Covid-19 e interrupção de negócio expõem seguradoras a risco reputacional diz Moody´s

  • ECO Seguros
  • 22 Março 2020

Seguradoras que operam na Alemanha, França e Reino Unido estão relativamente salvaguardadas face a gastos diretos com interrupção de negócios por causa da pandemia, mas restam outros efeitos.

A generalidade das apólices comerciais subscritas por seguradoras que operam em três dos maiores mercados da Europa não cobre interrupção de negócios motivada por crises pandémicas. Mas, apesar de exposição limitada em termos de indemnizações diretas, as seguradoras poderão sofrer impacto reputacional caso o volume de pedidos de compensação cresça.

A agência de notação financeira Moody’s refere os casos das seguradoras Aviva, Axa, RSA e mesmo do agrupamento Lloyd´s of London que oferecem seguros para interrupção de negócio no Reino Unido, mas excluem a cobertura para pandemias. Esta ideia corrobora informação já veiculada pela Associação Britânica de Seguradores, segundo a qual a percentagem de clientes que terão contratado cobertura para encerramento forçado dos seus negócios é bastante baixa, mesmo entre grandes empresas.

Porém, de acordo com o Insurance Journal, uma nota de análise da Moody’ s Investors Services salienta que, embora com exposição limitada em termos de indemnizações diretas, as seguradoras poderão sofrer impacto reputacional caso o volume de pedidos de compensação cresça em proporção do número de tomadores de seguro não esclarecidos sobre a exclusão do risco de pandemia.

Em França, de acordo com a federação de seguros (FFA), a quase totalidade de apólices comerciais exclui indemnizações a reclamações ligadas a pandemia, refere a agência de notação financeira referindo-se ainda ao apelo de solidariedade lançado pelo governo francês como um fator suscetível de alterar o cenário.

Na Alemanha, o seguro que protege as empresas também limita as compensações a riscos como incêndio, roubo, danos causados por elementos da natureza, mas não obriga a indemnizar perdas ligadas a pandemias. Poucas empresas terão contratado a cobertura para risco de doenças transmissíveis, explica a Moody’ s citando a autoridade local de supervisão Gesamtverband der Deutschen Versicherungswirtschaft (GDV).

Na semana passada, a Fitch Ratings emitiu uma nota de análise reafirmando a robustez financeira de longo prazo em “AA-“ e perfil de crédito em “AA” e perspetiva estável para a Allianz SE. A apreciação da Fitch sustenta-se na solidez do balanço e rentabilidade técnica ostentada pelo grupo germânico. Por isso, a agência estendeu a avaliação positiva a diversas subsidiárias europeias.

Outras instituições como a Munich Re e a Swiss Re já foram solicitadas para vir ao mercado assegurar os investidores de que a pandemia terá impacto limitado no negócio.

Na Suíça, por exemplo, o impacto da crise sanitária é abordado na ótica das reservas de capital e liquidez em função do que acontece nos mercados de capitais, nomeadamente com ativos de investimento. A entidade local de supervisão (Finma) terá convocado a Zurich Insurance, Swiss Life e Swiss Re com o objetivo de garantir monitorização conjunta da evolução nos mercados financeiros.

AM Best degrada notas de avaliação de seguradoras nos EUA

Do outro lado do Atlântico, nos EUA, as seguradoras do ramo vida tentam prevenir a sua exposição ao risco da pandemia pela Covid-19, impondo períodos de espera a potenciais tomadores de seguros que regressam de destino com surtos generalizados, como China, Irão, Coreia do Sul e países da Europa, como Itália e Alemanha.

A American International Group (AIG) assumiu que adiaria por 30 dias decisões sobre pedidos de seguros de vida de clientes que viajaram para as regiões mais afetadas, reporta a Reuters. O Lincoln Financial Group já impôs um período de espera de 30 dias antes de emitir apólices para a maioria dos candidatos que viajaram para essas regiões, disse um porta-voz.

A disseminação do vírus pelos Estados Unidos poderia empurrar as seguradoras para medidas draconianas, disse Tim Luedtke, um atuário e professor da Temple University, de Filadélfia. As agências de notação de crédito AM Best e Fitch Ratings degradaram perspetivas para as seguradoras de vida dos EUA de estável para negativas.

Nas últimas semanas, a AM Best reviu em baixa as notações de crédito de diversas seguradoras norte-americanas, entre outras, a Providence Mutual, Jackson Life Insurance e Guardian Insurance.

A desvalorização de ativos em mercados mobiliários (bolsas) e os recentes cortes nas taxas de juros vão pressionar rentabilidades de investimento, reservas e capital das seguradoras de vida, sustenta a Fitch Ratings numa nota de research antecipando ainda que o ramo Vida deverá enfrentar um potencial pico de mortes causadas pela pandemia.

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Empresas de retalho e distribuição reforçam contratações. Procuram milhares de profissionais

A pandemia fez disparar a procura por bens essenciais e a adesão aos serviços de e-commerce. Em resposta, empresas de retalho e distribuição estão a reforçar contratações, um pouco por todo o mundo.

A pandemia do novo coronavírus tem obrigado hotéis, restaurantes e empresas de turismo a dispensar trabalhadores. Por outro lado, há setores que precisam de reforços para conseguir dar resposta ao aumento da procura em tempo de crise, como é o caso dos bens essenciais, de retalho, distribuição e e-commerce.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) prevê que o novo coronavírus possa ameaçar diretamente 5,3 milhões de empregos em todo o mundo e, num cenário “negro”, este número pode crescer para os 25 milhões. Mas em algumas empresas, a tendência parece ser diferente. Nas últimas duas semanas, tem crescido o número de empresas que querem reforçar a contratação de novos profissionais, para conseguirem dar resposta ao aumento da procura devido à pandemia.

Em época de quarentena, os pedidos de encomendas online estão a disparar. Para conseguir dar resposta ao aumento da procura, a plataforma de e-commerce Amazon anunciou que está a planear recrutar 100 mil trabalhadores para os departamentos de armazéns e entregas. A Amazon decidiu ainda aumentar os salários da equipa atual em dois dólares por hora nos EUA, duas libras por hora no Reino Unido e aproximadamente dois euros por hora em muitos países da União Europeia, até o final de abril.

Esta sexta-feira, o grupo de distribuição norte-americano Walmart anunciou que quer contratar 150.000 pessoas em regime part-time, até ao final de maio, para responder ao aumento da procura devido ao coronavírus, para as lojas e também para os centros de abastecimento e distribuição. Como a Amazon, a Walmart vai premiar o empenho e dedicação dos trabalhadores já no próximo mês. Os trabalhadores a full-time vão receber um bónus de 300 dólares –o equivalente a 277 euros –, e os trabalhadores em part-time terão direito a um pagamento extra de 150 dólares, cerca de 140 euros.

Tanto a Amazon como a Walmart querem ser uma oportunidade para os trabalhadores que ficaram sem emprego em setores que estão a dispensar profissionais.
Em Portugal, as empresas de retalho e as cadeias de supermercados, estão também a reforçar contratações. O objetivo é continuarem a garantir que os portugueses têm acesso aos bens essenciais e, nesta fase, darem também resposta ao crescimento exponencial das compras online e entregas ao domicílio.

O Lidl Portugal anunciou esta sexta-feira que está a recrutar 500 pessoas para as 258 lojas em todo o país. Também a distribuidora do Pingo Doce anunciou que está à procura de entre 200 a 300 pessoas para assegurar as entregas ao domicílio.

Para ajudar estas empresas a recrutar em tempo de crise e “assegurar serviços mínimos”, a empresa de recursos humanos Multipessoal abriu esta sexta-feira um processo de recrutamento para diferentes funções no setor alimentar. A empresa procura profissionais para trabalharem como repositores, operadores de armazém e de picking, em todo o país.

No caso das empresas que estão em crise e que, em alguns casos se vêm obrigadas a parar a sua atividade, o Governo criou o novo regime de “lay-off”. Neste regime está previsto o corte de um terço dos salários brutos pagos por empresas que se encontrem em situação de fragilidade. Como salvaguarda, a Segurança Social fica encarregada do pagamento de 70% de dois terços do salário dos trabalhadores e as empresas ficam isentas de contribuições sociais, durante este período de crise.

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#FiqueEmCasa: Como as marcas estão a ‘combater’ o coronavírus nas redes sociais

  • Tiago Lopes
  • 22 Março 2020

Marcas adaptaram as suas estratégias de comunicação nas redes sociais e apelaram a todos os portugueses para ficarem em casa.

Não são só as autoridades e o Governo a ‘mandarem’ os portugueses para casa durante a pandemia do novo coronavírus. A maioria das marcas redirecionou todas as suas estratégias de comunicação nas redes sociais e, com mais ou menos originalidade, seguiram uma linha comum: apelar a todos os portugueses que fiquem em casa. Deixamos alguns exemplos:

No setor alimentar, as marcas reinventam-se e promovem novas formas de consumo, criam hashtags de apelo ao isolamento social, elogiam os seus colaboradores que ainda trabalham para poder alimentar os portugueses e apostam no entretenimento de quem está em casa. É o caso do Continente, que além das comunicações de agradecimento aos funcionários e de novas regras de higiene nas lojas, sob a hashtag #RotinadeImproviso organiza todos os atividades, aulas e workshops com convidados especiais ao vivo.

O LIDL tem optado por tranquilizar os clientes, mostrando os seus entrepostos cheios e prontos a abastecer as lojas, mas também vai deixando sugestões de atividades para os miúdos e conselhos de higiene aos graúdos.

A Delta cafés recordou aos seus clientes que podem encomendar os seus produtos online e criou a hashtag #fazatuaparte em mais um apelo para que todos se mantenham em casa.

A Sumol, no seu habitual registo mais irreverente pede aos seguidores que mostrem os seus mooves nas suas pistas de dança… a sala lá de casa, claro!

No setor das telecomunicações, a MEO diz aos seus clientes que o tempo é para estar em casa e de amar, mas o MEO está lá também, dentro do lar de cada um a manter todos conectados.

Um brinde ‘aos amigos à distância’ é a sugestão da Super Bock, enquanto a Sagres, na mesma linha de comunicação, sugere um brinde ‘afastados mas juntos’.

Numa comunicação cheia de humor e que em nove horas contava já com mais de 29 mil gostos no Instagram, a marca de preservativos Control deixa um aviso ao próprio coronavírus…

 

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A moda dos coupé chegou ao Q3

É o mesmo SUV compacto, mas com muito mais estilo. O desenho do Sportback cativa, prometendo ser um bom compromisso entre um automóvel prático com um desportivo nas horas vagas.

Já não se pode falar bem de uma moda quando o assunto são os SUV. Todas as marcas os têm. E de todos os tamanhos, para agradar a todo um leque de condutores ávidos de cruzar o asfalto num posição mais elevada do que o normal. A moda passou, contudo, a ser mais recentemente a forma destes modelos, com o surgimento de carroçarias volumosas, mas com a elegância que se reconhece aos coupé. Começou nos grandes, mas rapidamente o look chegou aos modelos mais compactos.

Estes SUV coupé não são propriamente modelos novos, antes variantes de modelos já bem conhecidos. Foi isso mesmo que a Audi acabou de fazer com o Q3, juntando a versão tradicional uma variante, neste caso a Sportback. Lá por ser um coupé, isso não é sinónimo de menos portas — com todo o incómodo que isso representaria para aceder aos lugares traseiros. Tem as mesmas, apenas um desenho mais elegante do meio do SUV para trás.

O ex-líbris deste Q3 está mesmo na traseira. É bastante mais proeminente que o modelo lhe serve de base. Com este look, o SUV compacto ganha mais algum comprimento, num total de 16 milímetros, mas é a linha de tejadilho rebaixada em quase três centímetros, bem como o óculo traseiro que surge quase deitada, que dá ao Q3 Sportback aquela imagem de desportivo que faz a delícia de muitos.

Este aspeto coupé marca pontos no estilo, mas perde na usabilidade. Se as portas são as mesmas do normal, o acesso ao banco traseiro deste SUV sai prejudicado, o que não é simpático para aqueles que tem alturas acima da média. A parte boa é que uma vez no interior há, pasme-se, mais espaço para a cabeça. A Audi encontrou espaço no tejadilho para poupar os penteados.

Quem viaja à frente, poucas diferenças notará face ao modelo normal, apenas uma posição de condução menos elevada do que a do Q3. Conforto dos bancos, qualidade dos materiais e tecnologia a bordo são as mesmas. O painel de instrumentos substituído por um ecrã personalizável, ladeado de um outro ecrã de grandes dimensões com todo o infoentretenimento são um must.

Com as mãos no volante, o motor ligado, chega a hora de ver como se comporta este SUV coupé. Não há grandes diferenças face ao normal, mas a afinação sente-se ligeiramente mais desportiva. O 2.0 TDI de 150 cv, acoplado à caixa S tronic de 7 velocidades, ajuda a criar essa sensação, assim como o modo Sport, um dos seis que se podem escolher com alguns toques no ecrã. O ronronar do motor sobressai quando se puxa pela potência, pena é que mesmo numa condução normal o ruído acabe por ser uma constante no habitáculo.

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Angela Merkel de quarentena. Esteve em contacto com médico infetado

A chanceler alemã será testada regularmente nos próximos dias e continuará a desempenhar as funções em casa.

A chanceler alemã Angela Merkel decidiu ficar em quarentena na sua casa, depois de ter estado com um médico que testou positivo para o novo coronavírus. Merkel será testada regularmente nos próximos dias e continuará a desempenhar as funções enquanto chanceler em casa.

Merkel foi informada depois de uma entrevista de que um médico que lhe administrou uma vacina contra infeções pneumocócicas, na tarde de sexta-feira, estava infetado, disse o porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert, citado pela Associated Press (acesso livre, conteúdo em inglês).

A Alemanha é já o quarto país do mundo com mais casos confirmados deste novo coronavírus, contando com mais de 28 mil infeções. No entanto, fica mais abaixo dos outros países com número semelhante de infeções na quantidade de vítimas mortais desta pandemia, contando cerca de 90 mortes.

O Governo alemão já anunciou algumas medidas para mitigar os efeitos da pandemia de Covid-19 na economia e nas empresas, estando a preparar um pacote de estímulos no valor de 356 mil milhões de euros. As medidas deverão ser aprovadas nesta segunda-feira.

(Notícia atualizada às 18h30)

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Itália regista 651 mortes por coronavírus nas últimas 24 horas. Já são 5.476

O aumento no número de vítimas mortais foi abaixo daquele registado no sábado. Os novos casos de infeção identificados também cresceram menos do que no dia anterior.

O número de mortos devido ao surto de Covid-19 na Itália aumentou em 651 para 5.476, disseram as autoridades do país este domingo. Este é um aumento de 13,5%, abaixo daquele registado no sábado, quando 793 pessoas morreram, o máximo no país até à data.

o número total de casos na Itália subiu para 59.138 em relação aos 53.578 anteriores, um aumento de 10,4%, informou a Agência de Proteção Civil, de acordo com a Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês). Este é o menor aumento em termos percentuais desde que o contágio foi identificado, a 21 de fevereiro.

Das pessoas originalmente infetadas em todo o país, 7.024 recuperaram totalmente. Há 3.009 pessoas internadas. O norte de Itália continua a ser a zona mais afetada pelo surto, permanecendo em situação crítica. A região da Lombardia regista já 3.456 mortes e 27.206 casos.

A Itália já ultrapassou a China no número de mortes, e é o segundo país com mais casos identificados de infeção de Covid-19. É o foco do surto do novo coronavírus na Europa, que se tornou o epicentro da pandemia, em vez da China, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

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Comissão dá luz verde às linhas de crédito para ajudar PME portuguesas a combaterem efeitos do coronavírus

Em causa estão os quatro regimes de garantia para as PME que operam no turismo, restauração, indústria extrativa e transformadora e atividades das agências de viagens e animação turística.

A Comissão Europeia considera que os quatro regimes de garantia portugueses para as pequenas e médias empresas (PME) e as empresas de média capitalização afetadas pelo surto de coronavírus são conformes com as regras da União Europeia em matéria de auxílios de Estado.

“Os regimes, com um orçamento total de três mil milhões de euros, foram autorizados ao abrigo do Quadro temporário relativo a medidas de auxílio estatal em apoio da economia no atual contexto do surto de Covid-19 adotado pela Comissão em 19 de março de 2020. A Comissão autorizou os quatro regimes portugueses dois dias depois da entrada em vigor do Quadro”, refere a comissão em comunicado.

Em causa estão os quatro regimes de garantia para as PME que operam no turismo, restauração (e outras atividades similares), indústria extrativa e transformadora e atividades das agências de viagens, animação turística, organização de eventos (e atividades similares). O comunicado da Comissão Europeia não faz, contudo, referência ao setor do comércio que passou a ter acesso também às linhas de crédito, tal como anunciou o primeiro-ministro na sexta-feira, no final de mais um Conselho de Ministros extraordinário, no qual António Costa também precisou que o acesso às linhas está condicionado a que as empresas não despeçam os seus trabalhadores. Uma condicionante que já foi criticada pela Confederação Empresarial de Portugal.

“O impacto económico do surto de coronavírus é grave. Em conjunto com os Estados-Membros, estamos a trabalhar para gerir este impacto no máximo das nossas possibilidades. E precisamos de agir de forma coordenada, a fim de ajudar a economia europeia a passar esta tormenta e recuperar com mais força em seguida”, sublinha a vice-presidente executiva Margrethe Vestager. “Os quatro regimes de garantia portugueses para as PME e as empresas de média capitalização constituem um passo importante neste sentido. Autorizámos estas medidas hoje ao abrigo do novo Quadro Temporário relativo aos auxílios estatais, em estreita colaboração com o Governo português”, afirma a responsável pela política da concorrência.

“A Comissão considerou que as medidas portuguesas estão em conformidade com as condições estabelecidas no Quadro Temporário. Abrangem, em especial, garantias relativas a empréstimos ao funcionamento com um prazo de vencimento e uma dimensão limitados”, justifica a Comissão no mesmo comunicado. Por outro lado, o facto de limitarem o risco assumido pelo Estado a um máximo de 90% e de o apoio estar “limitado àqueles que dele necessitam” faz com que as regras europeias estejam a ser cumpridas. “Para alcançar este objetivo, as medidas preveem igualmente uma remuneração mínima e salvaguardas para assegurar que o auxílio seja efetivamente canalizado pelos bancos ou outras instituições financeiras para os beneficiários que dele necessitam”, explica ainda o executivo comunitário.

O Quadro Temporário adotado permitir aos Estados-Membros utilizarem “toda a flexibilidade prevista nas regras em matéria de auxílios estatais para apoiar a economia no contexto do surto de coronavírus” estando previstos cinco tipos de auxílio que podem ser concedidos pelos Estados-Membros: subvenções diretas, benefícios fiscais seletivos e adiantamentos; garantias estatais para empréstimos contraídos por empresas junto de bancos; empréstimos públicos subvencionados às empresas e salvaguardas para os bancos que canalizam os auxílios estatais para a economia real.

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“Prioridade é agora pagar e processar todos os salários em Portugal”, diz CEO do Novo Banco

Para o CEO do Novo Banco, o cenário atual "exige muito da banca a operar entre elogios e incompreensões, internas e externas".

O CEO do Novo Banco defende que a prioridade nesta altura, em que Portugal se encontra em estado de emergência devido à pandemia de coronavírus, é “pagar e processar todos os salários em Portugal na próxima semana”, num tweet publicado na sua conta pessoal.

“Com três meses de cenário central a chave agora é preparar o novo normal”, aponta o presidente do Novo Banco, na publicação. Para António Ramalho, a situação “exige muito da banca a operar entre elogios e incompreensões, internas e externas”, algo que diz ser “típico da guerra”.

O primeiro-ministro já referiu algumas vezes o papel da banca durante esta pandemia, nomeadamente apontando que o setor foi ajudado na última crise e que tem, por isso, uma responsabilidade social de dar apoio agora.

A banca tem estado em negociações com o Governo para definir os contornos de moratórias de créditos, e o ministro das Finanças adiantou que a legislação para a concretizar, para as empresas afetadas pela pandemia, estaria pronta até ao final do mês. A Caixa Geral de Depósitos e o BPI já anunciaram medidas nesse sentido.

Os bancos terão algumas preocupações com este modelo, nomeadamente sobre os impactos que as moratórias possam ter nos seus rácios de capital. Nesta sexta-feira, Banco Central Europeu decidiu flexibilizar as regras do crédito concedido pela banca para combater o Covid-19, facilitando este processo.

O Novo Banco também já lançou um pacote de produtos e serviços ajustados para fazer face à pandemia, nomeadamente isentar algumas comissões, nas transferências interbancárias, pagamentos de serviços, cash-advance e transferências MBWay, ou a primeira anuidade nos novos cartões de débito e pré-pago ou substituições.

(Notícia atualizada às 17h25)

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Farmácias mantêm-se abertas. Veja como estão a funcionar

As farmácias encontram-se entre os estabelecimentos de atendimento ao público que podem ficar abertas durante o estado de emergência. Há regras a seguir, nomeadamente de afastamento social.

Com a declaração do estado de emergência vieram algumas mudanças e restrições, mas há estabelecimentos que se mantém abertos. É o caso das farmácias, por serem consideradas serviços essenciais. A maioria irá, assim, manter as portas abertas, com algumas regras para evitar o contágio pelo Covid-19.

Nos estabelecimentos comerciais que se mantenham abertos, como é o caso das farmácias, devem ser mantidas as normas ditadas pela Direção-Geral de Saúde quanto ao “afastamento social”, nomeadamente ao atender público à porta ou ao postigo para evitar o contacto dos clientes com os colaboradores, explicou o primeiro-ministro, esta quinta-feira.

Já no sábado passado tinha sido decretado que o atendimento nas farmácias nas localidades sem cobertura farmacêutica a um raio de dois quilómetros iria ser feito desta forma, por postigo ou sem entrada de utentes nas instalações.

As normas de higienização estabelecidas, tais como a higienização das superfícies ou a necessidade de utilização de equipamentos de proteção individual, também devem ser seguidas. Para além disso, é necessário assegurar para a laboração as condições de proteção individual dos respetivos trabalhadores que estão ao serviço.

Já quatro farmácias encerraram por se terem registado casos de infeção por Covid-19 em membros das equipas, duas no distrito do Porto, uma em Aveiro e outra em Lisboa, de acordo com a Associação Nacional das Farmácias (ANF). A ANF decidiu assim apelar a que os cidadãos sigam algumas recomendações.

Planear as visitas às farmácias antes de sair de casa, organizar as receitas em papel e preparar as mensagens de telemóvel com as receitas eletrónicas são alguns dos conselhos da ANF. Para além disso, recomenda que, sempre que possível, se contacte previamente a farmácia pelo respetivo telefone ou email.

Fica também o apelo para respeitar a distância de segurança e seguir as indicações dos farmacêuticos. “Os portugueses têm sido de um grande civismo e assim deve continuar a ser, para garantirmos que a rede de farmácias continua em funcionamento pleno em todo o território”, aponta Nuno Flora, secretário-geral da ANF, citado em comunicado.

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Emirates esclarece que vai manter voos para 13 destinos

  • Lusa
  • 22 Março 2020

A Emirates vai continuar a voar para 13 destinos, depois de receber pedidos de governos e clientes para ajudar no repatriamento de viajantes.

A companhia aérea Emirates esclareceu este domingo que vai continuar a voar para 13 destinos, depois de o presidente e diretor executivo ter dito que a empresa iria suspender todos os voos de passageiros devido à covid-19.

De acordo com a agência noticiosa Associated Press (AP), a Emirates anunciou este domingo que entre os destinos para onde continuará a voar estão os Estados Unidos da América, o Reino Unido, o Japão, a Austrália e o Canadá. A transportadora aérea sediada no Dubai justifica a decisão revelando que recebeu pedidos de governos e clientes para ajudar no repatriamento de viajantes.

Apenas horas mais cedo, o presidente e diretor executivo da Emirates tinha anunciado que a companhia se encontrava numa situação em que não podia operar, “de forma viável, voos com passageiros até que os países voltem a abrir as suas fronteiras e a confiança nas viagens regresse”.

Citado pela Associated Press, o xeque Ahmed bin Saeed Al Maktoum assinalou que “o mundo entrou, literalmente, em quarentena devido à pandemia de covid-19”. “Esta é uma crise sem precedentes em termos de amplitude e escala: geograficamente, bem como dos pontos de vista da saúde, social e económico”, salientou.

A Emirates irá igualmente continuar a transportar bens essenciais, incluindo medicamentos, para todo o mundo, com recurso à frota de aviões Boeing 777 prontos para o efeito. Hoje, foi também anunciado que a companhia aérea irá reduzir salários à vasta maioria dos seus funcionários nos próximos três meses, com cortes entre 25% e 50%, mas não irá proceder a despedimentos.

No sábado, a maior companhia aérea do Médio Oriente, que opera habitualmente em 159 destinos, tinha anunciado a supressão de 111 rotas, no quadro de medidas restritivas para combater a pandemia da covid-19.

Em comunicado, a Emirates dava conta de que o período de suspensão iria variar de um a três meses consoante os destinos, mas que ligações como Paris (França), Frankfurt (Alemanha), ou Islamabad (Paquistão) seriam afetadas “até nova informação”.

De acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo, as companhias no Médio Oriente já perderam mais de sete mil milhões de dólares em receitas. Segundo a mesma fonte, desde o final de janeiro já foram cancelados no Médio Oriente 16.000 voos de passageiros.

A Emirates, que transportou no ano passado cerca de 58 milhões de passageiros, encontrava-se numa situação financeira favorável no início do ano mas, de acordo com xeque Ahmed bin Saeed Al Maktoum, a propagação da covid-19 “levou a uma repentina e penosa estagnação nas últimas seis semanas”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 308 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 13.400 morreram. Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 4.825 mortos em 53.578 casos. Segundo as autoridades italianas, 6.062 dos infetados já estão curados. A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, onde a epidemia surgiu no final de dezembro, conta com um total de 81.054 casos, tendo sido registados 3.261 mortes.

Os países mais afetados a seguir à Itália e à China são a Espanha, com 1.720 mortos em 28.572 infeções, o Irão, com 1.556 mortes num total de 20.610 casos, a França, com 562 mortes (14.459 casos), e os Estados Unidos, com 340 mortes (26.747 casos). Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

Em Portugal, há 14 mortes e 1.600 infeções confirmadas. Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 2 de abril.

(Notícia atualizada às 17h35 com esclarecimento da Emirates)

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Antigo administrador da Sonangol critica atuação das autoridades portuguesas. Foi “abusiva e injustificada”

Sarju Raikundali diz que enviou ao o Ministério Público e ao Tribunal de Instrução Criminal "documentação demonstrativa da origem legal de todos os rendimentos".

O antigo administrador financeiro da Sonangol, Sarju Raikundali, acusa as autoridades portuguesas de terem tomado uma ação “abusiva, excessiva e injustificada” no caso ‘Luanda Leaks’, por terem congelado as contas bancárias, numa carta aberta enviada ao Presidente da República, ao Presidente da Assembleia da República, ao primeiro-ministro e à ministra da Justiça, a que o ECO teve acesso.

Sarju Raikundali defende que é “patente a má-fé subjacente à forma como o Procurador-Geral da República de Angola está a conduzir” o processo, e que as “falsidades” que veiculou foram “suficientes para convencer a Procuradoria Geral da República Portuguesa a executar o plano traçado por Angola”.

Sarju Raikundula é um dos portugueses indicados por Isabel dos Santos para a administração da Sonangol e foi um dos visados no pedido do Supremo Tribunal de Justiça angolano a Portugal para que fossem constituídos como arguidos. É suspeito de ter ordenado uma transferência para uma empresa com ligações a Isabel dos Santos já depois da sua exoneração.

O PGR angolano alegou que o antigo administrador teria “abandonado” Angola após ocorrência dos alegados factos em novembro de 2017, mas Raikundali garante que tinha “trocado diversas comunicações com a própria Sonangol EP” e que “havia efetuado várias deslocações a Angola”.

O ex-administrador, que esteve no cargo durante o período em que Isabel dos Santos liderou a petrolífera, refere que enviou “requerimentos sucessivos ao Ministério Público e ao Tribunal de Instrução Criminal”, onde incluiu também “documentação demonstrativa da origem legal de todos os rendimentos” que obteve desde o ano de 2012, mas nunca recebeu resposta.

Perante o congelamento das contas, o ex-administrador diz não ter “qualquer meio de suportar as despesas essenciais” à sua subsistência, dos filhos e da mãe, todos a seu cargo. Aponta ainda que se vê impedido de estar em quarentena junto da família, por não ter fundos para se deslocar. “A atuação da Justiça Portuguesa foi de tal violência que até uma conta bancária aberta para poupança dos meus três filhos menores (com 8, 10 e 14 anos) foi, e continua, bloqueada (tinha um saldo de € 1.700,00 que são deles)!”, escreve o gestor

Raikundali garante que face esta atuação da Justiça Portuguesa, que diz ser de “esmagamento e estrangulamento financeiro pessoal”, vai usar todos os mecanismos legais para responsabilizar quem “violou os Direitos Fundamentais”.

Torno agora público este meu protesto, perante a impotência de um simples cidadão perante a desumanidade com que tenho sido tratado, para alertar as mais altas figuras do Estado e a opinião pública para as injustiças de que estou a ser vítima”, conclui na carta que foi enviada também com conhecimento da Conselheira Procuradora-Geral da República e do Juiz Conselheiro Presidente do Conselho Superior da Magistratura.

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Covid-19: Brasil decreta que planos de saúde cubram testes de diagnóstico

  • ECO Seguros
  • 22 Março 2020

Independentemente do clausulado dos planos de saúde complementares vigentes para cerca de 47 milhões de brasileiros beneficiários deste modelo facultativo de assistência, o diagnóstico é gratuito.

Os testes de diagnóstico para despistagem da infeção Covid-19 no Brasil passaram a ser de cobertura obrigatória nos planos de saúde complementares, os quais incluem pacotes de seguradoras, cooperativas e outros operadores privados regulados e fiscalizados pela Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS).

A resolução da ANS determina “a inclusão do exame de deteção do coronavírus SARS-CoV-2 (Covid-19) no Rol de Procedimentos obrigatórios para beneficiários de planos de saúde”. A cobertura “é obrigatória quando o paciente se enquadrar como caso suspeito ou provável de doença pelo novo coronavírus, conforme definição do Ministério da Saúde. Será necessária a indicação médica para a realização do exame”.

O teste fica assim assegurado aos beneficiários de planos de saúde com segmentação ambulatorial, hospitalar ou referência e será feito nos casos em que houver indicação médica, de acordo com o protocolo e as diretrizes definidas pelo Ministério da Saúde do Brasil.

A ANS recomenda que o beneficiário não se dirija a hospitais ou outras unidades de saúde sem antes consultar a sua operadora de plano de saúde, para informações sobre o local mais adequado para a realização de exame ou para esclarecimento de dúvidas sobre diagnóstico ou tratamento da doença.

“Considerando que o conhecimento sobre a infeção pelo vírus SARS-CoV-2 (Covid-19) ainda está em construção, os protocolos e diretrizes podem ser revistos a qualquer tempo, o que poderá alterar a indicação dos casos para realização do exame com cobertura obrigatória”, ressalva a ANS.

De acordo com dados oficiais até 18 de março, a situação da pandemia no Brasil traduzia-se por cerca de 11,3 mil casos suspeitos, 428 confirmados, cerca de 1 800 casos descartados e quatro óbitos. Sábado (21 de março), o número de casos confirmados superou 1 100 e o de doentes falecidos 18.

Com a disseminação do surto a acelerar no Brasil, a situação das favelas “torna-se preocupante devido às más condições de saneamento e ao adensamento populacional”, nota o jornal Folha de São Paulo, que acompanha a evolução em comunidades carenciadas de favelas como Rocinha, Beco do Índio, Tabajaras e Providência, todas na região da “cidade maravilhosa” (Rio de Janeiro).

Como ficam os seguros de saúde e de viagem?

Até ser declarada pandemia, muitas operadoras de seguro cobriam todas as fases em casos de doença: atendimento, diagnóstico e tratamento.

Mas, depois da declaração de pandemia pela OMS, “muitas delas recuaram, recorrendo à cláusula no contrato que as isenta de cobertura em casos de surtos, epidemias e pandemias”. Por isso, a maioria das seguradoras garante apenas cobertura até ao diagnóstico. Se confirmada a contaminação pelo coronavírus, os viajantes ficariam à mercê dos cuidados do sistema de saúde local, referia o site do jornal O Tempo, em Belo Horizonte (Minas Gerais).

No seguro de viagem, em caso de cancelamento, a Assist Card e Allianz Travel declararam cobrir a contaminação pelo coronavírus. “A partir do exame dar positivo, passa a ser obrigação da saúde pública local, conforme regulamentação da OMS”. Tratando-se de destino onde a saúde pública “não dê conta de cuidar, como é o caso dos Estados Unidos, onde não tem saúde pública, a Assist Card é a única seguradora que vai cobrir para casos de coronavírus”, explica Patrícia Schirmer Bechelany, da plataforma Seguros Promo, que compara preços e serviços das maiores seguradoras do mercado.

De acordo com o site da publicação mineira, citando nota da seguradora alemã “os clientes do seguro viagem Allianz têm a cobertura, durante a viagem, de despesas médicas e hospitalares em caso de apresentação dos sintomas do vírus Covid-19″. Em comunicado oficial, a empresa de seguros Assist Card informa que “vai garantindo aos seus viajantes 100% das assistências médicas para casos e sintomas relacionados ao Covid-19″.

Já companhias como Afinnity, April, GTA e Travel Ace afirmam que “procederão de acordo com os protocolos locais de saúde”, seguindo a linha adotada por redes de cartões de crédito como Elo e Visa: “Qualquer epidemia ou pandemia é excluída em todo seguro de viagem, então não tem cobertura. O seguro dá a primeira assistência médica e aí, quando é confirmado o coronavírus, quem retoma o atendimento são os hospitais públicos locais”, esclarece Ana Paula Teixeira, gerente da Affinity em Minas Gerais.

A mesma fonte recolheu declarações de um responsável do Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-MG), órgão do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), que classifica a cláusula no contrato que isenta as empresas de seguro de cobertura em casos de surtos, epidemias e pandemias “como de validade duvidosa”. Segundo Paulo de Tarso Morais Filho, promotor de justiça de defesa do consumidor de Belo Horizonte, os contratos firmados no Brasil, ainda que seja por execução lá fora, precisam atender as regras do direito brasileiro.

De acordo com Paulo Filho, face à resolução adotada pela ANS, “se as seguradoras entendem que não precisam cobrir surtos, epidemias e pandemia, melhor para o consumidor. Essa cláusula dos contratos é automaticamente excluída por essa resolução da ANS. O viajante pode entender que contratou um plano de saúde com determinado limite de cobertura. O direito não é uma ciência exata, permite várias interpretações”, afirmou.

“A questão de saúde prepondera sobre outros valores. O direito não é matemático. Por esse motivo, eu recomendaria o cidadão a brigar na Justiça por essa cláusula. Ela é abusiva, cria uma inquidade contratual. Se existe uma pandemia, o contrato está morto”, anuiu Filho, desafiando em seguida: “Qual é o processo de pandemia nesse processo que nós vivemos nos últimos anos? Nesse sentido, as decisões a respeito do assunto serão inovadoras“, rematou.

No final de janeiro de 2020, de acordo com estatísticas da ANS, o Brasil contava mais de 47 milhões de beneficiários de planos de assistência médica suplementar, sendo o Estado de São Paulo (17,1 milhões) Rio de Janeiro (cerca de 5,4 milhões) e Minas Gerais (5,05 milhões) os de maior densidade em número absoluto de beneficiários neste esquema de saúde.

Por tipo de contratação, o universo de beneficiários distribui-se por planos coletivos, num parcial de aproximadamente 38 milhões e planos individuais (9,02 milhões de beneficiários). O universo de seguradoras que operam no sistema de saúde complementar está acessível através da plataforma da FenaSaúde.

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