OPEP vai prolongar corte de produção. Preço do petróleo pode disparar?

Após a volatilidade no primeiro semestre, G20 e reunião da OPEP dão impulso aos preços da matéria-prima. Mas serão a desaceleração económica e as tensões geopolíticas a ditar o futuro das cotações.

Era 2017 quando os maiores produtores de petróleo do mundo chegaram a um acordo histórico de cooperação. O pacto mantém-se, mas começou nos últimos meses a mostrar debilidades com os países em dificuldades para definirem um caminho conjunto a seguir. Agora, apesar de ser quase certo que o mapa já está definido, a incerteza não está próxima do fim.

“A maior parte dos ministros apoiam uma extensão de nove meses”, afirmou, à Reuters, Kanat Bozumbayev, ministro da Energia do Cazaquistão durante a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e de outros países aliados. No final, veio a confirmação da prorrogação por mais nove meses, até 31 de março de 2020, da redução da produção de petróleo. “O compromisso (para manter o corte na produção) é muito sólido” entre todos os parceiros da OPEP, explicou o ministro do Petróleo saudita, Khalid al-Falih

No fim de semana, o presidente Vladimir Putin já tinha anunciado que a Rússia (maior produtor fora do cartel, mas dentro do acordo) e a Arábia Saudita (maior produtor no cartel) concordavam num prolongamento entre seis e nove meses. Agora, confirmou-se. O prolongamento do atual corte de produção petrolífera em curso (em 1,2 mil milhões de barris por dia) tem como objetivo reduzir o desequilíbrio entre oferta e procura, levando a um aumento gradual dos preços.

Com as potências do mercado do petróleo alinhadas, o acordo ficou fechado, depois de meses de incerteza (que levou até ao adiamento desta reunião). A desaceleração da economia e as escaladas de tensão geopolítica são os dois principais problemas que criaram discórdia dentro do grupo e levaram a uma montanha russa nos preços do petróleo ao longo deste ano.

O valor do barril de crude WTI abriu o ano nos 45 dólares, chegou a superar os 66 dólares em abril, antes de cair até aos atuais 59,90 dólares. Já o Brent partiu dos 54 dólares até aos atuais 66 dólares, após um pico próximo dos 75 dólares.

Apesar de haver fatores que poderão impulsionar os preços, a média das estimativas dos analistas consultados pela Reuters aponta para uma subida apenas ligeira. O setor antecipa que o barril de Brent fique nos 67,59 dólares este ano e 67,7 dólares no próximo. Já o WTI é visto nos 59,30 dólares este ano e 60,83 dólares no próximo.

Perspetivas de acordo dão novo ânimo ao mercado

Fonte: Reuters

Atualmente, as grandes subidas nos preços têm sido causadas por momentos de stress pontuais. As sanções petrolíferas dos EUA em vigor à Venezuela e recentemente aplicadas ao Irão têm feito subir o valor da matéria-prima, enquanto episódios de escalada de tensão (como os drones no Golfo Pérsico) têm causado episódios pontuais de subida.

Do lado dos sancionados, o Irão não tem dificuldades em identificar a fonte dos problemas. Os EUA e outros países vizinhos no Golfo Pérsico querem pressionar-nos. É muito injusto porque não temos qualquer problema com o acordo internacional que assinámos, mas os EUA comprometeram o acordo“, dizia o Ministro do Petróleo iraniano Bijan Zanganeh, sobre as sanções do presidente Donald Trump, que tem sido muito crítico face ao acordo de cortes de produção da OPEP e aliados.

OPEP e bancos centrais não chegam para grandes subidas

Há, no entanto, outro fator mais forte. Questionado sobre os fatores que vão pesar sobre o mercado petrolífero, o ministro russo da Energia, Alexander Novak, reconheceu “a influência das sanções no mercado mundial”, mas apontou principalmente para “o consumo de petróleo no terceiro e quarto trimestre e o ritmo de crescimento da economia global”, em declarações citadas pela Reuters.

A economia a abrandar pressionada pela mudança no ciclo económico (mas principalmente pelas implicações da guerra comercial) leva a um sentimento negativo sobre as perspetivas de procura global. Em junho, a OPEP reviu em baixa as estimativas de procura mundial de crude para um total de 99,86 milhões de barris diários este ano (menos 70 mil que o valor estimado no mês anterior).

Governos, economistas e bancos centrais têm acompanhado de perto os desenvolvimentos económicos para perceber se a desaceleração é, na realidade, um travão a fundo ou mesmo um preâmbulo de recessão. A Reserva Federal norte-americana já admitiu um corte nos juros e o Banco Central Europeu falou da necessidade de estímulos adicionais à economia.

A resposta dos bancos centrais pode limitar o peso do problema na procura por petróleo ao criar um renovado sentimento positivo nas economias e a extensão do acordo da OPEP poderá dar um ânimo temporário aos mercados. No entanto, a expectativa é que os valores do barril não mudem significativamente face aos níveis atuais.

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PSD mostra cenário macro e deixa medidas para mais tarde

Rui Rio apresenta previsões económicas e orçamentais para a próxima legislatura. PSD avança com os números e deixa os porquês para depois.

O líder do PSD apresenta esta terça-feira o cenário macroeconómico para os próximos anos, mas deve deixar a revelação das medidas que estão na sua base para mais tarde. A três meses das legislativas, os partidos aceleram a divulgação das suas ideias. Rui Rio começa pelos números.

A apresentação do “quadro económico subjacente ao programa eleitoral para as legislativas de 2019” será feita pelas 17 horas na sede do PSD, em Lisboa. No encontro vão estar presentes o presidente do partido Rui Rio e os responsáveis do Conselho Estratégico Nacional, o coordenador para a área das finanças públicas, Álvaro Almeida, e o porta-voz, Joaquim Miranda Sarmento.

Os sociais-democratas partiram de um cenário macroeconómico base em políticas invariantes, ou seja, que projetasse o que acontece à economia e ao Orçamento sem novas medidas.

Depois consideraram as medidas de política que querem incluir no programa eleitoral e viu o que acontece à economia e ao Orçamento em resultado dessas decisões de política.

Este exercício gera um cenário macroeconómico alternativo que decorre da política que o PSD quer implementar se vencer as eleições legislativas marcadas para 6 de outubro.

Segundo apurou o ECO, a comunicação pública das ideias do partido será feita começando pelos números e só depois passará às medidas. Na apresentação desta terça-feira “em princípio” não haverá lugar à divulgação de medidas, sabe o ECO. Para este mês de julho está prevista a divulgação das propostas por áreas setoriais. O objetivo do partido é que os eleitores possam levar o programa eleitoral para férias.

A apresentação agendada para esta terça-feira surge numa altura em que PS e CDS já começaram com a divulgação de medidas para incluir no programa eleitoral.

Em 2015, quando aconteceram as últimas eleições legislativas, o PS estreou uma novidade na comunicação política de programas eleitorais. Entregou a um grupo de economistas, liderado por Mário Centeno, a construção de um cenário macroeconómico que mostrasse o efeito na economia e no Orçamento das políticas que os socialistas queriam aprovar se vencessem as eleições.

Quando apresentou o cenário macro, os economistas avançaram na mesma altura com um conjunto de medidas que teria ainda de ser validado pelo partido e que explicava os números do cenário macroeconómico. Entre elas estavam a descida, gradual, da Taxa Social Única (TSU) dos trabalhadores e das empresas, a eliminação da sobretaxa do IRS, a devolução dos salários aos funcionários do Estado e a reposição do IVA sobre a restauração nos 13%.

Agora, o Governo liderado pelo PS decidiu apresentar em Bruxelas, em abril último, um Programa de Estabilidade onde prevê um crescimento de 1,9% este ano que só ultrapassa os 2% no final da legislatura. Apesar de ter revisto em baixa os excedentes orçamentais só 2019 será um ano de défice. Este cenário não leva em conta qualquer medida nova de política.

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5 coisas que vão marcar o dia

Mercado de trabalho, greve dos médicos, dívida pública, legislativas e futuro da administração pública. Agenda desta terça-feira será preenchida.

O Governo apresenta o Relatório do Emprego e Formação 2018, um documento que mostra a evolução do mercado de trabalho em Portugal no ano passado. Isto no primeiro dia de greve dos médicos. No Parlamento, Cristina Casalinho explica aos deputados a gestão da dívida pública. Já Rui Rio, em pré-campanha para as legislativas, anuncia o outlook económico do seu programa eleitoral. Quem também falará sobre o futuro será Mário Centeno: discursará sobre o futuro da administração pública.

Governo apresenta relatório sobre o mercado de trabalho

É apresentado o Relatório do Emprego e Formação 2018 no Salão Nobre do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, um documento que vai mostrar a realidade do mercado do trabalho, emprego e desemprego. No último ponto da situação do mercado de trabalho apresentado aos parceiros sociais, o Governo salientou que foi entre os menos jovens que se criou mais emprego desde 2015. Fez questão também de notar que houve um reforço significativo do trabalho por conta de outrem, tendo sido a maioria desses contratos por tempo indeterminado.

Centeno fala sobre o futuro da administração pública

O ministro das Finanças é um dos oradores da 1.ª sessão das Conversas sobre a Memória e o Futuro da Administração Pública. Caberá a Mário Centeno o discurso de abertura do evento organizado pelo INA – Direção-Geral da Qualificação dos Trabalhadores em Funções Públicas.

Casalinho explica a gestão da dívida

Cristina Casalinho, presidente do IGCP, vai ao Parlamento explicar o plano de atividades da entidade que faz a gestão da dívida pública. Tem boas notícias para dar, como a baixa nos custos de financiamento. Por outro lado, numa altura em que o endividamento público atinge máximos de sempre, Casalinho dará detalhes à comissão do orçamento e finanças sobre a almofada financeira portuguesa, que é a maior da União Europeia.

Rui Rio apresenta outlook económico

A campanha para as legislativas de outubro começa a aquecer. Do lado do PSD, Rui Rio apresenta o quadro económico subjacente ao programa eleitoral. O outlook económico dos sociais-democratas será apresenta na sede do partido, pelas 17h30.

Médicos arrancam com dois dias de greve

Começa hoje o primeiro de dois dias de greves dos médicos. O protesto desta terça-feira foi convocado pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM). Em causa estão questões como o limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência, dentro do horário normal de trabalho, com a consequente anulação das atuais 18 horas semanais, entre outras reivindicações. A greve de quarta-feira foi decretada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

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Timmermans: o socialista que quer importar a geringonça para Bruxelas e que o grupo de Visegrado rejeita

Novo modelo de distribuição de cargos em cima da mesa pode garantir liderança da Comissão Europeia ao socialista Frans Timmermans. Mas quem é? E porque razão Hungria ou Polónia lhe resistem?

“Hoje o Reino Unido parece a ‘Guerra dos Tronos’ com esteroides.” A frase é de Frans Timmermans e não surgiu por acaso no debate entre os vários candidatos de cada família política europeia na campanha para as últimas europeias. O candidato dos socialistas europeus falava da estratégia política de “dividir para conquistar”, identificando-a no Reino Unido, no processo que levou ao ‘Brexit’, mas também no discurso dos partidos políticos mais nacionalistas que foram pululando pela Europa nos últimos anos.

E foi também à conta da posição mais dura que foi assumindo nos últimos anos face ao crescimento de partidos nacionalistas e a surtos antidemocráticos de governos atualmente em funções na União Europeia do século XXI que o “candidato comum de todos os socialistas europeus”, como lhe chamou Pedro Sanchéz, que o nome de Timmermans deu por si afastado da corrida à Comissão Europeia logo nas etapas iniciais das negociações pós-Europeias de maio. Contudo, o impasse aparentemente insanável em que caíram as negociações nas (e para as) cúpulas ‘bruxelianas’ obrigaram à recuperação do holandês como candidato viável.

Ainda que não de forma expressa, também a ideia que Angela Merkel, chanceler alemã, deixou passar de que aceitaria Timmermans para liderar a CE desde que ‘recebesse’ como moeda de troca a nomeação do alemão Jens Weidmann para o BCE e de outro alemão para o Parlamento Europeu — Manfred Weber — ajudou à recuperação da candidatura. Isso e o facto de Weber, o “grande candidato” do PPE à Comissão Europeia, ser visto como alguém de reduzida experiência política — nunca foi primeiro-ministro ou sequer ministro. Ao contrário de Timmermans.

Quem é Frans Timmermans?

Começando de forma cronologicamente inversa ao normal, em maio de 2019. A vitória dos socialistas holandeses nas Europeias deste ano foi uma das maiores surpresas do sufrágio a nível europeu. Apesar de a vitória ter sido obtida com apenas cerca de 19% dos votos, este resultado compara com os 9% de 2014 e foi contra todas as previsões — muito provavelmente graças à elevada participação dos eleitores holandeses no ato eleitoral. O mérito pela surpresa e pelo bom resultado foi atribuído a Frans Timmermans que, ao sair vitorioso na Holanda, consolidou a sua candidatura à Comissão Europeia.

Com uma campanha assente numa forte mensagem pró-europeia, o que acabou por impulsionar todos os partidos holandeses pró-UE, que em conjunto recolheram 70% dos votos expressos, o socialista foi “obrigado” a liderar duas campanhas, uma no campo doméstico, e outra no campo europeu, já que fez questão de também ter ações de campanha em diferentes países europeus, num périplo que o levou um pouco por toda a UE28 e que ficou conhecido como o ‘Tour de Frans’.

A nível europeu, o holandês iniciou a campanha em outubro de 2018, na sua cidade natal, Heerlen, tendo passado também por Portugal já a menos de um mês das Europeias, tendo estado em Viseu, numa ação focada em mensagens para as classes mais jovens, a “geração mais bem preparada”, mas também aquela “mais desafiada” pelos tempos atuais, explicou então.

Sobre Portugal, a posição então manifestada por Timmermans não podia ter sido mais clara. Exportar o modelo da geringonça para a Europa é o caminho a trilhar. O plano de António Costa “está a dar bons resultados em Portugal”, sublinhou na altura, nomeando o caso português como um exemplo de como o socialismo pode ser o caminho: “Se alguém vos disser que o socialismo não pode funcionar, que é muito caro, que eles são despesistas, digam-lhes: vão a Portugal”, disse aos viseenses presentes no lançamento da campanha de Pedro Marques.

 

Sendo socialista, e não tendo tido quaisquer pruridos em criticar e promover sanções aos países da UE28 que nos anos mais recentes violaram as regras comunitárias com pulsões autoritárias, naturalmente que Timmermans não é visto com bons olhos pelo chamado grupo de Visegrado — Polónia, Hungria, República Checa e Eslováquia –, que se opôs de forma firme à sua nomeação, numa oposição liderada pela Polónia e pela Hungria. Foram estes quem, no seio dos Populares Europeus quiseram bloquear desde o primeiro dia a indicação de Timmermans para a CE — já que serão ainda mais sancionados caso decidam por mais avanços antidemocráticos.

Mas há outras razões para a direita europeia olhar com desconfiança para Timmermans. Com a Comissão Europeia dominada desde 2004 pelo Partido Popular Europeu, ver Bruxelas ser liderada por alguém que, entre outros pontos, defende a recuperação da força dos sindicatos depois do ataque que sofreram durante os anos da austeridade, ou que procura promover a criação de regras comuns para salários mínimos a nível comunitário e a imposição de uma taxa mínima de 18% de imposto sobre as empresas para vigorar em todos os países da UE, sem exceção, é visto como uma ameaça ao status quo que foi sendo desenhado na última década e meia pelo PPE.

Timmermans foi nos últimos quatro anos vice-presidente da Comissão Europeia, assumindo para si as pastas das Relações Interinstitucionais, e as associadas ao acompanhamento do respeito pelo Estado de Direito e pela Carta dos Direitos Fundamentais na União Europeia. Desde 2014, foi responsável a nível comunitário pela Estratégia por uma Economia Circular e pela primeira estratégia do mundo para combater a poluição causada pelos plásticos, votada recentemente pelo Parlamento Europeu, tendo proposto legislação para melhor licenças parentais, promover igualdade do género — desde as desigualdades salariais, ao reforço do total de mulheres em posições de liderança.

O combate à discriminação, e a todas as formas de extremismo e de racismo, também surgem no CV de Timmermans, que ao longo da sua vice-presidência coordenou também o trabalho da Comissão em prol do combate ao antissemitismo e à discriminação contra muçulmanos. Não por acaso, e entre a mensagem pró-europeia, anti-extremista e denunciadora de abusos antidemocráticos no seio da UE28, o socialista teve de enfrentar algumas resistências para conseguir levar a sua ‘Tour de Frans’ à Hungria.

Mas avancemos. Ou antes, recuemos. É que agora que já apresentámos algumas ideias-chave do escolhido para cabeça de lista dos socialistas europeus, podemos então inverter a cronologia e voltar ao início.

Frans Timmermans nasceu em 1961, em Heerlen, na região de Limburg na Holanda, é casado e tem quatro filhos — e dois cães. Fã de futebol e música, diz-se adepto do Roda JC, clube de que chegou a ser dirigente, e da AS Roma, com as preferências musicais a recaírem para Bruce Springsteen.

Licenciou-se em Literatura Francesa em 1985, na Universidade de Nijmegen, tendo realizado estudos pós-graduados nos dois anos seguintes, não só reforçando a componente de Literatura Francesa, como em Direito Europeu. Interessou-se pela política pouco depois de terminado o percurso académico, entrando no Ministério dos Negócios Estrangeiros holandês em 1987, de onde saiu para a Embaixada da Holanda na Rússia, aquando do desmantelamento da União Soviética.

Foi eleito seis vezes para o Parlamento Holandês como deputado do Partido Trabalhista, com mandatos entre 1998 e 2007, e de 2010 a 2012, tendo sido ministro dos Negócios Europeus (2007-2010) e dos Negócios Estrangeiros (2012-2014) nos interregnos como deputado. A estreia na hierarquia europeia deu-se em 1994, como assistente do comissário Hans Vandenberg, curiosamente um ex-eurodeputado do Partido Popular Europeu, voltando a Bruxelas para servir como vice-presidente de Juncker no final de 2014.

Timmermans por Timmermans

Nos últimos meses, especialmente depois de ter surgido como o candidato dos socialistas europeus, para as eleições de 2019, o holandês multiplicou-se em entrevistas. Deixamos, na primeira pessoa, algumas das posições que foi transmitindo:

Austeridade e futuro europeu:

  • “Está na hora de acabar com a política de austeridade. Já mudámos a maneira como fazemos muito do nosso trabalho: concentramo-nos mais nos grandes temas. Mas para fazermos o que queremos, precisamos de ter mais força. Precisamos criar uma aliança progressiva e garantir uma maioria progressista no Parlamento Europeu. É um trabalho lento e difícil, mas podemos lá chegar e avançar para o que é urgente, como a reforma fiscal.
  • “Precisamos fazer com que as grandes multinacionais, que ganham muito dinheiro na Europa, comecem a pagar impostos. O que não acontece agora. Para isso, precisamos da Europa. Individualmente, os Estados membros não podem fazê-lo. Também precisamos que os salários aumentem, na Europa.”

Sistema financeiro e extremismo:

  • A subida da extrema-direita, em muitas regiões da Europa, tem a ver com o comportamento do setor financeiro. As pessoas estão fartas de verem milhões e milhões de euros do dinheiro dos contribuintes servirem para resgatar bancos, que voltam a portar-se mal.”
  • “As pessoas veem que os bancos têm bons resultados mas não estão a sair da crise. Por isso, é extremamente importante concluir a união bancária, para que os bancos em apuros não voltem a pedir dinheiro aos cidadãos. Também temos de reforçar as regras das transações financeiras e da maneira como os bancos operam. Quase todos os dias há novos escândalos e isso é inaceitável e está a criar um fosso na sociedade.”

Protecionismo e multilateralismo:

  • “A União Europeia é vista no resto do mundo como a protetora do sistema multilateral. Fomos nós que criámos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e fizemos com que fossem aceites. Fomos nós que conseguimos reunir todas as nações no Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas.”
  • “Temos um enorme legado e uma enorme responsabilidade para salvaguardar esse sistema — ainda mais na era Trump. Veja-se, por exemplo, as discussões recentes com o Japão ou com a China. Há uma predisposição em todo o mundo para seguir o caminho europeu do multilateralismo.”
  • “Mas também temos uma luta interna na União Europeia, face à tentação de um regresso às fronteiras nacionais — por desespero ou por falta de perspetiva. Temos de lutar contra essa tendência. Não podemos criar uma sociedade melhor para os nossos cidadãos, se recuarmos para as fronteiras nacionais. Isso não irá levar-nos a lado nenhum.”

Boris Johnson a primeiro-ministro britânico?

  • “Por amor de Deus! Não!”

Poluição, clima e CO2:

  • “Precisamos de uma taxa de CO2 a nível europeu. Essa é a principal mudança que levará os produtores a perceberem que é preciso mudarem a maneira como produzem. Também precisamos aumentar o comércio de carbono, aumentando o preço dos direitos de emissão.”
  • “O que introduzimos, por exemplo, na legislação sobre plásticos é que os produtores também são responsáveis ​pelos resíduos que criam. Portanto, se não se pode reutilizar nem reciclar e se tornar um desperdício, os custos para os produtores aumentarão. Então é assim que se obriga os produtores a serem mais responsáveis ​pelos desperdícios que criam.”

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5 coisas que tem de saber sobre a loja n.º1 da Mercadona em Portugal

Primeira loja da cadeia de distribuição espanhola em Portugal é inaugurada esta terça-feira. O ECO foi conhecer os cantos à casa de Canidelo, Vila Nova de Gaia.

A Mercadona inaugura esta terça-feira a primeira loja em território português. A novidade marca o arranque da expansão internacional da cadeia de distribuição espanhola e inclui um investimento total de 160 milhões de euros (11,5 milhões na loja do Canidelo), desde o anúncio da internacionalização, em 2016.

A primeira loja da Mercadona em Portugal está localizada no Canidelo, em Vila Nova de Gaia, e integra uma equipa de 85 pessoas de um total de 900 funcionários que já trabalham na empresa em Portugal. Na segunda-feira à tarde, no evento de apresentação da nova loja a empregados e parceiros, o presidente da empresa, Juan Roig, anunciou a criação de um segundo centro logístico perto de Lisboa, que virá juntar-se ao único que existe em Portugal, na Póvoa do Varzim. E reforçou os planos de expansão da marca em Portugal: mais nove lojas até final do ano, dez novos espaços em 2020 e a abertura de 150 lojas “nos próximos anos”.

1. O primeiro tijolo da nova loja foi num estádio de futebol

Sim, não é uma brincadeira. Quando a Mercadona decidiu investir numa loja no Canidelo, em Vila Nova de Gaia, a cadeia espanhola fê-lo primeiro através de um campo de jogos de futebol. A empresa conseguiu uma permuta de terreno e, com o acordo, reconstruiu o estádio do Sport Clube do Canidelo, a equipa local. O investimento na primeira loja foi de 11,5 milhões de euros (estádio incluído).

Mercadona inaugura a primeira loja em Portugal - 01JUL19
Nas traseiras da primeira loja da Mercadona em Portugal fica o estádio do Sport Clube do Canidelo.Hugo Amaral/ECO

2. É uma loja eficiente

O espaço foi pensado numa lógica de “compra cómoda”: corredores largos, carrinhos de compras sem moedas (mas com chip que os bloqueia assim que saem do espaço do parque de estacionamento), luz natural e reutilização de energia (o calor dos motores do aparelhos da loja são encaminhados para a zona dos pés dos clientes da zona dos refrigerados, para que sintam menos o frio) são alguns dos pormenores da nova loja. O projeto destas novas lojas foi pensado em parceria com o Instituto de Biomecânica de Valência, cidade-sede da empresa.

Mercadona inaugura a primeira loja em Portugal - 01JUL19
A zona dos frios mantém os “pés quentes”.Hugo Amaral/ECO

3. Não existe “marca branca”

Na Mercadona não existe marca branca. Isso significa que, mesmo nas linhas de produtos próprios — das marcas Hacendado (alimentação), Bosque Verde (produtos de limpeza), Deliplus (cosmética e higiene) e Compy (animais) — os fornecedores são identificados nos rótulos. A empresa sustenta essa decisão com um compromisso com a “transparência” face ao “chefe”, nome com que trata os clientes.

Mercadona inaugura a primeira loja em Portugal - 01JUL19
Uma das mais recentes novidades da cadeia de supermercados é a secção de “Pronto a comer” que conta com uma oferta de 35 pratos.Hugo Amaral/ECO

4. Borrego o ano inteiro

Além de um mural específico para o bacalhau, criado especialmente para as lojas portuguesas (e testado inicialmente em lojas perto da fronteira com Portugal), a Mercadona está também a testar um “laboratório de borrego”, resposta ao consumo nada sazonal deste tipo de carne em Portugal. De Espanha vem outra inspiração: o presunto é cortado na hora por dois especialistas. Das cerca de 6.000 referências de produtos à venda nas lojas em Portugal, cerca de metade são garantidas por fornecedores nacionais.

Mercadona inaugura a primeira loja em Portugal - 01JUL19
Lojas nacionais vão ter espaço especial para venda de bacalhau que foi testado em lojas espanholas localizadas em zonas de fronteira.Hugo Amaral/ECO

5. O motto da Mercadona é SPB (“Sempre Preços Baixos”)

A Mercadona não faz promoções nem campanhas de desconto e, por isso, será impossível encontrar produtos a preços mais baixos do que o habitual na cadeia de lojas espanholas, mesmo em território nacional. A política de preços da cadeia de distribuição resume-se às três letras “SPB” que significam “Sempre Preços Baixos”.

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📹 A Mercadona chegou a Portugal. Visita guiada à loja n.º1

Internacionalização da gigante espanhola de distribuição arranca em Portugal. Empresa quer chegar aos 1.100 trabalhadores até ao final deste ano, com abertura de quatro lojas.

A primeira loja da Mercadona em Portugal marca a estreia do “novo modelo de lojas” além-fronteiras. A matriz começou a ser aplicada, a partir de 2018, e já serviu de mote à renovação de mais de 400 das 1.636 lojas da cadeia espanhola.

Em Portugal, tanto as 10 lojas previstas para este ano como as 10 para 2020 — num total de 150 nos “próximos anos”, contarão com uma configuração mais pensada para o “conforto do chefe”, nome dado ao cliente pela empresa. A primeira loja da gigante de distribuição espanhola tem inauguração marcada para esta terça-feira, em Canidelo, Vila Nova de Gaia, e conta com uma equipa de 85 pessoas de um total de 900 trabalhadores já contratados pela empresa. Até ao final do ano, a Mercadona em Portugal deverá chegar aos 1.100 trabalhadores.

Tal como em Espanha, a Mercadona terá em Portugal produtos de marca própria nas quatro linhas existentes — Hacendado (alimentação), Bosque Verde (detergentes), Deliplus (higiene e cosmética) e Compy (animais) — além das marcas de referência do mercado, num total de 6.000 referências (cerca de metade de fornecedores portugueses). A primeira loja, no Canidelo, foi resultado de um investimento de 11,5 milhões dos mais de 160 milhões já investidos pela Mercadona em Portugal.

Conheça a loja de estreia da cadeia espanhola de distribuição em Portugal.

http://videos.sapo.pt/cdKueSgMFZuvMI6lLenL

 

 

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Hospitais já podem substituir médicos sem aval de Temido e Centeno

Desde sábado que os conselhos de administração dos hospitais têm mais autonomia para substituir pessoal, incluindo médicos. Folga chegou a poucos dias da greve dos médicos e enfermeiros.

Os hospitais têm desde sábado novas regras para contratar ou fazer substituições de pessoal, incluindo médicos, que lhes dão mais poder de decisão, já que deixam de estar dependentes de autorizações externas aos conselhos de administração. A novidade consta do decreto-lei de execução orçamental e surge numa altura em que o setor está debaixo de fogo e dias antes da greve de médicos e enfermeiros que começa esta terça-feira.

Em causa estão normas recentes para flexibilizar a gestão de recursos humanos nos hospitais, tanto ao nível da contratação e substituição de trabalhadores como, no caso particular dos médicos, ao nível das substituições temporárias. O regime foi sofrendo alterações ao longo desta legislatura, a primeira das quais há um ano.

“Até julho de 2018, as autorizações para contratação de profissionais de saúde, incluindo substituição de trabalhadores, dependia sempre de autorização da dupla tutela – Saúde/Finanças”, explica o gabinete de imprensa do ministério liderado por Marta Temido.

A partir de então, mediante “despacho conjunto”, o Ministério da Saúde passou a ter competência para:

  • Celebrar contratos sem termo para substituição de trabalhadores saídos definitivamente (aposentação, reforma, denúncia de contrato…) e, neste caso, sujeita a uma quota (limite de número de profissionais).
  • Celebrar contratos a termo resolutivo incerto de trabalhadores temporariamente ausentes (períodos superiores a 120 dias) – exceto, em ambos os casos (contratação/substituição) o grupo profissional dos médicos, sujeito a regime próprio.

Já em março deste ano, o Governo deu mais um passo no sentido de flexibilizar a gestão dos recursos humanos dos hospitais, mas continuou a deixar de fora os médicos.

Com a publicação do despacho2893-A/2019, de 18 de março, mantiveram-se os pressupostos na lei em vigor, mas surgiram duas alterações: “deixou de [se] estabelecer uma quota máxima para a substituição de trabalhadores temporariamente ausentes” e foi permitido ainda que “esta competência de contratação fosse delegada na Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) que, por sua vez, poderia subdelegar nas Administrações Regionais de Saúde (ARS)”, acrescenta o Ministério da Saúde.

Agora, com esta norma do decreto-lei de execução orçamental, esta competência passa de novo para os hospitais E.P.E., abrangendo ainda os médicos no caso das substituições temporárias. Nas substituições definitivas, salienta-se a existência de normativos que regulam o recrutamento deste grupo profissional, designadamente a abertura de dois concursos anualmente”, avança a tutela da saúde.

Segundo números do Ministério da Saúde, em 2015, existiam no Serviço Nacional de Saúde (SNS) 29.743 médicos. No primeiro trimestre deste ano eram já 31.006 médicos.

Apesar do aumento do números de médicos – e também de enfermeiros -, o SNS continua a revelar fragilidades. O Expresso noticiou no sábado que nunca houve tão poucos médicos no SNS em regime de exclusividade. E o próprio primeiro-ministro reconhece que “é verdade” que há carências no SNS apesar do reforço de verbas na legislatura.

A semana aliás será marcada por duas greves no setor. Arranca esta terça-feira uma paralisação de dois dias dos médicos e de quatro dias dos enfermeiros.

Às mudanças nas regras de substituição temporária de médicos, junta-se a autorização de abertura de 200 postos de trabalho na categoria de Assistente Graduado Sénior, a categoria de topo da carreira médica e a abertura de um concurso nacional de acesso ao grau de consultor dirigido a 1.150 médicos, que assim atingem a categoria de assistentes graduados. Estes dois despachos foram publicados também na sexta-feira passada.

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Emprego cresceu mais entre os mais velhos. Recuou entre trabalhadores dos 35 aos 44 anos

O Centro de Relações Laborais diz que foi entre os trabalhadores mais velhos que o emprego mais cresceu. Destaca também um salto recorde dos contratos sem termo no Estado à boleia do PREVPAP.

Foi entre os trabalhadores dos 55 aos 64 anos que o emprego mais cresceu, no último ano. Entre os mais jovens (dos 15 anos 24 anos) também se verificou uma subida, embora menos expressiva. Entre os trabalhadores dos 35 anos e 44 anos, registou-se mesmo um recuo. Estes dados constam do Relatório Anual Sobre Emprego e Formação Profissional 2018, que será apresentado, esta terça-feira, pelo Centro de Relações Laborais (CRL) e a cujo sumário executivo o ECO teve acesso.

No início do mês passado, o secretário de Estado do Emprego apresentou aos parceiros sociais um ponto de situação do mercado de trabalho português, no qual dava conta que, desde 2015, foram criados 150 mil empregos para trabalhadores entre os 55 anos e os 64 anos, o que representa um disparo de 22,2% e faz deste intervalo etário aquele com um maior crescimento do volume de emprego.

O relatório que será apresentado esta tarde vem confirmar esse cenário, adiantando que entre os menos jovens o emprego subiu, no último ano, 6,4%. Embora também se tenha registado um aumento entre os trabalhadores dos 15 aos 24 anos, esse salto foi menos expressivo (5%). E no caso do escalão etário dos 35 aos 44 anos, registou-se mesmo uma diminuição do emprego em 2018 face a 2017.

Mas como se explica disparo no emprego entre os mais velhos? No início de junho, o secretário de Estado do Emprego apontou duas justificações para esta tendência: Por um lado, o envelhecimento demográfico. Por outro, a redução do desemprego, já que, face à diminuição do universo de desempregados, as empresas ficam mais disponíveis para “absorver” trabalhadores mais velhos. O mesmo se aplica aos mais jovens, o segundo grupo etário que mais viu o emprego crescer.

Em termos globais, o volume de emprego em 2018 atingiu o valor mais elevado dos últimos nove anos (com mais de 4,6 milhões de pessoas empregadas). Ainda assim, no último ano, o aumento do número de pessoas empregadas foi menor do que aquele que se tinha verificado em 2017 (mais 105 mil contra mais 143 mil). “O aumento do emprego permitiu que a taxa de emprego tenha chegado aos 55%”, lê-se no relatório, que refere ainda que, tal como em 2017, Portugal superou a média comunitária, neste ponto.

É preciso notar ainda que, entre 2017 e 2018, voltou a aumentar a proporção de trabalhadores por conta de outrem (TCO) no emprego total. “O número de TCO aumentou proporcionalmente mais do que o número de trabalhadores por conta própria (+2,7% e +0,4%, respetivamente)”, explica o CRL.

Por outro lado, os contratos a termo em Portugal continuam acima dos valores registados na União Europeia. Cresceram 2,4%, em 2018, quase tanto como os contratos sem termo, que subiram 2,8%. “No continente, 78% dos 3.859,6 mil trabalhadores por conta de outrem tinha contratos sem termo, 18,3% tinham contratos a termo e 3,6% tinham outro tipo de contratos (sazonais, ocasionais e de prestação de serviços”.

Por outro lado, em 2018, estavam desempregadas 343,5 mil pessoas, um decréscimo de 21,6% em termos homólogos. À boleia dessa evolução, e de acordo com os dados fornecidos ao Centro de Relações Laborais pelo Instituto de Informática do Ministério de Vieira da Silva, o número de beneficiários de prestações de desemprego recuou 6,3% face a 2017, o que correspondeu, em termos absolutos, a “um decréscimo de cerca de 10,7 mil beneficiários”.

No que diz respeito ao despedimento coletivo, em 2018 foram comunicados 320 processos, que abrangeram 3,6 mil trabalhadores. Tal representa um decréscimo homólogo de 19,2%, ou seja, foram registados menos 76 processos.

Contratos sem termo disparam no Estado à boleia do PREVPAP

De acordo com o relatório do Centro de Relações Laborais, no último ano, havia 631,9 mil postos de trabalho ocupados nas Administrações Públicas, mais 13,2 mil do que em dezembro de 2017. Desse total, 80,8% estava concentrado na Administração Central e 17,8% na Administração Regional e Local.

Apesar do aumento referido, o emprego público mantinha-se abaixo do valor de 2011. Depois do Boletim Estatístico do Emprego Público ter indicado que as Administrações Públicas estão cada vez mais envelhecidas, o relatório do CRL acrescenta que, entre 2011 e 2018, os únicos escalões etários que registaram aumentos nos postos de trabalho foram os escalões dos 55 e mais anos, tendo crescido em 53,4% ou 58 mil postos de trabalho.

“No que se refere ao tipo de vínculo, 75,1% dos postos de trabalho eram ocupados por trabalhadores com contratos por termo indeterminado, que aumentaram 16 mil face a 2017, o maior aumento registado ao longo da série“, detalha o relatório, justificando essa tendência com o programa de regularização extraordinária de vínculos precários na Administração Pública (PREVPAP).

No sentido contrário, os postos de trabalho dos contratados a termo diminuíram em cerca de quatro mil. No que diz respeito a novos recrutamentos, o CRL salienta que entraram 60,1 mil pessoas no Estado e saíram 54,2 mil.

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Tréguas comerciais valem recordes a Wall Street

Os sorrisos de Donald Trump e Xi Jinping contagiaram as bolsas norte-americanas. Ambos acordaram retomar as negociações para evitar guerra comercial entre EUA e China.

Wall Street fechou a sessão desta segunda-feira num novo recorde, com os investidores animados perante as tréguas na guerra comercial entre EUA e China. Trump anunciou no fim de semana que vai voltar a negociar com Pequim. E por isso não vai subir as taxas alfandegárias nos próximos seis meses.

Neste cenário de maior otimismo, o S&P 500 entrou em terreno onde nunca andou. Encerrou com um ganho de 0,76% para os 2.964,33 pontos, um novo máximo histórico para este índice de referência mundial. Também o Dow Jones e o Nasdaq somaram 0,44% e 1,27%, respetivamente.

“Veremos o que vai acontecer”, disse Donald Trump, presidente dos EUA, à margem da cimeira do G20, depois de uma reunião com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, e onde se decidiu que as duas partes iriam retomar as negociações para colocar um ponto final à guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. Deste modo, ambas as potências suspenderam o agravamento das taxas dos produtos importados de cada país durante meio ano, que podia ter impacto no andamento da economia mundial.

Ao mesmo tempo, Donald Trump também aliviou a pressão americana sobre a Huawei, dizendo que as empresas do país poderão negociar com a tecnológica chinesa. Foram as fabricantes de chips que mais valorizaram em Wall Street: a Micron Technology disparou 4% para 40,11 dólares e a Advanced Micro Devices ganhou 2,73% para 31,20 dólares.

“O resultado da reunião entre Xi e Trump foi provavelmente o melhor que aconteceu. Com a trégua e o muito provável acordo em vista, o setor tecnológico, que está muito ligado à Ásia, poderá ser uma área do mercado de ações para se apostar”, referiu Robert Pavlik, da SlateStone, citado pela Reuters.

 

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“Já paguei 231 milhões de euros à banca em troco de nada”, diz Joe Berardo. Leia aqui a carta aberta a Ferro Rodrigues ✉️

  • ECO
  • 1 Julho 2019

Diz-se vítima de um "verdadeiro julgamento popular" e sabe que a sua prestação no Parlamento afetou a sua imagem. Joe Berardo enviou uma carta a Ferro Rodrigues para defender honra pessoal.

Diz que é vítima de um “verdadeiro julgamento popular” e sabe que a sua prestação no Parlamento afetou a sua imagem. Teme, por isso, que os tribunais sejam influenciados pelas declarações polémicas que teve na audição da comissão de inquérito da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Joe Berardo enviou agora uma carta a Ferro Rodrigues para defender honra pessoal. “Já paguei 231 milhões de euros à banca em troco de nada”, lamenta. Leia a carta.

 

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Berardo envia carta a Ferro para defender honra. “Fui objeto de um verdadeiro julgamento popular” no Parlamento, diz comendador

Berardo escreveu uma carta a Ferro Rodrigues para fazer defesa da sua honra. Diz que foi vítima de um "verdadeiro julgamento popular". Teme que tribunais se deixem influenciar pela opinião pública.

Joe Berardo enviou uma carta aberta ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, para fazer a “defesa da honra pessoal”, queixando-se de ser vítima de “um verdadeiro julgamento popular” no Parlamento. Teme ainda que os danos reputacionais da sua prestação na comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD) possam afetar os vários processos judiciais que tem contra si.

“Em 5 horas, tive alguns momentos infelizes em que respondi ao mesmo tom de desafio a perguntas também elas provocatórias, quando não vexatórias”, escreveu o empresário madeirense numa missiva dirigida a Ferro Rodrigues a que o ECO teve acesso. A RTP avançou inicialmente com a informação.

“Com isso provoquei a indignação de muitos políticos e de opinion makers, sendo essa minha inquirição reproduzida e comentada vezes sem conta nos quase dois meses que se passaram desde a mesma”, acrescentou Joe Berardo.

O empresário madeirense refere que o seu depoimento na comissão de inquérito à recapitalização e gestão da CGD, no passado dia 10 de maio, o poderá afetar nas várias ações nos tribunais que lhe foram movidas. “A minha posição perante os vários processos judiciais que me foram movidos dificilmente possa vir a ser apreciada com o necessário distanciamento, pois os tribunais, sendo uma realidade humana, onde decidem homens e mulheres, não são imunes, ainda que inconscientemente, aos efeitos da opinião pública”, frisa Joe Berardo numa carta com cinco páginas.

Na sua defesa, diz que foi “objeto de um verdadeiro julgamento popular, (…) com várias qualificações sumárias do meu carácter”. “Pensava eu que as comissões parlamentares serviam para julgar atos e responsabilidades políticas, não para julgar causa privadas”, considerou.

Criticou o facto de a comissão de inquérito ao banco público, presidida pelo deputado do PSD Luís Leite Ramos, ter permitido que o Canal Parlamento tivesse transmitido a audição em direto, e cuja transmissão afetou a sua credibilidade.

Também rejeita pressões do Parlamento para que “revele factos que não estejam relacionados com atos dos gestores da CGD e dos responsáveis políticos e públicos pela supervisão da mesma”.

Neste momento, a comissão de inquérito está a pedir a Joe Berardo que envie todas as atas das últimas assembleias gerais da Associação Coleção Berardo, dona das obras de arte, e poderão ajudar os deputados a perceber como é que o comendador deu a “golpada” aos bancos, como disse a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua. Uma vez que Berardo se recusou a enviar os documentos, o Parlamento vai pedir a intervenção do Ministério Público para aceder às informações.

“Paguei 231 milhões à banca a troco de nada”

A carta é conhecida dias depois das notícias sobre o arresto de alguns bens de Berardo por parte do tribunal: entre os quais dois apartamentos em Lisboa. Foi um arresto feito a pedido da CGD, mas Berardo tem mais processos. No passado dia 20 de abril, CGD, BCP e Novo Banco entregaram uma ação executiva no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa para cobrar dívidas de Joe Berardo de quase 1.000 milhões de euros. Ao banco público ficou a dever perto de 320 milhões, segundo a EY.

Berardo diz que esse dinheiro “foi perdido” na compra de ações do BCP que “perderam a quase totalidade do seu valor devido à crise de 2008”. Acrescenta que reforçou as garantias para tentar saldar a dívida, razão pela qual já perdeu grande parte do seu património.

“Mas nem com a entrega desses bens consegui pagar a dívida, tendo pago quase só em juros à volta de 231 milhões de euros. Veja-se bem: já paguei à banca cerca de 231 milhões de euros em troco de nada. E como se não bastasse o ataque ao meu património, tenho agora de defender-me do ataque ao meu bom nome”, afirmou.

(Notícia atualizada às 20h57)

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AICEP assina contratos de investimento com Altran e Gestamp no valor de 32,6ME

  • Lusa
  • 1 Julho 2019

Os dois contratos são assinados na terça-feira à tarde, num investimento que ascenderá a mais de 30 milhões de euros. Vão permitir a criação de 300 postos de trabalho.

A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) assina na terça-feira dois contratos de investimento com a Altran e Gestamp, no montante global de 32,6 milhões de euros, prevendo a criação de 300 empregos.

Numa nota enviada às redações, a AICEP adianta que os “dois relevantes contratos de investimento” vão permitir a criação de “cerca de 300 postos de trabalho, a maioria altamente qualificados”.

Os dois contratos são assinados na terça-feira à tarde.

A Altran Portugal é uma empresa de consultoria de engenharia de inovação e a Gestamp dedica-se à produção de componentes metálicos para o setor automóvel.

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