no ranking mundial de liberdade de imprensa, publicado anualmente pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). O país alcançou a 12.ª posição e só não registou uma posição melhor devido aos baixos salários na profissão e à agressividade do meio futebolístico perante os órgãos de comunicação social.

Esta é a melhor posição alguma vez alcançada por Portugal desde 2013, quando o ranking começou a ser publicado. A mais baixa foi em 2014, altura em que Portugal surgia em 30.º lugar entre os 180 países analisados. A posição do país sobe desde então, há quatro anos consecutivos.

“Ainda que os jornalistas portugueses sejam mal pagos e a insegurança esteja a aumentar, o ambiente reportado é relativamente calmo”, indica a organização. “O insulto e a difamação ainda são criminalizados, apesar das repetidas condenações do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos de que Portugal está a violar a liberdade de expressão”, indica a RSF.

A organização aponta ainda que, “no mundo do futebol, treinadores e adeptos ainda são muito agressivos perante os meios de comunicação social e os jornalistas são várias vezes ameaçados com processos por darem cobertura a práticas duvidosas nos principais clubes”.

O mapa da liberdade de imprensa (edição de 2019).Repórteres Sem Fronteiras

O país com menos liberdade de imprensa é o Turquemenistão, onde “o governo controla toda a imprensa e os poucos utilizadores de internet só podem aceder a uma versão da internet altamente censurada. Segundo a RSF, nos últimos anos, “muitos jornalistas foram presos, torturados e atacados fisicamente ou, de outras formas, forçados a parar de trabalhar”.

No topo da lista, com maior liberdade de imprensa, ficou a Noruega. Desde o lançamento deste índice que o país do norte da Europa se mantém no pódio, sendo que este é o segundo ano consecutivo de vitória para os noruegueses. “Hoje em dia, a imprensa é livre e os jornalistas não estão sujeitos a censura ou pressão política”, garante a RSF.

Os Estados Unidos, liderados por Donald Trump, só surgem em 48.º lugar, enquanto a China, de Xi Jinping, surge na 177.ª posição do ranking, a três lugares da última posição. O Brasil de Jair Bolsonaro surge na posição 105, uma queda de três posições na lista da organização.

Depois do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, a Arábia Saudita caiu três lugares no ranking, para a 133.ª posição: “A Arábia Saudita não permite que haja imprensa independente. As autoridades mantêm os jornalistas sauditas debaixo de estreita vigilância, mesmo quando estão no estrangeiro, como mostrou o assassinato de Jamal Khashoggi em Istambul, em outubro de 2018″, critica a RSF.

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Já mais condutores perderam a carta este ano do que no total de 2018

  • Lusa
  • 19 Abril 2019

Houve mais condutores a ficarem sem carta nos primeiros três meses deste ano do que em todo o ano de 2018. Mais de 73 mil condutores perderam pontos no primeiro trimestre.

No primeiro trimestre deste ano houve 73 mil automobilistas a perder pontos nas cartas de condução e foram cassadas mais cartas de condução (168) que em todo o ano de 2018 (17), disse fonte oficial.

“Este ano já registámos cerca de 73 mil automobilistas com perdas de pontos na carta de condução e no primeiro trimestre já foram cassadas (anuladas) mais cartas [de condução] do que em todo o ano de 2018”, avançou o secretário de Estado da Proteção Civil, José Neves, à margem de uma ação de sensibilização e fiscalização rodoviária no âmbito da Operação Páscoa 2019, que decorreu esta manhã, na A1, junto às portagens dos Carvalhos, Porto.

Dados da Secretaria de Estado da Proteção Civil avançados à Lusa indicam que no primeiro trimestre de 2019 foram cassadas “168 cartas”, enquanto que no período homólogo de 2018 foram cassadas “17 cartas de condução”.

O secretário de Estado da Proteção Civil, José Neves, participou esta sexta-feira numa ação de sensibilização e fiscalização rodoviária na A1, junto às portagens dos Carvalhos, no Porto, onde esteve a entregar panfletos sobre segurança rodoviária aos automobilistas que eram mandados parar pela GNR.

Na Operação Páscoa 2019 da GNR estão, em média, 1.200 militares a efetuar um patrulhamento de prevenção aos condutores, que são sensibilizados pelas autoridades a terem uma condução mais segurança, recebendo um panfleto onde constam os principais comportamentos de risco, como a não utilização de cinto de segurança, uso indevido de telemóvel ou velocidade e manobras perigosas.

A Operação Páscoa 2019 da GNR, que termina à meia-noite da próxima segunda-feira, dia 22 de abril, registou até esta quinta-feira passada um total de 250 acidentes e cinco feridos graves, disse hoje fonte da GNR.

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Trump diz que relatório de Mueller tem testemunhos “montados”

  • Lusa
  • 19 Abril 2019

O Presidente dos EUA considera que o relatório do procurador Robert Mueller tem testemunhos "montados". Versão truncada do documento foi divulgada esta quinta-feira.

Donald Trump considerou que existem testemunhos “montados” no relatório do procurador especial Robert Mueller, divulgado na quinta-feira, sobre as suspeitas de conluio entre a campanha do atual Presidente dos Estados Unidos e a Rússia, em 2016.

“As alegações que me visam feitas por certas pessoas no hilariante relatório Mueller, escrito por 18 democratas em cólera e irritados contra Trump, são montados de todas as peças e totalmente falsos”, escreveu Trump no Twitter.

Na quinta-feira, o Presidente norte-americano já se tinha defendido das revelações apresentadas no relatório sobre a ingerência russa nas eleições presidenciais, segundo as quais Donald Trump pretendia demitir o procurador especial Robert Mueller, responsável pela investigação. “Eu tinha o poder de acabar com toda essa caça às bruxas se quisesse, poderia ter demitido todos, até mesmo Mueller, se quisesse, optei por não o fazer”, escreveu Trump.

O procurador especial Robert Mueller afirma no relatório sobre as suspeitas de ingerência russa que Donald Trump tentou influenciar a investigação para “restringir o seu alcance” e deu “respostas desadequadas” às perguntas que lhe foram feitas. “O Presidente Trump reagiu negativamente à nomeação do procurador especial [Mueller]. Disse aos assessores que era o fim da sua presidência”, lê-se na versão do relatório divulgada hoje pelo Departamento de Justiça.

Donald Trump “tentou que o procurador especial fosse afastado e desenvolveu esforços para restringir a investigação e evitar a divulgação de provas da mesma, incluindo através de contactos públicos e privados com potenciais testemunhas”. Estas passagens do relatório de Mueller foram divulgadas depois de o procurador-geral dos Estados Unidos, William Barr, ter afirmando aos jornalistas que não há “provas suficientes” de obstrução à justiça da parte de Trump na investigação às alegações de ingerência russa na campanha presidencial norte-americana de 2016.

“Os esforços do Presidente para influenciar a investigação foram infrutíferos na sua maioria, mas isso deve-se sobretudo ao facto de as pessoas que rodeavam o Presidente se terem negado a executar ordens ou a aceitar os seus pedidos”, lê-se no relatório Mueller, de mais de 400 páginas.

O documento revela também que Mueller considerou “desadequadas” as respostas escritas que Trump lhe enviou em novembro passado no âmbito da investigação. “Reconhecendo que o Presidente não aceitaria ser interrogado voluntariamente, considerámos a possibilidade de emitir uma notificação para testemunhar”, diz o relatório.

Mueller decidiu, no entanto, não o fazer, devido ao “custo de um litígio legal potencialmente longo” a que podia dar origem e porque considerou que já tinha “provas substanciais” sobre “a intenção e credibilidade” das ações de Trump.

O procurador especial analisou dez episódios, entre os quais a reação de Trump à nomeação de Mueller, o afastamento do diretor do FBI James Comey e o relacionamento de Trump com o seu advogado pessoal Michael Cohen. Segundo o documento, em maio de 2017, quando o então procurador-geral, Jeff Sessions, lhe disse que Mueller tinha sido nomeado, Trump encostou-se na cadeira e disse: “Oh, meu Deus. É terrível. É o fim da minha presidência. Estou f***!”.

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Empresas portuguesas partilham o sucesso. Dividem os lucros com os trabalhadores

A estratégia pretende agradecer o empenho dos colaboradores e, ao mesmo tempo, motivá-los a continuarem a dar o seu melhor para atingir um objetivo que é comum a todos.

Num mundo ideal, os lucros obtidos pelas empresas são distribuídos por todos os intervenientes no processo. Assim, uma parte dos resultados da empresa seria sempre partilhada com os trabalhadores, recompensando-os pelo seu esforço e empenho que ajudaram a ditar os bons resultados da organização.

Em Portugal, há várias empresas que já entraram nesta lógica de recompensa. Se, por um lado, estamos a falar de uma política que apela à justiça, por outro lado, falamos também de uma estratégia para atrair, motivar e… reter talento.

A Jerónimo Martins, a Navigator e o grupo José Pimenta Marques são alguns dos exemplos onde o sucesso é uma espécie de bolo. E todos os trabalhadores recebem uma fatia em jeito de recompensa, que varia consoante a performance e a rentabilidade das organizações.

Atrair. Motivar. Reter

Ainda na semana passada, a Navigator anunciou que vai propor a distribuição de um prémio de 23 milhões de euros aos cerca de 3.200 colaboradores, o que pode originar um montante de cerca de sete mil euros a cada um dos trabalhadores. Este prémio representa já “o valor mais elevado na história da empresa”.

Já o grupo Jerónimo Martins, no ano passado, pagou 110 milhões de euros em prémios a todos os seus colaboradores. O montante distribuído foi superior em três milhões de euros ao valor repartido no ano anterior, representando uma distribuição pelos trabalhadores de 27% dos lucros obtidos. Este ano, a empresa já anunciou em comunicado que vai pagar 475 euros por trabalhador, num montante total de 38 milhões, que corresponde a uma parte do prémio total que o grupo pagará aos trabalhadores durante o ano de 2019.

De acordo com uma fonte oficial do grupo Jerónimo Martins, “a estratégia retributiva é determinante para a atração, motivação e retenção do talento”. O objetivo é “adotar políticas equilibradas e competitivas que promovam uma cultura de meritocracia, reconhecendo o desempenho individual e coletivo“, acrescenta.

A estratégia retributiva é determinante para a atração, motivação e retenção do talento.

Fonte oficial do grupo Jerónimo Martins

Neste sentido, desde há vários anos que o grupo Jerónimo Martins tem trabalhado para “valorizar a dedicação” dos colaboradores, partilhando com eles os resultados globais alcançados pela empresa. No fundo, tudo “para que todos se sintam parte de um objetivo comum”.

Para o grupo, a remuneração variável é crucial na política retributiva, sendo mesmo o elo que “promove o alinhamento entre a contribuição individual e os objetivos de negócio”, explica fonte oficial ao ECO.

Já o grupo Pimenta Marques afirma que o bem-estar dos colaboradores, criando melhores condições de trabalho, está no topo das prioridades. “Temos a perfeita noção de que só assim conseguiremos reter o capital humano da empresa — que é, sem dúvida, o nosso maior recurso — e atrair novos talentos. Como temos uma grande necessidade de colaboradores especializados, nas mais diversas áreas, temos de tornar as nossas empresas o mais atrativas possível, criando condições para que queiram trabalhar connosco”, explica a administração do grupo.

Quanto maior o sucesso da empresa, maior será a recompensa

Há dois anos, o grupo José Pimenta Marques decidiu, também, implementar nas suas empresas esta estratégia retributiva. No mês passado, o grupo bracarense distribuiu cerca de 50 mil euros pelos seus colaboradores. O valor, ainda que menos expressivo quando comparado com os exemplos anteriores, reflete uma gratificação de até 60% do respetivo vencimento, que varia com base na avaliação de desempenho e da assiduidade.

“O sucesso de uma empresa deve ser o sucesso de todos os que trabalham para que isso aconteça”, diz a administração do grupo José Pimenta Marques.Grupo José Pimenta Marques

“É da maior justiça partilhar com eles [trabalhadores] o fruto do seu esforço e dedicação. O sucesso das empresas do nosso grupo é também resultado direto do trabalho dos nossos colaboradores”, justifica a administração, acrescentando que, daqui em diante, a distribuição de lucros “continuará a depender da performance e rentabilidade das empresas do grupo e do cumprimento dos objetivos globais do ano”.

Trata-se, por um lado, de “agradecer e retribuir todo o esforço e dedicação” e, por outro lado, de conceder aos trabalhadores uma “motivação extra, para que continuem ambiciosos e desejem obter o melhor de si”. E o resultado tem sido positivo: “Temos sentido os nossos colaboradores cada vez mais motivados e dedicados”, afirma a administração.

Mas os benefícios que o grupo com sede em Braga atribui aos colaboradores não ficam, contudo, por aqui. A distribuição dos lucros consta de uma política de benefícios, que conta também com a atribuição de um prémio de nascimento de 500 euros, dispensa no dia de aniversário, salário mínimo acima do valor estipulado por lei, entrega de kits escolares a filhos dos colaboradores ou aulas de ginástica, por exemplo.

Distribuir lucros pela Europa fora

No panorama internacional, a Porsche é uma das referências na política retributiva. Em 2016, quando a marca obteve o seu ano de maior sucesso comercial — registando 237.778 unidades vendidas e lucros de 3,9 mil milhões de euros –, distribuiu um prémio monetário de 9.111 euros a cada um dos seus cerca de 21 mil trabalhadores. Na altura, Oliver Blume, CEO da Porsche, disse que o prémio servia para agradecer aos trabalhadores por um “ano intenso, emocional e, acima de tudo, bem-sucedido”.

Também na Suécia, esta estratégia é aplaudida. A IKEA, presente em Portugal, dispõe de dois programas internos — o Tack! e o One IKEA Bonus — que funcionam numa lógica de compensação aos colaboradores pelos bons resultados obtidos. “Somos uma empresa com um lado humano muito forte. Acreditamos que apenas através das pessoas podemos continuar a fazer crescer o nosso negócio”, refere a empresa, em resposta ao ECO.

Queremos ser uma empresa cada vez melhor para se trabalhar, onde as pessoas se sentem respeitadas e valorizadas. Este é um dos principais objetivos destes programas”, continua a empresa sueca, acrescentando que políticas internas como estas visam oferecer aos colaboradores um maior equilíbrio entre os desafios profissionais e a vida pessoal.

“Decorrente dos bons resultados que alcançámos no último ano fiscal (de setembro de 2017 a agosto de 2018), em Portugal, no âmbito do One IKEA Bonus, os colaboradores em todas as unidades IKEA receberam, no mínimo, um salário extra”, adianta Cláudio Valente, responsável People and Culture da IKEA Portugal. Já através do programa Tack!, também no ano passado a IKEA contribuiu com um total de 103 milhões de euros para fundos de pensão de colaboradores a nível global.

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Mota-Engil assegura financiamento de 100 milhões a cinco anos

  • Lusa
  • 19 Abril 2019

A construtora Mota-Engil obteve um financiamento de 100 milhões de euros a cinco anos com o Afreximbank, uma instituição financeira multilateral pan-africana, com sede no Egito.

A Mota-Engil e o Banco Africano de Exportação e Importação (Afreximbank) assinaram um contrato de financiamento no valor de 100 milhões de euros a cinco anos, divulgou a empresa portuguesa.

Em comunicado, a Mota-Engil informa que o contrato foi celebrado na quinta-feira através da sua subsidiária Mota-Engil Engenharia e Construção África, S.A. na modalidade de revolving global credit Facility.

“Com esta operação, que visa apoiar a implementação dos principais projetos atuais e em desenvolvimento pelo Grupo em África, a Mota-Engil concretiza um dos seus objetivos estratégicos de diversificação de fontes e tipos de financiamento, bem como de alargamento de maturidades”, sinaliza a empresa.

O Afreximbank é uma instituição financeira multilateral pan-africana, com sede no Cairo, Egito e este é o primeiro contrato celebrado com a Mota-Engil. As ações da Mota-Engil encerraram na quinta-feira, a negociação na Euronext Lisbon, que se encontra encerrada até terça-feira, a valorizarem-se 0,26% para 2,30 euros.

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Crowdfunding a financiar partidos? Grandes desconfiam, pequenos admitem utilizar

  • Lusa
  • 19 Abril 2019

Riscos de “anonimato” da origem dos donativos e a dificuldade prática em garantir o cumprimento das regras legais do financiamento mantém grandes partidos de "pé atrás". Pequenos admitem utilizar.

Os partidos com representação parlamentar preferem os habituais meios de financiamento eleitoral e desconfiam do uso das plataformas eletrónicas de “crowdfunding”, enquanto os mais pequenos mostram abertura àquela possibilidade.

Os riscos de “anonimato” da origem dos donativos e a dificuldade prática em garantir o cumprimento das regras legais do financiamento dos partidos e das campanhas foram os principais argumentos avançados pelo BE, PAN, CDS-PP, PCP e PS.

Questionado pela Lusa, o PCP disse que não pretende recorrer a plataformas eletrónicas para donativos, sustentando que a “recolha de fundos direta e pessoal a partir da iniciativa de militantes é bem mais escrutinável e menos disfarçada em anonimatos digitais”.

O CDS-PP sublinhou os “riscos com a sua utilização” caso não sejam garantidas as exigências legais para a “total identificação” da origem e valores em causa. Para os centristas, não é necessária qualquer alteração à lei para regulamentar este meio de financiamento em específico.

O BE manifestou igualmente dúvidas “dúvidas de que seja possível cumprir” todas as exigências quanto à identificação dos doadores e afirmou preferir, tal como o PCP, angariações de fundos diretas e sem intermediários.

O PS, que “inaugurou” em 2013 o “crowdfunding eleitoral” em Portugal na campanha das autárquicas, optou por dispensar esse recurso e conta, no orçamento para as europeias, com a subvenção estatal e iniciativas tradicionais de angariação de fundos para financiar as despesas.

O PAN referiu que “neste momento” não está previsto recorrer ao “crowdfunding” e defendeu que é necessário impedir que “grupos de interesses” possam, através do financiamento, “sequestrar e condicionar a ação política dos partidos”.

Pelo PSD, o secretário-geral, José Silvano, afirmou à Lusa que o tema não foi ainda alvo de discussão no partido e, por essa razão, o financiamento da campanha das europeias será feito pelas formas habituais, principalmente através da subvenção pública. Contudo, não excluiu que no futuro possa vir a ser considerado.

A subvenção pública tem sido a principal fonte de receitas dos partidos políticos com representação parlamentar para financiar as despesas eleitorais. Outras formas de financiamento possíveis na campanha das europeias são as contribuições dos próprios partidos, que por vezes recorrem a empréstimos bancários, e o produto de iniciativas de angariação de fundos.

Sem acesso à subvenção do Estado, o Livre vê o “crowdfunding eleitoral” como uma possibilidade a considerar e está atualmente a analisar os termos em que pode ser feito.

“Sendo um partido que não está representado no parlamento, depende do financiamento dos membros, seja por quotas seja por donativos. Desde que se consiga identificar a origem, se houver essa possibilidade técnica, vamos certamente utilizar”, disse à Lusa o dirigente Paulo Muacho.

O recém-criado Partido Aliança tem em funcionamento no próprio “site” um separador específico para “donativos” que podem ser feitos através de transferência bancária ou por referência multibanco.

“Escolhe-se o montante, preenche-se o questionário, com nome, morada e identificação fiscal para receber o recibo respetivo”, explicou Luís Cirilo, diretor-executivo do Aliança, manifestando-se convicto de que a informação prestada pelos doadores corresponde àquilo que a lei exige.

O recurso ao “financiamento colaborativo” através de plataformas eletrónicas para fins eleitorais cingiu-se em Portugal a duas experiências, a primeira em 2013, pela candidatura socialista à câmara de Lisboa, e a segunda em 2017, por um grupo de cidadãos eleitores às autárquicas em Coimbra.

Em 2013, de acordo com o “site” da plataforma de financiamento colaborativo PPL, a candidatura “Juntos Por Lisboa”, encabeçada por António Costa, angariou 3.588 euros de 87 apoiantes. Nas autárquicas de 2017, esta plataforma foi também usada pelo grupo de cidadãos eleitores “Somos Coimbra”, que angariou 12.291 euros de 102 apoiantes.

Só este ano a Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, que fiscaliza a prestação de contas dos partidos, tomou uma posição sobre o recurso ao financiamento colaborativo para fins eleitorais, admitindo ter tido vários pedidos de esclarecimento por parte de de alguns partidos.

Omisso na lei, a ECFP enquadrou o “financiamento colaborativo” na categoria legal de receitas obtidas através de “atividades de angariação de fundos”, figura que proíbe o anonimato dos doadores e montantes e impõe limites para as contribuições.

De acordo com diretor-executivo da PPL, Yoahn Nesme, “em rigor”, o conceito de “crowdfunding” deve permitir o anonimato dos “apoiantes” dos “projetos ou causas”, que podem ser de cariz cultural ou social, para pagar uma conta do veterinário ou para financiar um atleta.

Esta plataforma esteve envolta em polémica por ter sido usada pelos enfermeiros para financiar fundos de greve que a Procuradoria-Geral da República veio a considerar inadmissível por não serem geridos pelos respetivos sindicatos.

A plataforma permite que a contribuição seja por referência multibanco, por cartão de crédito ou mesmo “mbway”, e finalmente por transferência bancária para montantes acima dos 50 euros.

No caso das duas campanhas políticas, a PPL decidiu que as contribuições seriam feitas através de transferência bancária e diretamente para “uma conta do partido”, exigindo-se o envio do comprovativo e a identificação do número fiscal de contribuinte do doador.

Foi neste passo que, de acordo com fonte do PS, se percebeu que o recurso ao “crowdfunding” não funcionou da melhor maneira na candidatura à câmara de Lisboa em 2013. Entre as pessoas que contribuíram para a campanha, algumas não responderam às perguntas que se seguiam para fornecerem os dados pessoais necessários à identificação da origem dos fundos. Nesses casos, os donativos que fizeram acabaram por ser devolvidos, disse a fonte.

O diretor-executivo da PPL admitiu à Lusa que, na prática, o “formato ad-hoc” que teve de ser criado pela plataforma para cumprir as exigências legais de transparência altera o espírito do “financiamento colaborativo”, tornando-o numa “espécie de crowdfunding” que pode ter pouco interesse para os partidos políticos como fonte de grandes financiamentos.

“Mas pode funcionar mais uma ação de “marketing”, mais uma forma de ganhar notoriedade para a campanha, de os partidos aparecerem como muito modernos” na Internet, pelas partilhas possíveis nas redes sociais e pela diversidade de público que pode atingir, considerou.

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Já não há filas para abastecer de combustível. Normalização só no início da próxima semana

  • Lusa
  • 19 Abril 2019

ANAREC acredita que no início da próxima semana a situação esteja "completamente normalizada".

O presidente da Associação Nacional dos Revendedores de Combustíveis (ANAREC), Francisco Albuquerque, garante, em declarações à Lusa, que a reposição dos stocks está a decorrer “a bom ritmo”, não havendo já registo de filas para abastecer.

“O fim da greve não significa, como é obvio, a normalização imediata desta situação de falta de combustível. É normal que possa haver ainda nas próximas horas alguma limitação de abastecimento em alguns postos para viaturas não prioritárias. O que é importante, neste momento, é que conforme esperado a reposição dos stocks está a decorrer de uma forma normal e a bom ritmo, inclusive em algumas situações temos indicações de reforço de transportes“, disse o responsável, sinalizando que “já não se verificam filas para abastecimento nos postos”.

Francisco Albuquerque estima que no início da próxima semana a situação esteja “completamente normalizada”.

Neste momento, indica, “há postos completamente normalizados, há postos parcialmente normalizados e há postos ainda com alguma rutura de stocks“.

Na quinta-feira, em entrevista à Lusa, o presidente do sindicato dos motoristas de matérias perigosas, Francisco São Bento, disse que, com o fim da greve, o normal abastecimento de combustíveis será reposto em todos os postos, no máximo, até sábado.

“Uma vez que se terminou a greve diria que, dentro das próximas 48 horas, com o ritmo normal de trabalho, todos os postos de abastecimento estarão repostos”, disse o presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) em entrevista à Lusa.

A greve dos motoristas de matérias perigosas iniciou-se na segunda-feira e terminou na quinta-feira, depois de o sindicato e a Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) terem assinado um protocolo negocial após umas reuniões bilaterais, durante a madrugada, entre o Governo e cada uma das partes envolvidas.

A paralisação provocou na terça e na quarta-feira várias situações de rutura nos postos de abastecimento por todo o país e longas filas de espera para abastecer.

Em conferência de imprensa, o ministro das Infraestruturas destacou a garantia de “paz social” acordada entre os motoristas de matérias perigosas para o processo negocial e referiu uma “normalização gradual” do abastecimento de combustíveis no país, apontando que a primeira reunião negocial decorrerá no dia 29.

No acordo assinado, a ANTRAM e o SNMMP comprometem-se a concluir até dia 31 de dezembro um processo de negociação coletiva.

Metade dos postos da Prio já opera com normalidade

A Prio informou também que mais de 50% da sua rede de postos de abastecimento opera já “dentro da normalidade”, estimando a completa reposição dos stocks, afetados pela greve dos motoristas de matérias perigosas, até domingo.

“Na sequência do fim da greve dos motoristas de matérias perigosas, a Prio foi já capaz de restabelecer a normalidade no abastecimento em cerca de 50% dos seus postos, incluindo já todos os postos constantes da REPA (Rede Estratégica de Postos de Abastecimento) e praticamente todos os maiores postos da sua rede”, refere a empresa em comunicado. “Estima-se que conseguirá repor, até ao final do dia de hoje, a normalidade em cerca de 90% do total dos seus 250 postos”, acrescenta.

Segundo a empresa, do terminal de Aveiro saíram na quinta-feira cerca de três milhões de litros de combustível em aproximadamente 100 camiões-cisterna, com destino tanto para a rede Prio e rede de parceiros como para as outras marcas que a empresa fornece. “Paralelamente, a Prio tem estado também a carregar dezenas de camiões-cisterna noutros terminais logísticos, com o objetivo de levar combustível às comunidades locais, empresas e indústrias nacionais”, refere.

A expectativa da empresa é que o fluxo de camiões-cisterna continue a aumentar e que as filas e ruturas nos postos fiquem normalizadas. A empresa assegura ainda que a greve não teve qualquer impacto direto nos preços da sua rede de postos, e que vai manter os seus preços inalterados na próxima semana.

(Notícia atualizada às 14h04 com informações da Prio)

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Limitadores de velocidade e “caixas negras”. Veja os “extras” que passam a ser obrigatórios nos automóveis

  • ECO
  • 19 Abril 2019

Os veículos novos vendidos na União Europeia a partir de 2022 vão passar, obrigatoriamente, a estar equipados com várias tecnologias de segurança. Uma delas será um "limitador" de velocidade.

Os automóveis estão cada vez mais inteligentes, mas nem todos. Isso vai mudar. A partir de 2022, todos os veículos novos comercializados na União Europeia vão vir recheados de tecnologia destinada a aumentar a segurança de quem os conduz, mas também de quem partilha as vias públicas com eles. Há vários “extras” de hoje em dia que vão, assim, deixar de o ser.

O Parlamento Europeu aprovou um regulamento estabelece que, dentro de três anos, todos os veículos novos – automóveis de passageiros, comerciais ligeiros, camiões e autocarros – têm de estar equipados com uma série de sistemas desenhados para tentar reduzir a sinistralidade.

Um dos principais, e aquele que gerou maior controvérsia, é uma espécie de “limitador de velocidade”. Este dispositivo “fornecerá indicações ao condutor, com base em mapas e na observação da sinalização rodoviária, quando o limite de velocidade for ultrapassado”, explicou Rózà Thun, eurodeputada, citada pela Lusa.

“Não introduzimos um limitador de velocidade, mas sim um sistema inteligente para alertar os condutores de que estão em excesso de velocidade. Isso não apenas nos deixará mais seguros, como ajudará os condutores a evitar multas por excesso de velocidade”, precisou, acrescentando que o regulamento permite que se possa desligar este sistema.

A juntar a este sistema, conhecido como ISA (Intelligent Speed Assistence), há ainda outros dois que merecem destaque. São eles a EDR, uma “caixa negra”, do género das que são utilizadas nos aviões, que regista o que houve no caso de um acidente, mas também um sistema de monitorização do condutor.

Este sistema virado para o condutor irá avaliá-lo através de câmaras internas. Terá como função alertar para distrações, ou mesmo para sonolência. E poderá, no limite, impedir de utilizar o veículo caso identifique que o condutor está sob o efeito de álcool ou mesmo de estupefacientes.

Conheça os equipamentos que vão passar a ser obrigatórios:

  • Sistema automático de monitorização da pressão dos pneus;
  • Sistema de alerta para peões e ciclistas na estrada;
  • Sistema de assistência em marcha atrás, através de câmaras e sensores;
  • Sistema de travagem de emergência;
  • Aparelho de registo de acidentes, tipo “caixa negra”;
  • Pré-instalação de dispositivos de bloqueio da ignição sensíveis ao álcool;
  • Avisador da sonolência e da atenção do condutor;
  • sistema inteligente para alertar os condutores de que estão em excesso de velocidade;
  • Sistema automático para evitar que o veículo não sai, por distração, da faixa de rodagem;

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