Apresentação do Curso Intensivo de Proteção de Dados

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  • 3 Outubro 2019

A matéria de proteção de dados está hoje desenvolvida no Regulamento EU 2016/676, de 27 de abril de 2016 – RGPD – que revogou a Diretiva 95/46/CE, de 24 de outubro.

O RGPD é um texto longo – 99 artigos e 173 considerandos – que abrange áreas fundamentais, tais como:

(i) A indicação das fontes de legitimidade para o tratamento de dados (por exemplo, o consentimento, o contrato e o interesse legítimo, elemento fundamentais para as matérias de marketing);
(ii) Os princípios fundamentais do tratamento de dados, como a finalidade e a minimização;
(iii) Os direitos dos titulares dos dados, que devem ser analisados conjuntamente com a jurisprudência europeia, de informação, acesso; retificação, apagamento, portabilidade e oposição.

O RGPD carece, ainda de interpretação cuidada quanto à transferência de dados pessoais, à competência das autoridades de controlo, às regras de segurança ad informação, ao papel do encarregado de proteção de dados e, de modo decisivo, ao regime contraordenacional.

Apesar de se tratar de um regulamento de Direito Europeu, o RGPD carece de legislação interna que, no caso português, foi aprovada pela Lei n.º 58/2019, de 8 de agosto.

Os elementos fundamentais da lei, que merecerão especial cuidado são:

(i) a concretização do papel do encarregado de proteção de dados;
(ii) a definição da acreditação, certificação e códigos de conduta;
(iii) o regime da videovigilância e das relações laborais;
(iv) a proteção previsão da proteção de dados de pessoas já falecidas;
(v) a realização de tratamentos de dados pessoais por entidades públicas;
(vi) o regime dos tratamentos de dados de saúde;
(vii) regulação do regime contraordenacional e de Direito Criminal.
(viii) As recentes Deliberações interpretativas da CNPD números 493 e 494/2019 sobre a desaplicação da Lei.

O Curso Intensivo de proteção de Dados será dividido em 12 sessões de 1h 30m, ministradas ao longo de seis dias.

Haverá a apresentação de duas sessões por dia das 18h às 21h. Cada sessão está dividida tem 60m de duração e 30m de dúvidas e debate.

A coordenação do curso está a cargo do Professor Alexandre Sousa Pinheiro, de quem se apresenta síntese curricular:

“Alexandre Sousa Pinheiro (1966) é Professor Universitário e Advogado, tendo-se licenciado e obtido os graus de mestre e Doutor com a dissertação: “Privacy e Proteção de Dados: A Dogmática do Direito à Identidade Informacional”, ora esgotada, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Foi Vogal da Comissão Nacional de Proteção de Dados (2001-2006), tem vasta experiência na área da assessoria legislativa junto do Governo e da Assembleia da República e é autor de cerca de quarenta títulos, dando-se destaque ao mais recente, que constitui a obra de referência para este curso.

Tem uma atividade regular de jurisconsulto emitindo pareceres e estudos jurídicos, também na área do acesso à informação administrativa e da proteção de dados.

Entre 2012 e 2018 organizou na FDUL o “Curso Avançado de Proteção de Dados.

Coordenador da obra de referência: “Comentário ao Regulamento Geral e Proteção de Dados” : Alexandre Sousa Pinheiro (coordenador), Cristina Pimenta Coelho, Tatiana Duarte, Carlos Jorge Gonçalves, Catarina Pina Gonçalves, Coimbra, Almedina, 2018 (dezembro)”

As sessões estarão assim distribuídas:

Dia 1 – 22 de outubro

– Apresentação da lei de execução no quadro do RGPD – Alexandre Sousa Pinheiro – Doutor em Direito (FDUL), Professor Universitário, Advogado, Manager da ASP – Formação e Consultoria.
– O RGPD e a legislação laboral e de recursos humanos – Inês Rodrigues – Head of Legal & Incentives LCG

Dia 2 – 24 de outubro

– Responsabilidade pelo tratamento e subcontratação – Tatiana Duarte – Advogada na Marques da Costa & Associados, Mestre em Direito (FDUL) e doutoranda na Universidade Católica
– Informação administrativa e proteção de dados – Alexandre Sousa Pinheiro – Doutor em Direito (FDUL), Professor Universitário, Advogado, Manager da ASP – Formação e Consultoria.

Dia 3- 25 de outubro

– Segurança da Informação e proteção de dados – Sofia Pereira de Castro – Chief Information Security Officer, Data Protection Delivery Manager, LGG Senior Security Consultant
– Segurança de informação e o artigo 32.º do RGPD – José Lourenço Martins – Professor Tenente Coronel Docente na Academia Militar

Dia 4 – 31 de outubro

– Proteção de dados e Saúde – Alexandre Sousa Pinheiro – Doutor em Direito (FDUL), Professor Universitário, Advogado, Manager da ASP – Formação e Consultoria.
– O encarregado de proteção de dados numa associação pública – Mário João de Brito Fernandes – Encarregado de Proteção na Ordem dos Advogados e Consultor na ABREU Advogados

Dia 5- 4 de novembro

– O papel do encarregado de proteção de dados – Ana Fazendeiro – CEO/Legal Expert Protect Data
– Regime contraordenacional e criminal no direito português de proteção de dados – Cristina Pimenta Coelho – Consultora Principal do Centro de Competências Jurídicas do Estado (JurisAPP) e Docente Universitária

Dia 6- 6 de novembro

– Proteção de Dados e tratamentos na cloud – Luís Neto Galvão – Advogado e Sócio da SRS
– Conclusões do curso – Alexandre Sousa Pinheiro – Doutor em Direito (FDUL), Professor Universitário, Advogado, Manager da ASP – Formação e Consultoria.

10% desconto para os participantes na Conferência “Nova Lei de Proteção de Dados,Lei nº 58/2019 de 08.08” na CCIP a 26/09/2019.

Preço € 450,00 p/pessoa

Para mais informações queira contactar: B-Law Tel: 213 860 414

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Revista de imprensa internacional

O governador do Banco da Finlândia defende que o BCE deve combater a baixa inflação. O El Corte Inglês vai criar uma imobiliária para a gestão dos seus próprios ativos. Uber vai lançar nova aplicação.

Em destaque na imprensa internacional está o governador do Banco da Finlândia, que defendeu esta quinta-feira a política de estímulos aplicada pelo Banco Central Europeu e considera que a instituição liderada por Mario Draghi deve combater a baixa inflação. No que toca à expansão de negócios, o El Corte Inglés vai criar o seu próprio negócio imobiliário para gestão de ativos. Por outro lado, a Uber prepara-se para lançar uma nova app de trabalho temporário.

Reuters

Olli Rehn defende que BCE deve combater baixa inflação

O governador do Banco da Finlândia defendeu esta quinta-feira que o Banco Central Europeu (BCE) deve tomar uma posição forte quando as expectativas de inflação são muito baixas para impedir que estas fiquem presas a níveis inaceitáveis. Olli Rehn apoia a iniciativa da instituição liderada por Mario Draghi em introduzir uma nova ronda de estímulos para fomentar a economia. “Temos de ter cuidado para evitar um equilíbrio prejudicial que resulta da inflação baixa prolongada e de taxas de juro nulas, pois isso restringiria significativamente a capacidade da política monetária de equilibrar o ciclo económico”, disse. Leia a notícia completa na Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês).

Expansión

El Corte Inglés cria imobiliária para gerir ativos próprios

O grupo El Corte Inglés quer aproveitar a sua posição como uma dos maiores proprietários de imóveis em Espanha e, por isso, decidiu criar o seu negócio imobiliário. A cadeia de retalho espanhola anunciou na quarta-feira que vai criar uma unidade de promoção, construção e gestão de ativos imobiliários denominada El Corte Inglés Real. Esta decisão surge após a empresa liderada por Marta Álvarez Guil ter tentado desfazer-se de 95 ativos imobiliários não estratégicos e que acabou por não resultar. Leia a notícia completa no Expansión (acesso livre, conteúdo em espanhol).

Cinco Dias

Vendas pela Internet salvam queda de receitas da Mango

As contas consolidadas da Mango MNG Holding, que agrupa todo o grupo têxtil, ditam uma queda de 5% nas receitas da sua principal fonte de negócio: a venda de roupa em lojas físicas. As vendas a retalho geraram uma receita de 1.261 milhões de euros em 2018, totalizando 58% do total das vendas da marca. Ainda assim, o online está a crescer. No final de 2018, a venda de roupa pela internet rendia 20% da faturação da empresa, crescendo este ano para 30% (cerca de 445 milhões de euros). Leia a notícia completa no Cinco Dias (acesso livre, conteúdo em inglês).

Financial Times

Uber lança aplicação de trabalho temporário nos Estados Unidos

A Uber vai lançar esta sexta-feira uma nova aplicação em Chicago. A Uber Works estabelece o contacto entre pessoas que se dedicam ao trabalho temporário e empresas que pretendem preencher as lacunas nos seus serviços. Esta app foi estudada durante cerca de um ano, vai funcionar primeiramente em Chicago, mas a ideia é expandir-se para outros territórios. Leia a notícia completa no Financial Times (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

South China Morning Post

Polícia de Hong Kong diz que jovem alvejado nos protestos vai ser acusado criminalmente

O jovem de 18 anos baleado pelas forças de segurança na sequência dos protestos em Hong Kong na tarde de terça-feira vai ser acusado criminalmente. Em comunicado, as autoridades revelam que o jovem será acusado esta tarde de dois crimes de agressão a agentes da autoridade. A polícia tem sido acusada de usar força excessiva, mas justifica o disparo por o adolescente ter agredido a polícia com um objeto de metal. Leia a notícia completa no South China Morning Post (acesso livre, conteúdo em inglês).

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Cofina já notificou a AdC da OPA à Media Capital

Está dado mais um passo na OPA que a empresa liderada por Paulo Fernandes lançou sobre a dona da TVI. A Autoridade da Concorrência (AdC) já foi notificada da operação de concentração.

A Cofina já notificou a Autoridade da Concorrência (AdC) da oferta pública de aquisição (OPA) à Media Capital, apurou o ECO. O regulador liderado por Margarida Matos Rosa ficará, agora, a aguardar observações de terceiros interessados, sendo que terá depois 30 dias úteis para se pronunciar sobre a operação de concentração entre a dona do Correio da Manhã e a empresa que detém a TVI.

Notificada a AdC, o regulador vai avaliar se estão reunidos todos os elementos. Após isto, tem cinco dias úteis para publicar os elementos essenciais da operação. Depois arranca o período para que terceiros interessados sobre a operação de concentração em causa possam fazer as suas observações ao negócio, por um prazo de dez dias úteis.

Posteriormente, de acordo com a Lei da Concorrência, a “Autoridade deve proferir a decisão sobre uma concentração notificada no prazo de 30 dias úteis contados a partir da data de produção de efeitos da notificação”.

Contudo, “caso a Autoridade adote uma decisão de início de uma investigação aprofundada, o prazo para a decisão final é de 90 dias úteis contados da data de produção de efeitos da operação de concentração notificada”, lê-se na mesma legislação.

Está dado mais um passo na OPA que a empresa liderada por Paulo Fernandes lançou sobre a dona da TVI, a Media Capital, sendo que esta operação está condicionada, entre outras, tanto à não-oposição da AdC ao negócio e à autorização da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).

A Cofina tem de registar oficialmente a OPA à Media Capital até ao dia 11 de outubro, data após a qual a administração da Media Capital terá de emitir um comunicado sobre as condições e oportunidade da oferta.

De acordo com o anúncio preliminar, a dona do Correio da Manhã propõe-se pagar 2,3336 euros por cada ação da dona da TVI que não é controlada pela Prisa e 2,1322 euros pelas mais de 80 milhões de ações que estão nas mãos do grupo espanhol. Contudo, a CMVM já anunciou que vai nomear um auditor independente para definir o preço a pagar pela empresa co-liderada por Paulo Fernandes.

Assumindo os valores avançados pela Cofina, a oferta global ascende a 180 milhões de euros. Incluindo a dívida (enterprise value), a operação de compra da Media Capital envolve cerca de 255 milhões de euros.

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De Guindos alerta que mercados podem estar a subestimar o impacto de Brexit sem acordo

  • ECO
  • 3 Outubro 2019

A política orçamental pode tornar "mais poderosa" a política monetária, disse o vice-presidente do Banco Central Europeu, defendendo um maior papel da política fiscal na Zona Euro.

Os mercados estão a subestimar a possibilidade de um Brexit sem acordo, alertou esta quinta-feira o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE).

“Até agora, ainda não avaliámos, o impacto que o Brexit está a ter”, disse Luis de Guindos durante um evento na Fundación Rafael de Pino, em Madrid. “Penso que estamos verdadeiramente a subestimar o impacto da incerteza atual e é por isso que receios e preocupações de que o impacto de um Brexit desordenado seria muito mais elevado do que aquele que os mercados estão a prever”, acrescentou.

Penso que estamos verdadeiramente a subestimar o impacto da incerteza atual e é por isso que receios e preocupações de que o impacto de um Brexit desordenado seria muito mais elevado do que aquele que os mercados estão a prever.

Luis de Guindos

Vice-presidente do BCE

O Governo britânico já propôs a Bruxelas uma alternativa ao backstop para tentar desbloquear o impasse do Brexit causado pelo futuro estatuto da Irlanda do Norte. Numa carta enviada ao presidente da Comissão Europeia, Boris Johnson apresenta um plano para que o Reino Unido, Irlanda do Norte incluída, abandone a união aduaneira no âmbito do Brexit.

Por outro lado, o vice-presidente do BCE criticou o facto de a contribuição da política orçamental na estabilização da economia da Zona Euro ter sido limitada, sublinhando que o atual marco institucional é “insuficiente” para dar uma resposta adequada. Luis de Guindos defendeu ainda a criação de uma “capacidade orçamental centralizada” europeia.

“A contribuição da política orçamental na estabilização económica após a crise foi limitada na melhor das hipóteses”, frisou De Guindos, acrescentando que as perspetivas de risco para a zona euro se têm vindo a agravar.

Neste contexto de enfraquecimento mais prolongado da economia da Zona Euro, De Guindos defendeu o pacote de medidas anunciado em setembro por Mario Draghi, dirigidas a apoiar a expansão da Zona Euro e a formação de pressões inflacionistas internas.

O vice-presidente do BCE sublinhou também a necessidade de os países com margem orçamental tomarem medidas, reconhecendo que quando os tipos de interesse se aproximam do seu limite mínimo, as políticas orçamentais acabam por ser mais eficazes na hora de estimular a procura agregada.

Assim, explicou, quando aplicada de maneira apropriada, a política orçamental pode tornar “mais poderosa” a política monetária, enquanto o aumento do investimento na educação e o investimento público podem apoiar a produtividade e estimular o crescimento e o investimento do setor privado.

“Há um papel a desempenhar pela política orçamental para ajudar a contrariar os “shocks” a nível europeu”, afirmou De Guindos, acrescentando que, atualmente, a posição fiscal da zona euro a nível agregado é apenas levemente expansiva. “É de extrema importância que aumentemos o poder de resposta da política de estabilização mediante uma mistura de políticas, incluindo continuar a fazer uso total da política monetária, atribuindo um papel mais substantiva à política orçamental”, continuou o vice-presidente do BCE.

O ex-ministro espanhol referiu que o atual marco institucional da zona euro é “insuficiente” para dar o estímulo orçamental necessário, dado que, na maior parte dos casos, a política orçamental continua a ser uma questão nacional e algumas regras comuns, como o Pacto de Estabilidade e Crescimento, contam com uma flexibilidade imediata. Assim, defendeu que “estabelecer as bases institucionais para a criação de uma capacidade fiscal europeia representaria um importante passo nesta direção”.

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Malparado da banca cai 2,5 mil milhões desde o início do ano. Falta “limpar” 23,4 mil milhões

Bancos portugueses chegaram a junho deste ano com um rácio de crédito malparado nos 8,3%, uma redução de 1,1 pontos percentuais face a dezembro.

Os bancos portugueses continuam com a difícil de missão de baixar a exposição a ativos problemáticos para níveis de acordo com as exigências dos reguladores. Na primeira metade do ano esse esforço resultou numa redução do stock de crédito malparado (os chamados non performing loans) em cerca de 2,5 mil milhões de euros. O sistema financeiro chegou a junho com um rácio de NPL de 8,3%, menos 1,1 pontos percentuais (p.p.) face a dezembro.

Os dados foram divulgados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal, que no relatório trimestral sobre o Sistema Bancário Português fornece uma radiografia sobre a saúde da banca portuguesa.

No que toca aos NPL, os bancos nacionais ainda detinham no balanço 23,45 mil milhões de euros em termos brutos a 30 de junho. Se descontarmos as imparidades que já foram constituídas para fazer face a estes ativos tóxicos, o valor líquido do malparado na banca situa-se nos 11,2 mil milhões de euros (ou um rácio de 4,4% face ao total de crédito).

Por definição, um crédito malparado surge quando um cliente bancário deixa de pagar as prestações de um empréstimo e o banco tem de classificar esse crédito como não produtivo. E é um problema para o banco porque pode perder parte ou a totalidade do empréstimo, assim como os juros e comissões. Por outro lado, os reguladores tendem a exigir mais requisitos de capital aos bancos com níveis elevados de NPL.

Em Portugal, o malparado continua a ser um dos principais desafios. Mas a tendência de redução do stock e do rácio tem sido por demais evidente nos últimos anos. Depois de ter atingido o pico no final de 2015, nos 50 mil milhões de euros (17,5% do total dos empréstimos), o malparado tem vindo a reduzir-se de forma significativa fruto sobretudo das reestruturações levadas a cabo nos principais bancos: Novo Banco, Caixa Geral de Depósitos (CGD) e BCP. De lá para cá o volume de NPL no balanço dos bancos já caiu mais de 25 mil milhões de euros, ou seja, reduziu-se para menos de metade. As autoridades estão a exigir um rácio de 5% rumo a essa meta que os bancos correm.

A diminuição do malparado tem sido conseguida sobretudo através da venda de carteiras a empresas especializadas na recuperação de créditos. Outros caminhos passam pelos processos de recuperação dos empréstimos pelos próprios bancos ou pelo abate dos empréstimos no ativo.

NPL em queda

Fonte: Banco de Portugal

Bancos (um pouco) mais rentáveis

Em termos gerais, a fotografia tirada pelo Banco de Portugal ao sistema bancário evidencia melhorias na rentabilidade e eficiência dos bancos, isto depois dos anos de crise ter obrigados as instituições a reestruturações que implicaram cortes de agência e trabalhadores. Na última ronda de apresentação de resultados, os presidentes dos principais bancos nacionais sublinharam a necessidade de manter este esforço não só porque têm planos a cumprir, mas também porque o Banco Central Europeu (BCE), com a política de juros mínimos, vai pressionar o negócio bancário nos próximos anos.

Segundo os dados apresentados pelo regulador, a rendibilidade do ativo (ROA) dos bancos aumentou 0,05 p.p. face ao primeiro semestre de 2018, tendo-se situado em 0,8% e a rendibilidade do capital próprio (ROE) aumentou 0,74 p.p. cifrando-se em 8,4%.

“O aumento do ROA refletiu a subida dos outros resultados de exploração, uma diminuição do fluxo líquido de provisões e, em menor grau, um aumento da margem financeira. Esta dinâmica foi parcialmente compensada por uma deterioração dos
resultados de operações financeiras”, explica o Banco de Portugal no relatório.

Com ganhos de rendibilidade vieram ganhos de eficiência, medida pelo rácio cost-to-income. A eficiência “aumentou, refletindo um crescimento do produto bancário superior ao dos custos operacionais”, diz o supervisor.

(Notícia atualizada às 11h49)

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O que vai mudar na justiça nos próximos quatro anos?

A justiça em Portugal acarreta graves problemas. Com programas extensos, os partidos prometem devolver a justiça aos cidadãos, mas afinal que defendem os candidatos nos seus programas eleitorais?

Este ano vão a eleições 21 forças políticas. Um número recorde face aos 17 partidos candidatos às legislativas em 2015. Milhões de eleitores vão decidir que partido irá representar melhor os seus interesses e ocupará lugar no Governo.

A justiça em Portugal acarreta graves problemas e a Advocatus analisou os programas eleitorais dos principais oito partidos candidatos às legislativas e questionou-os acerca dos atuais problemas da justiça em Portugal e quais as suas prioridades para a justiça económica.

Para o Partido Socialista (PS), apesar de todo o desenvolvimento positivo do sistema judicial e do acesso aos tribunais, “a justiça continua a precisar de ser mais célere, mais simples e mais compreensível pelas pessoas”. Uma aposta em modelos de justiça bem sucedidos e que ofereçam resultados, como os julgados da paz, e tratar de forma particular casos ímpares é também apontado pelo PS como uma necessidade do sistema judicial.

O Partido Social Democrata (PSD) afirma ser necessária uma justiça acessível em tempo, meios e recursos e acima de tudo em qualidade. A força política liderada por Rui Rio defende que sem uma “boa administração da justiça não há um verdadeiro e efetivo Estado de Direito Democrático”. Para o partido é fundamental priorizar o acesso do cidadão à justiça, superando os condicionamentos económicos atualmente impostos. O PSD pugna por uma justiça independente, reforçando os órgãos de administração e gestão.

Para o Bloco de Esquerda (BE), a justiça possui três problemas centrais. “A política do bloco central tem tornado a justiça cara, acessível a muito poucas pessoas”, começa por apontar o partido. A condição profissional dos vários intervenientes no sistema de justiça também é um dos problemas uma vez que evidencia uma “grave precarização e desqualificação”. Por último, o partido liderado por Catarina Martins, aponta uma desvirtualização do sistema de execução de penas e ainda que a finalidade da ressocialização enfrenta dificuldades de concretização.

Para a Coligação Democrática Unitária (CDU) é necessária uma reforma democrática da justiça. “O elevado valor das custas, o escasso alcance social dos mecanismos de apoio judiciário, a falta de generalização dos julgados de paz, a morosidade inerente ao funcionamento da justiça” são alguns dos problemas apresentados pelo partido liderado por Jerónimo de Sousa.

O partido de Assunção Cristas afirma que não existe nenhuma economia que cresça sem que o sistema de justiça consiga dar resposta aos problemas com rapidez e eficiência. Dessa forma, “é essencial, encontrar, a par da via judicial tradicional, novas formas de assegurar a justiça, seja pela aposta na prevenção de litígios, seja através de meios alternativos ao sistema judicial. Se não fizermos, Portugal perderá competitividade”, aponta o partido. O respeito pelos “direitos de propriedade, pela liberdade contratual e negocial, pela estabilidade legislativa e fiscal é fundamental para a justiça do país”, assegura o CDS-PP.

O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) apresenta cinco problemas essenciais na justiça. A “morosidade no funcionamento e a burocracia existente, os custos no acesso e no funcionamento e a falta de reconhecimento e consequente desvalorização dos profissionais do setor” são os primeiros fatores apresentados pelo partido liderado por André Silva. A estes acrescem a “opacidade, tanto na aplicação da justiça como na administração da mesma e o deficiente funcionamento das plataformas eletrónicas”.

O partido Aliança defende um “sistema moderno, próximo dos cidadãos e dos agentes económicos, uma justiça que funcione, que seja estável e confiável. Apesar das diversas reformas efetuadas, a realidade mostra-nos um sistema judicial moroso, dispendioso, complexo e ineficaz”. Pedro Santana Lopes, rosto do Aliança, defende ainda no programa uma reforma profunda do sistema judiciário de forma a modernizá-lo e adaptá-lo à realidade. Para o partido a justiça deve estar acima de tudo ao serviço dos direitos dos cidadãos e “nunca pode constituir um entrave ao desenvolvimento do país”.

Para a Iniciativa Liberal os problemas na justiça prendem-se todos com a ineficiência da mesma. A demora das decisões e aplicações, a falta de monitorização sistemática do funcionamento da administração da justiça, a falta de qualidade legislativa e a centralização a gestão são os principais pontos problemáticos apontados pelo partido liderado por Carlos Guimarães Pinto.

Com programas extensos, os partidos prometem devolver a justiça aos cidadãos, mas, como refere Nuno Garoupa à Advocatus, “os partidos já desistiram há muito tempo de mudar seja o que for na justiça”. O que defendem afinal os partidos nos seus programas eleitorais?

Combate à corrupção

A corrupção é uma preocupação das principais forças políticas, mas a forma de combate à mesma fica aquém quando se analisa os programas eleitorais. Recorde-se, que no início do ano a OCDE apresentou um Estudo sobre a Economia Portuguesa, onde um dos capítulos incidiu sobre o tema corrupção, e o atual Governo não aceitou de bom agrado o mesmo.

O PS apresenta no seu programa um relatório nacional anticorrupção. Segundo os socialistas, este relatório irá permitir construir um panorama geral e desenvolver um conjunto de medidas sobre a matéria. António Costa defende ainda que de três em três anos, no âmbito dos relatórios de política criminal, a Procuradoria-Geral da República deve reportar à Assembleia da República o grau de aproveitamento e aplicação dos mecanismos legalmente existentes no âmbito do combate à corrupção. O princípio da “pegada legislativa” é também uma das soluções apresentadas pelo PS. Através deste princípio, fica estabelecido o registo obrigatório de qualquer intervenção de entidades externas no processo legislativo em todas as fases.

O Partido Social Democrata reforça os meios judiciais, técnicos e informáticos e as equipas de apoio à investigação. O partido liderado por Rui Rio pretende ainda dotar os magistrados de maior conhecimento para combater a corrupção e monitorizar os setores de atividade em maior risco.

O BE, por outro lado, pugna pela criminalização do enriquecimento injustificado através do confisco dos bens. O partido defende ainda uma fiscalização do património e dos rendimentos dos políticos e dos membros de altos cargos do Estado por uma entidade para a transparência. Com a declaração do património de quem é eleito a força política de esquerda pretende reforçar a transparência. O partido liderado por Catarina Martins pretende ainda combater a corrupção através da eliminação dos vistos gold.

A CDU considera fundamental “a punição efetiva dos responsáveis concretos por crimes de corrupção (…) para combater a ideia perversa de que todos os políticos são corruptos”. Como forma de travar a corrupção, o partido liderado por Jerónimo de Sousa defende uma aposta no Departamento Central de Investigação e Ação Penal de forma a dotá-lo das condições mínimas para dar respostas mais eficazes na luta anticorrupção. Em particular, o partido refere que a dotação do departamento pode ser efetivada através do reforço dos quadros de procuradores. O CDU pretende apostar ainda numa revalorização da Polícia Judiciária e impedir a deterioração da situação operacional da polícia científica.

Já o CDS-PP apresenta uma estratégia nacional de combate a corrupção e à criminalidade organizada. Através desta estratégia, o partido liderado por Assunção Cristas, pretende reforçar os meios técnicos e humanos, através de um recrutamento contínuo e perene para a Polícia Judiciária e para o Ministério Público. O CDS-PP defende ainda a existência de assessores especializados em matérias de combate à corrupção para auxiliar os tribunais. O estatuto do arrependido, na perspetiva do partido popular, ainda não se encontra 100% operacional e para tal, propõe a criação de um verdadeiro estatuto, alargando-o a outras fases do processo e ordenando os benefícios concedidos em função da fase em que aquele se encontre.

Tal como o CDS-PP, o PAN promete reforçar com meios humanos e materiais o Ministério Público e a Polícia Judiciária através da promoção da especialização de quadros no âmbito da investigação de crimes cometidos no exercício de funções públicas. André Silva, rosto do partido, pretende criar um regime de proteção de denunciantes de forma a garantir o anonimato e a segurança dos mesmos e, desta forma, assegurar a segurança das informações dadas. Por fim, o PAN aposta num alargamento do conceito de denunciante, passando a abranger aqueles que não possuem qualquer relação de trabalho com a pessoa ou entidade denunciada.

Pela primeira vez a concorrer às eleições legislativas, a Aliança exige “um combate sem tréguas à corrupção” no programa eleitoral. Como forma de combate, o partido liderado por Pedro Santana Lopes defende a proibição do exercício de cargos públicos para quem for condenado por corrupção e um endurecimento das penas associados a este crime. Uma promoção da transparência no Estado através da adoção de modelos abertos de governação e colaborativos é uma das apostas desta força política. Por fim, o partido pugna por um controlo mais exigente da aplicação dos fundos comunitários de forma a garantir que os mesmos são utilizados ao serviço do interesse público.

Para o partido liderado por Carlos Guimarães Pinto, a “corrupção e as práticas restritivas da concorrência, como o conluio, introduzem distorções no funcionamento do mercado, que quando ocorrem na contratação pública, lesam gravemente o Estado prejudicando assim os contribuintes, afetando a qualidade dos serviços que o Estado presta aos cidadãos”. Desta forma, a Iniciativa Liberal pretende limitar os mandatos universais para os cargos públicos de cinco anos para cada mandato e estabelece um limite universal de dois mandatos consecutivos para todos os cargos públicos. Outra das propostas do partido é a transparência nas compras do Estado. Para executar esta medida, a Iniciativa Liberal propõe que o Portal Base Gov seja o único portal abrangente que centraliza todas as compras públicas. Através deste mecanismo, pretende-se prevenir fraudes detetando antecipadamente potenciais situações ilícitas.

Morosidade e custos de acesso à justiça

Todos os partidos estão em sintonia num aspeto, é necessário combater a morosidade que se assiste no sistema judicial e combater os custos de acesso à justiça.

O PS pugna pela redução das custas processuais quando se referem a valores excessivos, mas restringe aos casos em que não exista alternativa à composição do litígio. Para o partido liderado por António Costa, a morosidade na justiça é combatida através da implementação de um sistema de apoio judiciário mais efetivo e que assegure uma boa gestão dos recursos públicos e na melhoria da formação inicial e contínua dos magistrados de forma desconcentrada e descentralizada.

O PSD pugna por uma revisão do regulamento das custas processuais, isenção do pagamento de custas/taxas e de honorários ao patrono ou defensor até ao salário mínimo nacional. O alargamento do acesso ao apoio judiciário estende-se ainda às microempresas e aos empresários em nome individual. Já relativamente à morosidade da justiça, os sociais democratas propõem a dispensa dos juízes de funções de natureza administrativa, através da criação de condições de aperfeiçoamento e apoio técnico dos magistrados e do reforço da formação e qualificação dos funcionários judiciais. A implementação de um processo de informatização do sistema judiciário é outra medida que pretende diminuir a morosidade na justiça. O partido de Rui Rio propõe ainda a criação de um provedor do utente judiciário, a quem os cidadãos podem apresentar reclamações.

O partido liderado por Catarina Martins tem como prioridade a aprovação de uma “lei de bases da justiça que tenha na criação de um serviço nacional de justiça o seu elemento central”. Para a criação deste serviço, o BE pretende garantir a gratuitidade no acesso à justiça, a proximidade dos serviços de justiça, a valorização das carreiras profissionais e a orientação do sistema de execução de penas pelo primado dos direitos humanos e da ressocialização. O BE apresentou também uma medida que pretende assegurar a qualidade nos serviços prestados aos cidadãos através da criação de um programa nacional de formação para advogados inscritos na área de acesso ao direito e aos tribunais.

Para as legislativas de 2019, o CDU promete uma melhoria do parque judiciário, melhorando a capacidade de resposta dos conselhos de gestão das comarcas e assegurando condições de dignidade aos tribunais. Jerónimo de Sousa no programa legislativo defende, tal como os seus opositores, uma revisão do regime legal das custas judiciais. O CDU prevê também uma revisão do regime de apoio judiciário de modo a aumentar o seu alcance. Esta revisão é concretizada através da atualização anual do valor das remunerações devidas aos advogados no âmbito do apoio judiciário.

O CDS-PP também é a favor de uma revisão do valor das custas judiciais. O partido de direita apresenta no seu programa a proposta de revisão do regime de acesso ao direito e aos tribunais de forma a simplificar o acesso à justiça. O partido liderado por Assunção Cristas pretende criar uma comissão de avaliação dos mecanismos pré-judiciais, públicos e privados, existentes no âmbito de litigiosidade em massa. A condenação do fisco ao pagamento de uma indemnização ao particular é uma das medidas do programa do CDS-PP. Arbitrada pelo tribunal, a condenação surgirá sempre que a autoridade tributária litigue contra mais de três sentenças do mesmo ou de outro tribunal de igual grau ou superior.

O PAN de forma a combater a morosidade na justiça apresenta uma medida que faz convergir no mesmo advogado, mediante aceitação deste, vários processos de nomeação oficiosa do beneficiário de apoio jurídico. Permitir que o pedido de apoio judiciário seja válido durante um ano para outros pedidos do requerente e dotar de meios humanos e materiais os tribunais e julgados de paz são algumas das medidas do partido liderado por André Silva. O PAN propõe ainda a criação de um grupo de trabalho, no quadro da Assembleia da República, tendo em vista o aperfeiçoamento do regime das isenções das taxas de justiça. O Partido Pessoas-Animais-Natureza pugna ainda pela supressão do teto máximo das taxas de justiça e pela redução dos custos dos recursos para o tribunal constitucional. A eliminação do agravamento de 5% sobre o pagamento faseado das custas é uma das medidas apresentadas pelo partido.

Tendo o cidadão como prioridade, o programa da Aliança pretende facilitar o acesso dos cidadãos ao direito e à justiça, revendo o Código de Custas Judiciais e promovendo debates públicos descentralizados sobre os problemas da justiça. O partido liderado por Pedro Santana Lopes apresenta uma proposta de consolidação dos inúmeros diplomas dispersos e a regulamentação de novas matérias

A Iniciativa Liberal como forma de reduzir a excessiva demora das decisões judiciais propõe uma redução substancial do efeito suspensivo dos recursos judiciais, o que “implica o imediato cumprimento das decisões na primeira instância, sem prejuízo de eventual recurso”. O partido liderado por Carlos Guimarães Pinto pugna ainda pelo estabelecimento de regimes de controlo em relação ao uso de expedientes dilatórios das partes e pelo controlo sistemático do cumprimento dos prazos pelos magistrados.

Justiça económica

A importância da justiça para a vida económica é enorme. O facto de possuirmos um sistema de justiça que não funciona pode ter consequências graves na vida das empresas, no regular funcionamento da economia e, correlativamente, no desenvolvimento do país. Mas e o que defendem as forças políticas?

Para o Partido Socialista, “um sistema judicial não só independente mas também célere e compreensível ou a simplicidade e racionalidade dos procedimentos administrativos ligados à vida económica são aspetos relevantes para o investimento e para a sustentabilidade desse investimento”. É ainda necessário estabilizar e qualificar os avanços dos anteriores governos e investir num conjunto de novos serviços pensados para os agentes económicos, simplificando exigências administrativas e o acesso a serviços públicos. “Melhorar os tempos de resposta para a obtenção de uma decisão judicial quando ela é devida nas execuções” é outra prioridade do partido de António Costa.

Para a força de Rui Rio são necessárias reformas estruturais e “uma aposta em medidas fiscais e não fiscais que potenciem as vantagens competitivas das empresas sediadas em Portugal”. Só é possível um crescimento económico do país se houverem reformas estruturais nas áreas da justiça, administração pública, mercado laboral e uma redução dos custos de contexto. O Partido Social Democrata defende ainda uma reforma dos incentivos às empresas, ao investimento e à inovação tecnológica. Para aumentar a competitividade da economia portuguesa o partido pugna ainda por uma política fiscal virada para a captação de investimento e um aumento das exportações.

O Bloco de Esquerda defende quatro prioridades no que concerne à justiça económica. Primeiro pugna por uma revisão da legislação laboral, removendo normas que penalizam os trabalhadores. A segunda prioridade é a “adoção de uma política de habitação que concretize o direito a uma habitação condigna para todos”. Para tal, o partido de Catarina Martins exemplifica com a “oferta, pelo Estado, sobretudo com base em políticas locais de reabilitação urbana, de 100.000 casas para arrendamento a preços módicos entre os 150 e os 500 euros”. Outra das prioridades do partido é o investimento na qualificação e alcance territorial alargado da rede de serviços públicos. Por último, o partido de esquerda pretende materializar uma rede de comboios e de outras soluções ferroviárias através de um plano ferroviário nacional.

O CDU acredita ser impossível iludir a injustiça fiscal instalada no país. Foram “mais de 30 mil milhões de euros que saíram do país entre 2016 e 2018 para offshores livres de qualquer imposto”, refere indignado o partido. Para tal, propõem uma política fiscal mais justa, “desagravando o esforço fiscal dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas e das famílias, assim como das micro e pequenas empresas, e tributando de forma mais adequada os grandes rendimentos, os grandes patrimónios e grandes lucros”. O partido liderado por Jerónimo Martins defende ainda a extinção da iniquidade, que constitui a ausência de tributação sobre o património imobiliário.

O CDS-PP prioriza a justiça económica em três âmbitos. No âmbito do acesso à justiça pugnam pela “revisão do regime de acesso ao direito, estendendo o benefício do apoio judiciário a pessoas coletivas e incluindo os meios alternativos de resolução alternativa de litígios”. No âmbito da celeridade e eficácia, pretendem tornar obrigatória a jurisdição dos julgados de paz nas matérias para as quais são já competentes e reforçar a arbitragem. No âmbito das garantias, o partido de Assunção Cristas volta a garantir “a condenação do fisco ao pagamento de uma indemnização ao particular, a arbitrar pelo tribunal, sempre que a autoridade tributária litigue, no domínio da mesma legislação e sobre a mesma questão fundamental de direito, contra mais de três sentenças do mesmo ou de outro tribunal de igual grau ou superior”.

“Sabemos que, tal como está, a justiça afasta os cidadãos e as empresas dos tribunais, algo por si só inaceitável atenta a responsabilidade constitucional do Estado de exercer justiça”, é assim que começa por referir o PAN relativamente à situação atual da justiça económica. Desta forma, o partido defende uma justiça célere e acessível através da revisão dos escalões das taxas de justiça e da celeridade no funcionamento desta. Segundo o partido, através da adoção de medidas de desburocratização da máquina judicial e da melhoria das condições de trabalho dos profissionais do setor é possível uma maior justiça económica.

Para a força política de Pedro Santana Lopes o crescimento económico é um dos “desígnios fundamentais” como instrumento essencial para “alcançar o progresso, a igualdade, a justiça, a coesão social e territorial e o combate à pobreza”. O partido aliança pugna assim pela criação de um ambiente propício ao investimento, com uma fiscalidade estável e atrativa. Uma redução de impostos para pessoas e empresas, com uma justiça mais célere e com processos transparentes são também chaves mestras para a justiça económica do partido.

A Iniciativa Liberal considera que o bom funcionamento do sistema judicial constitui um índice da eficiência da própria económica. “A ineficiência dos sistema judicial tem um claro e imediato impacto negativo na economia: a incapacidade de reagir de forma célere e contundente em relação a todo o tipo de prevaricações gera abusos frequentes e distorce o bom funcionamento da economia”, refere o partido à Advocatus. Para uma justiça económica justa e eficiente, a força política liderada por Carlos Guimarães Pinto pugna por uma diminuição na demora da tomada das decisões judiciais e sua aplicação, uma monitorização sistemática do funcionamento da justiça e numa melhor aplicação dos fundos necessários ao funcionamento da justiça.

Magistratura e seu funcionamento

O PS anunciou desenvolver novos mecanismos de simplificação e agilização processual e aumentar a capacidade de respostas da jurisdição administrativa e tributária. Para os socialistas, é necessário reforçar os sistemas de mediação públicos e o acesso à mediação, tanto familiar como laboral. De forma a aumentar a transparência, António Costa prevê uma simplificação da comunicação entre os tribunais e as outras entidades públicas, bem como a comunicação direta com os cidadãos.

O partido liderado por Rui Rio aposta numa recomposição dos conselhos superiores de forma a garantir que estes sejam também compostos por membros não-magistrados. Para tal, propõe uma revisão constitucional de forma a alterar e alargar o método de nomeação dos membros. Com a criação da figura de um administrador do tribunal, o PSD quer garantir uma otimização da gestão dos tribunais. O PSD prevê ainda a abertura de juízos de família e menores em todos os concelhos do país e um plano de remodelação das instalações judiciais. O plano tem em vista a otimização dos recursos, aproveitando e remodelando imóveis do Estado que se encontrem devolutos e construindo novos edifícios, caso seja necessário.

O partido de esquerda pretende criar um quadro de assessoria técnica qualificada, inserido no serviço nacional de justiça, que permite aos magistrados um conhecimento multidisciplinar das matérias que são postas à sua apreciação. A ampliação da figura dos tribunais de júri aos processos de natureza cível é também umas das preocupações do BE.

Relativamente aos magistrados, o CDU pugna pela implementação de estruturas de apoio direto aos magistrados para que se foquem na sua função principal. O combate ao processo de desjudicialização e privatização da administração de justiça também está presente na agenda de Jerónimo de Sousa. Uma das medidas levadas a cabo pelo partido é a garantia da regularidade de admissão de profissionais de justiça.

A criação de um sistema informático multi-door de resolução de litígios, público e privado, permitindo a orientação dos cidadãos e empresas na escolha do caminho a seguir é outra proposta que visa reforçar o sistema judicial pelo CDS-PP. Assunção Cristas no programa refere ainda uma nova revisão ao Código de Processo Civil de forma a introduzir mecanismos mais ágeis. O CDS-PP aposta também num novo sistema de avaliação dos funcionários públicos, na criação do conselho superior do poder judicial e na revisão das normas penais.

Já o partido liderado por André Silva defende a criação de equipas multidisciplinares especializadas para auxiliar os juízes e magistrados. Para fazer face à materialização no setor da justiça, André Silva apresenta as propostas de aperfeiçoamento dos modelos de notificação eletrónica e a extensão da desmaterialização à área de processo penal. “Promover a atualização e simplificação da tabela de honorários dos advogados inscritos no acesso ao direito, rever a carreira de oficial de justiça e a sua condição salarial, nomeadamente através da integração, por inteiro, do suplemento remuneratório no salário e investir no parque judiciário”, são algumas das propostas apresentadas pelo partido PAN.

O partido Aliança defende, em consonância com a maioria dos partidos, uma desmaterialização total da justiça, uma harmonização legislativa e a independência dos tribunais. Uma atualização da lei do Tribunal Constitucional evitando que recursos não sejam apreciados com fundamento em meros requisitos formais é também uma preocupação da Aliança. O partido de Pedro Santana Lopes prevê um reforço da utilização dos meios alternativos de resolução de litígios. Uma revisão das garantias e justiça tributária, permitindo o alargamento da figura do “gestor do contribuinte”, é uma solução apresentada pelo novo partido.

Por último, a Iniciativa Liberal aprofunda também a desmaterialização dos processos judiciais e a inter-conectividade das bases de dados públicas. O partido de Carlos Guimarães Pinto deixa a promessa de revisão dos mecanismos de citação/notificação das partes e de desenvolvimento dos mecanismos complementares e alternativos, particularmente “nos âmbitos em que surjam acumulações permanentes”. Para um melhor desenvolvimento da qualidade legislativa, a Iniciativa Liberal propõe definir regimes de legística claros que harmonizem formalmente os atos legislativos, elaborar versões atualizadas dos diplomas sujeitos a frequentes revisões e ainda descentralizar a gestão do património da justiça e a progressiva profissionalização e organização dos serviços.

Sistema prisional e apoio às vítimas

Um aumento dos modelos alternativos ao cumprimento da pena privativa da liberdade em estabelecimentos prisionais e um investimento na requalificação e modernização das infra-estruturas prisionais e de reinserção social são também uma aposta de António Costa para o próximo mandato. Uma das preocupações do partido é ainda o melhoramento do funcionamento da comissão da proteção às vítimas de crimes.

O PSD pretende privilegiar a manutenção da vítima de violência doméstica no seu lar, recebendo nele todo o apoio das entidades competentes. Formar os órgãos de polícia criminal e todos os profissionais que intervenham no domínio da violência doméstica é também uma aposta do partido. Relativamente ao sistema prisional, o partido de Rui Rio prioriza a reinserção social do recluso e dota o sistema de uma lei de programação do sistema prisional com vista ao planeamento plurianual das atividades nucleares.

Para o partido de Catarina Martins é fulcral dotar o parque penitenciário de condições de dignidade e canalizar recursos preferencialmente para a reinserção social intra e pós-prisional. Para tal, o BE propõe uma fomentação nas “áreas de trabalho e de formação profissional em ambiente prisional que não se confundam com a prestação de serviços praticamente gratuitos a empresas que contratualizam resultados com as prisões”. O partido de esquerda aposta ainda numa modificação da natureza do crime de violação para crime público e um reforço do apoio às vítimas no decurso dos processos judiciais.

Para o CDU é necessária uma política de efetiva humanização e reinserção social através da melhoria da instalações prisionais e do apoio médico aos reclusos. O partido comunista defende a Lei de Programação de Investimentos no Parque Prisional na pretensão de garantir ao sistema prisional os meios financeiros indispensáveis para o eficaz cumprimento das suas missões.

O CDS-PP afirma que o “sistema prisional é bastante deficiente e comporta riscos no que toca à violação de direitos humanos”. Para tal defende um escrutínio rigoroso sobre a Estratégia de Requalificação e Modernização do Sistema de Execução de Penas e Medidas Tutelares Educativas apresentado em 2017. O partido de direito pugna também pela criminalização do abandono intencional e doloso de idosos e do aproveitamento de vantagem económica de idoso.

O PAN pretende investir em centros de apoio à vítima e criar salas de apoio especializadas para as vítimas dos mais diversos crimes. Defende também a criação de uma comissão para rever limites máximos e mínimos de penas e a criação de uma lei orgânica da polícia municipal. O partido de André Silva apresentou um alargamento do Programa em Regime Aberto ao Exterior a uma maior fatia da população prisional, para que possam trabalhar fora da prisão em programas conjuntos com empresas públicas e privadas.

O partido liderado por Pedro Santana Lopes não apresenta, no seu programa eleitoral, medidas concretas neste âmbito. A Aliança apenas defende a implementação de um sistema integrado (justiça, serviços sociais e saúde) de apoio às situações de violência doméstica e garante a igualdade de direitos e oportunidades para todos combatendo severamente os fenómenos e ações de violência doméstica.

Para a Iniciativa Liberal, é necessário formular uma estratégia multidisciplinar de modo a garantir uma melhor e mais célere resposta do Estado em situações de violência doméstica. O partido de Carlos Guimarães Pinto garante ainda uma melhor formação e sincronização entre tribunais, as forças de segurança e as organizações de apoio à vítima e pugna pela criação de medidas de prevenção.

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Rendas da habitação subiram 9,2% no primeiro semestre. Em média custam cinco euros por metro quadrado

As rendas das casas subiram 9,2% para uma média de cinco euros por metro quadrado no primeiro semestre, mostra o INE. Lisboa é a cidade mais cara, com o metro quadrado a duplicar a média nacional.

Comprar casa é cada vez mais caro, mas arrendar também é cada vez mais dispendioso. As rendas da habitação subiram 9,2% para uma média nacional de cinco euros por metro quadrado nos primeiros seis meses do ano. Mas houve 37 municípios com valores bastante acima da média, enquanto o valor do metro quadrado em Lisboa é mais do dobro da média do país, mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). O número de novos contratos de arrendamento registou um decréscimo de 10,5%.

No final do primeiro semestre foram feitos 71.369 contratos de arrendamento de alojamentos familiares no país, com o valor mediano das rendas a fixar-se nos cinco euros por metro quadrado, refere o INE. Este aumento acontece em linha com a subida de 10,1% dos preços das casas no segundo trimestre.

Lisboa continua a manter o estatuto de cidade mais cara do país. Na Área Metropolitana de Lisboa (AML), onde foram celebrados 23.562 contratos de arrendamento — o equivalente a um terço do total –, o valor das rendas fixou-se nos 7,54 euros por metro quadrado. Contudo, se considerarmos apenas o município de Lisboa — o mais caro do país –, os valores sobem para 11,71 euros por metro quadrado.

Preço das rendas nas freguesias de Lisboa | Fonte: INE, 1.º semestre 2019

Analisando freguesia a freguesia na capital, Carnide destacou-se ao observar o maior aumento nas rendas: 20,5% para uma média de 13,21 euros por metro quadrado. A evolução mais ligeira foi registada em Campolide, onde os preços subiram 4,4% para 12,07 euros. Contudo, em termos de freguesia mais cara, o destaque vai para Santo António, onde os preços subiram 7,8% para uma média de 14,12 euros.

Por sua vez, a Área Metropolitana do Porto (AMP), onde foram registados 12.431 novos contratos de arrendamento, o valor das rendas fixou-se nos 5,42 euros por metro quadrado, refere o INE. Contudo, se analisarmos apenas o município do Porto, estas subiram para os 8,33 euros por metro quadrado.

Preço das rendas nas freguesias do Porto | Fonte: INE, 1.º semestre 2019

Aqui, as maiores subidas observaram-se na União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde: 25,3% para 9,62 euros por metro quadrado, destacando-se também como a freguesia mais cara.

37 municípios acima da média nacional

No primeiro semestre, o INE observou 37 municípios onde as rendas em novos contratos de arrendamento estavam acima da média nacional. A maioria (17 municípios) estava localizada na AML: Lisboa, Cascais, Oeiras, Amadora, Odivelas, Almada, Loures, Sintra, Vila Franca de Xira, Seixal, Barreiro, Alcochete, Mafra, Setúbal, Montijo, Sesimbra e Palmela apresentam um valor mediano de rendas acima dos cinco euros por metro quadrado.

Mas na Área Metropolitana do Porto também existem vários: Porto, Matosinhos, Vila Nova de Gaia, Maia e Espinho.

Já no Algarve contam-se nove municípios com rendas a superar a média nacional: Castro Marim, Albufeira, Loulé, Lagos, Tavira, Portimão, Vila Real de S. António, Vila do Bispo e Silves.

O município com as rendas mais baratas do país é Moimenta da Beira, com o metro quadrado a custar 1,86 euros. O valor mediano das rendas em Lisboa é seis vezes superior ao registado neste concelho da Beira Baixa.

(Notícia atualizada às 11h47 com mais informação)

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Países da UE podem obrigar Facebook a apagar publicações difamatórias

  • Lusa
  • 3 Outubro 2019

O Tribunal de Justiça da União Europeia deliberou não se opor a que os Estados-membros obriguem o Facebook a apagar mensagens dos utilizadores que sejam consideradas difamatórias.

O Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) decidiu não se opor a que um Estado-membro obrigue o Facebook FB 0,00% a apagar comentários difamatórios, admitindo também que tal medida “produza efeitos à escala mundial”. O caso diz respeito a uma deputada austríaca vítima de difamação numa publicação no Facebook e foi remetido ao TJUE pelo Oberster Gerichtshof (Supremo Tribunal da Áustria) em março do ano passado.

Segundo a decisão publicada esta quinta-feira pelo TJUE, “o Direito da União não se opõe a que seja ordenado a um fornecedor de armazenamento como o Facebook que suprima comentários idênticos e, sob determinadas condições, semelhantes a um comentário anteriormente declarado ilegal”. Acresce que “o Direito da União também não se opõe a que essa medida inibitória produza efeitos à escala mundial, no âmbito do direito internacional relevante que cabe aos Estados-membros ter em conta”, segundo o acórdão, a que a agência Lusa teve acesso.

Eva Glawischnig-Piesczek foi deputada no parlamento austríaco entre 2008 e 2017 pelos Verdes (die Grünen) e, durante esse período, instaurou uma ação contra o Facebook Irlanda nos órgãos jurisdicionais austríacos pedindo que a plataforma apagasse uma publicação feita por um utilizador na sua página pessoal. Nessa publicação, que é pública e ainda está disponível, o utilizador partilhou um resumo de um artigo publicado na revista austríaca online oe24TV, cujo título era “Os Verdes: a favor da manutenção de um rendimento mínimo para os refugiados”. O utilizador partilhou, também, uma fotografia da deputada e teceu comentários que os órgãos jurisdicionais austríacos declararam serem “suscetíveis de ofender a honra” de Eva Glawischnig-Piesczek.

Por isso, o Supremo Tribunal austríaco pediu ao TJUE que analisasse o caso no âmbito da diretiva europeia sobre comércio eletrónico, que visa estabelecer um equilíbrio entre os diferentes interesses desse setor.

No acórdão divulgado, o Tribunal de Justiça responde ao Oberster Gerichtshof indicando que não se opõe a que um órgão jurisdicional de um Estado membro possa ordenar que plataformas como o Facebook “suprimam as informações por si armazenadas cujo conteúdo seja idêntico ao de uma informação declarada ilegal anteriormente ou que bloqueie o acesso às mesmas, seja qual for o autor do pedido de armazenamento dessas informações”.

O TJUE não se opõe, ainda, a que “o fornecedor de armazenamento possa recorrer a técnicas e a meios de pesquisa automatizados” para encontrar essas mesmas informações armazenadas, adianta o acórdão.

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França ameaça retaliar contra sanções dos EUA

  • Lusa
  • 3 Outubro 2019

O Governo francês prevê que haja retaliação contra os EUA caso entrem em vigor as sanções contra produtos europeus.

A França prevê “medidas de retaliação” contra os Estados Unidos, em concertação com a UE, se Washington aplicar as sanções contra produtos europeus anunciadas na quarta-feira, disse a porta-voz do Governo francês.

“Nós sempre dissemos perante à OMC (Organização Mundial de Comércio) que acreditamos que é melhor encontrar soluções amigáveis do que participar em disputas comerciais“, declarou Sibeth Ndiaye à televisão BFMTV e à rádio RMC, após o anúncio dos Estados Unidos sobre impostos alfandegários punitivos sobre produtos europeus.

“Lamento que estejamos envolvidos nessa guerra comercial com os Estados Unidos porque, quando entramos em guerra, temos poucas hipóteses de ver o crescimento coletivo aumentar”, sublinhou a porta-voz, acrescentando que tal situação “no final, não traz nada a ninguém”. Questionada sobre o que poderia ser esta retaliação, Sibeth Ndiaye recusou-se a avançar as formas que poderiam combater as ações dos Estados Unidos.

A porta-voz do Governo francês demonstrou o desejo de “conversar antes de chegar lá (à guerra comercial)”, referindo que em pouco tempo poderiam chegar a um acordo. No entanto, se os Estados Unidos “não tiverem uma atitude de apaziguamento, a Europa não deixará passar”, alertou.

Os Estados Unidos anunciaram na quarta-feira que atingiriam 7,5 mil milhões de dólares em tarifas punitivas de produtos europeus, poucas horas depois dos norte-americanos terem uma “grande vitória” na OMC, nomeadamente no interminável caso das subvenções à Airbus.

Essas sobretaxas serão impostas a partir de 18 de outubro, nomeadamente 10% em aeronaves importadas da União Europeia e 25% em outros produtos, incluindo vinho, queijo, café e azeitonas, de acordo com uma lista publicada pelo Serviços do Representante de Comércio dos EUA (USTR).

A maioria das sanções será aplicada às importações da França, Alemanha, Espanha e Reino Unido, “os quatro países por trás dos subsídios ilegais” concedidos ao fabricante europeu de aeronaves, especificou o USTR.

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El Corte Inglés cria imobiliária para vender os seus próprios ativos

O grupo espanhol vai criar a sua própria imobiliária, num plano para vender uma carteira de 95 ativos, mas também para aproveitar todas as vantagens do mercado imobiliário.

O El Corte Inglés vai estrear-se no mercado imobiliário com a sua própria empresa de venda de ativos. O grupo espanhol quer aproveitar para vender um conjunto de imóveis que tem no mercado desde o início do ano, aproveitando, ao mesmo tempo, a posição que tem como um dos maiores proprietários em Espanha para rentabilizar ainda mais o negócio.

A ideia nasceu depois de, em março, o El Corte Inglés ter posto à venda uma carteira com 95 imóveis, avaliada em mais de 1.500 milhões de euros. Este portefólio, chamado “Green”, vai permitir ao grupo reduzir a dívida que tinha e que ascendia a 3.367 milhões de euros. Apesar de ter recebido várias propostas, a decisão passou por desenvolver o próprio negócio imobiliário, aproveitando as vantagens, explicou a empresa, citada pelo Expansión (conteúdo em espanhol).

Nasce assim o El Corte Inglés Real Estate, uma nova área de negócio do grupo, que agrupará três divisões: obras e construção, com uma equipa de arquitetos, engenheiros e profissionais especializados na construção de centros comerciais; exploração e gestão de ativos imobiliários; e El Corte Inglés Empresas, dirigida a clientes internacionais. Na liderança estará Javier Catena, que entrou para o grupo espanhol em março.

“A nova unidade de negócio integrará todas as áreas relacionadas com a atividade imobiliária e aproveitará a experiência das equipas de construção, arquitetura, engenharia, projetos e obras, interiores e decoração, etc.”, explicaram fontes da empresa ao jornal espanhol.

Além de gerir e promover os seus próprios ativos, o El Corte Inglés pretende tirar partido dos seus conhecimentos e recursos, levando a cabo projetos de construção, promoção e reabilitação para terceiros, assim como outro “tipo de iniciativas que possam atrair qualquer tipo de cliente empresarial”, como por exemplo a criação e reabilitação de hotéis e lojas.

O portefólio que o grupo espanhol colocou à venda em março ficou a cargo da PwC e, de acordo com fontes do mercado ao Expansión, a intenção do El Corte Inglés é agora rescindir contrato com a consultora ou reduzir a participação que tem no capital da big four.

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Elisa Ferreira passa exame no Parlamento Europeu para ser comissária europeia

  • Vasco Gandra, em Bruxelas
  • 3 Outubro 2019

A comissão do desenvolvimento regional aprovou a nomeação de Elisa Ferreira para comissária responsável pela Coesão e Reformas.

A comissão do Desenvolvimento Regional do Parlamento Europeu aprovou o nome de Elisa Ferreira o próximo executivo comunitário, com a pasta da Coesão e Reformas. A política portuguesa dá assim mais um passo decisivo no processo para integrar a próxima Comissão Europeia que deverá tomar posse a 1 de novembro.

O presidente e os coordenadores (representantes dos grupos políticos) da comissão parlamentar competente para avaliar a prestação de Elisa Ferreira na audição que ontem passou, reuniram esta manhã à porta fechada.

“Fizemos a avaliação de maneira minuciosa, tanto das respostas escritas como da audição, e por unanimidade dos membros presentes decidimos dar uma opinião muito positiva”, afirmou o presidente da comissão parlamentar de Desenvolvimento Regional, no final da reunião dos representantes dos grupos políticos da comissão responsável pela avaliação de Elisa Ferreira. Ainda que a deputada do grupo de direita nacionalista Identidade e Democracia saiu da sala e não participou no voto.

Younous Omarjee sublinhou que o entendimento dos coordenadores (representantes dos grupos políticos) da comissão parlamentar é que Elisa Ferreira será uma comissária com peso dentro da futura Comissão. “Pensamos que a comissária tem capacidade para ser uma comissária forte e é isso que queremos. Não uma comissária dominada pela administração, mas uma comissária que domina a administração e uma comissária com peso no seio do colégio. E sentimos que partilhava a nossa ambição para que a política de coesão assuma o seu lugar nas políticas europeias”.

“Notámos com satisfação que dará o seu apoio ao Parlamento Europeu nas negociações orçamentais [do quadro financeiro plurianual 2021-2027]”, afirmou. Os eurodeputados já aprovaram a sua posição sobre o orçamento plurianual e rejeitam cortes na política de coesão.

“Notámos que fará um trabalho importante na ligação das reformas e da coesão e sobre a governação económica, tendo sempre presente o princípio da coesão. Vimos também que estava atenta à necessária transição para uma economia neutra em carbono e que dá apoio a soluções para que as regiões sejam acompanhadas e o custo social atenuado, e que o que os princípios da coesão governem a chave de distribuição” do futuro fundo de transição justa.

Na sua audição de ontem, a comissária indigitada garantiu que a criação do novo Fundo para uma Transição Justa será uma “tarefa imediata”, prometendo uma proposta nos primeiros 100 dias do seu mandato.

Omarjee disse que a audição que Elisa Ferreira passou ontem foi de “qualidade muito elevada” pelas questões formuladas e pelas respostas “muito completas”.

O presidente da comissão parlamentar de Desenvolvimento Regional deixou um recado a Elisa Ferreira. “Estaremos atentos em relação aos compromissos, orientações e ambições” assumidos pela comissária portuguesa, para que sejam cumpridos, lembrando que o Parlamento Europeu não deixará de fazer ouvir a sua voz em função das decisões sobre política regional que a Comissão adotar. “O Parlamento far-se-á respeitar”.

Os coordenadores vão agora transmitir uma carta com a sua recomendação positiva às instâncias parlamentares competentes em que declaram que a candidata possui as competências necessárias para integrar o colégio de comissários e desempenhar as suas funções.

A Conferência dos Presidentes do Parlamento Europeu fará depois a apreciação e tornando oficial a decisão a 17 de outubro. O executivo comunitário no seu todo — a presidente Ursula von der Leyen, Elisa Ferreira e restantes comissários que “passaram” o seu exame parlamentar –, ainda terão que ser sujeitos a um voto de aprovação do Parlamento Europeu, o que deverá acontecer no plenário de 23 de outubro, em Estrasburgo.

Elisa Ferreira, de 63 anos, tornar-se-á assim a primeira mulher portuguesa a integrar o executivo comunitário desde a adesão de Portugal à então comunidade europeia, em 1986.

(Notícia atualizada às 12h25 com novas declarações)

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Tribunal europeu não se opõe a conversão de créditos na Polónia. Bank Millennium afunda 10%, mas BCP resiste e sobe 3%

A manhã está a ser de forte volatilidade para as ações dos bancos polacos graças à decisão do tribunal europeu sobre os frankowicze. O Bank Millennium já disparou 10% e já afundou outros 10%.

Há uma montanha russa nas ações do Bank Millennium. O Tribunal de Justiça da União Europeia (UE) apoiou o Governo polaco no caso dos empréstimos em francos suíços. A decisão foi conhecida após o Executivo ter garantido disponibilidade para minimizar o impacto do processo para a banca, incluindo do banco controlado pelo português BCP. Enquanto a subsidiária polaca está a ser alvo de forte volatilidade, o banco português resiste e segue em alta.

Antes da decisão, o Bank Millennium disparou 10% e, depois, afundou outros 10%. O banco polaco detido pelo BCP segue sem tendência com os investidores ainda a tentarem perceber o que irá acontecer agora. O BCP, que começou a manhã a cair, inverteu antes de ser conhecida a deliberação e tem-se mantido em alta. Valoriza 3% para 0,189 euros.

O Tribunal de Justiça da Europeia apoiou as famílias endividadas, dando abertura à intenção do Governo em converter em zlotis os empréstimos concedidos em francos suíços. A justiça europeia considera que existem “cláusulas abusivas” nos contratos conhecidos como frankowicze.

No final da década passada, centenas de milhares de polacos contraíram empréstimos em francos suíços para a compra de casas. Estes empréstimos hipotecários tinham associada uma taxa de juro (cerca de 4,5% no final da década e 2,70% em 2010) bastante inferior à dos empréstimos em zlotis (que rondavam os 9%), mas um forte risco associado à valorização do franco suíço contra o zloty.

Supervisor diz que a banca está preparada para anulação dos contratos

Quando, em 2015, o Banco Nacional da Suíça deixou de ter um câmbio fixo face ao euro, valorizou não só contra a moeda única, mas também contra o zloty, levando as dívidas das famílias polacas a disparar para mais do dobro. Eram então abrangidas 700 mil famílias e o governo polaco começou a tentar resolver o problema do endividamento, nomeadamente a conversão dos empréstimos de francos suíços para zloty.

“Se, após a remoção das cláusulas abusivas, for provável que a natureza do objeto principal desses contratos seja alterada, porque não vão deixar de ser indexados a uma moeda estrangeira e vão permanecer sujeitos a uma taxa de juro com base nessa taxa de câmbio, o direito da UE não se opõe à anulação desses contratos“, diz o Tribunal da União Europeia na deliberação desta quinta-feira.

A proposta de conversão dos empréstimos de francos suíços para zlotis poderá representar uma perda de 13,7 mil milhões de euros para os bancos do país. Este conflito judicial tem sido uma das razões para a volatilidade e ciclo negativo nas ações do BCP nos últimos meses.

O presidente executivo do Bank Millennium tinha descartado, no entanto, o registo de uma provisão extraordinária nas contas para fazer face a perdas com os empréstimos em francos suíços. Segundo disse João Brás Jorge, as potenciais perdas serão registadas ao longo do tempo, consoante as decisões dos tribunais polacos para casos específicos.

Ainda antes da decisão do tribunal, o Executivo polaco mostrou disponibilidade para minimizar o impacto do processo para a banca. O supervisor financeiro da Polónia já comentou a deliberação judicial, dizendo que o setor está “bem preparado” para o impacto, de acordo com a agência Reuters.

(Notícia atualizada às 10h05)

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