Teixeira dos Santos sobre Berardo: “Ligação entre banca e esses projetos empresariais era insustentável”

Teixeira dos Santos fala numa ligação entre empresários e bancos que se tornou num paradigma em Portugal para se ter influência e que agora começa a "vir ao de cima", com o caso de Joe Berardo e CGD.

A defesa dos centros de decisão nacional está na génese das relações pouco saudáveis entre bancos e empresas e é nesse contexto que se insere a relação de Joe Berardo com a Caixa Geral de Depósitos. Uma relação “insustentável”, na avaliação de Teixeira dos Santos, que se traduziu numa dívida de quase 300 milhões de euros do empresário madeirense ao banco público.

Entre o grupo dos grandes devedores à Caixa, Joe Berardo foi ouvido a semana passada na segunda Comissão de Inquérito à recapitalização da CGD e gerou uma onda de protestos e indignação pelas declarações polémicas que fez — como por exemplo dizer que pessoalmente não tem quaisquer dívidas — e a postura que assumiu perante os deputados. Agora está em risco de perder as comendas que recebeu, das mãos Ramalho Eanes e Jorge Sampaio, e está no radar do Ministério Público.

“Não nos podemos esquecer do que há 20 anos se tornou quase um paradigma, pelo menos entre as elites bem pensantes económicas, que achavam que precisávamos de ter centros de decisão nacional”, sublinhou o antigo ministro das Finanças, no Fórum Desafios e Oportunidades, que decorreu esta quarta-feira em Leiria. Foi esta ideia “de os bancos arranjarem empresários portugueses que personificassem estes tais centros de decisão nacional e de os financiarem para que pudessem existir” que está na raiz do que se tem assistido com a CGD, recordou Teixeira dos Santos, numa alusão implícita à guerra acionista do BCP em 2007.

“Tivemos um capitalismo próprio sem capital próprio”, ironizou o ministro das Finanças de José Sócrates. “Com a crise todo esse status quo foi abalado”, acrescentou.

Para o líder do EuroBic não há dúvida de que essa ligação entre a banca e estes projetos empresariais era “insustentável”. “Foi uma forma de a própria banca ter um projeto de influência no setor económico. Agora, tudo isso veio ao de cima”.

Joe Berardo e as empresas e sociedades a ele ligadas (como a Fundação Joe Berardo) são um dos grandes devedores da CGD. Mas também BCP e Novo Banco foram afetados pelas dívidas do empresário. Em conjunto a dívida às três instituições totaliza 962 milhões de euros. Por isso, em abril, os três bancos entraram com uma ação no tribunal para cobrar dívidas de Joe Berardo, de quase 1.000 milhões de euros, executando ainda a Fundação José Berardo e duas empresas ligadas ao empresário.

Fórum Desafios e Oportunidades na Batalha - 15MAI19
Teixeira dos Santos, presidente do Eurobic e António Costa, publisher do ECOHugo Amaral/ECO

 

Consolidação orçamental está num bom caminho, mas “cuidado com a chuva”

O ex-ministro das Finanças considera que o país chegou a um ponto em que praticamente atingiu o objetivo de médio prazo em termos orçamentais. E agora? “Temos de assegurar que há sustentabilidade nesse objetivo”, disse. “A conjuntura tem sido positiva mas temos de estar preparados para dias piores. Temos tido dias soalheiros, tiremos agora partido disso para consolidar o nosso Orçamento. Temos de estar preparados para quando vier a chuva”.

Por isso, questionado sobre a crise política em torno das carreiras dos professores, o ex-ministro considera que o alerta feito pelo Governo fez “todo o sentido”. “Num ambiente eleitoral não vale tudo para ganhar a simpatia das classes todas, neste caso a dos professores. Tem de ser tudo gerido com prudência e sentido de equidade”, rematou.

Já a banca encontra-se ainda num processo de estabilização porque “ainda não ultrapassou inteiramente as mazelas do passado”. Principalmente, com o crédito malparado. “A banca vai ter de continuar a fazer um esforço no sentido de destruir ainda mais o peso destes ativos problemáticos, que afetam a sua rentabilidade e a capacidade de conceder crédito”.

“O ano está melhor do que seria de esperar” com crescimento do PIB

Teixeira dos Santos vê com bons olhos o crescimento do PIB de 1,8% no primeiro trimestre deste ano, “muito próximo da previsão do Governo no programa de estabilidade”. O ex-ministro das Finanças falou em Leiria no “Fórum Desafios e Oportunidades”, onde admitiu que 2019 começa, assim, “melhor do que seria de esperar” e que este é “um sinal de confiança”.

Mas também lembra que existem riscos recentes na economia global que é necessário ter em conta, como a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. “As decisões de Trump estão a perturbar as perspetivas económicas mundiais e Portugal não deixara de sofrer os impactos desta instabilidade”, disse.

No entanto, outros fatores que há um ano poderiam sobressaltar o país em termos económicos, como o Brexit, estão hoje mais mitigados. “O mal que o Brexit poderia fazer já fez. Não creio que possa criar mais perturbação“, comentou. Também o despertar de sentimentos antieuropeístas já não preocupa tanto Teixeira dos Santos que vê essas forças cada vez mais “contidas”, com as eleições europeias à porta. “Não o vejo como um fator de perturbação para a economia europeia”.

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Grandes seguradoras aumentam os lucros

  • ECO Seguros
  • 16 Maio 2019

O primeiro trimestre deste ano correu bem às grandes seguradoras mundiais, que anunciam o aumento dos lucros. A produção de seguros cresceu.

Zurich
A seguradora reportou crescimento em todos os segmentos do ramo não-vida (P&C na sigla em inglês, que designa property & casualty) no primeiro trimestre deste ano. O ramo não-vida registou um crescimento de 4% nos prémios de seguro, para 9,2 mil milhões de dólares (8,2 mil milhões de euros). A região que compreende a Europa, África e Médio Oriente foi, a par da América do Norte, a que registou um maior crescimento.
O diretor financeiro do Grupo Zurich (CFO), George Quinn, afirmou estar satisfeito “com o forte desenvolvimento do grupo no primeiro trimestre do ano, acentuando que estamos decididos a cumprir a nossa estratégia e os nossos planos financeiros. Esperamos atingir ou superar todas as nossas metas para este ano e estamos confiantes de que o grupo atingirá ou excederá todas as metas de 2017 a 2019”. “Quando se olha para o conjunto da indústria (seguradora) em geral, o trimestre foi relativamente benigno. Não se assistiu à escalada de eventos que ocorreram, por exemplo, no terceiro trimestre do ano passado “, adianta o responsável da Zurich citado pelas agências internacionais.
Em Portugal, em 2017, a Zurich Vida apresentou um lucro líquido de 10,17 milhões de euros, ligeiramente acima do exercício anterior, tendo os prémios brutos emitidos suplantado 143 milhões de euros, ficando abaixo do registo obtido (menos 11,6%) no exercício precedente. Todavia, os contratos de investimento aumentaram mais de 187%, para quase 38,5 milhões de euros. A quota de mercado da Zurich Vida diminui ligeiramente de 2,63% em dezembro de 2016 para 2,57% em dezembro de 2017.
Presente no mercado nacional há 100 anos a Zurich é das mais antigas companhias de seguro em Portugal.
Fundado em 1872, o Grupo Zurich está sediado em Zurique, Suíça, e conta com cerca de 55 mil colaboradores, oferecendo uma ampla gama de seguros e serviços Vida e não-Vida. O grupo opera em mais de 210 países e territórios.

Liberty
A Liberty Mutual Holding e as suas subsidiárias registaram um lucro líquido de 671 milhões de dólares (598,6 milhões de euros) no trimestre que terminou a 31 de março de 2019, o que representa um aumento de 23 milhões de dólares (20,5 milhões de euros), o equivalente a 3,5%, em relação ao mesmo período de 2018. Os prémios líquidos emitidos nos três primeiros meses do ano atingiram 9,7 mil milhões de dólares (8,65 mil milhões de euros), traduzindo um aumento de 265 milhões de dólares (236 milhões de euros) ou 2,8% em relação ao mesmo período de 2018. Segundo a seguradora, o incremento verificado resultou essencialmente do desempenho em seguros especializados. David H. Long, presidente e diretor executivo da Liberty Mutual, disse que o aumento dos lucros foi “impulsionado por melhores margens de subscrição” e pelo benefício de ganhos não realizados relacionados com títulos de participação.
Em Portugal, em 2017, a Liberty Seguros obteve resultados da ordem de 2,9 milhões de euros, menos 1,9 milhões de euros que o valor alcançado em 2016. Os prémios de seguro direto cresceram de perto de 322 mil em 2016, para quase 347 mil, com realce para a evolução do ramo não vida.
A Liberty Seguros está presente em Portugal, desde 2003, através da aquisição ao grupo Suíço – Crédit Suisse – da antiga Companhia Europeia de Seguros. A sua denominação social foi alterada para Liberty Seguros no ano seguinte.
Fundado em 1912, o Grupo Liberty Mutual Insurance, com sede em Boston, nos Estados Unidos, é constituído por um conjunto de companhias internacionais de serviços financeiros diversificados e é um dos maiores grupos seguradores norte-americanos. Reúne mais de 50 000 colaboradores distribuídos por mais de 800 escritórios em todo o mundo.

AIG
A seguradora norte-americana também anunciou ter obtido, no primeiro trimestre, lucros que superaram as estimativas de Wall Street. O lucro líquido da AIG subiu para 1,39 mil milhões (1,2 mil milhões de euros), ou 1,58 dólares (1,4 euros) por ação, um aumento de 963 milhões de dólares (859 milhões de euros), ou 1,04 dólares (1,2 euros) por ação, face a igual período do ano anterior. Os prémios brutos emitidos aumentaram 11%, para 10,2 mil milhões de dólares (9,1 mil milhões de euros). O rendimento ajustado dos negócios subiu mais de duas vezes, para 1,27 mil milhões de dólares (1,13 mil milhões de euros). Brian Duperreault, que assumiu a direção executiva da seguradora em maio de 2017, vem reformulando a cultura de subscrição, que há anos se concentra na procura de crescimento da receita sem avaliar adequadamente os riscos. O CEO e os seus representantes têm dito aos funcionários para serem mais seletivos em relação aos clientes e reduzir ou para rever políticas não lucrativas. A AIG também está a ressegurar-se para mitigar perdas em antigos negócios.
A AIG Portugal é sucursal e representação permanente no nosso país da AIG Europe S.A., que atua em território nacional há cerca de 30 anos.
A American International Group, Inc. (AIG) é uma organização mundial líder em seguros, presente em mais de 100 países e jurisdições, sendo a AIG Europe uma subsidiária do Grupo AIG.

CHUBB
A Chubb anunciou um lucro líquido e lucro operacional por ação de 2,25 dólares (2 euros) e 2,54 dólares (2,2 euros), respetivamente, no primeiro trimestre deste ano, um crescimento de 8,5% em comparação ao mesmo período do ano passado. O lucro líquido da empresa foi de mil milhões de dólares e o lucro operacional atingiu 1,2 mil milhões (mil milhões de euros), registando um crescimento de 6,7%. As perdas por catástrofes antes de impostos foram de 250 milhões de dólares (223 milhões de euros), ou 201 milhões de dólares (179,3 milhões de euros) após impostos, valores que comparam com 380 milhões de dólares (339 milhões de euros), ou 303 milhões (270,3 milhões de euros) após impostos no mesmo período do ano anterior. A receita líquida de investimentos antes de impostos foi de 836 milhões de dólares (745,8 milhões de euros). Como foi anunciado no trimestre, a empresa está, após a aprovação do governo, a aumentar a sua participação no Huatai Insurance Group na China, o que converte a seguradora numa companhia de investimento estrangeiro. No trimestre, a empresa assinou ainda um acordo de 15 anos de distribuição exclusiva com o Banco do Chile.
A Chubb afirma-se como a maior seguradora mundial cotada em Bolsa no ramo de Danos e Responsabilidade Civil (P&C). Com operações em 54 países, a Chubb oferece seguros de danos pessoais e responsabilidade civil, acidentes pessoais e seguros complementares de saúde, resseguros e seguros de vida. Em 2018 reunia 167 mil milhões de dólares (148,9 mil milhões de euros) em ativos, com os prémios emitidos a atingir o valor de 38 mil milhões de dólares (33,9 mil milhões de euros). Comercializa os seus produtos no mercado português.

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Lucro da Sonae sobe e quer continuar a contratar

  • Lusa e ECO
  • 15 Maio 2019

Crescimento das vendas e melhoria da rentabilidade operacional explicam melhoria homóloga dos resultados, apesar do efeito negativo pela Páscoa ter sido mais tarde.

A Sonae obteve um lucro de 18,3 milhões de euros no primeiro trimestre, mais 6,5% do que no período homólogo, impactado pelo crescimento das vendas e pela melhoria da rentabilidade operacional, foi anunciado esta quarta-feira ao mercado. A presidente executiva da Sonae considerou que a empresa teve um bom início de ano, “apesar do efeito de calendário adverso com uma Páscoa tardia”.

“Com o crescimento das vendas e a melhoria da rentabilidade operacional, o resultado líquido atribuível a acionistas aumentou 6,5% para 18,3 milhões de euros”, indicou, em comunicado, o grupo.

No primeiro trimestre, o volume de negócios da Sonae avançou 8,9% para 1.461 milhões de euros, “refletindo principalmente o crescimento na Sonae MC e a consolidação das vendas estatutárias da Sonae Sierra”.

O administrador financeiro (CFO) da Sonae fez também um balanço “claramente positivo” dos resultados que o grupo obteve no primeiro trimestre, destacando o “forte crescimento” das vendas e a melhoria da rentabilidade operacional.

Em declarações à Lusa, João Dolores disse que em termos operacionais, todos os indicadores apresentaram “uma evolução positiva, apesar de a Páscoa, este ano, não ter sido no primeiro trimestre”. Além do lucro de 18,3 milhões o EBITDA (resultados antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 33,4% (34 milhões de euros) e atingiu 136 milhões de euros.

“Para além disso, e fruto destes resultados, a Sonae continua a apresentar uma forte solidez financeira e reduzimos a dívida em base comparável em 99 milhões de euros face ao passado”, declarou João Dolores, sendo atualmente de 1.701 milhões de euros. Este valor reflete já a compra da Arenal, bem como os impactos da participação adicional de 20% da Sonae Sierra, “nomeadamente o investimento na aquisição (256 milhões de euros) e a consolidação da sua dívida líquida (205 milhões de euros)”. O responsável da Sonae notou ainda que a “solidez financeira” permite à empresa “continuar a investir e explorar oportunidades de crescimento”.

Entre janeiro e março, o investimento aumentou 64% para 116 milhões de euros, com destaque para a Sonae MC, “quer na abertura de novas lojas e remodelação de lojas existentes, quer na aquisição de uma participação na Arenal, que é uma rede de parafarmácias do norte de Espanha”, indicou.

A Sonae IM, por seu turno, “tem vindo a investir em aquisições com resultados muito positivos”, tendo, neste trimestre, reforçado a sua participação em diversas empresas e investido na israelita CB4, que é especialista em inteligência artificial para retalho.

“Prosseguimos a nossa aposta no digital, o que se traduz, em particular, no crescimento forte das nossas vendas ‘e-commerce’ e no nosso reforço enquanto líderes do comércio eletrónico em Portugal”, acrescentou. Exemplo disso é o lançamento da plataforma Dott em parceria com os CTT.

João Dolores destacou ainda o desenvolvimento da internalização do grupo, com, por exemplo, as vendas internacionais da Sonae Fashion a representarem já mais de 50% do total de compras.

Reforçar o número de colaboradores

A Sonae pretende continuar a investir e a reforçar o número de colaboradores do grupo, mostrando-se também “confiante” nos resultados que vai alcançar nos próximos trimestres, disse à Lusa o administrador financeiro.

“A Sonae tem vindo a aumentar o seu número de colaboradores nos últimos anos e como esperamos continuar a crescer, esperamos aumentar o número de colaboradores nos nossos negócios”, afirmou administrador financeiro. Segundo João Dolores, a Sonae tem o objetivo de abrir mais lojas no retalho alimentar, estando já a inaugurar “a um ritmo de 15 a 20 lojas [em formato proximidade] por ano”, o que implica “aumentar o emprego do grupo”.

Nos últimos 12 meses, a Sonae criou mais de 1.200 postos de trabalho, contando, atualmente, com mais de 53 mil colaboradores distribuídos pelas empresas do grupo.

Resultados por negócio

  • No retalho alimentar, a Sonae MC registou um aumento homólogo de 7,4% no volume de negócios para 1.048 milhões de euros.
  • Entre janeiro e março, a Sonae Sierra, detentora e gestora de centros comerciais, registou um crescimento de 8,2% do volume de negócios para 58 milhões de euros.
  • No primeiro trimestre, as receitas operacionais da NOS atingiram 385 milhões de euros, mais 0,6% em termos homólogos e o resultado líquido aumentou mais de 20% para 43 milhões de euros.
  • A Sonae IM, focada no investimento em empresas tecnológicas nas áreas de telecomunicações e retalho, durante o primeiro trimestre de 2019, registou um volume de negócios de 44 milhões de euros, mais 41% face a igual trimestre do ano anterior, “impulsionado pela integração da Nextel e da Excellium”.
  • No período em causa, a Sonae FS, que coordena os serviços financeiros, manteve a evolução positiva registada em 2018, com o volume de negócios a progredir 16,7%, ascendendo a 8,1 milhões de euros.

(Notícia atualizada com mais informação)

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Timmermans recorda que Weber pediu sanções para Portugal e elogia políticas de Costa

  • Lusa
  • 15 Maio 2019

Portugal esteve no centro do único debate entre os principais candidatos à presidência da Comissão Europeia. O socialista Franz Timmermans lembrou que o conservador Weber pediu sanções para Portugal.

Portugal “animou” hoje o debate entre os candidatos à presidência da Comissão Europeia, com o socialista Frans Timmermans a acusar o conservador Manfred Weber de ter defendido sanções para o país quando António Costa procurou criar “mais justiça social”.

No hemiciclo em Bruxelas, no único debate entre os candidatos principais (‘Spitzenkandidaten’) ao cargo de presidente da Comissão Europeia antes das eleições europeias da próxima semana, Manfred Weber (Partido Popular Europeu) mencionou uma conversa com jovens, na sua recente visita a Portugal, na qual aqueles clamaram por melhores salários.

Frans Timmermans não deixou escapar a deixa e revelou que nas suas visitas a Portugal – a última aconteceu no sábado, quando participou no arranque da campanha oficial do Partido Socialista, ao lado do primeiro-ministro português – os jovens com quem falou recordaram-no que “quando António Costa apresentou um plano para criar mais justiça social e crescimento económico, a Comissão Europeia concordou e Weber quis penalizar Portugal”.

“Todos concordamos que a solidariedade é um tema chave para a Europa, mas a responsabilidade também o é. Devo recordar que nos últimos cinco anos foi um socialista, o comissário [Pierre] Moscovici, o responsável pela pasta do Euro, que foi Jeroen Dijsselbloem, um antigo colega seu, que esteve à frente do Eurogrupo e que empreendeu as reformas necessárias e que hoje é um ministro das Finanças socialista de Portugal que está à frente do Eurogrupo. Todos devem assumir as suas responsabilidades e os socialistas não devem atacar as suas próprias políticas”, defendeu-se o ‘Spitzenkandidat’ da maior família política europeia.

Numa reação veemente, o socialista holandês, atual primeiro vice-presidente da Comissão Europeia, acusou o alemão do PPE de estar a interpretar mal as suas palavras e frisou que tanto o comissário dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, como o presidente do executivo, Jean-Claude Juncker, consideraram que o plano orçamental português poderia funcionar, uma afirmação que foi confirmada com um aceno de cabeça por parte de Margrethe Vestager, uma das sete candidatas dos Liberais e comissária da Concorrência.

“E Manfred Weber, desde o Parlamento Europeu, disse que não iria permitir e que Portugal deveria ser punido. A verdade é que funcionou. Hoje, a justiça social em Portugal é maior, o emprego cresceu tremendamente, porque eles colocaram um ponto final na austeridade e era isso que mais governos deveriam fazer”, declarou.

Em maio de 2016, o líder do grupo parlamentar do PPE escreveu à Comissão Europeia a pedir que Bruxelas endurecesse as suas posições sobre os países – Portugal e Espanha – incumpridores do défice de 3% definido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento, admitindo até o recurso a instrumentos corretivos.

Num hemiciclo transformado em estúdio de televisão, seis ‘Spitzenkandidaten’ – Timmermans, Weber, Vestager, Nico Cué (Esquerda Unitária), Ska Keller (Verdes Europeus) e Jan Zahradil (Conservadores e Reformistas) – estão a debater alguns dos temas fortes da campanha para as eleições europeias, como emprego, migrações, segurança, populismo, alterações climáticas e papel da União Europeia na cena mundial.

Inaugurado em 2014, por ocasião das anteriores eleições europeias, o modelo ‘Spitzenkandidat’ prevê que o “candidato principal” da família política mais votada nas eleições europeias seja eleito presidente da Comissão Europeia, o que aconteceu há cinco anos com Jean-Claude Juncker, que sucedeu a José Manuel Durão Barroso, em virtude de o PPE ter vencido o sufrágio.

No entanto, este ano não é garantido que o sucessor de Juncker seja um dos ‘Spitzenkandidaten’, pois este modelo perdeu força no Conselho Europeu, composto pelos chefes de Estado e de Governo da União Europeia, que desde há mais um ano tem lembrado que o que está estipulado nos tratados é que cabe a esta instituição designar um nome, “com base nos resultados das eleições europeias”, mas sem qualquer mecanismo de “automaticidade” relativamente aos candidatos principais apresentados pelas famílias políticas.

As eleições europeias decorrerão entre 23 e 26 de maio nos 28 Estados-membros da União Europeia.

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Svitzer vai vender negócio português de reboques portuários

  • Lusa
  • 15 Maio 2019

A Pioneiro do Rio e o Grupo Sousa vão adquirir a operação portuguesa da Svitzer, composta por uma frota de 13+2 rebocadores, que prestam serviços nos portos de Lisboa, Setúbal e Sines.

A Svitzer vai vender o negócio português de reboque portuário à empresa de amarração Pioneiro do Rio e ao armador Grupo Sousa.

De acordo com um comunicado dos compradores, a Pioneiro do Rio e o Grupo Sousa vão adquirir a operação portuguesa da Svitzer, composta por uma frota de 13+2 rebocadores, que prestam serviços nos portos de Lisboa, Setúbal e Sines.

A empresa de amarração Pioneiro do Rio é detida pelo atual administrador delegado da Svitzer Portugal, Rui Cruz, e por Ana Margarida Severino.

O Grupo Sousa é o maior armador português, em navios próprios e fretados, com ligações regulares à Madeira, Açores, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Ilhas Canárias, Algeciras e Portugal continental. Realiza atividades marítimas e portuárias, atuando também no setor de energia, destacando-se a operação de fornecimento de GNL entre Sines e Madeira para produção de energia elétrica.

A Pioneiro do Rio e o Grupo Sousa irão adquirir integralmente as duas empresas portuguesas da Svitzer, num negócio que inclui tripulação e a frota de rebocadores da Svitzer Portugal.

A transação está sujeita a apresentação obrigatória junto da Autoridade da Concorrência, que terá de dar o aval ao negócio, cuja conclusão está prevista para o segundo semestre de 2019.

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Lucro da Semapa cresce 46% para quase 40 milhões de euros no primeiro trimestre

  • Lusa
  • 15 Maio 2019

O conglomerado da pasta e papel viu os lucros aumentarem no primeiro trimestre para quase 40 milhões de euros. Resultados da Secil são os principais responsáveis pelo crescimento dos lucros em 46%.

O grupo Semapa, conglomerado que atua nos setores da pasta e papel, cimento e ambiente, fechou o primeiro trimestre com um resultado líquido atribuível a acionistas de 39,7 milhões de euros, mais 46,3% face ao mesmo período.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o grupo liderado por João Castello Branco justifica este desempenho nos três primeiros meses com a subida do EBITA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) que registou uma evolução de 2,3% para 132,6 milhões de euros.

A empresa detalha que a Secil é a principal responsável por este crescimento, mas alerta que, excluindo o impacto de 9,4 milhões de euros resultante da venda do negócio de ‘pellets’ pela Navigator, o EBITDA teria crescido 12,4 milhões de euros.

A melhoria dos resultados financeiros líquidos — em cerca de 9,4 milhões de euros, face a igual período do ano passado — e a redução dos impostos sobre o rendimento em cerca de 6,4 milhões de euros são outros fatores identificados pela Semapa para justificar os resultados até março.

O volume de negócios consolidado da dona da Secil e da Navigator cresceu 8,4% para 551,3 milhões de euros. A contribuir para este comportamento estão as exportações e vendas no exterior que ascenderam a 403,4 milhões de euros, o que representa 73,2% do volume de negócios.

Por áreas de negócio, o destaque vai para o segmento de pasta e papel que contribuiu com 421,8 milhões de euros para o volume de negócios consolidado. O cimento atingiu os 123,6 milhões de euros, enquanto a área de ambiente é responsável por 5,9 milhões.

A dívida líquida consolidada totalizava, em 31 de março, 1.620 milhões de euros, o que significa um aumento de 68,4 milhões de euros face ao valor registado no final do exercício de 2018.

Sobre este indicador, a Semapa sublinha que, em janeiro, adotou uma norma contabilística que teve como efeito uma subida da dívida líquida em 69,4 milhões de euros, por contrapartida de ativos fixos. Segundo a empresa, excluindo esse efeito, a dívida líquida seria de 1.550,6 milhões de euros, valor inferior ao apurado no final de 2018

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Adiamento das taxas sobre a importação de automóveis dão gás a Wall Street

Donald Trump deverá adiar a imposição de taxas sobre a importação de automóveis, que afetariam a União Europeia, e Wall Street voltou a subir, mesmo com dados económicos negativos.

A bolsa de Nova Iorque voltou a fechar com ganhos e o motivo voltou a ser Donald Trump. O Presidente dos Estados Unidos estará a considerar adiar a imposição de taxas sobre as importações de automóveis à União Europeia e o secretário do Tesouro dos EUA vai à China para continuar as negociações tendo em vista um acordo comercial entre as duas potências, permitindo algum otimismo nos mercados num dia em que os dados oriundos das duas maiores economias não foram os melhores.

O índice industrial Dow Jones valorizou 0,45%, o tecnológico Nasdaq subiu 1,13% e o alargado S&P 500 também valorizou 0,58%, num dia em que tanto a China, como os Estados Unidos publicaram dados sobre as vendas a retalho, onde se verificou um abrandamento inesperado. A produção industrial nos Estados Unidos também terá caído em abril.

Apesar dos dados menos positivos, a bolsa continuou a recuperar das perdas da última semana e desta segunda-feira. O motivo é o mesmo que levou às perdas: a guerra comercial entre os EUA e a China.

Na terça-feira, o Presidente dos Estados Unidos desvalorizou a desavença entra as duas maiores economias e garantiu que as negociações vão continuar. O Governo chinês também se apressou a dizer o mesmo, através de um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

Hoje foi a vez de uma notícia da agência Reuters dar as boas novas, citando três responsáveis da Administração norte-americana, que falaram sob a condição de anonimato, para avançar que Donald Trump deve adiar a imposição de taxas sobre a importação de automóveis e componentes por mais seis meses.

Também o secretário do Tesouro, Steve Mnuchin, deu um sinal de que as negociações estarão a avançar. O responsável disse que espera viajar para Pequim “no futuro próximo” para continuar as negociações.

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CDS pede acesso a contribuições anuais de Berardo para fundo de obras de arte

  • Lusa
  • 15 Maio 2019

O empresário, "ou entidade(s) por si controlada(s)" deve contribuir "para o Fundo com uma verba anual de 500.000 euros a entregar à Fundação" Coleção Berardo.

O CDS-PP requereu esta quarta-feira ao Ministério da Cultura e à Fundação Coleção Berardo acesso às datas das contribuições de Joe Berardo para o fundo criado no âmbito da Fundação Coleção Berardo.

De acordo com o requerimento do CDS-PP, o protocolo assinado entre o Estado, Joe Berardo e a Associação Coleção Berardo indica que o empresário, “ou entidade(s) por si controlada(s), contribuirá para o Fundo com uma verba anual de 500.000 euros a entregar à Fundação” Coleção Berardo.

No requerimento, o grupo parlamentar do CDS-PP pede ao Ministério da Cultura e à Fundação Coleção Berardo “as datas a realização anual, desde 2006, desta contribuição” e, ainda, “a lista de obras adquiridas por este fundo, com indicação, para cada uma, de data e valor de aquisição, identificação do vendedor e prévio(s) proprietário(s) de cada obra”.

No decreto-lei que cria a Fundação Coleção Berardo lê-se que na secção das receitas ordinárias está prevista a “comparticipação financeira anual do Estado, através do Ministério da Cultura, e de José Manuel Rodrigues Berardo ou quem este indicar para o fundo de aquisições para compra de obras de arte, no montante anual de 500.000 euros cada, com início em 2007 e fim em 2015″.

Em 23 de novembro de 2016, aquando da cerimónia de renovação de contrato entre a Associação Coleção Berardo, o Centro Cultural de Belém e o Estado para a exposição de obras em Belém, o então ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, indicou que o fundo de aquisições foi extinto em 2015 e que não estava previsto que fosse retomado.

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Rio concorda plenamente que seja retirada condecoração a Joe Berardo

  • Lusa
  • 15 Maio 2019

Rio defende que seja retirada a Ordem do Infante D. Henrique ao empresário Joe Berardo e sugeriu que se avalie se há mais personalidades nas mesmas condições.

O presidente do PSD, Rui Rio, disse esta quarta-feira concordar “plenamente” que seja retirada a Ordem do Infante D. Henrique ao empresário Joe Berardo e sugeriu que se devia avaliar se há mais personalidades nas mesmas condições.

“Concordo plenamente e até acho que devíamos alargar e ver se não estão mais alguns a jeito para acontecer coisa parecida”, declarou, após questionado sobre se concorda com a proposta do CDS-PP para que seja retirada a condecoração com que foi agraciado Joe Berardo no passado.

Concordo plenamente e até acho que devíamos alargar e ver se não estão mais alguns a jeito para acontecer coisa parecida.

Rui Rio

Presidente do PSD

Rui Rio falava aos jornalistas no final de uma iniciativa da campanha eleitoral para as eleições ao Parlamento Europeu, que consistiu num passeio no rio Tejo a bordo de um veleiro turístico, promovido pela estrutura – ainda não formalizada estatutariamente — das Mulheres Sociais-Democratas.

Instado a dar exemplos sobre mais personalidades a quem deveria ser retirada a condecoração, Rui Rio disse que “é melhor não dar” exemplos, admitindo contudo que lhe vinham alguns nomes à cabeça.

Para Rui Rio, as condecorações não devem ser “dadas ao metro e às vezes são dadas ao metro e ao quilo”, frisando que os cidadãos agraciados com as Ordens Honoríficas portuguesas “têm uma obrigação acrescida de um comportamento cívico positivo e equilibrado”.

“Eu tenho diversas, tenho uma do Presidente da República português e compreendo que se agora fizer qualquer coisa que que não está segundo os padrões normais e valores éticos da nossa sociedade me deve ser retirada”, declarou.

Nomeado comendador pelo Presidente Ramalho Eanes, em 1985, o empresário madeirense Joe Berardo foi agraciado em 2004 por Jorge Sampaio com a Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

O empresário foi ouvido no Parlamento na sexta-feira, onde disse que é “claro” que não tem dívidas e confirmou que a garantia que os bancos têm é da Associação Coleção Berardo e não das obras de arte.

Condenando a “audição absolutamente incrível” de Joe Berardo no Parlamento, Rui Rio criticou depois o PS, afirmando que “é preciso ser cínico para se dizer que se está chocado com o que aconteceu no Parlamento com o Joe Berardo quando pelo menos com ele são culpados todos os que lhe emprestaram o dinheiro”, numa referência à Caixa Geral de Depósitos.

“Vemos diversos membros do Governo chocados com o desplante do Joe Berardo mas eles não estão chocados com a decisão que o Governo do PS liderado pelo Sócrates, onde estavam muitos ministros que hoje voltaram a ser ministros, de nomear uma administração da CGD que fez o assalto político ao BCP e foi isso que determinou em larga medida a dívida do Joe Berardo”, sustentou.

O líder do PSD sublinhou que o dinheiro não foi emprestado para “investir e dinamizar a economia” mas sim para “ele fazer um assalto político a esse outro banco”, considerando que “quem estão chocados são os portugueses que têm de pagar” o que Joe Berardo “agora não paga”.

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Geringonça viabiliza relatório final da comissão de rendas excessivas na energia

À esquerda, o relatório redigido por Jorge Costa mereceu a aprovação. À direita, PSD e CDS votaram contra. O capítulo sobre a concessão das barragens ter sido cedida à EDP sem concurso desapareceu.

O relatório da comissão de inquérito às rendas excessivas, redigido pelo deputado do Bloco de Esquerda, foi, esta quarta-feira, aprovado na Assembleia da República. Depois de votadas as propostas de alteração apresentadas por cada partido ao documento, os deputados votaram a versão final do relatório. Os partidos da geringonça deram o “sim”, determinando a existência de rendas excessivas na energia.

A votação final contou com os votos a favor do Bloco, PCP, PS e PEV. “O PCP chamou, desde o início, a atenção para as insuficiências deste relatório, mas também disse que não seria por falta de comparência do PCP que o relatório iria chumbar“, sublinhou o deputado Bruno Dias, em declarações aos jornalistas, ainda durante as votações das propostas de alteração.

Já o Partido Socialista, que durante a fase de apreciação do relatório não tinha dado o “sim” (nem o “não”) às rendas excessivas na energia, levantou, agora, o braço a favor do relatório. “Votamos favoravelmente o presente relatório, sufragando, na generalidade, as suas conclusões”, afirma o deputado Hugo Costa. Ainda assim, o socialista salienta que o PS “gostaria de ver vertidos outros contributos que considera terem sido relevantes para uma visão holística do Sistema Elétrico Nacional”.

Apenas PSD e CDS se mostraram contra o relatório do deputado do Bloco de Esquerda. Os partidos dizem que o documento peca por não ser “isento” nem “factual”. “O CDS votou contra o relatório por considerar que o documento traduz a visão política do Bloco de Esquerda e reflete as posições já defendidas pelo deputado relator ainda antes do início da comissão”, refere o deputado Hélder Amaral. “O relatório chega a conclusões com base em opiniões, não tendo em conta muitos depoimentos, assim, como ignorou a maioria dos cerca de 13 mil documentos recebidos na comissão ao longo de dez meses”.

Ainda assim, o partido “não nega a existência de rendas excessivas no setor elétrico”. “Não podemos deixar de criticar o conteúdo e conclusões do relatório, que ignora factos e sobrevaloriza opiniões, não sendo fiel ao que realmente se passou nas mais de meia centena de audições”.

O PSD, por sua vez, que foi o partido que mais alterações propôs ao documento, lamenta que quase todas as propostas tenham sido rejeitas com os votos contra dos partidos da geringonça. “Apresentámos mais de quatro centenas e meia de propostas, com as quais se pretendia afastar a visão excessivamente ideológica do deputado relator sobre os temas da energia, contextualizar algumas conclusões, colmatar omissões, corrigir deficiências e eliminar inverdades”, afirma o deputado Jorge Paulo Oliveira.

O deputado fala, ainda, de um “rolo compressor (…) previamente acordado por aquelas três forças partidárias” BE, PCP e PS, prevendo a aprovação do relatório com os votos da maioria parlamentar de esquerda. “É uma tentativa de reescrever a história, orientada sobretudo pelo habitual desígnio político do Bloco de Esquerda, contra as empresas e contra as renováveis”, acrescenta.

De salientar, ainda, que, as votações às propostas de alteração ao documento ditaram que o segundo capítulo — sobre a opção de a concessão das barragens ter sido cedida à EDP sem concurso — desaparecessem do relatório. Com elas, também caiu a conclusão de que a EDP terá beneficiado de uma renda excessiva de 881 milhões de euros. A queda do segundo capítulo resultou do voto contra do PSD e das abstenções dos grupos parlamentares do CDS e do PS.

Sobre a abstenção do Partido Socialista, o bloquista Jorge Costa disse ter “pena que o PS se tivesse juntado à direita para rejeitar o segundo capítulo”. O deputado socialista disse, por sua vez, que o grupo parlamentar optou pela abstenção por não concordar “com alguns pontos que estavam representados” nesse mesmo capítulo.

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Ministério Público viu audição de Berardo sobre a CGD. Vai analisar “todas as questões criminalmente relevantes”

PS e BE pediram a atenção do Ministério Público relativamente à audição de Joe Berardo no Parlamento. "Todas as questões consideradas criminalmente relevantes" serão analisadas pelos procuradores.

Os deputados João Paulo Correia do Partido Socialista e Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, pediram a atenção do Ministério Público (MP) sobre a audição parlamentar ao empresário Joe Berardo. Ao ECO, os procuradores garantem que estão atentos e que vão analisar todas as questões relevantes para a investigação que está a decorrer.

Como foi oportunamente tornado público, encontra-se em investigação no DCIAP um inquérito que tem por objeto factos relacionados com a Caixa Geral de Depósitos. No âmbito desse inquérito, não deixarão de ser analisadas todas as questões consideradas criminalmente relevantes”, disse ao ECO fonte oficial do Ministério Público.

No âmbito desse inquérito, não deixarão de ser analisadas todas as questões consideradas criminalmente relevantes.

Fonte oficial do MP

Em declarações à Lusa na terça-feira, o vice-presidente da bancada parlamentar do PS disse esperar “que o Ministério Público atue” relativamente aos empréstimos concedidos ao empresário, especialmente “naquilo que diz respeito à Caixa, que é um banco público”, bem como na questão da Associação Coleção Berardo, que “merece o escrutínio da Assembleia [da República] e a investigação do MP”.

“Contamos que o MP tenha estado muito atento à audição da passada sexta-feira, e que essa audição tenha fornecido bons elementos para o MP continuar a desenvolver a sua investigação”, disse João Paulo Correia. O responsável parlamentar do PS ressalvou, no entanto, que “o inquérito parlamentar não se pode substituir à Justiça e ao Ministério Público”.

Entretanto, de acordo com o Público, o presidente da comissão de inquérito à gestão da Caixa, Luís Leite Ramos, solicitou aos serviços parlamentares uma “transcrição urgente” das declarações de Berardo na audição da passada sexta-feira para as enviar para o Ministério Público. O objetivo é avaliar se existem indícios de crime. O ECO confirmou esta informação junto do próprio.

“Decidi pedir com carácter de urgência a transcrição da audição de José Berardo, por uma razão muito simples: é que há um conjunto de matérias que merece ser avaliado por quem de direito. Não tenho indícios criminais, não vou fazer queixa ao MP, mas tem havido uma interação com o MP, o MP tem nos pedido informação. A minha intenção é enviar a transcrição diretamente para o MP para tomar as diligências necessárias caso haja alguma matéria”, disse o deputado do PSD.

Além disso, o presidente da Assembleia da República solicitou a Leite Ramos um parecer sobre as declarações do comendador naquela sede, isto para se decidir sobre o requerimento apresentado pelo CDS-PP sobre a retirada da comenda ao empresário madeirense, após a onda de indignação que gerou a prestação do empresário madeirense.

Face a esta solicitação de Ferro Rodrigues, Luís Leite Ramos pediu aos serviços jurídicos um parecer jurídico de enquadramento para perceber em que condições é que a comenda pode ser retirada ou não.

“Depois é preciso perceber o que é este processo disciplinar. Eu não posso determinar se há um processo disciplinar ou não. Posso pronunciar me sobre a forma como a audição correu e determinados comportamentos. Marquei para amanhã (quinta-feira) uma reunião da mesa de coordenadores para pedir aos grupos parlamentares que avaliem a situação. Em função do parecer jurídico e da posição dos deputados, eu formularei a minha opinião e darei o meu parecer ao presidente da Assembleia da República”, explicou.

Recorde-se que o ECO já tinha avançado em janeiro deste ano que a Procuradoria-Geral da República (PGR) continua a investigar a Caixa Geral de Depósitos (CGD), e que estão em curso “diligências abrangidas por segredo de justiça” e que até agora “não têm arguidos constituídos”. No entanto, algumas das operações investigadas, como a concessão de créditos ruinosos, ocorreram há mais de dez anos e correm o risco de prescrever, tendo em conta os eventuais crimes que daí possam decorrer.

(Notícia atualizada às 22h32 com declarações de Luís Leite Ramos)

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Banca pagou 449 milhões em IRC no ano passado. Valor é o mais elevado da legislatura

Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais revela dados sobre pagamento de impostos pela banca para combater ideia de que bancos pagam pouco.

O conjunto dos bancos pagou 449 milhões de euros em IRC no ano passado, mais 53% do que no ano anterior. Este crescimento é cinco vezes maior do que o observado na totalidade da receita de IRC arrecadada em 2018 pelo Fisco e coloca o montante encaixado no patamar mais alto desta legislatura.

No Parlamento, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, afirmou que a banca pagou no ano passado 1.370 milhões de euros em impostos, dos quais 449 milhões dizem respeito a IRC.

O montante arrecado em IRC foi pago em 2018 mas refere-se ao resultado da atividade bancária de 2017. O ECO apurou que o valor encaixado no ano passado representa um crescimento de 159 milhões de euros em relação ao ano anterior, o que corresponde a um acréscimo de 53%.

A receita total de IRC (que engloba os rendimentos de todas as empresas) fixou-se, no ano passado, em 6.339,2 milhões de euros, mais 10,2% do que no ano anterior. Isto significa também que o IRC pago pela banca representou 7,1% do IRC total encaixado pelo Estado. Ao ECO, fonte governamental indicou ainda que os 449 milhões de euros são o melhor registo desde o início da presente legislatura (novembro de 2015).

Já quanto ao valor total de impostos pagos pelos bancos, estes ascenderam a 1.370 milhões de euros, mais 120 milhões do que ano anterior. Trata-se assim de um acréscimo de 9,6%.

Dentro deste pacote de impostos estão, além do IRC, o Imposto de Selo (suportado/arrecadado), o IVA (autoliquidado sem reembolsos), a contribuição especial da banca, o IMI e o IMT.

Em 2017, os cinco maiores bancos apresentaram lucros de 714,9 milhões de euros, mas o Novo Banco revelou um prejuízo de 1.395 milhões.

Os dados avançados pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais pretendiam responder aos deputados, nomeadamente do Bloco de Esquerda e do PCP, que questionavam o montante de créditos fiscais a que a banca tem direto e que permitirá baixar os lucros nos próximos anos, gerando assim menos imposto.

Em fevereiro, Mário Centeno tinha avançado que os bancos têm 3,8 mil milhões de euros para abater ao imposto a pagar no futuro em resultado dos créditos fiscais acumulados.

 

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