Autárquicas: Passos está confiante, Costa quer ganhar tudo

  • Lusa
  • 16 Setembro 2017

Passos Coelho, líder do PSD, está confiante de que o trabalho do PSD vai dar frutos nas próximas eleições autárquicas. Já António Costa garante que o PS vai a jogo para disputar a vitória em tudo.

O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, defendeu que para “bons resultados é preciso boa cepa”, considerando que o trabalho dos sociais-democratas vai dar frutos. Passos Coelho visitou na tarde deste sábado a Adega Cooperativa de Penalva do Castelo, a maior da região e uma das maiores do país, ao lado do candidato apoiado por PSD, CDS-PP e PPM ao município, Gabriel Costa, e do antigo presidente da Câmara e ‘histórico’ de Viseu, Fernando Ruas.

Depois do tradicional brinde e questionado se, como no vinho, para ter um bom resultado são precisas boas uvas, Passos respondeu dando continuidade à metáfora vínica. “Para ter boas uvas é preciso ter boa cepa, para ter boa cepa é preciso investir nela, com persistência, durante muito tempo, ninguém faz grandes vinhos de um ano para o outro, é preciso criar condições para que haja boas colheitas”, respondeu.

Passos Coelho disse esperar que nas autárquicas de 1 de outubro o PSD possa vir a alcançar bons resultados, quer onde recandidata os atuais presidentes de Câmara, quer nos municípios que procura reconquistar, caso de Penalva do Castelo, que os sociais-democratas perderam há quatro anos.

Na adega, o líder do PSD procurou convencer o administrador que o futuro do setor passa por uma aposta nas gamas de vinhos mais caras, destinadas sobretudo à exportação e salientou que este tipo de indústria é muito importante “para ancorar o desenvolvimento do interior”. Sobre o candidato do partido em Penalva do Castelo, Passos apontou-o como “uma aposta muito segura”, visto que já presidiu ao município entre 1980 e 1986 e entre 1994 e 1999.

Além de Gabriel Costa (PSD-CDS/PP-PPM), são candidatos em Penalva do Castelo o atual presidente da Câmara, Francisco Carvalho, que se recandidata a um segundo mandato pelo PS, e a técnica de informática Mafalda Vilarigues pela CDU.

Costa: PS na corrida para “disputar a vitória em todas as freguesias e concelhos”

Por sua vez, o secretário-geral do PS, António Costa, afirmou este sábado que o PS está nas eleições autárquicas para disputar a vitória em todas as freguesias e municípios e não apenas naquelas em que é poder. Costa começou um comício, em Mirandela, no distrito de Bragança, lembrando que o “PS é o maior partido autárquico em Portugal desde há quatro anos”, para acrescentar que os socialistas partem para estas eleições com uma ambição maior.

“Estamos nestas eleições para, no próximo dia 1 de outubro, disputar a vitória em todas as freguesias e concelhos e não só nos que já conquistamos”, declarou. O líder socialista sublinhou que foi isto que quis dizer na visita ao Nordeste Transmontano ao ir a três câmaras onde o PSD é poder, nomeadamente Bragança, Macedo de Cavaleiros e Mirandela, onde o PS aposta em Carlos Guerra, Benjamim Rodrigues e Júlia Rodrigues, respetivamente.

Costa pegou no slogan de campanha da candidata de Mirandela, “há outro caminho”, para incentivar os candidatos locais, afirmando que, ao Governo que lidera, “há dois anos também diziam que não havia outro caminho”. O líder do PS pediu “mobilização para dar forma à mudança que o PS iniciou no país”. O PS é poder em cinco dos 12 concelhos do distrito de Bragança.

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Atentado no metro de Londres podia ter sido muito mais grave

  • Lusa
  • 16 Setembro 2017

O atentado desta sexta-feria no metro de Londres, já reivindicado por um grupo terrorista, estava planeado para ser muito pior, disse o Governo britânico. Este sábado foi feita uma detenção relevante.

A secretária de Estado britânica da Administração Interna, Amber Rudd, disse este sábado que é “muito cedo” para dizer se as autoridades conheciam o suspeito do ataque no metro de Londres, que foi “uma sorte” não ter sido mais grave. A explosão de uma bomba no metro de Londres provocou na sexta-feira três dezenas de feridos, tendo sido detido um suspeito este sábado pela polícia de Kent, um jovem de 18 anos.

A secretária de Estado disse que a bomba artesanal era um dispositivo “sério”, que podia ter causado muito mais danos. Amber Rudd apelidou a prisão de um suspeito como “muito significativa” e referiu que a polícia está a fazer progressos rápidos na investigação. Rudd acrescentou que o Centro de Análise ao Terrorismo irá avaliar se o nível de ameaça se manterá classificado como “crítico” nos próximos dias.

A secretária de Estado, que presidiu a uma reunião do gabinete de emergência para discutir a ameaça terrorista, disse que informou a primeira-ministra, Theresa May, da evolução da situação em relação ao ataque de sexta-feira. A polícia britânica continua a fazer buscas num subúrbio de Londres, em Sunbury, no âmbito da investigação do ataque ao metro, e mandou mesmo evacuar algumas casas.

Foram colocados cordões de segurança em torno do bairro, não muito longe do aeroporto de Heathrow, mas nenhuma detenção foi anunciada. A Grã-Bretanha está em alerta máximo, tendo o comissário da polícia de Londres pedido às pessoas para que se mantenham atentas.

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Passos Coelho: Governo não está “à altura dos acontecimentos”

  • Lusa
  • 16 Setembro 2017

O ex-primeiro-ministro e líder do PSD acusou o Governo de "vender factos que não existem e retóricas que não têm adesão à realidade". Por isso, não está "à altura dos acontecimentos", defendeu.

O presidente do PSD acusou o Governo de “não estar à altura dos acontecimentos” na retórica sobre o ‘rating’, salientando que a saída de Portugal do ‘lixo’ só foi possível porque o anterior executivo não falhou. Durante uma visita à Adega Cooperativa de Penalva do Castelo (Viseu), no âmbito da campanha autárquica, Passos Coelho foi questionado sobre as críticas do PS e da esquerda, depois de António Costa ter sublinhado que foi o PS que “virou a página” da austeridade.

“Quando as pessoas que estão no Governo querem vender factos que não existem e retóricas que não têm adesão à realidade, mostram que não estão à altura dos acontecimentos”, acusou. O líder do PSD salientou que, depois de saber a notícia na sexta-feira, já tinha antecipado que o PS e os “restantes partidos da geringonça” poderiam querer apresentar esta subida do ‘rating’ português como “uma derrota do PSD” ou como “resultado de uma opção muito correta deste governo”.

“Parece-me que acertei, não é? (…) Esta conversa só é possível porque na devida altura nós não falhámos, se tivéssemos falhado, esta conversa, esta prosápia toda não tinha existido”, afirmou, considerando que se Portugal tivesse seguido as opções da Grécia “estaria nesta altura a negociar resgates e não a virar páginas”.

O líder do PSD reiterou que a subida de ‘rating’ podia ter acontecido mais cedo se não tivesse havido mudança de Governo e prometeu voltar ao tema à noite no jantar em Viseu. “Todos os partidos que compõem a geringonça sempre se opuseram àquele que foi o caminho que permitiu a recuperação do país”, criticou.

Hoje, em Bragança, o secretário-geral do PS, António Costa, afirmou que foi o Governo PS que “virou a página do ‘lixo'”, em resposta à reação dos partidos da direita sobre a subida do país nas avaliações das agências internacionais de ‘rating’. “A direita bem pode dizer que teria feito o mesmo. Há uma coisa que nós sabemos: não fez e nós fizemos”, vincou o líder socialista e primeiro-ministro num comício de apoio à candidatura do PS à Câmara de Bragança, um concelho PSD há 20 anos.

A agência de notação financeira Standard and Poor’s decidiu na sexta-feira tirar Portugal do ‘lixo’, revendo em alta o ‘rating’ atribuído à dívida soberana portuguesa de ‘BB+’ para ‘BBB-‘, um primeiro nível de investimento. Com esta revisão em alta para ‘BBB-‘, com perspetiva ‘estável’, Portugal volta a ter uma notação de investimento, atribuída por uma das três principais agências de ‘rating’ mundiais. Desde 2012 que a agência atribuía à dívida soberana portuguesa um ‘rating’ ‘BB+’, a nota mais elevada de não investimento, com uma perspetiva ‘estável’.

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Cinco recantos para relaxar no Porto

  • ECO + Via Verde
  • 16 Setembro 2017

O verão está a terminar e os dias agitados estão de volta, que tal partir à descoberta de recantos na cidade para relaxar? No Porto, o que não faltam são espaços verdes para se entregar ao silêncio.

De vez em quando é preciso um momento de tranquilidade. E descontrair em meio urbano não é fácil mas no Porto há muitos espaços onde nos podemos entregar ao sossego. Para ler um livro, ouvir música ou namorar…

Tome nota de cinco recantos para relaxar, no Porto.

Jardins do Palácio de Cristal

O edifício original que deu nome ao parque, construído para acolher a Exposição Internacional do Porto em 1865, já não existe. No seu lugar está o Pavilhão Rosa Mota. O que se mantém é o Parque e os Jardins do Palácio de Cristal, um pequeno éden no meio do Porto, aconchegado entre a Rua D. Manuel II e a da Restauração. Na verdade, são quatro jardins dentro de um jardim uma vez que aqui encontramos diferentes áreas – o Jardim do Roseiral, da Plantas Aromáticas, das Medicinais e dos Sentimentos. E há tempo e lugar para tudo: para se deitar num dos cantinhos relvados, levar os miúdos aos baloiços ou mostrar-lhes os pavões, fazer um piquenique ou apreciar a vista para o Douro. A entrada é gratuita e está aberto todos os dias desde as 8h00 às 19h00, no inverno, e até às 21h00 durante os meses mais quentes.

Parque de Serralves

Esta sugestão já é um clássico. Quer se fale de cultura, de museus ou de parques na cidade do Porto, o nome “Serralves” aparece sempre. Bom, e é com todo o mérito. Este é mesmo um dos mais extraordinários espaços ao ar livre da Invicta. Estende-se ao longo de 18 hectares e, para além da Casa e do Museu, acolhe um jardim neoclássico desenhado pelo arquiteto Jacques Gréber, algo inédito à época. Lagos, alamedas, relvados generosos e verdadeiros bosques. Onde é que encontra outro lugar assim no Porto? É só escolher um recanto e deixar-se ficar, só ou bem acompanhado. Há um senão: a entrada no parque é paga.

Parque da Cidade

Sabia que este é o maior parque urbano de Portugal? Acompanha uma grande parte da Avenida da Boavista e prolonga-se até ao mar, uma característica pouco comum em parques citadinos. É muito frequentado por quem pratica desporto ao ar livre e na verdade é o local ideal para esse tipo de atividade – jogging, caminhadas e até aulas de yoga. Árvores e lagos não faltam e, por isso, não será difícil, achar nos mais de 80 hectares (sim, qualquer coisa como 80 campos de futebol) do Parque da Cidade um sítio para encontrar a sua paz.

Parque de São Roque

Este é, para nós, um dos segredos mais bem guardados do Porto. Ainda… A entrada para o Parque de São Roque faz-se pela Travessa das Antas, situada na zona do Porto com o mesmo nome. É um parque curioso porque está estruturado em patamares o que acaba por puxar um bocadinho pelo físico. Já sabe que se descer também vai ter que subir. Ou então não, até porque há uma saída pela Rua São Roque da Lameira. É aqui perto que encontramos o Palacete da Quinta da Lameira que pertenceu à família Calém. Hoje ao abandono é, ainda assim, um edifício com uma arquitetura muito interessante e que faz as delícias dos apreciadores de fotografia. Com ou sem máquina, fique a saber que este é um dos locais do Porto onde o sossego é garantido.

Jardim Botânico do Porto

Se procura inspiração este é o sítio onde deve estar. No Jardim Botânico do Porto há uma casa — a Casa Andresen — onde em tempos brincou uma das maiores referências da literatura portuguesa. Chegou lá pelo nome? A casa pertencia à família de Sophia de Mello Breyner Andresen e foi por ali que a escritora passou uma grande parte da sua infância. Em breve irá acolher a Galeria da Biodiversidade. O Jardim Botânico fica na Rua do Campo Alegre, a terceira morada de um espaço que tem já mais de 150 anos de vida. Hoje, é mais reduzido mas ainda assim merece ser visitado, sobretudo por quem se interessa por botânica. E, lá está, por quem anda à procura do sopro divino. Ou de Sophia, neste caso…

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Nuno Luz vai ser o novo diretor-geral da Fnac Portugal

  • ECO
  • 16 Setembro 2017

Nove anos depois, Cláudia Almeida da Silva vai ser substituída por Nuno Luz, que assume o cargo a partir de 9 de outubro. Também passa a ingressar o comité executivo da empresa.

A Fnac Portugal vai ter um novo diretor-geral. Nove anos depois de ter entrado em funções, Cláudia Almeida da Silva será substituída por Nuno Luz, o diretor comercial da empresa desde maio de 2016. Nuno Luz vai ainda integrar o comité executivo da Fnac-Darty, a casa-mãe da empresa.

Numa nota enviada à imprensa, a Fnac explica que Cláudia Almeida da Silva “vai abraçar um projeto pessoal”. Estava na empresa desde 2005 e tornou-se diretora-geral para o mercado português em 2008. Quanto a Nuno Luz, “foi nomeado diretor-geral da Fnac para Portugal. Irá iniciar as suas novas funções a partir de 9 de outubro de 2017”, acrescenta o comunicado.

Nuno Luz é licenciado em administração e gestão de empresas e tem um MBA pela Universidade Católica. Iniciou a sua carreira em 1995 na PwC e fez ainda parte da Schweppes e da PhoneHouse, onde passou pelos mercados espanhol, britânico e sul-americano.

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Minar moeda digital? Em Portugal já esgotaram as picaretas

Por todo o mundo, incluindo em Portugal, a produção ou "mining" da moeda digital Ethereum está a crescer exponencialmente. Tanto, que já esgotaram as placas gráficas que potenciam a produção

Já deve ter ouvido falar da bitcoin, a moeda digital do momento. Contudo, esta não é a única moeda digital a fazer furor. A Ethereum captou a atenção dos mais entendidos em tecnologia e já conseguiu esgotar os stocks de placas gráficas que potenciam a sua produção. Um pouco por todo o mundo, incluindo em Portugal.

A febre das moedas digitais teve um novo pico. Assim que os mais entendidos descobriram que quatro placas gráficas — a RX 470, RX 480, RX 570 e RX 580 — eram as melhores para produzir a moeda digital Ethereum, a procura disparou “dez ou vinte vezes”. “É difícil precisar”, diz a MSI, uma das marcas que vende estes componentes para computadores. Não existiu capacidade de produção para acompanhar o aumento da procura, pelo que as gráficas se têm mantido esgotadas durante meses e “estima-se que [o período de escassez] dure mais uns quantos“, informa a MSI Iberia.

Um boom generalizado que também se fez notar em Portugal. “Tivemos de restringir as compras a duas unidades por pessoa, porque havia clientes a querer comprar vinte ou trinta de uma vez”, informa a PcDiga, uma loja portuguesa especializada em componentes informáticos. “Mais houvesse e eram vendidas”, garante um funcionário. A PcDiga vende sobretudo para o mercado nacional, mas uma das maiores encomendas (vinte gráficas) chegou por email, vinda da Irlanda, refletindo a escassez geral destes equipamentos.

A MSI Iberia espera um decréscimo da procura em breve porque “quanto mais pessoas há a minar [produzir], mais difícil é obter a moeda digital” — logo, vai compensar cada vez menos. O mais comum é fazer-se o mining em fábricas nos países de leste, onde a eletricidade é mais barata, porque uma das maiores despesas é precisamente a eletricidade. Em Portugal a PcDiga tem vendido sobretudo a utilizadores individuais que fazem a produção a partir de casa (basicamente, deixam os sistemas ligados de dia e de noite). O ECO falou com alguns destes miners para perceber o processo e as vantagens que veem nesta atividade.

Tivemos de restringir as compras a duas unidades por pessoa, porque havia clientes a querer comprar vinte ou trinta de uma vez.

Funcionário da PcDiga

Descer à mina

Wilson Mortágua é um jovem que recentemente começou a fazer mining de Ethereum a partir de casa. Tem 25 anos, muita experiência com tecnologias e uma loja de informática. “É basicamente como montar um computador normal”, explica. Juntou seis gráficas a outros componentes, fontes de alimentação com bastante potência, et voilà: moeda pronta a produzir. Complicado? Pode sempre pedir a quem sabe. “Eu mesmo já montei e vendi” conta Wilson. Mas avisa que os custos são bastante mais elevados.

José Brízida, consultor de marketing digital de 23 anos, arranjou ainda outra opção: o cloud mining, que é, de certo modo, alugar equipamento a uma empresa através da internet. O cliente define a moeda que quer produzir e, a partir daí, é a empresa que faz tudo. Contudo, José Brízida diz que “se tivesse o dinheiro para investir, comprava material próprio”. Isto porque, desta forma, não consegue controlar o equipamento, que está sujeito interferências que podem prejudicar os resultados.

Seja qual for o método escolhido, o princípio é o mesmo: os miners estão a ceder processamento em troca da moeda. Ambos estão satisfeitos com os rendimentos que a atividade lhes tem permitido. José Brízida diz que espera um retorno sete a dez vezes superior à quantia que investiu, tendo em conta “o que tem vindo a observar” — isto é, o lucro que lhe tem vindo a cair na carteira virtual. Já Wilson Mortágua, embora satisfeito, tem reticências em relação à valorização da moeda.

"Se tivesse o dinheiro para investir, comprava material próprio.”

José Brízida

Miner de Ethereum na cloud

Jackpot?

Wilson Mortágua já investiu pouco mais de 2.000 euros no equipamento, o “mínimo para um retorno aceitável”, garante. Os técnicos da PcDiga concordam. No entanto, “o investimento devia ter sido maior”, reconhece, pois quando entrou neste mundo das criptomoedas, era mais fácil de gerar Ethereum e o valor era superior: valia aproximadamente 400 dólares ao invés dos atuais 270.

Com seis gráficas de gama média — o caso dos modelos que esgotaram –, Wilson Mortágua consegue agora produzir unidade e meia por mês. “Quando comecei, conseguia fazer três”, conta. Tal como a MSI Iberia indicou, a dificuldade aumenta à medida que cresce o número de mineiros. “Se a moeda valer muito, recebemos muito. Mas se não, pode ter-se prejuízo” explica Wilson. “Muito brevemente será muito pouco produtivo gerar Ethereum, a não ser que o valor aumente absurdamente”, conclui.

Se a moeda valer muito, recebemos muito. Mas se não, pode ter-se prejuízo.

Wilson Mortágua

Miner de Ethereum

O valor de uma moeda digital é difícil de prever. É um ativo volátil, sujeito a grandes oscilações: a famosa bitcoin superou a barreira dos 4.133,4355 dólares em meados de agosto, mas vale perto de 3.500 dólares. Segundo a Coinbase, uma das wallets mais conhecidas (como uma conta bancária, mas para criptomoedas), a Ethereum chegou este ano a registar uma valorização perto 3.000% em relação ao ano passado.

A grande questão, então, é: pode o preço de mercado da Ethereum ultrapassar o da bitcoin? Adam White, o vice-presidente da Coinbase respondeu à Bloomberg que esta “é uma possibilidade”, dada a procura atual. Isto, lembrando que “cada moeda eletrónica tem características que a tornam única” e a Ethereum permite a criação de aplicações e contratos [smart contracts, ou transações que só se processam caso se cumpram certas condições] que não são possíveis com a bitcoin“, despertando o interesse de vários programadores e investidores.

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Nazaré e Celorico da Beira na corrida para “pior pagador”

  • ECO
  • 16 Setembro 2017

A lei define um prazo máximo de pagamento dos municípios aos seus fornecedores de 60 dias. No entanto, 59 câmaras ultrapassam essa barreira em vários meses.

São 59 os municípios que não respeitam os prazos de pagamentos previstos na lei, revelam os dados relativos ao segundo trimestre de 2017 apurados pela Direção-Geral das Autarquias Locais. Enquanto o prazo máximo de pagamentos não deve ultrapassar os 60 dias, vários municípios chegam a demorar mais de dois anos para saldar as suas contas com os fornecedores.

O concelho da Nazaré lidera a lista dos municípios que mais demoram a pagar. No último trimestre, o município do distrito de Leiria demorou 952 dias a efetuar os seu pagamentos, período que entretanto tem vindo a descer. Uma das razões para esta redução poderá ser o recente recurso a um empréstimo de 33,2 milhões de euros ao abrigo do Plano de Apoio à Economia Local em junho. Seguem-se Celorico da Beira, que demora 944 dias, Portimão com 866 e Paços de Ferreira com 533 dias.

Fonte: Direção-Geral das Autarquias Locais

Da lista de 59 municípios que ultrapassam os 60 dias (e para os quais há dados disponíveis), 24 pioraram no cumprimento dos prazos de pagamentos, com Celorico da Beira novamente em destaque, desta vez pelo maior crescimento, com um aumento de 51 dias nos prazos. Seguem-se Porto Santo com mais 37 dias e Tarouca com um aumento de 31 dias relativamente ao prazo registado no trimestre passado. Por outro lado, Portimão registou uma diminuição nos seus prazos de pagamento em 255 dias, Nazaré reduziu 182 e Évora melhorou o seu prazo por 159 dias.

De forma a regular a saúde financeira dos municípios, o governo de Passos Coelho aprovou em 2012 a criação do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL). A legislação em vigor contempla a entrada no programa de todos os municípios que estejam em dificuldades financeiras e que registem prazos de pagamentos superiores a 90 dias. Segundo a lista mais recente da Direção-Geral das Autarquias, 43 municípios excedem esse prazo.

A fama de “mau pagador” não se limita a alguns concelhos. O próprio país aparece mal colocado nos rankings internacionais. De acordo com o ‘Relatório Europeu de Pagamentos 2017’ da consultora Intrum Justitia, Portugal é o segundo país que apresenta maiores atrasos no setor público, de 95 dias em média. O nosso país é apenas ultrapassado pela Grécia, onde a demora dos pagamentos se prolonga por 103 dias. Já no que toca ao Índice de Risco de Pagamentos, Portugal lidera a lista entre os países europeus.

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Meo e Nos têm acesso a dados de clientes da EDP

  • ECO
  • 16 Setembro 2017

Meo e Nos estarão a contactar clientes da EDP sem serviço de comunicações para captarem novos subscritores. CNPD conhece casos e aponta o dedo a outras empresas contratadas por estas operadoras.

As operadoras Nos e Meo estarão a usar dados de clientes da EDP para efeitos de angariação de novos subscritores, revela uma investigação do Expresso [acesso pago] publicada na edição deste sábado. Segundo o semanário, várias pessoas são contactadas por estas operadoras a sugerir a subscrição de serviços de comunicações ou televisão após firmarem um contrato com a EDP Comercial.

O jornal relata situações em que clientes sem subscrição de pacotes de telecomunicações, pouco tempo depois de assinarem ou renovarem contratos com a energética nacional, são contactados pelas operadoras que lhes propõem os seus serviços. Num dos casos detalhado pelo jornal, que envolveu um telefonema da Nos após renovado um contrato com a EDP, o interlocutor assumiu trabalhar para a Nos através da empresa de trabalho temporário Randstad.

O semanário relata ainda outro caso em que um novo cliente da EDP passou a ser contactado pela Meo e pela Nos, mesmo tendo indicado no contrato a recusa em cedência de dados pessoais a terceiros. A justificação dada ao cliente por ambas as operadoras para a posse do número de telefone terá sido a mesma: o contacto foi gerado pelo computador, embora não seja claro como é que a operadora faz essa seleção só de pessoas que ainda não são suas clientes.

Fonte da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) confirmou ao jornal ter conhecimento deste tipo de ocorrências, mas sublinhou que a alegada partilha de dados parece estar a ocorrer ao nível das empresas externas às quais estas companhias recorrem. Certo é que ninguém assume as culpas. A Randstad atira a bola para as empresas que a contratam, alegando serem elas a fornecer “todos os contactos”.

a Nos garantiu ao jornal não ter “qualquer acordo de partilha de dados de clientes com o grupo EDP, mas admitiu já ter recebido reclamações por contactos não solicitados para efeitos de angariação de subscritores. A Meo disse também desconhecer que “algum dos seus parceiros comerciais” possa ter algum acordo com a EDP de partilha de dados pessoais.

Fonte da EDP também disse ao Expresso que tem como prioridade a “salvaguarda dos dados” dos clientes e que acessos ilegais a estas informações são reportados às autoridades. Segundo o jornal, a CNPD sabe que a elétrica levou a cabo uma investigação interna relacionada com este tipo de casos, e que foram apresentadas queixas às autoridades.

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António Costa: a direita “não fez e nós fizemos”

  • Lusa
  • 16 Setembro 2017

O primeiro-ministro disse este sábado que foi o Governo do PS que “virou a página do 'lixo'" em Portugal. A direita"não fez e nós fizemos", disse António Costa.

O secretário-geral do PS, António Costa, afirmou este sábado que foi o Governo PS que “virou a página do ‘lixo’”, em resposta à reação dos partidos da Direita sobre a subida do país nas avaliações das agências internacionais de ‘rating’. “A Direita bem pode dizer que teria feito o mesmo. Há uma coisa que nós sabemos: não fez e nós fizemos”, vincou o líder socialista e primeiro-ministro num comício de apoio à candidatura do PS à Câmara de Bragança, um concelho PSD há 20 anos.

Costa sublinhou que é “importante” como foram alcançados estes resultados, não aumentando impostos e não cortando salários e pensões”. “Tivemos melhores resultados com menos sacrifícios para os portugueses e portuguesas”, insistiu. Costa apontou o “reconhecimento” do Fundo Monetário Internacional (FMI) do “progresso que Portugal” fez e o facto de “as agências de ‘rating’ estarem a reconhecer” que o país está “no caminho positivo”, lembrando que ainda na sexta-feira uma agência, a Standard & Poors (S&P), retirou Portugal do nível ‘lixo’”.

“Muitos diziam que, não só isto não era possível, como era preciso agravar a austeridade com cortes de 600 milhões de euros nas pensões”, declarou, lembrando que o Governo socialista fez o contrário, repondo rendimentos nos salários e pensões., O líder socialista referiu ainda que Portugal está a crescer mais do que a União europeia e que vai ter, em 2017, “o maior crescimento desde o início do século”. “Graças a esse crescimento, temos vindo a cumprir a nossa principal meta: emprego, emprego, emprego”, afirmou, vincando que “não se trata de emprego precário, mas contratos definitivos com mais e melhor qualidade de vida”.

António Costa afirmou ainda que a “população ativa está a aumentar e os jovens a deixarem de emigrar”, considerando que “hoje há mais gente disponível para trabalhar porque está a acreditar que vai ter futuro e trabalho em Portugal”. O líder socialista prometeu continuar “a estratégia de redução do défice para reduzir a dívida” e “melhorar as condições de vida dos portugueses e portuguesas”. “Para continuar este caminho, nós precisamos de todos e destes territórios como Bragança, que ao longo dos anos nos habituámos a chamar de terras do Interior”, continuou.

Em Bragança, o comício socialista de apoio à candidatura de Carlos Guerra contou com uma comitiva do PSOE da província espanhola de Zamora. António Costa lembrou a posição de Bragança junto à fronteira com Espanha, “que alarga o mercado de 10 para 60 milhões de pessoas”.

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Com subida do rating, Portugal já pensa emitir dívida na China

Mário Centeno confirmou que os planos para emitir dívida na moeda chinesa deverão estar concluídos em breve. IGCP fica com a porta escancarada depois da saída de Portugal do "lixo".

O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, com o homólogo chinês, Li Keqiang em 2016NAOHIKO HATTA / POOL

A dívida pública portuguesa já não é “lixo” para a Standard & Poor’s (S&P). Portugal estava preso por um fio ao programa de compra de ativos do banco central, na medida em que, entre as quatro agências reconhecidas pelo BCE, só a pequena agência canadiana DBRS colocava o país num grau de investimento. Agora, com duas agências a reconhecer qualidade nas obrigações do Tesouro português, e outras duas com perspetivas positivas em relação ao país, o IGCP estará prestes a fechar os planos de emissão de dívida portuguesa… na China.

Foi em maio que surgiu, pela primeira vez, a notícia: Mário Centeno disse que Portugal estava a preparar-se para emitir títulos de dívida pública em renmimbi, a moeda chinesa. “É uma forma de alargar a nossa base de investidores e de atrair financiamento”, disse o ministro das Finanças na altura. Desde então, muita água correu por debaixo da ponte: primeiro, a Fitch elevou o outlook do país para “positivo”, abrindo a porta a uma subida da notação no próximo dia 15 de dezembro, a data marcada para a próxima avaliação.

Segundo, a própria Moody’s, a mais maldisposta das agências de rating, também já elevou a notação atribuída à dívida pública portuguesa, embora não tenha previsto qualquer revisão à avaliação dada ao país até ao final do ano. Agora, com a decisão inesperada da S&P de realizar uma subida o rating sem sequer assinalar essa decisão com uma melhoria do outlook, como costuma acontecer, coloca Portugal mais perto de emitir dívida pública a piscar o olho aos investidores chineses.

Esta sexta-feira, a própria Bloomberg, numa entrevista a Mário Centeno, indica que o ministro confirmou que os planos de emissão de dívida pública na China estarão “concluídos em breve”. Em julho, Cristina Casalinho, presidente do IGCP, afirmou no Parlamento que a entidade que gere as contas públicas e as emissões de dívida já tinha feito os primeiros contactos para levar avante essa ambição.

Ora, com tudo isto, o Tesouro nacional parece estar muito próximo de iniciar as primeiras emissões de dívida pública na China, um passo que tornaria Portugal no primeiro país da Zona Euro a emitir títulos na divisa chinesa. Restam dúvidas? Olhe-se para todo o investimento que os chineses têm feito em Portugal nos últimos anos.

E convém não esquecer uma coisa: no domingo de 27 de agosto, o comentador social-democrata Luís Marques Mendes garantiu, no seu espaço de comentário na SIC, que a Dagong, uma das principais agências chinesas de notação financeira, poderá também retirar Portugal do “lixo” ainda este ano. Desde 16 de agosto que a Dagong coloca Portugal na categoria mais acima entre as notações de investimento especulativo.

Ora, se o país sair do “lixo” também aos olhos dos investidores chineses, Cristina Casalinho e Mário Centeno terão mais uma porta aberta para captar investimento para o Tesouro português. É esperar para ver o que acontece.

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Portugal está determinado a tributar compras online

  • Lusa
  • 16 Setembro 2017

Portugal junta-se a um grupo de Estados-membros da União Europeia que quer tributar já a economia digital. O país "estará muito ativo nestes trabalhos", garante o Governo, falando em "justiça".

Portugal decidiu juntar-se a uma iniciativa de alguns Estados-membros da União Europeia que desejam avançar o quanto antes com um modelo de tributação da economia digital, anunciou o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, em Talin.

À saída de uma reunião informal de ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin), na qual liderou este sábado a delegação portuguesa dado Mário Centeno já ter regressado a Portugal, António Mendonça Mendes referiu que, durante a discussão sobre este tema, anunciou que Portugal se junta a uma iniciativa liderada por França, Alemanha, Itália e Espanha, por uma questão financeira mas também de “justiça”.

“Estamos a falar de valores muito significativos. No dia-a-dia, o comércio eletrónico passou a fazer parte do nosso quotidiano: todos nós compramos livros pela internet, todos nós compramos viagens pela internet, todos nós publicitamos eventos em meios digitais, e por isso estamos a falar de muito dinheiro. E o dinheiro é muito importante, mas também é muito importante este sentimento de justiça: nós temos um setor económico novo, uma nova realidade, e ainda bem que temos essa nova realidade, mas essa nova realidade não está a ser tributada. Portanto, independentemente do valor, é uma questão de princípio”, declarou.

O secretário de Estado enfatizou que a questão da tributação da economia digital é “um problema global e uma nova realidade que não pode ser enfrentada por um Estado-membro sozinho” nem tão pouco apenas pela UE.

“É nesse quadro que os Estados-membros têm um grande consenso de tem que haver uma solução global. Estamos a trabalhar ao nível da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), que tem feito grandes progressos, mas apenas se pode esperar na próxima primavera um relatório, e por isso há um sentido de urgência relativamente a uma situação que é injusta, que é o facto de haver muitos rendimentos obtidos em diversas jurisdições mas não são aí tributados, é por isso necessário arranjar uma solução que, ainda que seja intermédia, permita fazer essa mesma tributação”, argumentou.

A iniciativa à qual Portugal agora se juntou, explicou, “propõe que, independentemente dos trabalhos em curso na OCDE e da necessidade de uma solução global, é necessário que a União aja e aja rápido”, e que se encontre “um modelo de tributação que permita tributar todo o rendimento gerado pela economia digital no espaço da União e depois exista uma chave de repartição de receitas que devolva aos Estados-membros onde esse rendimento tem origem essas mesmas receitas”.

Mendonça Mendes indicou que “Portugal teve posição muito firme relativamente a dois pontos, pois é importante fazer a tributação da economia digital mas é muito importante também perceber a importância que este setor tem para o dinamismo da economia e para a criação de emprego”.

Por um lado, Portugal defendeu a necessidade de se acautelar as pequenas empresas, no sentido de não se criar encargos administrativos inibidores e também evitar situações de dupla tributação; por outro, sustentou que “os trabalhos devem evoluir para uma consideração particular em relação às «start-ups»”, um setor muito ancorado na economia tecnológica e que não pode ser travado. “A nossa expetativa é que agora a Comissão possa fazer o seu trabalho, no Ecofin de dezembro possa haver uma decisão sobre qual o caminho que a UE irá seguir, e depois Portugal estará muito ativo nestes trabalhos”, concluiu.

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11 temas quentes que vão marcar a agenda do Parlamento

  • Lusa
  • 16 Setembro 2017

Arranca na segunda-feira mais um ano parlamentar. Das negociações do Orçamento, passando pelos incêndios e pelas cativações. Conheça os 11 temas principais que vão estar na agenda dos deputados.

O ano parlamentar arranca na segunda-feira, dia 18 de setembroPaula Nunes/ECO

O ano parlamentar, que começa na segunda-feira, será marcado pelas negociações do Orçamento do Estado de 2018, na Assembleia da República. Eis os temas que vão marcar a agenda parlamentar nos próximos meses.

1. Negociações para o Orçamento do Estado de 2018

O prazo para a entrega do Orçamento do Estado é 15 de outubro, mas o Governo já anunciou que o entregará dois dias antes, uma sexta-feira, no parlamento. Até lá, é tempo de negociação entre o Governo de António Costa e os partidos de esquerda que apoiam o executivo, PCP, BE e PEV, processo que já leva alguns meses.

Uma das reivindicações centrais dos partidos de esquerda centra-se na política fiscal e no aumento dos escalões do IRS (reduzidos durante a governação PSD/CDS), de modo a aliviar a carga dos impostos. Outro dos pontos centrais é o aumento do salário mínimo nacional para 600 euros, além do descongelamento das progressões na função pública, que, segundo foi noticiado nos jornais, o executivo poderá aceitar de forma gradual.

A oposição de direita, PSD e CDS, têm uma posição crítica desde já quanto ao que se vai sabendo do orçamento e o CDS já anunciou que vai propor uma descida do IRC para as empresas.

2. Incêndios de verão e o caso Pedrógão

Pela primeira vez em muitos anos, o parlamento fez uma sessão especial, em julho, para discutir o problema dos incêndios em Portugal e homenagear as vítimas dos fogos que devastaram Pedrógão Grande e a zona centro do país e fizeram pelo menos 64 mortos. O PSD propôs, o Governo aceitou e os partidos aprovaram a criação de uma Comissão Técnica Independente (CTI) que vai avaliar o que se passou naqueles dias de julho, estando prevista a divulgação no início de outubro.

O trabalho da comissão está a ser feito, sem, até ao momento, terem surgido fugas de informação sobre as conclusões. O incêndio de Pedrógão Grande, que deflagrou em 17 de junho e depois se propagaram a outros concelhos vizinhos, fez pelo menos 64 mortos, mais de 200 feridos e avultados prejuízos de milhões de euros e só foi extinto uma semana depois.

Outros grandes incêndios atingiram Portugal no verão, como os de Mação, Abrantes, Vila Real e Covilhã, mantendo-se polémicas como a das falhas no funcionamento do SIRESP – Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança. Na oposição, o CDS-PP tem sido o mais ativo a pedir a demissão da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, mas o primeiro-ministro, António Costa, tem apoiado a governante.

3. A polémica das cativações no orçamento

A aliança pouco comum pode acontecer no debate na especialidade do Orçamento: direita e esquerda, à exceção do PS, unirem-se para que o Governo passe a informar as cativações que pretende fazer no ano seguinte e qual o nível de cativações a cada momento.

O CDS tem prometido um projeto de lei sobre o assunto e PSD, PCP e BE já manifestaram a sua simpatia pela ideia. Vários jornais noticiaram a abertura do Governo de ponderar esta medida.

4. Reforma florestal

Depois de uma maratona de reuniões, muitas horas de discussão, o parlamento aprovou, em julho, parte do chamado pacote florestal, que ganhou importância depois dos incêndios de Pedrógão Grande. Foram aprovados vários diplomas, e chumbada uma lei do Governo para a criação de um banco de terras. E foi na sequência dos incêndios de verão que o próprio Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu um consenso político para a aprovação das leis.

Na Assembleia da República ainda aguarda votação na próxima sessão legislativa o diploma do Governo para criar benefícios fiscais para entidades de gestão florestal, que será discutido em conjunto com o projeto do BE para aprovar a constituição de unidades de gestão florestal, devido ao adiamento potestativo por parte do BE destas duas propostas de lei.

5. Furto de armamento em Tancos

O parlamento está a acompanhar, através da comissão de Defesa, os desenvolvimentos do caso do furto de armamento dos paióis da base de Tancos, em junho. O furto foi noticiado em 29 de junho e levou Assunção Cristas, líder do CDS-PP, a pedir a demissão do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, depois de expor o assunto ao Presidente da República, numa audiência, em julho.

As investigações judiciais estão em curso, mas foram já reveladas pelos jornais falhas no sistema de segurança e ronda no local onde estava o material militar, algum dele obsoleto, mas cuja lista foi revelada por um jornal espanhol.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi, por duas vezes, à base e, na última vez, em 04 de setembro, manifestou-se preocupado com o tempo que está a demorar a investigar o que se passou.

6. Provedor de Justiça, ERC e outras eleições

Na primeira conferência de líderes, o presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, chegou a sugerir uma data (finais de setembro) para se fazerem eleições de órgãos externos pendentes, como de um membro do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (CFSIRP), da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) e do Provedor de Justiça.

Face ao impasse, dado que estas eleições requerem o voto de dois terços dos deputados e obrigam a um acordo entre os dois maiores partidos, PS e PS, ficou acordado que se agendem estas votações em outubro, após as eleições autárquicas.

7. Banca e inquérito à Caixa

A banca vai continuar na agenda dos deputados no próximo ano, com a conclusão do inquérito parlamentar sobre a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o debate sobre a supervisão. Já em 19 de setembro começa o debate do pacote apresentado pelo PSD sobre supervisão bancária e financeira, a que se juntarão projetos de outros partidos, como o Bloco de Esquerda.

Em aberto está ainda a segunda comissão de inquérito, pedida potestativamente (de forma obrigatória) por PSD e CDS-PP, que tinha por objetivo apurar se “é verdade ou não que o ministro [das Finanças] negociou a dispensa da apresentação da declaração de rendimentos [de António Domingues, presidente da CGD]”, o que foi sempre negado pelo Governo.

Nas duas audições, Domingues afirmou que, de acordo com o seu juízo, a dispensa de declarações de rendimentos e património ao Tribunal Constitucional (TC) foi acordada com o ministro das Finanças ainda antes de aceitar o cargo e que, a certa altura, o Governo terá “deixado de ter condições políticas para manter o acordado”, o que resultou na sua demissão.

Por seu lado, o ministro das Finanças, Mário Centeno, assegurou que o compromisso assumido com o anterior presidente da Caixa foi sobre a exclusão do estatuto do gestor público, admitindo que a questão das declarações foi abordada mas de forma ocasional. A primeira comissão de inquérito terminou os seus trabalhos em julho, envoltos em polémica, depois de não terem sido aprovadas as conclusões devido à falta de deputados do PS.

8. Projetos pendentes: Leis eleitorais, alojamento local e descentralização para autarquias

O PSD promete retomar as suas propostas para a reforma do sistema político, que passam pela redução de deputados, consagração do voto preferencial e facilitação do voto em mobilidade. Foi tema das jornadas parlamentares, em maio, e o dossiê poderá avançar nesta sessão legislativa, definida como prioridade pelo novo líder parlamentar do PSD, Hugo Soares.

Pendentes na Assembleia da República estão ainda projetos do PS, PCP, BE e CDS sobre as regras, mais ou menos apertadas, para o alojamento local, fenómeno decorrente do crescimento do turismo em Portugal e tema que já dividiu os parceiros da maioria parlamentar de esquerda que apoiam o Governo.

9. À espera das propostas sobre eutanásia

O debate está aberto e em curso até final do ano. O Bloco de Esquerda tem um anteprojeto, que está discutir em debates espalhados pelo país e prometeu apresentá-lo durante esta legislatura, até 2019, após o processo de discussão em curso. O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), que tem um deputado, foi o primeiro a apresentar um projeto de lei sobre a morte assistida e o Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) também anunciou uma iniciativa neste sentido.

Um grupo de deputados do PS tem o acordo da direção do partido a apresentar uma iniciativa ou apoiar uma das já existentes ou a apresentar. À direita, o PSD já decidiu dar liberdade de voto, apesar de prometer uma posição oficial, e o CDS-PP é contra.

10. Comissão da Transparência continua

Os trabalhos da Comissão Eventual para o Reforço da Transparência em funções públicas foram prolongados e os partidos têm agora até meados de setembro para apresentar novas propostas de alteração legais, incluindo sobre o enriquecimento injustificado.

A comissão esteve a trabalhar em alterações a diversos diplomas, entre os quais a lei de controlo público de riqueza dos titulares de cargos políticos, lei dos crimes de responsabilidade dos titulares de cargos políticos, o regime jurídico de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos políticos e altos cargos públicos e o estatuto do deputado. Está ainda em discussão a criação de nova legislação para regulamentar o ‘lobby’ e para punir o enriquecimento injustificado.

11. Mudanças no financiamento de partidos avançam

Em abril, foi criado um grupo de trabalho no parlamento para rever a lei de financiamento dos partidos, que resultou num documento consensualizado entre os partidos. Esse documento prevê, nomeadamente, que a Entidade das Contas e Financiamentos Políticos deverá passar a aplicar as coimas por irregularidades nas contas partidárias e das campanhas eleitorais. Este documento espera ainda o acordo final dos grupos parlamentares para ganhar forma de projeto de lei.

No modelo atual, compete ao TC fazer um primeiro acórdão sobre as contas, que depois remete ao Ministério Público, órgão que promove a aplicação das coimas. Esta alteração vai ao encontro do que foi defendido no início deste processo pelo presidente do Tribunal Constitucional, Costa Andrade, num documento que dirigiu à Assembleia da República.

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