Como se definem as PME? Empresários dizem que critérios estão “ultrapassados”

A Comissão Europeia está a rever os critérios que definem as PME para perceber se ainda fazem sentido. Os empresários adiantam que os parâmetros estão "ultrapassados" e exigem mudanças.

Os critérios que definem as micro, pequenas e médias empresas (PME) ainda fazem sentido no atual quadro económico da União Europeia? Os empresários portugueses respondem com um redondo “não” e, descontentes, exigem a atualização dos parâmetros em causa. A Comissão Europeia, por sua vez, está a rever estes requisitos e a ouvir quem, todos os dias, tem de lidar com os seus contornos.

“É um conceito que já não se adapta à realidade das nossas empresas”, sublinha o diretor geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), em declarações ao ECO. Paulo Vaz explica que, ao serem definidas como PME, as empresas “acedem a um conjunto de vantagens” — nomeadamente a fundos comunitários específicos e a feiras internacionais — daí que esta discussão seja tão relevante.

Na opinião do representante, há agora duas opções em cima da mesa: “Ou tornam os critérios disjuntivos em vez de cumulativos ou sobem os tetos de todos os parâmetros para o dobro”. No atual quadro comunitário, não recebem o rótulo de “PME” as empresas com 250 ou mais trabalhadores, cujo volume de negócios anual exceda os 50 milhões de euros ou cujo balanço total anual exceda os 43 milhões de euros.

Deste modo, o líder da ATP defende que mesmo quando ultrapassem os 250 trabalhadores, as empresas devem manter o estatuto de PME, caso não tenham atingido os 50 milhões de euros de volume de negócios e não tenham chegado aos 43 milhões de euros de balanço.

Um alargamento dos tetos, sim, mas não de forma exagerada, sob pena de podemos alargar o número de PME à escala europeia, o que viria a virar-se contra elas próprias devido à pressão concorrencial.

Paulo Nunes Almeida

AEP

A segunda alternativa, defende o responsável, seria engordar as margens, de modo a que as empresas possam crescer as suas equipas sem arriscar perder o rótulo que tantas vantagens lhes traz.

“Quando falamos de uma Europa para europeus, não podemos estar a destruir as empresas sociais”, salienta, nesse sentido, o presidente da Associação Nacional de Indústrias de Vestuário e Confeção (ANIVEC). César Araújo conta que manter o teto de 250 trabalhadores é “esconder artificialmente” uma realidade de subcontratação e falhar o incentivo à indústria.

Apesar de rejeitar a ideia de alargar estas margens e preferir a exclusão total do critério relativo ao número de colaboradores, o responsável coloca-se ao lado de Paulo Vaz e defende como alternativa tornar os parâmetros disjuntivos. Neste momento, “não somos uma Europa para europeus”, diagnostica Araújo.

“Um alargamento dos tetos, sim, mas não de forma exagerada, sob pena de podemos alargar muito o número de PME, o que poderia virar-se contra elas próprias devido à pressão concorrencial“, acrescenta, em terceiro lugar, o presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP). Paulo Nunes de Almeida salienta que uma revisão neste sentido, se for feita “com bom senso”, pode “alargar o leque de empresas que podem beneficiar dos apoios”, o que será positivo.

O líder da AEP também se queixa da “desatualização” dos critérios em vigor, uma vez que se registaram “muitas mudanças” no tecido empresarial europeu.

A completa clarificação das várias regras e conceitos subjacentes à definição é crucial, para que todas as partes a compreendem facilmente.

Fonte oficial do IAPMEI

Além da revisão do critério relativo ao número de trabalhadores, Nunes de Almeida defende a abolição da cláusula que dita a perda deste estatuto quando uma PME é participada por um grupo que exceda os critérios em causa ou por uma capital de risco. “Hoje há uma tendência para umas empresas participarem noutras”, determina o representante.

“A completa clarificação das várias regras e conceitos subjacentes à definição é crucial, para que todas as partes a compreendem facilmente”, acrescenta fonte oficial do IAPMEI. O representante salienta que a “facilitação do acesso a apoios” e a “assertividade” são as “preocupações centrais” da agência.

PME conseguem crescer? A muito custo, dizem empresáriosPixabay

Como fazer crescer uma PME

“Ser pequeno faz sentido numa lógica industrial, porque se pode ser mais flexível, mas a verdade é que, quando se é pequeno, não se consegue negociar da mesma maneira“, começa por considerar Paulo Vaz. O líder da ATP explica, por isso, que é importante que as empresas ganhem escala para que possam contar com mais recursos financeiros e humanos.

E como se cresce em Portugal? Dificilmente, responde Vaz, até porque “o contexto não ajuda”. Neste quadro, o responsável recomenda o desenvolvimento da “economia de mercado” e a consolidação de uma “política fiscal mais estável”, para despertar “confiança de quem investe”.

O redimensionamento empresarial é o maior instrumento que sustenta o aumento da competitividade nacional.

José Eduardo Carvalho

AIP

“A rentabilidade de cada um tem a ver com políticas internas”, concorda César Araújo, que salienta que os “europeus deixaram de ser competitivos”.

“O redimensionamento empresarial é o maior instrumento que sustenta o aumento da competitividade nacional”, riposta, por sua vez, o presidente da AIP. José Eduardo Carvalho defende que esse deve ser um dos focos prioritários da programação dos fundos comunitários, de modo a que o redimensionamento seja, à semelhança da internacionalização, um “desígnio nacional”.

Para concretizar este objetivo, o representante recomenda que se incentive a cooperação entre grandes grupos fortemente internacionalizados e as “PME com potencial”. E no que diz respeito à inovação, Carvalho sublinha: “os fatores críticos da inovação não residem na dimensão das empresas, mas precisamente na adaptação do conhecimento às necessidades de procura global”.

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Problemas com compras online? É assim que pode reclamar

  • Juliana Nogueira Santos
  • 9 Junho 2018

Uma em cada três compras online correu mal no ano passado. Se foi o seu caso, saiba que há várias formas de reclamar os seus direitos.

Uma em cada três pessoas que utilizou a internet para comprar produtos ou serviços no ano passado chegou ao fim do processo com algum tipo de problema. As queixas mais comuns são relacionadas com a demora ou os enganos na entrega, os erros no pagamento ou no pedido. Mas como reclamar?

Os números da Direção-Geral da Justiça e dos Consumidores da Comissão Europeia mostram que, ainda que as plataformas online sejam utilizadas por 57% dos consumidores europeus, muitos não reclamam junto das entidades responsáveis, não fazendo assim valer os seus direitos enquanto consumidores.

A maioria das reclamações em Portugal é sobre bens no campo das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação), que somaram 13% das queixas, seguidas pelo vestuário e calçado, com 11% queixas, e a aviação (7%).

No resto da Europa, a principal queixa (11,9%) dos consumidores relacionou-se com as companhias aéreas, em Portugal apenas o terceiro motivo de reclamação.

Mas, então, como reclamar?

A nível europeu

Lançada há dois anos, a plataforma de Resolução de Litígios em Linha quer facilitar a resolução de conflitos entre consumidores e comerciantes fora dos tribunais, sempre que os bens ou serviços são adquiridos online. Com mais de quatro milhões de visitas e 50 mil queixas, a plataforma da Comissão Europeia garante que cada reclamação é tratada por uma entidade de resolução independente.

Para apresentar uma reclamação, é necessário aceder à plataforma e preencher o questionário com os dados do comerciante, a descrição das reclamações e os seus dados. Tudo isto pode ser feito em português ou nas mais de vinte línguas que são suportadas. Depois de apresentada a queixa, a entidade de resolução tem 90 dias para chegar a um resultado.

Interface da plataforma europeia para os litígios em compras online.DR

A nível nacional

Sempre que tenha uma reclamação relacionada com compras online, também pode recorrer aos meios nacionais para a resolver. A ferramenta estatal para fazer valer os seus direitos é a Direção Geral do Consumidor. Esta entidade presta atendimento telefónico a pessoas singulares através do telefone 213847483.

Também a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) tem já recebido várias queixas através de todos os seus canais. Em 2017, recebeu uma média de quatro queixas por dia.

Para reclamar, pode telefonar para os escritórios da Deco, onde poderá pedir ajuda aos juristas ou apresentar através da internet. No primeiro caso, o número é o 211215750, sendo que para fazer através do portal é necessário um registo no site. O serviço é gratuito para toda a gente, tanto para associados como para não-associados.

Na internet

Se os canais tradicionais não estão a funcionar, a sua solução pode passar pelo Portal da Queixa. A maior rede social de consumidores afirma ser um “canal isento e de referência na internet para a partilha de experiências, soluções e informação em matéria de consumo”. Nesta é apenas necessário criar uma conta gratuita e apresentar a reclamação.

Após preenchimento dos dados, a marca é notificada por email, para que dê uma resposta ao consumidor. Quem responde às reclamações não são os gestores da plataforma, mas sim as marcas.

Em 2017, foram registadas 8.538 reclamações nesta plataforma pelos consumidores referentes a compras online, o que representa um aumento de 136% face a 2016. Entre os setores que são alvo de mais queixas estão os setores da tecnologia, televisão e eletrodomésticos e das viagens, turismo e lazer.

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Jerónimo responde a Marcelo: “PCP não assina cheques em branco”

  • Lusa
  • 9 Junho 2018

O líder do PCP respondeu ao que considerou serem "desabados" do Presidente da República, que disse esperar "bom senso" dos partidos nas negociações do Orçamento do Estado para 2019.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, reagiu ao que qualificou de “desabafos” do Presidente da República, recusando pressões sobre os comunistas relativamente ao Orçamento do Estado para 2019, frisando que não assinam “cheques em branco”. “Em relação a esses desabafos do senhor Presidente da República: que fique claro que o PCP nunca assinou nem assinará cheques em branco. Escusam de pressionar porque o PCP, de uma forma autónoma, com as suas propostas, com a sua opção política, naturalmente, decidirá com essa independência”, defendeu Jerónimo de Sousa.

O líder comunista falava aos jornalistas em Lisboa, junto à praça do Saldanha, onde passava uma manifestação convocada pela central sindical CGTP para exigir a valorização do trabalho e dos trabalhadores e o aumento de salários. O Presidente da República considerou este sábado que haverá “bom senso” entre os partidos na Assembleia da República para não criar uma crise política, numa altura em que a União Europeia vive um momento difícil.

Relativamente ao Orçamento do Estado (OE) para 2019, o secretário-geral do PCP disse não querer “fazer juízos de valor”, porque “o processo encetou-se agora”, nas negociações entre os comunistas e o Governo, estando ainda numa “fase muito inicial”, sem que haja uma proposta de Orçamento. “Continuamos a assumir o compromisso que temos, que é o exame comum da proposta de Orçamento, e, naturalmente, será perante o produto acabado que agiremos em conformidade e determinaremos o nosso sentido de voto”, acrescentou.

Jerónimo de Sousa considerou que a manifestação da CGTP deste sábado é a expressão do que se passa em “muitas empresas e locais de trabalho, com um sentimento de grande ação reivindicativa” e também de “inquietação relativamente aquilo que o Governo pretende apresentar na Assembleia da República em matéria de legislação laboral”. Essas propostas, disse, confirmam “todo um processo histórico das últimas décadas”, segundo o qual “sempre que o PS converge com o PSD, há menos direitos para quem trabalha”.

“É nesse sentido que a CGTP convocou esta grande manifestação, mantendo esta ideia positiva de lutar por melhores condições de vida e salários, independentemente de levar ao questionamento de um processo de alteração das leis do trabalho em que, nalgumas matérias, contra as expectativas dos trabalhadores, consegue fazer uma coisa impensável, que é piorar aquilo que está”, argumentou.

Questionado sobre o reflexo do descongelamento de carreiras, como as dos professores, na forma como decorrerão as negociações para o OE de 2019, Jerónimo de Sousa disse que “é um elemento que pesa”. “A única questão é encontrar forma de disponibilidade financeira para assumir e concretizar um compromisso que o Governo minoritário do PS assumiu na discussão do Orçamento do Estado. Não se trata de reivindicar, trata-se de concretizar um compromisso que foi assumido pelo Governo minoritário do PS”, sustentou.

 

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Sonae usa Cartão do Continente para fidelizar investidores no retalho português

A Sonae está a acelerar o processo de colocação em bolsa do negócio do retalho. Já está a fazer contactos com os investidores, vendendo a liderança nas lojas físicas, mas também no online.

A Sonae está a dar passos largos rumo à dispersão do negócio do retalho em bolsa. Do processo de intenções, passou aos atos, avançando com contactos com potenciais investidores. Procura atraí-los para a empresa que detém o Continente, mas também o Meu Super, e lojas como a Well’s, com a liderança no mercado. Até o Cartão Continente é utilizado para tentar fidelizar investidores, numa altura em que os clientes começam a passar para o online onde… a empresa de Paulo Azevedo também tem uma palavra a dizer.

A ideia de colocar o retalho no mercado de capitais já não é nova, mas só foi tornada pública em março. Recentemente, a empresa veio esclarecer que a unidade a dispersar em bolsa inclui também os ativos imobiliários que albergam as lojas, mas o processo ganha agora novo fôlego com o arranque dos encontros com investidores. Na CMVM, a Sonae deu a conhecer a apresentação que está a fazer aos potenciais interessados. São 26 páginas em que mostra que esta nova cotada é uma “proposta de investimento sólida”.

O que está incluído? Quem comprar ações da nova empresa (os pequenos investidores estão arredados do processo nesta fase inicial) vai passar a ser “dono” de, ao todo, “697 lojas geridas pela Sonae, em que mais de 40% dos ativos imobiliários são detidos pela Sonae MC”. Do Continente são em menor número, ainda que sejam as lojas de maior dimensão. A maioria são do Continente Modelo (um total de 133), enquanto do Meu Super chegam quase a 300.

 

Continente (Modelo e Bom Dia) são as estrelas na alimentação

Estas centenas de lojas, parte delas com o espaço físico incluído, permitem à Sonae uma forte presença geográfica que lhe garante a posição de liderança que este negócio tem em Portugal, com “uma quota de mercado de 22%” no retalho alimentar, ficando à frente do Pingo Doce, da rival Jerónimo Martins. “É um dos mercados com maior crescimento na Europa”, tendo uma “taxa de penetração abaixo da média”, refere.

Às lojas do retalho alimentar juntam-se outros formatos, nomeadamente a Well’s (198) e a Bagga (129), que engrossam de forma expressiva o número de lojas que a empresa vai incluir no negócio que procura fazer com os novos investidores. E com estas vem a mais recente aposta da Sonae, o ZU, específico para os animais.

Da Well’s à Note, até ao ZU

Todas estas lojas recebem milhões de clientes, sendo que muitos deles são fiéis às insígnias da Sonae. E esse é também um ponto forte destacado pela empresa coliderada por Paulo Azevedo na apresentação aos potenciais investidores. Para o demonstrar, recorre ao Cartão Continente, descrito como um programa com uma “inigualável base de clientes, cobrindo cerca de 85% das famílias portuguesas”. Há 3,7 milhões destes cartões.

O Cartão Continente, que “proporciona um conhecimento abrangente da nossa base de clientes”, é utilizado na maioria das compras feitas pelos portugueses nas lojas do grupo. “88% das vendas da Sonae MC são feitas utilizando o cartão de fidelização Continente”, refere a empresa na apresentação para os investidores.

Do físico ao digital…

O negócio do retalho é, atualmente, muito dependente dos espaços físicos, mas o futuro será cada vez mais digital. E a Sonae “vende” aos investidores essa aposta. A “Sonae MC é o líder incontestado em comércio eletrónico para retalho alimentar em Portugal”, refere a empresa, salientando que tem 22% de quota do mercado, mas quando se olha apenas para o digital essa quota dispara. “É o claro líder de mercado em Portugal com cerca de 70% quota de mercado”, destaca.

Conta com mais de 500 mil clientes registados na app do Continente, onde é possível fazer as encomendas, sendo que o próprio Cartão Continente está a começar a ser desmaterializado. A “nova aplicação móvel digital lançada em fevereiro de 2018 que já conta com mais de 300 mil utilizadores”, refere a Sonae.

…sempre a faturar

Seja através das lojas físicas, seja da plataforma online, relevante para os investidores é a capacidade de a Sonae de crescer. E isso é sublinhado pela empresa, com muitos gráficos. O negócio do retalho apresenta um “perfil de crescimento atrativo baseado num sólido desempenho das vendas like for like [numa base comparável] e num forte plano de expansão”. Registou um crescimento de 5,3%.

 

O retalho obteve receitas de 4,1 mil milhões de euros no último exercício anual, bem como um EBITDA de cerca de 303 milhões, refere a Sonae, notando não só que esta é uma empresa com um “perfil financeiro sólido”, como tem uma estratégia de crescimento bem delineada, sendo esta “executada por uma equipa de gestão extremamente experiente”.

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Spotify corta nos intermediários. Está a fechar acordos diretos com os artistas

A plataforma de música Spotify está a fechar acordos diretamente com os artistas, sem passar pelas editoras. Pagamentos em avanço chegam às "centenas de milhares de dólares".

A empresa sueca Spotify começou a fechar acordos diretamente com artistas, sem passar pelas editoras.Pixabay

O Spotify começou a obter licenças para algumas músicas diretamente junto dos managers ou dos artistas, sem passar pelas editoras, uma prática que deverá colocar o serviço de streaming em concorrência direta com estas empresas intermediárias. A startup sueca estará a oferecer pagamentos em avanço de “várias centenas de milhares de dólares” por conjuntos de faixas.

A notícia foi avançada pela Billboard, que indica que estes acordos permitem ao Spotify pagar royalties ligeiramente mais baixas aos artistas, sendo que estes acabam por receber o pagamento mais cedo do que através do método tradicional e sem comissões ou outros custos para com as empresas intermediárias. Por norma, o que o Spotify faz é licenciar as músicas junto das editoras, pagando taxas de direitos de autor consoante a popularidade das músicas e dos artistas na plataforma.

De acordo com a Recode, este método de licenciamento não confere ao Spotify outros direitos para além da possibilidade de as faixas constarem na plataforma. Além disso, estes acordos não dão à empresa sueca direitos de exclusividade, nem existirão intenções de os firmar com grandes artistas internacionais — o que, caso acontecesse, resultaria numa autêntica guerra entre a empresa e as principais editoras de música.

No Spotify, os utilizadores podem pagar um custo de cerca de 6,99 dólares (6,99 euros em Portugal) pelo serviço, ou optarem pela modalidade gratuita. Neste último formato, o Spotify gera as receitas através da publicidade.

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Milhares desfilam em Lisboa. Exigem valorização do trabalho e aumentos salariais

  • Lusa
  • 9 Junho 2018

Milhares de pessoas participam este sábado numa manifestação promovida pela CGTP. Exigem uma maior valorização do trabalho e aumento do salário mínimo para 650 euros.

Milhares de pessoas estão a marchar em Lisboa, entre o Campo Pequeno e o Marquês de Pombal, numa manifestação convocada pela central sindical CGTP para exigir a valorização do trabalho e dos trabalhadores e o aumento de salários. Cerca das 15h30, os milhares de pessoas que se concentraram junto à praça do Campo Pequeno arrancaram pela avenida da República em direção ao Marquês de Pombal, onde a manifestação terminará com uma intervenção secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, que deverá anunciar novas formas de luta.

Cartazes, bandeiras da CGTP, faixas e balões coloridos acompanham os manifestantes no desfile, que reivindicam, entre outras coisas, o fim da precariedade e o aumento geral dos salários e do salário mínimo nacional para 650 euros. Juntos sob o lema “Lutar Pelos Direitos, Valorizar Os Trabalhadores!”, os manifestantes chegaram a Lisboa desde vários pontos do país. Segundo a direção da Intersindical, foram contratados mais de 150 autocarros e quatro comboios com partida do Porto para transportar trabalhadores até Lisboa.

A manifestação foi convocada para defender a necessidade de valorização do trabalho e dos trabalhadores, através de uma melhor distribuição da riqueza e da melhoria das condições de vida e de trabalho. Com o recente acordo de concertação social para a revisão do Código do Trabalho, a CGTP considera que existem agora motivos acrescidos para o protesto.

Na segunda-feira, o Governo aprovou a proposta de lei para alterar o Código de Trabalho, nomeadamente reduzir o limite dos contratos a prazo e aumentar a duração do período experimental, na sequência do acordo de concertação social de 30 de maio, a que a CGTP não aderiu por o considerar “contrário aos interesses e direitos dos trabalhadores”.

O aumento geral dos salários, a fixação do Salário mínimo nos 650 euros em janeiro de 2019, o fim da caducidade das convenções coletivas “e de outras normas gravosas da legislação laboral”, a reposição do princípio do tratamento mais favorável, as 35 horas de trabalho semanal para todos, o fim da precariedade, o aumento das pensões e a reposição dos 65 anos como idade legal da reforma são as principais reivindicações da Intersindical.

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Marcelo espera “bom senso” dos partidos nas negociações do Orçamento do Estado

  • Lusa
  • 9 Junho 2018

O Presidente da República disse este sábado que o país não deve temer uma crise política porque sabe que os partidos vão ter "bom senso" nas negociações do Orçamento do Estado.

O Presidente da República considerou este sábado que haverá “bom senso” entre os partidos na Assembleia da República para não criar uma crise política, numa altura em que a União Europeia vive um momento difícil.

“Todos sabem como este momento europeu é um momento difícil, que obriga a decisões difíceis, que são complicadas para todos, também para Portugal. Ninguém quer juntar às complicações que vêm de fora complicações de dentro. Esse bom senso faz com que não haja a temer qualquer tipo de crise ou qualquer tipo de problema com o Orçamento de Estado” de 2019, adiantou.

Marcelo Rebelo de Sousa falava à margem das comemorações do 10 de Junho, em Ponta Delgada, em resposta a uma questão sobre a possibilidade de a aprovação do último Orçamento de Estado desta legislatura estar em risco, face a declarações recentes dos líderes do BE e do PCP, que dão apoio parlamentar ao Governo minoritário do PS.

O Presidente da República desvalorizou também o facto de os líderes da oposição não marcarem presença nas comemorações do 10 de Junho, que este ano decorrem entre Ponta Delgada, nos Açores, Boston e Providence, nos Estados Unidos.

“O senhor primeiro-ministro está comigo fisicamente, líderes como o líder do PSD e a líder do CDS estão espiritualmente, porque — e muito bem — com o meu conhecimento e a minha concordância viajaram para junto de comunidades portugueses da Guiné Bissau e de Timor-Leste, respetivamente. Os líderes do PCP e do BE estão em território físico de Portugal, naturalmente vibrando, não diretamente com as comunidades, mas com os portugueses que se encontram neste território físico”, salientou.

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Trump ameaça parar exportações para países com direitos aduaneiros

Donald Trump ameaçou este sábado travar as exportações para países que mantenham direitos aduaneiros sobre produtos com origem nos Estados Unidos.

Este sábado, Donald Trump ameaçou parar as exportações dos Estados Unidos, especialmente no setor agrícola, para países que mantêm a aplicação de direitos aduaneiros a produtos norte-americanos, como retaliação pelas medidas comerciais unilaterais dos EUA.

Na cimeira do G7, em Charlevoix, na província canadiana do Québeque, o Presidente dos Estados Unidos referiu que “é muito injusto” para os agricultores norte-americanos que outros países, como o Canadá e a Índia, imponham elevadas tarifas aos produtos dos EUA. Intransigente na defesa dos interesses comerciais norte-americanos, Trump afirmou que acabaram os dias em que outros países se aproveitaram comercialmente dos Estados Unidos.

O Presidente norte-americano vincou que os Estados Unidos farão “o que seja necessário” para que tenham relações comerciais “justas” com outros países.

A imposição de taxas aduaneiras às importações dos Estados Unidos de aço e alumínio da União Europeia, Canadá e México está a esgotar a paciência dos restantes membros do grupo dos sete países mais industrializados do mundo e dominou a cimeira do G7. Na quinta-feira, o Presidente da França, Emmanuel Macron, convocou uma reunião com os chefes de Governo da Alemanha, Itália e Reino Unido e com responsáveis da União Europeia — o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk — para analisar a questão.

G7 vai debater alterações climáticas… já sem Donald Trump

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deverá abandonar mais cedo a cimeira de líderes do G7, pelo que não irá participar nas reuniões onde irão ser abordados temas como as alterações climáticas e o aquecimento global, ou a saúde dos oceanos. A notícia foi avançada pela Reuters.

A agência fala em “fraturas”, com os países representados na cimeira a evidenciarem divisões não só nas questões ambientais como no dossiê do comércio internacional. O encontro, que decorre no Canadá, está a ser marcado pelos receios de uma guerra comercial entre aliados, que foi iniciada pela decisão de Trump de impor tarifas que deverão prejudicar a União Europeia, o Canada e o México. Tarifas essas que têm merecido retaliação.

O líder norte-americano “incendiou” o G7 antes mesmo do início do encontro, ao publicar uma série de tweets sobre questões comerciais que considera injustas para com os Estados Unidos, além de ter sugerido, de forma inesperada, que a Rússia deveria ser readmitida no grupo. Agora, as mais recentes informações indicam que Donald Trump deverá mesmo deixar a cimeira quatro horas mais cedo do que o previsto no início, perdendo assim a oportunidade de participar nas discussões acerca das questões ambientais.

Donald Trump deverá depois voar para Singapura, onde se aguarda um encontro histórico com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un. O encontro poderá marcar um aliviar das tensões geopolíticas entre os dois países, numa altura em que os Estados Unidos pressionam aquele país para que acabe com as suas ambições de ter armamento nuclear.

(Notícia atualizada às 16h33 com as exigências comerciais de Donald Trump perante os países com direitos aduaneiros)

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Dos contratos a prazo ao período experimental. Saiba tudo o que muda na lei laboral

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 9 Junho 2018

A proposta de lei que altera a legislação laboral e o Código dos Regimes Contributivos já chegou ao Parlamento. O que propõe o Executivo?

Entre restrições aos contratos a prazo a um novo banco de horas por acordo de grupo, são várias as alterações ao Código do Trabalho que o Governo defende. A proposta de lei que altera a legislação laboral já chegou ao Parlamento e também introduz novidades no Código dos Regimes Contributivos. Veja aqui as principais alterações.

Contratos a prazo e temporários

  • A duração máxima dos contratos a termo certo baixa de três para dois anos. Continua a ser possível fazer três renovações, mas, com as novas regras, a duração total destas não pode exceder a do período inicial do contrato.
  • Além da satisfação de necessidades temporárias, a legislação já admite a contratação a termo noutros casos concretos, mas vão ser introduzidas novas restrições. Desaparece da lei a possibilidade de contratar a prazo, mas para postos permanentes, trabalhadores à procura de primeiro emprego e desempregados de longa duração, sendo a norma admitida apenas para desempregados há mais de dois anos. E, abaixo do atual limiar, será possível contratar a prazo em caso de início de funcionamento de empresa ou estabelecimento pertencente a empresa com menos de 250 trabalhadores (hoje, 750).
  • A duração máxima dos contratos a termo incerto baixa de seis para quatro anos.
  • As convenções coletivas de trabalho não podem afastar o regime de contrato a termo previsto na lei, exceto no que toca ao elenco de motivos que constituem necessidade temporária da empresa e ao artigo relativo a preferência na admissão.
  • Os contratos de trabalho temporário passam a ter um limite de renovações — seis —, exceto quando celebrados para substituição de trabalhador ausente ou temporariamente impedido de trabalhar.
  • As alterações no que respeita à admissibilidade, renovação e duração dos contratos a termo, bem como à renovação dos contratos de trabalho temporário, não se aplicam a contratos celebrados antes da entrada em vigor da lei. Ou seja, só afetam futuros contratos.

Contratos de muito curta duração e trabalho intermitente

  • É alargado, de 15 para 35 dias, a duração máxima dos contratos de muito curta duração que, atualmente, abrangem atividade sazonal agrícola e eventos turísticos. De acordo com a proposta de lei, o regime passa a dizer respeito a situações em que existe “acréscimo excecional e substancial da atividade de empresa cujo ciclo anual apresente irregularidades decorrentes do respetivo mercado ou de natureza estrutural que não seja passível de assegurar pela sua estrutura permanente, nomeadamente em atividade sazonal no setor agrícola ou do turismo”.
  • No caso de trabalho intermitente, o período mínimo de prestação de trabalho desce de seis para cinco meses a tempo completo, por ano, dos quais pelo menos três meses (contra os atuais quatro) devem ser consecutivos. Se o trabalhador exercer outra função no período de inatividade, o valor daquele retribuição é deduzido à compensação a que tem direito.

Período experimental

  • No caso de contratos sem termo, o período experimental de 180 dias passa a ser aplicado a trabalhadores à procura do primeiro emprego e desempregados de longa duração. Atualmente, abrange trabalhadores que exerçam cargos de complexidade técnica, elevado grau de responsabilidade ou que pressuponham uma especial qualificação, bem como os que desempenhem funções de confiança.
  • Para efeitos de período experimental passa também a contar o contrato de estágio profissional para a mesma atividade.

Banco de horas

  • O regime de banco de horas individual desaparece, mas a proposta do Governo garante um período transitório. Os bancos de horas em aplicação na data de entrada em vigor da lei cessam no prazo de um ano.
  • Desaparece o banco de horas grupal instituído por acordo individual, mas é criada uma nova figura por acordo de grupo. O novo regime de banco de horas pode ser aplicado a toda a equipa ou secção se 65% dos trabalhadores abrangidos aprovarem, em referendo, o projeto. Quando o número de trabalhadores abrangidos for inferior a dez, o referendo é supervisionado pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT). O novo regime pode ser aplicado durante quatro anos mas também pode cessar antes, nomeadamente se, ao fim de dois anos, um terço dos trabalhadores solicitar novo referendo que resulte em chumbo.

Contratação coletiva

  • A denúncia das convenções coletivas deve ser acompanhada de fundamentação, quanto “a motivos de ordem económica, estrutural ou a desajustamentos do regime da convenção denunciada”. É estabelecido ainda um dever de comunicação perante a Administração do Trabalho.
  • Em caso de caducidade da convenção, também os regimes de parentalidade e segurança e saúde no trabalho continuam a produzir efeitos, além de outras matérias já previstas na lei.
  • A proposta do Governo indica que a convenção coletiva pode cessar por caducidade em caso de extinção de associação outorgante — sindical ou de empregadores. Mas introduz outras novidades. Por exemplo, caso se verifique a extinção voluntária ou a perda da qualidade de associação de empregadores outorgante de um contrato coletivo, passa a existir, para cada um dos empregadores filiados na associação, um acordo de empresa com o mesmo regime.
  • Se uma convenção coletiva aplicada por portaria de extensão cessar, mantém-se em vigor os efeitos de um conjunto de matérias previstas na lei, nomeadamente retribuição, duração do tempo de trabalho (e parentalidade ou segurança e saúde no trabalho, já na nova versão).
  • Qualquer das partes — patronal ou sindical — pode requerer ao Conselho Económico e Social arbitragem para suspender o período de sobrevigência da convenção. O objetivo é verificar se existe “probabilidade séria” de as partes chegarem a acordo para rever, parcial ou totalmente, aquela convenção. O período de sobrevigência pode ser suspenso até quatro meses.
  • As convenções coletivas só podem afastar as regras previstas na lei geral no âmbito do pagamento de horas extra se for em sentido mais favorável.
  • As disposições de instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho contrárias a normas imperativas do Código do Trabalho devem ser alteradas na primeira revisão que ocorra nos 12 meses depois da entrada em vigor da lei, sob pena de nulidade.

Nova taxa

  • É criada uma Contribuição Adicional por Rotatividade Excessiva, que ainda tem de ser regulamentada. Ainda assim, a proposta atira a produção de efeitos para janeiro de 2019. A nova taxa nasce de um aditamento ao Código dos Regimes Contributivos. Aplica-se a pessoas coletivas e singulares com atividade empresarial que apresentem um peso anual de contratação a termo superior à média do setor, indicador que deve ser publicado no primeiro trimestre do ano a que respeita. A taxa, progressiva e até 2%, aplica-se sobre o total das remunerações base, em dinheiro ou em espécie, de contratos a termo resolutivo (o que abrange a termo certo e incerto). Fora desta contribuição ficam contratos celebrados para substituir trabalhador em licença de parentalidade ou de baixa há mais de 30 dias, bem como contratos de muito curta duração e, ainda, “contratos obrigatoriamente celebrados a termo resolutivo por imposição legal ou em virtude dos condicionalismos inerentes ao tipo de trabalho ou à situação do trabalhador”. Falsas declarações sobre o tipo de contrato que visem isentar o empregador da nova taxa constituem contraordenação muito grave.

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Paula Amorim: “Há muita gente a querer comprar a Galp”

  • ECO
  • 9 Junho 2018

A filha do empresário Américo Amorim, que é hoje a chairman da Galp, deu uma entrevista de vida ao Expresso onde também revela que há quem queira comprar a petrolífera portuguesa.

Existem vários interessados na compra da Galp Energia, disse Paula Amorim, chairman da petrolífera portuguesa. “Há muita gente a querer comprar”, afirmou a gestora e empresária portuguesa, recusando avançar com nomes. “Temos vários contactos, e não lhes posso falar de identidades, porque as solicitações vêm de vários bancos, que também fazem a sua especulação”, afirmou Paula Amorim numa entrevista ao semanário Expresso (acesso pago).

O jornal entrevistou a filha de Américo Amorim na mesma semana em que se soube que a gestora foi convidada para participar na próxima reunião de Bilderberg, um dos clubes mais influentes e mais secretos do mundo, que promove reuniões à porta fechada com alguns dos maiores líderes mundiais. É também a primeira grande entrevista de vida à gestora portuguesa, numa altura em que falta pouco mais de um mês para se assinalar um ano desde que morreu Américo Amorim, o empresário do norte, fundador da Corticeira Amorim, que ficou conhecido por “rei da cortiça”.

Sobre a participação da Amorim Energia na Galp, na qual a empresa do grupo Amorim detém 33,34% do capital, Paula Amorim garantiu que é “claramente” uma posição “para manter”. “Estamos na Galp há dez anos. Estamos envolvidos e comprometidos com a empresa. Para nós, é um investimento estratégico”, afirmou a chairman da Galp Energia, que é também a mulher mais rica do país, citada pelo Expresso.

O jornal perguntou à gestora se faz sentido procurar petróleo em Portugal. Paula Amorim congratulou-se que o “problema” político esteja “resolvido” e lembrou que o furo de prospeção de petróleo que vai ser realizado na costa vicentina “fica a 43 quilómetros de distância da costa”, pelo que “não há qualquer impacto visual”. Face à contestação da população, que se tem insurgido contra a procura de petróleo em Portugal, Paula Amorim falou em “falta de informação”. “Muitas vezes os assuntos não são bem explicados à opinião pública”, atirou.

Questionada também sobre se existe interesse de regressar à banca, Paula Amorim garantiu que, por agora, “não há nenhum interesse” e que o setor financeiro não é, “neste momento”, uma prioridade. No entanto, frisou que “não existem capítulos encerrados”, disse ao Expresso.

Paula Amorim tem vindo a desenvolver projetos nos setores da moda e do luxo, mas também da restauração, como é o caso do restaurante “JNcQUOI”, que abriu na Avenida da Liberdade durante o ano passado. Foi um assunto que também abordou na entrevista ao Expresso. “Trabalho neste segmento de mercado desde 2005, o que me dá sensibilidade e capacidade para poder aferir um eventual sucesso. Portanto, para mim, era evidente que um espaço como este teria todos os condimentos para ter sucesso. O que não esperava é que tivesse sido tão rápido”, confessou.

Américo Amorim não concordava com a incursão da filha por estes novas áreas de negócio, reconheceu Paula Amorim. “Com o que ele não estava de acordo era que eu tivesse um projeto empresarial só meu. Estando eu no grupo, não percebe essa necessidade”, disse Paula Amorim. “Comuniquei à família que tinha vontade de fazer um projeto meu, independentemente de continuar ligada ao Grupo Américo Amorim, e sentia-me capaz”, acrescentou, recordando que o pai reagiu “com alguma indiferença”. Para arrancar com os projetos, a empresária recorreu a financiamento da banca.

Perdi uma juventude, é verdade. Esse lado da vida universitária, dos amigos, das conversas de café, das saídas, das viagens… não tive isso. Rapidamente assumi muitas responsabilidades, porque gostei logo muito do contacto com o mundo do trabalho.

Paula Amorim

Paula Amorim prepara-se agora para abrir um clube em Lisboa, algo que tem vindo a desaparecer “porque não foram renovados”. “Acho que Lisboa tem todas as condições para um clube privado funcionar. É difícil sair à noite em Lisboa, poder acabar um jantar, ir a qualquer lado beber um copo e dançar. A mim, por exemplo, já não me apetece estar à espera para poder entrar no Lux. Quero jantar num sírio, subir para dançar e encontrar um ambiente onde veja pessoas que tenham gostos e interesses em comum”, desabafou.

Sobre os planos para o clube de Paula Amorim na capital portuguesa, a gestora disse que “vai ser um clube pequeno, com uma área de 400 m2, o que também obriga a limitar o número de membros”. A filha mais velha de Américo Amorim quer ainda abrir mais um restaurante na Avenida da Liberdade, assente num conceito asiático e “rodeado de um jardim”. “A ideia é trazer a cozinha de todos os países por onde passámos na Ásia durante os Descobrimentos e juntar o retalho com a restauração”, disse.

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“Não existe ninguém” à espera que Altice reponha comunicações nas zonas afetadas por incêndios

  • Lusa
  • 9 Junho 2018

O presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, garantiu este sábado que "não existe ninguém" nas zonas do país afetadas pelos fogos à espera da reposição das comunicações.

O presidente da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, afirmou este sábado que “não existe ninguém” nas regiões afetadas pelos incêndios que esteja à espera da reposição das comunicações, que não esteja já numa situação acordada com a empresa.

“É claro e inequívoco que não existe ninguém em Portugal que esteja neste momento à espera de reposição dos seus serviços que não seja numa situação já acordada connosco”, devido à sua disponibilidade ou porque não quer o serviço, disse Alexandre Fonseca, que falava aos jornalistas antes do início da corrida solidária promovida pela Altice, que juntou cerca de mil pessoas em Pedrógão Grande.

Segundo o presidente da operadora, há zonas onde ainda existem casas que não estão reconstruídas, famílias que ainda não voltaram às suas casas e emigrantes que só no verão regressam à sua terra natal. “Estamos a trabalhar com eles para que, quando regressarem no mês de junho, julho e agosto sejam repostas essas comunicações”, vincou.

Alexandre Fonseca sublinhou que a rede da Altice já era “a maior e melhor rede fixa nacional” e que “está ainda melhor” depois dos trabalhos de reconstrução, referindo ainda que a empresa está a trabalhar para levar fibra ótica à totalidade da população portuguesa.

Com mil pessoas a participar na corrida (cerca de um terço da população de todo o município de Pedrógão Grande), o presidente da Câmara, Valdemar Alves, mostrou-se satisfeito com a iniciativa. O autarca desejou que a Altice “continue a melhorar o que puder em termos de comunicação, que é o mais importante” para a região. Sobre os problemas com as comunicações, Valdemar Alves referiu que não se pode fazer “de um momento para o outro, mas vai chegando” para o que o concelho necessita.

Durante a corrida, foram entregues simbolicamente oito árvores das cinco mil que a Altice doou ao município, disse. De acordo com o autarca, as restantes serão entregues à medida das necessidades (normalmente, a plantação só decorre a partir de outubro, com as primeiras chuvas).

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Lula da Silva: “Sou novamente candidato à Presidência da República” do Brasil

  • Lusa
  • 9 Junho 2018

Preso há dois meses, Lula da Silva admite ser candidato à Presidência da República do Brasil. Mas a hipótese pode ser remota, uma vez que a lei proíbe candidaturas de condenados em segunda instância.

O ex-presidente do Brasil “Lula” da Silva, que está preso há dois meses por ter sido condenado por corrupção, divulgou um manifesto em que assume uma candidatura pelo Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência da República do Brasil.

“É para acabar com o sofrimento do povo que sou novamente candidato à Presidência da República. Assumo esta missão porque tenho uma grande responsabilidade com o Brasil e porque os brasileiros têm o direito de votar livremente num projeto de país mais solidário, mais justo e soberano, perseverando no projeto de integração latino-americana”, escreve o ex-presidente na sua página oficial, a partir da cadeia em Curitiba.

O manifesto foi lido integralmente em público na noite desta sexta-feira, em Minas Gerais, pela também ex-presidente Dilma Roussef, durante o lançamento da pré-candidatura de Lula às eleições de outubro. No entanto, a candidatura do ex-líder sindical é uma hipótese remota, uma vez que as leis eleitorais brasileiras proíbem condenados em segunda instância, como é o caso, de concorrer a qualquer cargo público.

O antigo chefe de Estado brasileiro foi condenado a 12 anos e um mês de prisão, em regime fechado, por corrupção e lavagem de dinheiro, num caso relacionado com o escândalo Lava Jato, encontrando-se a cumprir pena há dois meses, em Curitiba. O PT mantém no entanto viva a esperança de uma candidatura presidencial de Lula, que aparece como favorito nas sondagens, pedindo a sua libertação, alegando que foi condenado injustamente. O partido lançou mesmo uma recolha de fundos para financiar a candidatura.

No manifesto, Lula volta a reclamar inocência. “Há dois meses estou preso, injustamente, sem ter cometido crime nenhum. Há dois meses estou impedido de percorrer o país que amo, levando a mensagem de esperança num Brasil melhor e mais justo, com oportunidades para todos, como sempre fiz em 45 anos de vida pública”, refere. “Não me posso conformar com o sofrimento dos mais pobres e o castigo que está se abatendo sobre a nossa classe trabalhadora, assim como não me conformo com minha situação”, diz Lula, que se apresenta como “preso político”.

O ex-sindicalista critica a política do atual Governo, que na sua opinião protege os poderosos, e garante que a sua eventual candidatura representa a esperança num Brasil melhor. “Um país em que todos possam fazer novamente três refeições por dia; em que as crianças possam frequentar a escola, em que todos tenham direito ao trabalho com salário digno e proteção da lei. Um país em que todo trabalhador rural volte a ter acesso à terra para produzir, com financiamento e assistência técnica”.

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