Leilão do 5G deverá render pelo menos 238 milhões ao Estado

A Anacom já divulgou o projeto de regulamento para o leilão de frequências para o 5G. A soma dos preços de reserva dos vários lotes a concurso alcança os 237,96 milhões de euros.

A Anacom já aprovou e divulgou o projeto de regulamento do leilão de frequências para o 5G. O conjunto de lotes a concurso tem um valor total de, pelo menos, 237,96 milhões de euros, segundo cálculos do ECO.

“Os preços de reserva que estão previstos […] visam permitir que os direitos de utilização de frequências sejam atribuídos às empresas que mais valorizam o espetro”, considera a entidade liderada por João Cadete de Matos.

No entanto, a Anacom não esconde que os preços finais poderão ser muito superiores: “Consideram-se relevantes a valorização económica do espetro nacional, bem como os valores dos preços de reserva fixados noutros países europeus, os quais se têm revelado, em média, significativamente inferiores aos respetivos preços finais”, declara o regulador em comunicado.

Frequências, lotes e respetivos preços de reserva

Fonte: Anacom

Este regulamento vem dar a conhecer os dados que faltavam para a corrida à quinta geração de rede móvel em Portugal. Isto depois de, na semana passada, o Governo ter aprovado uma resolução em Conselho de Ministros a definir a estratégia e calendário para o desenvolvimento do 5G no país.

As verbas angariadas pela Anacom com o leilão vão ser afetas a um novo Fundo para a Transição Digital, sob a chancela do ministério da Economia e da Transição Digital. O fundo deverá investir em projetos que fomentem a transição digital da economia, mas ainda não são conhecidos detalhes.

Para prevenir um eventual “açambarcamento” de espetro, a Anacom vai impor limites à quantidade de espetro que as empresas poderão adquirir: “Antecipando-se uma procura importante nas faixas relevantes para 5G, a Anacom considera necessário a determinação de limites à quantidade de espetro que cada entidade pode adquirir no leilão”, informa o regulador. Os limites são de dois lotes de 10 MHz na faixa dos 700 MHz e de um máximo de 100 MHz na faixa dos 3,6 MHz.

Roaming nacional avança. E há desconto no leilão para novos entrantes

Na informação divulgada esta segunda-feira, consta que o roaming nacional vai mesmo avançar, como era esperado. A medida é uma das bandeiras do atual presidente da Anacom e foi subscrita, na semana passada, pelo ministro das Infraestruturas e da Habitação, apesar de fortemente criticada pelas principais operadoras.

O roaming nacional visa forçar as operadoras a que, em alguns casos, tenham de partilhar infraestruturas de 5G, com vista a fomentar e acelerar o desenvolvimento da rede. Ora, “o projeto de regulamento prevê a imposição de obrigações de acesso à rede para operadores móveis virtuais e/ou roaming nacional às empresas que adquiram quantidades significativas de espetro”, segundo o regulador.

Por outras palavras, Meo, Nos e Vodafone deverão ficar obrigadas à partilha de infraestrutura umas com as outras, além de terem de criar condições para que as chamadas operadoras virtuais, sem rede própria, possam comercializar serviços sobre as redes das empresas principais.

Além das operações virtuais, a Anacom também tenciona fomentar a entrada de novas prestadoras de serviços no mercado. Assumindo que Portugal “encontra-se no conjunto de países [da União Europeia] com menor número de operadores móveis”, os novos entrantes contarão com “um desconto de 25% sobre o preço final de espetro que adquirirem nas faixas dos 900 MHz e dos 1.800 MHz”.

E para resolver o problema da DenseAir, a empresa que “herdou” uma licença de 5G antes mesmo de se saber o que viria a ser o 5G, licença essa que vai expirar em 2025, a Anacom permite que “todos os licitantes” possam “efetuar o pagamento de um terço do preço final do espetro […] de forma diferida, ao longo de cinco anos”.

Esta regra aplica-se à faixa dos 3,6 MHz, mas também a dos 900 MHz e a dos 700 MHz — esta última, por ainda estar ocupada pelo serviço de Televisão Digital Terrestre (TDT), operado pela Meo, que já começou a ser transferido para outra faixa do espetro eletromagnético.

Fornecedores como a Huawei podem ficar de fora do núcleo das redes 5G

Além da obrigação de acesso à rede para operadores móveis virtuais e novos entrantes, as empresas na corrida ao 5G terão ainda de respeitar uma série de outras obrigações. Entre elas, obrigações de cobertura através de banda larga móvel com um débito mínimo de 100 Mbps, de reforço do sinal de voz, de desenvolvimento da rede para disponibilização de serviços compatíveis com 5G e de segurança.

Estas últimas, de segurança, poderão criar entraves à participação da Huawei no core das redes de comunicações de quinta geração também em Portugal. A Anacom, tal como o Governo e a própria Comissão Europeia, não mencionam nomes. Mas o regulador garante que, no 5G português, as operadoras ficarão “sujeitas às medidas que, a nível nacional ou europeu, sejam adotadas pelas entidades competentes”.

Entre elas, sublinha o regulador, está a chamada “caixa de ferramentas” do 5G, um documento que afasta do núcleo das redes os chamados fornecedores de “alto risco”. É o caso da chinesa Huawei, que é acusada de ser um veículo de espionagem do regime chinês, acusações que a empresa rejeita. E, em Portugal, pelo menos a Meo e a Nos têm contratos fechados com a Huawei.

O projeto de regulamento vai agora ser sujeito a uma consulta pública de 30 dias úteis, a contar a partir do dia em que for publicado em Diário da República, o que a Anacom prevê acontecer a 12 de fevereiro, quarta-feira. A aprovação final do regulamento do leilão deverá acontecer em abril, mês em que começa o processo.

A atribuição das frequências para o 5G deverá estar concluída em junho, sendo que a meta do Governo é ter duas cidades com cobertura 5G até ao final deste ano: uma no litoral com mais de 50 mil habitantes e outra no interior do país. O plano alargado tem um horizonte de cinco anos, prevendo-se a cobertura quase integral de Portugal em 2025.

(Notícia atualizada às 12h38 com mais informações)

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Nasceram menos bebés em Portugal. Foram 87 mil em 2019

Registaram-se menos nascimentos em 2019, face ao ano anterior. Número de óbitos diminuiu ligeiramente, mas o saldo natural mantém-se negativo.

Depois de um aumento em 2018, o número de nascimentos em Portugal voltou a encolher no ano passado. Em 2019, nasceram 87 mil crianças em território nacional, sendo que destas 86.557 são filhos de mães residentes. Assim, e mesmo com o número de óbitos a diminuir ligeiramente, o saldo natural foi negativo pelo 11.º ano consecutivo.

Em 2019 registaram-se em território nacional 87.000 nados-vivos e 112.253 óbitos. O número de nados-vivos de mães residentes em Portugal foi 86.557, menos 0,5% em relação a 2018“, revelam os dados preliminares das Estatísticas Vitais, divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística.

De acordo com os dados do gabinete estatístico, setembro foi o mês onde nasceram mais bebés em Portugal com 8.054 crianças, ao passo que fevereiro foi o mês onde se registaram menos nascimentos (6.437).

A diminuição no número de nascimentos no ano passado marca um regresso à tendência dos últimos anos, contrariando o que se verificou em 2018. Nesse ano nasceram 87.020 crianças de mães residentes em Portugal, sendo que este valor corresponde a um aumento de 1% no número de nados-vivos no país (mais 866 crianças do que em 2017).

Além da quebra da taxa de natalidade, houve também uma redução da mortalidade. No que toca ao número de óbitos de residentes em Portugal, em 2019 foram registadas 111.757 mortes, menos 1,1% do que as registados em 2018 (113.051).

Ainda assim, o saldo natural da população, isto é, a diferença ente o número de nascimento e mortes mantêm-se negativo, caiu ligeiramente face a 2018. Segundo o INE, no ano passado o saldo natural atingiu os 25.200, quando comparados os 26.031 registados no ano anterior. A descida é justificada pelo facto de “a diminuição do número de óbitos ter sido superior à redução do número de nados-vivos”, aponta o gabinete.

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Clã de José Eduardo dos Santos apropriou-se das riquezas de Angola

  • Lusa
  • 10 Fevereiro 2020

Autora do livro "O Domínio de Angola, um retrato do poder de Eduardo dos Santos", considera que reinado do antigo presidente foi autoritário e funcionou sobre apropriação por um clã das riquezas país.

A autora do livro “O Domínio de Angola, um retrato do poder de José Eduardo dos Santos”, considera que o reinado do antigo Presidente foi “autoritário e funcionou sobre a apropriação por um clã das riquezas do país”.

Em entrevista à Lusa a propósito do lançamento do livro, na terça-feira, Estelle Maussion considerou que o poder de que gozou José Eduardo dos Santos durante 38 anos em Angola teve por base um “sistema que tem raiz na guerra civil, que tornou-se autoritário e que funcionou sobre a apropriação por um clã das riquezas do país”.

Para a autora, jornalista da agência francesa de notícias France Presse e da rádio France Internationale (RFI) correspondente em Angola entre 2012 e 2015, “este sistema, que parecia intocável, finalmente está em dificuldades com a saída do poder da família e a chegada do João Lourenço”.

Questionada sobre se os documentos com vários contratos de Isabel dos Santos, conhecidos como Luanda Leaks, a surpreenderam, Estelle Maussion respondeu que há “detalhes sobre a rede internacional de ativos do casal Isabel dos Santos-Sindika Dokolo que ficavam na sombra até lá”, mas acrescentou que “as revelações levaram questões antigas sobre a origem da fortuna da filha do antigo Presidente angolano, sobre a relação entre o seu sucesso e o seu estatuto de filha de chefe de Estado”.

O livro agora publicado “descreve o sistema de governação do antigo Presidente e da sua família ao longo de 38 anos” e que beneficiou da “hipocrisia de países, organizações e empresas em nome de interesses diplomáticos ou económicos”, incluindo em Portugal, onde houve uma “posição muito ambígua do governo português e de várias personalidades do país durante o passado”.

No livro, que passa em revista os 38 anos de poder de José Eduardo dos Santos, recuperando as principais notícias e acontecimentos do reinado e enquadrando-os nos jogos de poder da elite angolana, a autora pretendeu “dar um testemunho vivo, documento e ao mesmo tempo acessível deste período.

A trajetória da família de José Eduardo dos Santos “é única, uma extraordinária ascensão seguida de uma queda espetacular”, considera Estelle Maussion, que se mostra confiança na capacidade do novo Presidente em impor reformas e um combate assertivo contra a corrupção.

“Há uma vontade muito forte de encarnar uma rutura”, responde, quando questionada sobre se João Lourenço representa uma mudança de paradigma ou apenas uma mudança de cadeiras entre a elite de Angola.

Esta rutura, defende, “passa por declarações, nomeações em série, inquéritos e processos judiciais, e ao mesmo tempo, várias reformas foram lançadas para rever as regras dos negócios, implementar outras práticas na administração, melhorar a eficácia e a transparência”.

Tudo isto, acrescenta, “envia bons sinais, mas ainda é cedo para fazer um balanço e vai demorar muito tempo para mudar as mentalidade em relação à corrupção”, alerta a jornalista escritora, que admite surpresa na rapidez com que João Lourenço substituiu figuras importantes do antigo Executivo e lançou processos judiciais contra familiares do antigo Presidente.

“Acho que foi uma surpresa para muita gente; ver membros da antiga família presidencial em frente de um tribunal era impensável alguns anos atrás; a rotura é muito forte mas não é suficiente”, argumenta a autora, concluindo: “O novo Presidente tem também que produzir resultados concretos na melhoria das condições de vida da população, e esse é o real desafio num contexto económico difícil”.

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Alguns funcionários públicos com aumentos extra vão ganhar menos por mudarem de escalão de IRS, dizem sindicatos

"Aquilo que dizemos é que esta não é uma proposta aceitável", disse Helena Rodrigues, à saída da reunião com o Governo. Também a FESAP considera que esta proposta "é insuficiente".

O Governo propôs, esta segunda-feira, aos sindicatos que representam os trabalhadores do Estado aumentar em sete euros (cerca de 1%) os salários até 683,13 euros, mantendo a atualização de 0,3% para os restantes. À saída da reunião com o Ministério de Alexandra Leitão, a dirigente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) disse-se “complementarmente desiludida” e assegurou que irá colocar em cima da mesa uma contraproposta, tendo ficado marcada uma nova reunião para a próxima segunda-feira.

“Aquilo que dizemos é que esta não é uma proposta aceitável”, defendeu Maria Helena Rodrigues, em declarações aos jornalistas. “Há uma coisa que nós sabemos: se queremos serviços de qualidade temos de pagar aos trabalhadores. Não é possível continuar a divergir da Europa. Há mais de 20 anos de divergimos do nível de vida da Europa”, frisou.

A dirigente do STE garantiu, além disso, que irá apresentar ao Governo uma contraproposta, “nunca perdendo aquilo que é a atualização que devia ser obrigatória todos os anos igual à inflação”. Até ao congelamento das carreiras, a evolução dos salários no Estado costumava ser ditada pela inflação prevista para o ano seguinte, o que não se verificou em 2020. Desta vez, o Governo usou a inflação do ano anterior (neste caso, 2019) para guiar os aumentos, o que resultou numa subida de 0,3% para a generalidade dos trabalhadores.

E ainda que o Orçamento do Estado esteja já fechado, Helena Rodrigues salientou que “há dinheiro” para reforçar os aumentos além das propostas apresentadas pelo Executivo, não adiantando contudo se irá ou não insistir na proposta de 3% apresentada no início deste processo negocial. “Vamos ver”, disse.

Sobre a reunião de segunda-feira, a sindicalista reforçou: “Estamos com a sensação de que o Governo não quer negociar, que está só a encenar qualquer coisa, que isto é tudo um faz de conta. Mas nós temos de esgotar todas as hipóteses”. Helena Rodrigues não fechou a porta a uma nova greve — depois de os vários sindicatos da Função Pública terem levado a cabo uma paralisação a 31 de janeiro por este mesmo motivo — ainda que reconheça que “é cedo” para avançar já com protestos.

Proposta do Governo “fica muito aquém”

O segundo sindicato a reunir-se com o secretário de Estado da Administração Pública esta manhã foi a Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), que considerou que a proposta do Governo “é insuficiente” e “fica muito aquém” das expectativas e reivindicações, não só pelo valor, mas também por não abranger todos os trabalhadores.

“Vamos apresentar naturalmente uma contraproposta”, adiantou José Abraão, em declarações aos jornalistas, referindo que, esta tarde, a FESAP irá reunir-se para decidir que aumento colocará em cima da mesa na próxima segunda-feira. “Queremos acreditar que há margem para valorizar as primeiras posições remuneratórias“, acrescentou, criticando o facto desta nova ronda negocial acontecer já depois do Orçamento do Estado para 2020 estar fechado.

Abraão colocou ainda em dúvida o universo de trabalhadores abrangidos pelo aumento de sete euros e avançou aos jornalistas que o custo desse reforço remuneratório para as posições mais baixas da Tabela Remuneratória Única (TRU) deverá rondar os 17 milhões de euros. “É um pequeníssimo esforço”, disse.

Sobre estes aumentos adicionais, o dirigente da FESAP aproveitou ainda para salientar que os trabalhadores que estão atualmente no quinto escalão da TRU e ganham 683,13 euros brutos todos os meses podem ver o seu salário líquido diminuir, em relação ao início do ano.

Isto porque a sua remuneração atual colocou-os na segunda posição das tabelas de retenção na fonte de IRS atualizadas em janeiro, mas com o aumento de sete euros (para 690,13) saltarão para a terceira posição, passando de uma taxa de 0,1% (para solteiros sem dependentes) para uma taxa de 4,2%. Resultado: o salário líquido destes funcionários públicos ficará mais baixo depois do aumento, em comparação com o que efetivamente receberam nos primeiros meses do ano.

De notar, contudo, que em 2019 esses mesmos trabalhadores estavam já a pagar uma taxa de 4,4% sobre o seu salário, de acordo com o desenho anterior das tabelas de retenção. Daí que o Governo argumente que estes trabalhadores, na verdade, vão manter-se no mesmo escalão de IRS e não subir, como diz a FESAP.

Tudo somado, se os trabalhadores na quinta posição não tivessem qualquer aumento salarial receberiam mais ao fim do mês — porque teriam taxa de 0,1% — do que com vão ganhar agora, já que a taxa sobe para 4,2%, alerta a FESAP. Ou seja, sem aumento e líquida de IRS, a remuneração ficaria nos 682,45 euros; com aumento passará para 661,14 euros, ficando ainda assim acima dos 653,07 euros registados em 2019 (igualmente líquido de IRS).

“É deixar os trabalhadores o último plano”

À saída da reunião com o secretário de Estado da Administração Pública, Ana Avoila, da Frente Comum, considerou que a proposta colocada em cima da mesa é “insuficiente” e significa que o Executivo está a “deixar os trabalhadores para o último plano”.

A sindicalista sublinhou que manterá a reivindicação de 90 euros para todos, não admitindo apresentar uma outra contraproposta até que o Governo rejeite formal e frontalmente o aumento pedido pela Frente Comum. “A Frente Comum tem uma proposta de 90 euros, à qual precisa que o Governo responde e é a partir dos 90 euros que vamos discutir”, disse Avoila.

A dirigente disse ainda que vai convocar um plenário do sindicato para decidir “a continuação da luta“, no final do mês de fevereiro.

(Notícia atualizada com declarações da FESAP e da Frente Comum)

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Negócio fechado. Abanca fica com pelo menos 95% do EuroBic

Está resolvido o impasse na estrutura acionista do EuroBic, após o anúncio da saída de Isabel dos Santos, na sequência do Luanda Leaks. Galegos do Abanca são os compradores do banco português.

Juan Carlos Escotet (dono do Abanca), Teixeira dos Santos (CEO do EuroBic) e Francisco Botas (CEO do Abanca) fechando o negócio.

O espanhol Abanca é o comprador do EuroBic, num negócio que resolve as dúvidas na estrutura acionista do banco português, após a empresária angolana Isabel dos Santos ter colocado a sua posição à venda, na sequência do caso Luanda Leaks. Não foram revelados valores da operação.

“O Abanca apresentou uma oferta vinculativa de aquisição de pelo menos 95% do capital, que mereceu a aceitação dos acionistas representantes daquela percentagem“, anunciou Fernando Teixeira dos Santos, presidente do EuroBic, numa mensagem distribuída internamente e a que o ECO teve acesso.

A concretização desta aquisição abrirá certamente uma nova fase na vida deste banco, reforçará a sustentabilidade da sua atividade e a defesa dos interesses dos seus clientes e colaboradores”, frisou ainda o antigo ministro das Finanças.

Já o Abanca lembra que a aquisição do EuroBic “está sujeita, como sucede neste tipo de operações, a um processo de due diligence e a autorizações das autoridades regulatórias”.

"O Abanca apresentou uma oferta vinculativa de aquisição de pelo menos 95% do capital, que mereceu a aceitação dos acionistas representantes daquela percentagem.”

Teixeira dos Santos

CEO do EuroBic

O acordo foi fechado durante o fim de semana, com o Banco de Portugal a par de todos os desenvolvimentos. Em reação ao início da tarde, o supervisor confirmou que foi informado da celebração do memorando de entendimento esta segunda-feira, acrescentando que a “aquisição está sujeita à autorização do Banco Central Europeu, em articulação com o Banco de Portugal, uma vez recebida e analisada a informação exigível”.

Ontem, ao final do dia, já estavam preparados os comunicados de imprensa destinados à divulgação da conclusão do negócio, que só foi tornada pública esta manhã, juntamente com uma fotografia entre Juan Carlos Escotet (dono e chairman do Abanca), Teixeira dos Santos (CEO do EuroBic) e Francisco Botas (CEO do Abanca) no momento de assinatura do contrato.

Esta segunda-feira, ao início da tarde, há reunião do conselho de administração do EuroBic para Teixeira dos Santos dar a conhecer aos outros administradores os detalhes da operação, sabe o ECO.

EuroBic e Abanca tinham avançado a semana passada para negociações em exclusivo, como o ECO avançou em primeira mão. Isto depois de Juan Carlos Escotet ter dito na terça-feira que estava a olhar com muito interesse para este dossiê, mas exigindo controlar pelo menos 75% do capital do banco. Ou seja, a posição de 42,5% de Isabel dos Santos não era suficiente para os espanhóis, pelo que também Fernando Teles, sócio de longa data da empresária angolana, também teria de alienar os seus 37,5%.

“O que tem sido política do Abanca é que não participamos em nenhum tipo de integração ou fusão em que não controlamos o banco. Não sabemos qual a posição dos outros acionistas [do EuroBic]. Se não houver um mínimo de 75% do controlo, não participamos”, referiu Juan Carlos Escotet esta terça-feira, durante a conferência de apresentação dos resultados anuais do Abanca.

Escotet exigia o controlo do EuroBic para implementar o modelo de negócio e o modelo corporativo do Abanca, antecipando o fim da marca EuroBic com a fusão no atual negócio do Abanca em Portugal.

Além de Isabel dos Santos e Fernando Teles, outros acionistas também participaram no negócio, não se sabendo quem exatamente. Luís Cortez dos Santos, Manuel Pinheiro Fernandes (grupo Martal) e Sebastião Lavrador (ex- governador do Banco Nacional de Angola) detinham 5% cada; e outros estavam 5% dispersos por vários acionistas.

Segundo informação do banco galego, após a aquisição do EuroBic, o Abanca Portugal apresentará um volume de negócios de 18 mil milhões de euros, incluindo crédito e depósitos.

O EuroBic fechou 2019 com um rácio de malparado de 6,4%. Emprega 1.482 trabalhadores e opera numa rede de 184 agências.

Esta é a quinta aquisição do Abanca desde 2014 e a segunda em Portugal, após a compra do negócio de retalho do Deutsche Bank no ano passado.

(Notícia atualizada às 15h13 com reação do Banco de Portugal)

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BPI/CaixaBank vê lucros do BCP a encolher. Corta preço-alvo

Lucros do BCP terão caído para 283 milhões de euros em 2019 devido a custos de reestruturação, encargos com litígios e menos DTA. BPI/CaixaBank reduz avaliação e recomendação para as ações.

O BPI/CaixaBank reduziu a avaliação para as ações do BCP, antes de o banco liderado por Miguel Maya apresentar os resultados anuais. Os lucros terão caído no ano passado para 283 milhões de euros.

Numa nota de investimento a que o ECO teve acesso, o BPI/CaixaBank baixou o preço alvo do BCP em 7%, dos 0,27 euros para os 0,25 euros, reduzindo a recomendação de “Comprar” para “Neutral”. Vê um potencial de valorização de 28% face à cotação de fecho da passada sexta-feira. As ações do BCP estão a cair 2,72% para 0,1895 euros no PSI-20.

A explicar o downgrade está a redução dos lucros por ação. O BCP vai anunciar os resultados de 2019 na quinta-feira da próxima semana. Depois dos lucros de 301 milhões em 2018, o banco deverá registar uma descida de 5,9% para 283 milhões no ano passado, segundo as estimativas do BPI/CaixaBank.

“Os resultados vão ser penalizados por itens específicos (custos de reestruturação, encargos com litígios e desreconhecimentos de DTA) e pela compressão da margem no trimestre“, explicam os analistas numa nota de research emitida esta segunda-feira.

Ponto positivo: os rácios de capital confortáveis o suficiente para fazer face a preocupações com a capacidade de o grupo reduzir os ativos não produtivos. “O BCP negoceia com um desconto entre 15% e 25% face ao setor europeu e aos pares espanhóis. Contudo, acreditamos que este desconto seja justificado devido às incertezas pendentes relacionadas com a litigância na Polónia em torno dos empréstimos em francos suíços, juntamente com o rácio de NPA [ativos não produtivos] mais elevado do que a média”, refere o BPI/CaixaBank.

O banco de investimento destaca os “desenvolvimentos positivos na qualidade dos ativos com os NPE [exposição não produtiva] (…) em baixa de 6%, permitindo ao BCP bater o guidance com uma redução de 25% para o conjunto do ano de 2019″.

Em relação ao caso dos empréstimos em moeda estrangeira na Polónia, o BPI/CaixaBank lembra que o Bank Millennium (controlado pelo BCP) já colocou de lado 52 milhões, embora tenha admitido perdas adicionais. “Num pior cenário, a conversão de todos os empréstimos FX do Bank Millennium poderá ter um impacto de 120 pontos base no rácio CET1 do BCP”, diz o BPI/CaixaBank.

BCP lidera quedas em Lisboa

Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

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Deco Proteste considera “injustiça” IVA da eletricidade continuar nos 23%

  • Lusa
  • 10 Fevereiro 2020

A campanha lançada em 2018 pela associação para a redução do IVA da energia foi assinada por 80 mil cidadãos que pediam a redução do IVA na eletricidade, no gás natural e no gás engarrafado.

A Deco Proteste assistiu com “desalento” ao chumbo da redução do IVA da eletricidade, considerando que é uma injustiça ser cobrado um IVA de 23% num serviço público essencial.

“Nós trouxemos para a praça pública a discussão deste tema em 2018 e é com desalento que percebemos que a maioria dos deputados na Assembleia da República não aprovou a redução do IVA para 6%”, afirmou à Lusa a responsável das relações instituições da Deco Proteste, Rita Rodrigues.

Para a responsável da Deco, a defesa do consumidor sai prejudicada com a votação do parlamento, recordando que a campanha lançada em 2018 pela associação para a redução do IVA da energia foi assinada por 80 mil cidadãos que pediam a redução do IVA na eletricidade, no gás natural e no gás engarrafado.

O IVA da eletricidade e do gás subiu de 6% para 23% em 2011, aquando da intervenção da ‘troika’ em Portugal, justificado por uma questão de necessidade orçamental, considerando Rita Rodrigues que anos depois, já com o país sem o resgate, “esta injustiça continua a verificar-se”.

Já sobre a possibilidade de o Governo distinguir as taxas de IVA da eletricidade por escalões de consumo, tendo pedido autorização ao Comité de IVA da Comissão Europeia, Rita Rodrigues considerou uma melhoria face ao que existe atualmente, mas que não responde ao reivindicado.

Para a responsável da Deco Proteste um bem público essencial deve ter uma taxa de IVA reduzida sem exceções.

“O que pedimos é que seja resposta a situação de taxa de IVA 6% de antes da ‘troika’. Falamos de algo que tem que ver com mais elementar justiça num serviço público essencial básico em Portugal”, vincou.

Rita Rodrigues recordou que um relatório da Comissão Europeia de 2017 alertava para o nível de pobreza energética em Portugal face ao número de pessoas que têm dificuldades em manter as casas com a temperatura adequada.

O parlamento confirmou em plenário a manutenção do IVA da eletricidade em 23% depois de ter chumbado propostas do PCP e do BE para a baixar para 6% e 13%, respetivamente.

O PSD tinha também uma proposta de redução do IVA da luz de 23 para 6% para consumo doméstico, mas retirou-a na votação da madrugada de hoje em comissão, depois de terem sido ‘chumbadas’ as compensações previstas pelos sociais-democratas, que passavam por cortes nos gabinetes ministeriais e, sobretudo, pela data de aplicação da proposta, apenas em 01 de outubro.

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Allianz é seguradora europeia mais ativa no apoio às fintech

  • ECO Seguros
  • 10 Fevereiro 2020

O grupo Allianz, através do seu braço de investimentos na inovação digital, foi a instituição europeia com mais fintechs apoiadas em 2019, à frente de Bpifrance e Santander InnoVentures.

Além de servir de interface entre as startups integrantes da sua carteira de investimento e os ecossistemas em que a Allianz atua, o fundo dirigido por Nazim Cetin (CEO da Allianz X) é responsável pela estratégia de inovação tecnológica das diversas unidades operacionais do grupo segurador germânico.

Globalmente, o universo de veículos de investimento (CVC e CVS) que financiam os verticais fintech na Europa desembolsou cerca de 8,3 mil milhões de euros, distribuídos por 481 rondas de financiamento, segundo dados da plataforma Finnovating para 2019. Na geografia dos hubs mais ativos, o Reino Unido liderou, concentrando 3,5 mil milhões (42% do total), seguido da Alemanha com 2,3 mil milhões, Suécia e França, cada uma com volumes situados no intervalo 500-600 milhões de euros.

Esta dinâmica de financiamento suportada sobretudo por private equity (fundos de capital privado) agrupa duas categorias de venture capital: CVS (sociedades de serviços em capital de risco) e CVC (fundos institucionais), umas menos vocacionadas para o risco do que outras, consoante a natureza e o estágio de desenvolvimento das startups em que apostam.

O ‘corporate venture capital’ (CVC), como são identificados os fundos de investimento de instituições financeiras, tem reforçado a aposta em startups dos verticais fintech (inovação tecnológica no setor financeiro).

Fonte: Finnovating

Entre os fundos de instituições financeiras (normalmente geridos por filiais ou veículos de investimento criados para o efeito), o Allianz X, criado em 2013, foi o mais ativo de 2019 no investimento em fintechs (com sete startups apoiadas no conjunto do ano), seguindo-se o Bpifrance (banco público de investimento lançado em 2012 com forte ligação à Caisse de Dépôts et Consignations) e o grupo Santander (através da InnoVentures, lançada em 2014): a lista dos cinco primeiros completa-se com o Commerzbank e o banco de investimento Goldman Sachs, de acordo com a ordenação da Finnovating para 2019.

Na análise ao venture capital gerido por sociedades de private equity (CVS)
, o mais ativo foi a Speedinvest, um veículo de investimento de origem austríaca lançado em 2011. Esta entidade focada em estágios de geminação e crescimento (pre-seed e venture) participou em 10 investimentos, seguindo-se a Anthemis e a Augmentum, que estiveram em oito. A completar o ranking das primeiras cinco do ano surge a Accel, envolvida em sete, número igualado pela Global Founders Capital; Index Ventures, Kima Ventures e Seedcamp.

Em conjunto, as CVS representaram 15% do investimento em fintech na Europa, em 2019, detalha a Finnovating. De acordo com esta fonte, 11 instituições financeiras investiram, cada uma, em mais de três startups fintech no ano passado. Os verticais ‘pagamentos e crédito’ (destino de 30% das rondas de financiamento realizadas em 2019); ‘neobanks e challenger banks’ (com perto de 8% das rondas) foram os mais privilegiados no investimento recebido por total de empresas.

Na Europa, entre as fintech que mais recursos captaram por ronda, a alemã Wirecard destacou-se com 900 milhões de euros, seguindo-se a britânica Greensil, que arrecadou 630 milhões. O japonês SoftBank, através do Vision Fund, participou nas duas rondas.

O Allianz X é o CVC do grupo germânico vocacionado para apoiar o crescimento de startups nos diversos ecossistemas que interessam aos seguros (cibersegurança, gestão ativos e pensões, saúde, mobilidade, IA e IoT). O fundo, aumentado em mais de 500 milhões de euros no início de 2019, está atualmente dotado de 1 000 milhões milhões de euros em capacidade de financiamento.

Além de servir de interface para as startups que integram a sua carteira de investimento e os ecossistemas em que a Allianz atua, o fundo dirigido por Nazim Cetin (CEO da Allianz X) tem a missão de orientar a estratégia de inovação nas várias unidades operacionais do grupo segurador germânico.

BIMA em ação: A tecnológica serve 31 milhões de clientes distribuídos por 13 países da Ásia, África e América Latina, procura inclusão social e financeira das populações.

Presente em cinco continentes, detém atualmente participação direta em 15 empresas, entre outras a GoJek, N26, Bima, Lemonade, C2FO, Fundbox, Simplesurance, American Well, Nauto e 1Qbit. Do portefólio da Allianz X, pelo menos cinco são unicórnios (empresas com valorização superior a 1 000 milhões de dólares).

Enquanto participadas como a GoJek e N26 beneficiam das valorizações mais apetecíveis, a Bima é o projeto com maior impacte global no que respeita a objetivos de inclusão social e financeira.

A Bima, uma insurtec de origem sueca fundada em 2010 – e atualmente a financiar-se já em operações de mercado secundário – desenvolveu-se a partir de uma plataforma tecnológica própria e construiu uma rede de parcerias com seguradoras globais, entidades bancárias e de microcrédito e operadores móveis líderes de mercado. Serve atualmente 31 milhões de clientes distribuídos por 13 países da Ásia, África e América Latina.

A plataforma global salienta que 75% dos clientes angariados obteve, pela primeira vez, acesso a uma apólice de seguro utilizando os serviços Bima.

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Salários mais baixos do Estado vão ter aumentos de 7 euros

O Governo quer aumentar em sete euros os salários da Função Pública até 683,13 euros. Os restantes trabalhadores do Estado mantém reforço remuneratório de 0,3%.

O Ministério de Alexandra Leitão propôs, esta segunda-feira, aos sindicatos que representam os funcionários públicos aumentar os salários não em 0,3% — como tinha sido anunciado em dezembro — mas em sete euros (cerca de 1%), para as remunerações até 683,13 euros. A atualização em causa terá efeitos retroativos a janeiro, havendo lugar a um acerto em março, de acordo com a proposta do Executivo.

Depois de em dezembro ter tido que tinha ido “até onde podia ir” com as subidas salariais em linha com a inflação, o Executivo chamou os sindicatos para uma nova ronda negocial, que decorre esta segunda-feira, na qual se comprometeu a apresentar um reforço remuneratório superior aos tais 0,3%.

Nesse sentido, a proposta conhecida esta manhã indica que os trabalhadores que se encontrem no quarto escalão da Tabela Remuneratória Única (TRU) e no quinto escalão vão beneficiar, este ano, de uma atualização em sete euros, “o que resulta num crescimento superior a 1%”, subindo de 635,07 euros mensais para 642,07 euros e de 683,13 euros para 690,13 euros, respetivamente.

Na proposta, o Governo esclarece ainda que os salários mais baixos (isto é, os 635 euros que passam para 642 euros) vão manter-se livres de pagamento de IRS, já que o aumento não implica uma subida de escalão. No caso dos trabalhadores que se encontram no quinto escalão, também não há também mudanças a registar ao nível do IRS. “Os trabalhadores do nível cinco da TRU, que em 2019, estavam no terceiro escalão do IRS e descontavam 4,4%, manter-se-ão em 2020 no terceiro escalão de IRS, com uma redução da taxa de retenção na fonte para 4,2%”, de corrente da atualização das tabelas.

De notar ainda que esta atualização salarial abrange cerca de 150 mil funcionários públicos e terá efeitos retroativos a 1 de janeiro de 2020, havendo lugar a um acerto já no mês de março.

Para os restantes trabalhadores, o aumento salarial mantém-se nos 0,3%, seguindo a inflação registada até novembro de 2019. Essa subida foi considerada “ofensiva” e “inaceitável” pelos sindicatos, que lembraram que a maioria dos trabalhadores do Estado não tem reforços remuneratórios desde 2009, tendo por isso levado a cabo greves e manifestações a 31 de janeiro.

Estas propostas do Governo ficam, de resto, longe das reivindicações dos sindicatos. O sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) tem pedido subidas de 3%, a Frente Comum exige 90 euros para todos e a Federação Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP) defende aumentos de 2,9% para a generalidade dos funcionários públicos.

À saída da reunião com o Governo, a dirigente do STE adiantou que está marcada mais uma reunião para a próxima segunda-feira, no âmbito do qual os sindicatos deverão apresentar contrapropostas.

(Notícia atualizada às 11h09)

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Neurodiversidade: o último tabu na área da diversidade e inclusão

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  • 10 Fevereiro 2020

Rui Correia, EY Senior Manager, acredita que a neurodiversidade não é uma questão de responsabilidade social, mas de uma lógica de negócio pura, que pode trazer "enormes mais-valias" às organizações.

What happens when great minds don’t think alike? Se a diversidade de género ou cor de pele têm hoje particular atenção, nas questões de neurodiversidade há ainda um longo caminho a percorrer.

O conceito foi criado em 1988 por Judy Singer, uma socióloga australiana com o que então se chamava Síndrome de Asperger. O conceito da neurodiversidade é o de que condições como TEA (Transtorno do Espectro Autista), TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade), dislexia e dispraxia (distúrbio motor com base neurológica), entre outras, não são anomalias, mas sim diferenças neurológicas que devem ser reconhecidas e respeitadas.

Judy Singer defende, na neurodiversidade, que não existe um tipo neurológico normal a que todos correspondamos, mas antes um espectro de variações tão complexas e diversas como os genes, os ecossistemas ou as espécies. Trata-se, acima de tudo, de uma característica humana que deve ser respeitada como qualquer outra diferença.

"Os indivíduos neurodivergentes apresentam diversas características pouco habituais e que podem ser enormes mais-valias para as organizações.”

Por que é que isto é relevante no mundo do trabalho? O Chartered Institute of Personnel and Development (CIPD) do Reino Unido estima que 10% da população seja neurodivergente e que cerca de 60% destas pessoas tem dificuldade em arranjar ou manter um emprego. Várias razões explicam essa dificuldade, nomeadamente o facto de locais de trabalho, gestores e políticas de recrutamento estarem afinadas apenas para lidar com não neurodivergentes (ou neurotípicos).

Com o aumento da atenção e acompanhamento de jovens e adultos, o número de diagnósticos de TEA e TDAH cresceu 600% em 20 anos, só nos Estados Unidos. Num mundo em que há escassez de talento, não nos podemos dar ao luxo de desaproveitar este potencial ao limitarmos a nossa contratação!

Não se trata de responsabilidade social, trata-se de lógica de negócio pura; os indivíduos neurodivergentes apresentam diversas características pouco habituais e que podem ser enormes mais-valias para as organizações.

As mais habituais capacidades atribuídas a neurodiversos incluem invulgar capacidade de pensamento analítico e resolução de problemas. Pessoas com estas características tendem a ter um pensamento marcadamente lógico, baseado em dados e sem ideias preconcebidas, sendo menos suscetíveis a confirmation-bias. A capacidade de foco nas suas áreas de interesse supera habitualmente a dos neurotípicos e nessas áreas as suas competências técnicas alinham sempre pelo topo.

"Como profissional de RH, gostava muito que 2020 fosse o ano em que a neurodiversidade deixasse de ser ostracizada, estereotipada ou ignorada, e passasse a ser uma tendência crescente no campo da inclusão e diversidade.”

Se lhes for permitido – como deveria ser a todos os colaboradores – focar nas áreas em que são mais fortes, a sua motivação, resiliência e comprometimento são muito elevados. Para além do seu talento, os neurodiversos tendem a ser trabalhadores pontuais e dedicados.

Menos bem compreendido até agora, mas muito interessante, é o potencial de pessoas neurodiversas formarem equipas com excecional desempenho em termos de performance e inovação.

Como profissional de RH, gostava muito que 2020 fosse o ano em que a neurodiversidade deixasse de ser ostracizada, estereotipada ou ignorada, e passasse a ser uma tendência crescente no campo da inclusão e diversidade.

Sendo verdade que indivíduos neurodiversos podem requerer algumas adaptações ao local de trabalho, por vezes bastam coisas tão simples como permitir auscultadores de ouvido, que evitam superestimulação auditiva, para ativar ao máximo as suas habilidades.

Na realidade, a maior dificuldade consiste em adaptar as chefias e as políticas e práticas de gestão de RH, às necessidades diferentes dos colaboradores neurodivergentes.

Os processos de avaliação de desempenhos habitualmente utilizados não são adequados a pessoas com estas características, nem tão pouco o são as práticas de recrutamento, demasiado estandardizadas para permitir a pessoas diferentes passar ‘pelo crivo’ rígido do processo. Também o tipo de apoio que é dado ao colaborador e a forma de atribuir responsabilidades deve ser diferente.

Felizmente, um número cada vez maior de organizações já compreende este valor e criou programas de recrutamento e desenvolvimento que têm a flexibilidade necessária para integrar a neurodiversidade.

Na EY, criámos o Centro de Excelência para Neurodiversidade que trabalha para resolver os desafios dos nossos clientes nesta área e abraçámos nós mesmos esta oportunidade, tendo programas de recrutamento com prioridade para indivíduos não neurotípicos, em áreas onde as suas capacidades únicas são indiscutíveis.

Não deixe a sua organização passar ao lado deste potencial de talento!

Se tem interesse em receber comunicação da EY Portugal (convites, newsletters, estudos, etc), por favor clique aqui.

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Revista de imprensa internacional

Trump prepara-se para revelar o orçamento, a UE pede regras mais claras sobre resgate de bancos. E Bill Gates vai ter um iate movido a hidrogénio.

Donlad Trump vai apresentar a sua proposta orçamental para os EUA, com cortes na segurança social, mas um aumento na despesa militar. Na Europa, Elke König apela a regras mais claras sobre como lidar com a resolução de bancos. Em Espanha, o El Corte Inglés vendeu o negócio de antenas à Cellnex por 70 milhões, enquanto Bill Gates encomendou um super iate movido a hidrogénio.

Reuters

Trump corta a ajuda externa e programas de segurança na nova proposta de orçamento

Donald Trump já tem preparada a proposta orçamental de 4,8 triliões de dólares para o ano fiscal de 2021, de acordo com altos funcionários da administração norte-americana. Com base nesta proposta, o presidente dos EUA vai aplicar um corte de 21% na ajuda a exterior, bem como um corte nos programas de segurança social, isto ao mesmo tempo que pretende aumentar em 0,3% os gastos militares para 740,5 bilhões de dólares. Trump pretende também aumentar a verba dos recursos de forma a enfrentar o desenvolvimento de ameaças económicas da China e da Rússia.

Leia a notícia completa na Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês).

Cinco Días

El Corte Inglés vende à Cellnex negócio de antenas por 70 milhões

O El Corte Inglés anunciou que vai vender à Cellnex os direitos de exploração de mais de 400 antenas telefónicas que o grupo de distribuição instalou nos telhados de mais de uma centena dos seus centros comerciais. O negócio vai ser feito por 70 milhões de euros, montante que poderá ser superior se determinados objetivos financeiros forem atingidos. As antenas em causa são operadas pelas principais operadoras móveis do país, como a Telefónica, a Vodafone, a Orange e a MásMóvil.

Leia a notícia completa no Cinco Días (acesso livre, conteúdo em espanhol)

Financial Times

UE pede regras mais claras sobre resgate de bancos

A Europa precisa de regras mais claras sobre como lidar com o resgate a bancos para evitar a “perceção da desigualdade” desencadeada por casos como o resgate de 3,6 bilhões de euros do Nord LB, de acordo com Elke König, chefe da agência da UE criada para liquidar os bancos. O banco alemão foi resgatado à margem do Single Resolution Board, o que veio levantar dúvidas sobre se o quadro de resolução de instituições financeiras na Europa é o mais adequado.

Leia a notícia completa no Financial Times (acesso livre, conteúdo em inglês).

Bloomberg

Samsung apresenta novo smartphone dobrável

A Samsung mostrou este domingo as primeiras imagens do seu próximo smartphone dobrável num anúncio surpresa durante uma pausa comercial na transmissão da cerimónia dos Óscares. No anúncio, o Galaxy Z Flip é apresentado de vários ângulos, mostrando um formato quadrado do dispositivo e com um grande ecrã no interior. O lançamento oficial está previsto para esta terça-feira.

Leia a notícia completa na Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

The Guardian

Bill Gates encomenda iate movido a hidrogénio… por 588 milhões de euros

Bill Gates encomendou o seu primeiro super iate movido a hidrogénio do mundo. Chama-se Aqua, tem cerca de 112 metros e vai custar cerca de 644 milhões de dólares (cerca de 588 milhões de euros). Irá contar com cinco decks, heliporto, spa e ginásio. Tem espaço para receber 14 convidados e 31 tripulantes.

Leia a notícia completa no The Guardian (acesso livre, conteúdo em inglês).

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Sucessora de Merkel demite-se da liderança da CDU

  • ECO
  • 10 Fevereiro 2020

Annegret Kramp-Karrenbauer, vista como sucessora de Merkel, indicou internamente que vai desistir em breve da presidência da CDU, tendo também anunciado que não vai candidatar-se a chanceler.

Annegret Kramp-Karrenbauer, vista como sucessora de Angela Merkel, vai desistir da presidência da CDU no próximo verão e não vai candidatar-se a chanceler nas eleições do próximo ano na Alemanha.

AKK, como também é conhecida, foi considerada como candidata natural da CDU na corrida à chancelaria alemã depois de ter conquistado a liderança do partido em dezembro de 2018.

No entanto, a sua posição dentro do partido foi colocada em causa na semana passada, depois da polémica em torno da eleição dos liberais da Democracia Livre, de Thomas Kemmerich, no estado da Turíngia, no leste da Alemanha, que contou com o apoio da CDU e também do partido da extrema-direita AfD (Alternativa para a Alemanha). Foi a primeira vez na história do pós-guerra da Alemanha que se elegeu um líder regional com os votos da extrema-direita. Kramp-Karrenbauer instou a CDU da Turíngia a não votar em Thomas Kemmerich, mas foi contrariada.

Perante os acontecimentos, que sublinharam a perda de autoridade e influência dentro da CDU, Kramp-Karrenbauer indicou esta segunda-feira internamente que desistia da candidatura a chanceler e da liderança do partido, mostrando-se disponível para “organizar o processo de escolha do candidato a chanceler e preparar a CDU para o futuro”, segundo um porta-voz.

Na reunião que teve com o executivo partidário, acrescentou o porta-voz, Merkel “expressou o seu profundo agradecimento” e disse que espera que AKK permaneça como ministra da Defesa, cargo que assumiu em julho.

(Notícia atualizada às 9h26)

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