CaixaBI volta a avaliar Corticeira Amorim. Vê “sinais positivos” em mercados importantes

O CaixaBI voltou a pôr os olhos no desempenho da Corticeira Amorim. Dá um potencial de valorização acima de 7% e a recomendação é "acumular", pois surgem "sinais positivos" vindos dos EUA e da China.

Os analistas do CaixaBI reiniciaram a cobertura das ações da Corticeira Amorim COR 0,81% , noticiou a Reuters. O banco entregou aos clientes uma nota de research onde atribui à empresa um fair value de 12,3 euros por ação, acima do preço de 11,36 euros a que os títulos estão a cotar esta quarta-feira. A recomendação dos analistas é “acumular”, face aos sinais positivos em mercados importantes.

Citado pela agência, o banco de investimento da Caixa Geral de Depósitos (CGD) antecipa que a Corticeira Amorim vai continuar a “beneficiar de um momento positivo em termos de recetividade dos consumidores a produtos de cortiça, nomeadamente no mercado das rolhas, depois de anos de dificuldades devido à ameaça do TCA [um composto químico que infeta as rolhas de cortiça] e de alternativas às rolhas no segmento de vinhos”.

Do mesmo modo, a instituição reconhece “sinais positivos provenientes de importantes mercados como o norte-americano, mas também emergentes como o chinês”. Além disso, a companhia está a ampliar “algumas linhas de produto” e a envidar esforços para melhorar a sua eficiência operacional, fatores que, combinados, “devem ser importantes catalisadores de crescimento e margem”. Outro fator de relevo é a integração de “recentes aquisições”, como a Bourrassé, que “deverá começar a produzir resultados nos próximos trimestres no que diz respeito à margem operacional”, aponta o research do CaixaBI.

Neste contexto, o fair value, que é o preço das ações considerado “justo” pelo CaixaBI, é de 12,3 euros. Ou seja, o potencial de valorização ronda os 7,6% pela análise do CaixaBI, tendo em conta o preço de 11,36 euros dos títulos esta quarta-feira. Ainda assim, a opinião dos analistas não está a refletir-se nos mercados. O valor da Corticeira Amorim está a deslizar 1,22%.

Cotação das ações da Corticeira Amorim em Lisboa

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mesmo com a queda do dólar, Corticeira Amorim aumenta lucros

A empresa liderada por António Rios de Amorim revela que o negócio das rolhas foi o que mais puxou pelas receitas, permitindo à empresa aumentar os lucros. Isto apesar da queda do dólar.

A Corticeira Amorim lucrou mais no arranque do ano. A empresa liderada por António Rios de Amorim revelou um crescimento de quase 10% nos resultados líquidos dos primeiros três meses, beneficiando especialmente do maior volume de negócios na unidade de rolhas de cortiça. Conseguiu aumentar os resultados apesar da queda do dólar.

“A Corticeira Amorim encerrou o primeiro trimestre do ano com um resultado líquido de 18,8 milhões de euros, um crescimento de 9,3% face ao período homólogo. Saliente-se que o primeiro trimestre de 2017 foi o mais forte em termos de vendas, sendo o que mais dias úteis de trabalho teve em 2017″, refere a empresa em comunicado enviado à CMVM.

“O EBITDA evoluiu favoravelmente, tendo-se fixado nos 36,8 milhões de euros, um aumento de 9,8% relativamente ao primeiro trimestre de 2017″, acrescenta, sublinhando que “este desempenho resultou numa melhoria do rácio de EBITDA sobre as vendas, que passou de 19,5% para 19,9%”. “Num contexto de maior pressão sobre a margem bruta, este crescimento explica-se essencialmente pelo aumento da eficiência operacional, pelo controlo rigoroso dos custos e pela redução das imparidades”, explica.

“As vendas do trimestre atingiram os 185,4 milhões de euros, uma subida de 8% face ao obtido no primeiro trimestre de 2017″, diz a Corticeira Amorim. “Salienta-se que para este aumento contribui a variação de perímetro (resultante, essencialmente, da integração das atividades da Bourrassé e da Elfverson), apesar do impacto negativo que a desvalorização do dólar teve nas vendas do grupo. Excluindo estes dois fatores, o crescimento das vendas seria de 1,7%. Resultante do crescimento da atividade,

A empresa nota que nem todas as unidades de negócio apresentaram um comportamento positivo. “A unidade de negócio de rolhas registou um crescimento das vendas de 14,1%. Excluindo o efeito da variação de perímetro e o efeito cambial, o crescimento das vendas desta unidade seria de 2,8%. As vendas da unidade de negócio de matérias-primas aumentaram 7,6%”, enquanto as restantes “apresentaram diminuição das vendas”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Corticeira tocou o sino e prometeu investir mais 50 milhões

A família Amorim marcou presença esta quinta-feira na Euronext, em Lisboa, para comemorar os 30 anos da Corticeira em bolsa. "Uma alavanca essencial", afirmou António Rios de Amorim.

Foi esta quinta-feira que a família Amorim tocou o sino na sede da Euronext, na comemoração dos 30 anos da empresa na bolsa de Lisboa. “Três décadas de muito trabalho, riscos e oportunidades”, começou por dizer António Rios de Amorim, referindo-se a esta entrada no mercado de capitais como uma “importante alavanca para a empresa”. Para o CEO do grupo, o futuro “não é um desafio, mas sim uma oportunidade”, por onde passará um investimento de 50 milhões de euros.

30 anos da Corticeira Amorim em bolsaEuronext

A líder mundial de produtos de cortiça conta com 148 anos de existência, mas foi a 19 de abril de 1988 que se estreou no mercado acionista nacional. A Euronext não deixou passar em branco esta data e reuniu alguns dos membros da família Amorim, entre eles Nuno Barroca, casado com Marta Amorim, e Paula Amorim, acionista da Galp Energia.

Nunca nos passou pela cabeça tirar a Corticeira Amorim da bolsa”, afirmou António Rios de Amorim, CEO da empresa. “A decisão de cotar a corticeira em bolsa foi uma alavanca essencial na profissionalização da gestão”, continuou, reiterando que “crescer rentavelmente” é o lema da Corticeira Amorim.

"Foi uma empresa que demonstrou conhecer as vantagens do mercado de capitais e que soube aproveitá-las.”

Teresa Lehmann

Secretária de Estado da Indústria

Esta não é uma empresa nem uma família qualquer“, começou por dizer Teresa Lehmann, secretária de Estado da Indústria, também presente no evento. “Foi uma empresa que demonstrou conhecer as vantagens do mercado de capitais e que soube aproveitá-las”, referindo-se ao grupo como um “mercado estratosférico”, que deu um “contributo extraordinário para a economia nacional”.

Entrega do prémio de 30 anos de comemoração em bolsaEuronext

Para os próximos dois anos, António Rios de Amorim revelou ainda um investimento de 50 milhões de euros, que será usado para reforçar instalações, nomeadamente no “aumento da capacidade das rolhas para espumantes e vinhos correntes”, numa “fábrica piloto com novas tecnologias”, em que se irá combinar a cortiça com outros materiais, e ainda na fábrica em Napa Valley, na Califórnia, que até agora era alugada. O CEO antecipa no futuro próximo um “período de maior tensão” no setor, devido, em parte, à menor disponibilidade da cortiça, que “vai ter impacto no preço”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Três décadas em bolsa multiplicam Corticeira Amorim por dez

Deve a origem ao avô de Américo Amorim, que fundou em 1870 a fábrica de rolhas para garrafas de vinho do Porto. Após quase 150 anos, a Corticeira Amorim brinda 30 anos em bolsa a valer dez vezes mais.

Depois do BCP, da Mota-Engil, da Vista Alegre e da Ibersol, chega a vez de também dar os parabéns à Corticeira Amorim. A líder mundial de produtos de cortiça celebra este mês de abril 30 anos de vida em bolsa. No balanço dessas três décadas na bolsa nacional, pode dizer-se que “saltou a rolha” à Corticeira Amorim. Viu o seu valor de mercado multiplicar-se por dez vezes, para valer atualmente mais de 1,5 mil milhões de euros.

Mas a história da Corticeira é muito mais longa, e com altos e baixos. As suas origens remontam a 1870, ano em que o avô de Américo Amorim — António Alves Amorim — fundou a fábrica de rolhas para garrafas de vinho do Porto. 148 anos depois, o grupo transformou-se e cresceu, tendo registado só no ano passado mais de 700 milhões de euros em vendas em todo o mundo, onde é líder desde 1962 na produção de cortiça, com o mercado a atribuir-lhe atualmente uma capitalização bolsista de 1.511 milhões de euros.

Este valor corresponde a cerca de dez vezes mais a avaliação com que a empresa atualmente liderada por António Rios de Amorim se estreou no mercado acionista português a 19 de abril de 1988. Nessa altura, a capitalização bolsista da Corticeira Amorim combinada com a Amorim & Irmãos, a Champcork e a Ipocork, empresas com que se fundiu no ano seguinte ascendia ao equivalente a 165 milhões de euros.

A Corticeira Amorim entrou para a bolsa com cada ação a valer quatro contos e quatrocentos escudos, numa altura em que o mercado acionista português efervescia. Só no ano de arranque da sua história bolsista, para além da Corticeira Amorim, foram admitidas mais 33 empresas, que engrossaram para 158 o número de cotadas nacionais existentes no final daquele ano. Para ter uma noção, atualmente, a bolsa portuguesa tem apenas um terço dessas cotadas: mais especificamente 55.

Capitalização bolsista desde o início do século

Fonte: Euronext

Para além da Corticeira, em 1988 também se estrearam na praça bolsista nacional a Amorim & Irmãos, a Champcork e a Ipocork, empresas sobre as quais acabaria por lançar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) no ano seguinte. O ano de 1989 marcou ainda um aumento de capital da Corticeira Amorim, que passou dos 2,6 milhões de ações iniciais para 14 milhões.

Mas foi em 1993 que a empresa deu pela primeira vez o salto para o primeiro escalão do mercado acionista nacional, com a sua inclusão no PSI-20, naquele que foi o ano de estreia também para o índice de referência. Um salto que a cotada deu mais duas vezes, em 2004 quando voltou a ser reintegrada no PSI-20, acontecendo o mesmo em 2016, mantendo-se no índice desde essa altura.

Américo Amorim, que faleceu em 2017, passou a liderança da Corticeira Amorim para António Rios de Amorim, em 2001.Corticeira Amorim

O ano de estreia no PSI-20 é ainda marcado por um conjunto relevante de negócios a nível internacional para a empresa produtora de cortiça. Para além da constituição da Amorim France, a empresa agora liderada por António Rios Amorim, adquiriu a alemã Carl Meyes e a belga CDM. Estabeleceu ainda uma joint venture com a holandesa Kies Kurk.

Nos anos seguintes, seguiram-se várias outras aquisições, com a viragem do século a ser marcada por um aumento de capital e um stock split de 14 milhões para 133 milhões de ações, em 2000. No ano seguinte, em março de 2001, era dada uma grande viragem na liderança da Corticeira Amorim, com a passagem de testemunho de Américo Amorim para o atual CEO António Rios de Amorim.

O início do século, não foi contudo particularmente fácil para a vida da Corticeira Amorim, com a rolha de cortiça a entrar em declínio ao ver-se substituída por novos tipos de vedantes artificiais e metálicos. O contexto difícil do mercado da rolha de cortiça, também se refletiu em termos do desempenho bolsista da empresa.

Foram várias as decisões sobre a liderança de António Rios de Amorim que acabaram por permitir à empresa “dar a volta”. Este liderou a estratégia no investimento em I&D, departamento que foi criado em 2010, sendo investidos nos últimos 16 anos mais de 250 milhões de euros. O grupo já registou mais de 20 patentes.

A Corticeira Amorim investiu mais de 250 milhões de euros nos últimos 16 anos. O grupo já registou mais de 20 patentes.Corticeira Amorim

Com este investimento e a confiança dos investidores, a Corticeira Amorim brindou todos em bolsa, tendo superado pela primeira vez mil milhões de euros de valor de mercado no início de agosto de 2016. Após o mínimo histórico estabelecido a 7 de abril de 2009, com as ações a recuarem até aos 56 cêntimos de euro, a Corticeira Amorim subiu, subiu até ao máximo histórico de 13,175 euros estabelecido a 20 de junho do ano passado — estão a valer 11,18 euros. Ou seja, em nove anos, as suas ações valorizaram mais de 2.000%.

Estrutura acionista da Corticeira

Houve ainda algumas alterações em termos de estrutura acionista que permitiram à Corticeira Amorim ganhar visibilidade no mercado. Em específico, duas colocações privadas realizadas, em 2015 (5,6% do capital) e 2016 (10 do capital), pelos três maiores acionistas que fazem parte do universo Amorim, e que permitiram aumentar o free float da Corticeira. Este passou de 10% em dezembro de 2014 para 25% no final de 2017.

Hoje em dia, 75% do grupo continua nas mãos de empresas associadas à família Amorim. Em específico, a Amorim Investimentos Participações (51%), a Investmark Holdings (14%) e a Amorim International Participations (10%).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Indústria da cortiça quer financiar plantação de sobreiros

  • ECO
  • 25 Março 2018

Indústria preocupada com a sustentabilidade do setor, numa altura em que as exportações caminham para os mil milhões de euros anuais. Há planos para expandir área de sobro em 50 mil hectares.

O montado de sobro é um investimento de muito longo prazo.Pixabay

A indústria da cortiça tem planos para financiar e aumentar a área ocupada por sobreiros em mais de 50 mil hectares, um movimento que tem como objetivo promover a sustentabilidade futura do setor corticeiro. A notícia é avançada este domingo pelo Público (acesso condicionado), que cita números e informações da Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR).

O diário refere que o setor está a começar a olhar para a realidade da indústria, numa altura em que os dados mais recentes apontam para que Portugal tenha 737 mil hectares de montado de sobro nacional, o que representa cerca de 35% do total mundial. No entanto, o cenário atual é de redução da produção nacional e aumento das importações.

Em 1960, o montado nacional produzia 221 mil toneladas. Agora, em média, produz 100 mil. Em 2017, aliás, nem a isso chegou: os sobreiros plantados em Portugal produziram apenas 75.500 toneladas de cortiça. Além disso, enquanto o país importava 41 mil toneladas de cortiça em 2009, no ano passado esse valor chegou às 87 mil toneladas. Os preços da arroba de cortiça também estão a subir: aumentaram 10% no ano passado, para cerca de 30 euros. Quanto ao mercado, o panorama é de aumento da procura mundial por produtos de cortiça.

O problema é que o sobreiro é um investimento de muito longo prazo e só recentemente começaram a ver-se resultados de um novo método testado junto à barragem do Maranhão, chamado de “micro-irrigação”, refere o Público. Tradicionalmente, a primeira extração num sobreiro novo acontece ao fim de 25 anos, a segunda depois de 20 ou 25 anos e, só depois de mais nove anos, é que se extrai a primeira cortiça para produção. O novo método permite retirar essa cortiça ao fim de 36, em comparação com os 59 que, num cenário mais moroso, são por norma necessários.

Assim, o jornal lembra que a Corticeira Amorim COR 0,81% anunciou em 2016 que tem planos para plantar 500 hectares de montado de “micro-irrigação”, para melhorar o retorno de quem investe no montado de sobro.

As exportações portuguesas de cortiça estão prestes a ultrapassar a fasquia dos mil milhões de euros por ano — representaram 986 milhões em 2017, segundo o Público. Mais de 70% dos produtos eram rolhas de cortiça para garrafas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lucros das empresas da bolsa de Lisboa aceleram 10% à boleia da economia

Vem aí a temporada de resultados em Lisboa. Os lucros das grandes cotadas terão acelerado 10%, à boleia do bom momento económico. O ECO preparou um guia para abordar a earnings season nacional.

EDP terminou ano com lucros de quase 1.200 milhões e lidera ranking de resultados em Lisboa.Fotomontagem/ECO

Os lucros das cotadas da bolsa de Lisboa dispararam no ano passado com grande parte das empresas nacionais a recolher frutos da aceleração da economia portuguesa. São muitos os motivos para sorrir à partida para mais uma temporada de resultados no PSI-20. Desta vez até a banca vai ajudar à festa.

De acordo com as estimativas dos analistas sondados pela Reuters, os lucros das cotadas que compõem o índice de referência nacional terão acelerado 9,7% para superarem os 3.500 milhões de euros (ver tabela em baixo). Se há fatores extraordinários que fazem a diferença em algumas contas, o bom desempenho das grandes empresas em 2017 deveu-se, sobretudo, à melhoria das condições económicas em Portugal e lá fora. O argumento é fácil de perceber: quanto maior atividade económica, mais as empresas conseguem faturar. Foi o que aconteceu.

“A valorização a que assistimos parece estar sincronizada com o desempenho das empresas e as perspetivas de crescimento económico doméstico e da zona euro”, refere João Queiroz, diretor de banca online do Banco Carregosa, ao ECO. “Também a melhoria da perceção de risco continua a beneficiar os ativos nacionais”, acrescenta.

A valorização a que assistimos parece estar sincronizada com o desempenho das empresas e as perspetivas de crescimento económico doméstico e da zona euro. Também a melhoria da perceção de risco continua a beneficiar os ativos nacionais.

João Queiroz

Diretor de banca online do Banco Carregosa

É o BPI quem dá o pontapé de arranque na earnings season portuguesa. É já esta terça-feira e os analistas estimam que o banco detido pelos espanhóis do CaixaBank tenha obtido um lucro de 70,5 milhões. Mas, ao contrário dos últimos anos, desta vez o banco já não figura no principal índice português. Pelo que a temporada de resultados no PSI-20 só acontece efetivamente na próxima semana, através da Navigator.

Fonte: Reuters

Serão vários os pontos de interesse para os investidores ao longo dos próximos dois meses em que as cotadas nacionais vão a exame. Até porque os resultados fornecem um bom retrato das empresas e ajudam a antecipar tendências de dividendos. “Será importante para perceber se o bom momento económico se está a materializar nas empresas”, sublinha Salvador Alves, analista da Orey iTrade.

E, neste capítulo, logo na segunda semana acontece um dos habituais pontos altos da temporada de resultados lisboeta. O BCP presta contas e a expectativa dos analistas aponta um disparo de 585% do lucro para 164 milhões, depois de um ano que foi decisivo para o futuro do banco — concluiu o aumento de capital de 1.300 milhões de euros que trouxe a Fosun para a ribalta e com isso pagou o que devia das ajudas prestadas pelo Estado.

“O setor bancário da Europa tem capitalizado com a possibilidade de alteração, a médio prazo, da política monetária do Banco Central Europeu (BCE). Além disso, o BCP beneficia de uma possível recomposição do corpo acionistas e de uma evolução positiva das imparidades, das receitas e respetivas margens”, destaca João Queiroz.

A seguir ao BCP é a vez da Galp e mais boas notícias: os analistas apontam para uma subida de 15% do lucro para 557 milhões de euros, catapultando a petrolífera liderada por Carlos Gomes da Silva para o segundo lugar dos maiores lucros em Lisboa.

EDP, EDP Renováveis, CTT… é só fazer as contas

2017 foi também o ano da família EDP. O seu líder António Mexia viu-se envolvido em casos judiciais e falou-se da possibilidade de estar de saída da liderança do grupo. A mãe EDP tentou a aquisição (um pouco hostil) da sua filha EDP Renováveis e ainda vendeu a Naturgas (em Espanha, por 2,6 mil milhões) e Portgás (à REN, por 530 milhões). Tudo fatores extraordinários que baralharam as contas finais. Como ficaram?

Habituada a ser o rei dos resultados, a EDP terá visto o lucro subir 23,6% para 1,19 mil milhões de euros — representando um terço dos lucros do PSI-20 –, mas os olhos dos analistas vão estar virados para o impacto das duas alienações na redução da pesada dívida da elétrica. Já o resultado líquido da EDP Renováveis terá disparado 270% para 208,6 milhões de euros.

“As receitas e lucros da EDP não parecem constituir uma incerteza tão relevante como o potencial de serviço da dívida”, salienta Queiroz. É que “o elevado grau de endividamento pode impactar a geração futura de lucros e de cash-flows da EDP”, justifica.

No annus horribilis dos CTT, a queda do negócio postal fez mossa nos lucros da empresa: terão recuado 27% para os 46,2 milhões. Foi por causa disto que a administração liderada por Francisco Lacerda anunciou um plano de reestruturação que passa por saídas de trabalhadores e fecho de lojas como forma de posicionar os correios postais para o futuro.

“Mas ambas as medidas custam dinheiro e acresce a elevada regulação por ser um serviço público”, lembra Salvador Alves, considerando que os investidores vão estar atentos à “habilidade [de Lacerda] para cortar custos e para fomentar as alavancas de crescimento”.

Outros dois destaques da temporada vão recair no setor do retalho, que continua sob pressão por causa da digitalização do consumo. Ao que tudo indica, tanto a Sonae (dona do Continente) como a Jerónimo Martins (Pingo Doce) viram os lucros tombarem na ordem dos dois dígitos. Mais intensa será a queda do resultado da Jerónimo Martins, mas há que contabilizar a venda da Monterrroio à Fundação Francisco Manuel dos Santos que fez disparar os resultados do ano passado.

Os investidores vão agora estar atentos a duas coisas essenciais: a habilidade de cortar custos e de fomentar as alavancas de crescimento. De acordo com o plano de reestruturação divulgado em dezembro, a empresa postal terá de fechar agências e despedir colaboradores, ambos custam dinheiro e acresce ainda a elevada regulação por ser um serviço público.

Salvador Alves

Analista da Orey iTrade

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Corticeira Amorim compra 70% da sueca Elfverson

  • Lusa
  • 10 Janeiro 2018

A corticeira portuguesa revela que o acordo foi celebrado através da sua participada Amorim Bartop. A compra de 70% da sueca Elfverson custou 5,5 milhões de euros à Corticeira Amorim.

A Corticeira Amorim acordou a compra de 70% da sueca Elfverson & Co AB por 5,5, milhões de euros, segundo comunicou a empresa à Comissão de Mercados de Valores Mobiliários (CMVM).

Numa nota hoje divulgada esta quarta-feira, a corticeira portuguesa revela que o acordo foi celebrado através da sua participada Amorim Bartop – Investimentos e Participações, S.A., que integra a Unidade de Negócios (UN) Rolhas, desenvolvendo e produzindo rolhas capsuladas para o segmento de bebidas espirituosas.

"Nos termos do acordo celebrado, são adquiridos 70% do capital social da Elfverson & Co AB, pelo montante de cerca de 5,5 milhões de euros.”

Corticeira Amorim

“Nos termos do acordo celebrado, são adquiridos 70% do capital social da Elfverson & Co AB, pelo montante de cerca de 5,5 milhões de euros”, refere a comunicação da Amorim à CMVM. A empresa explica ainda que “sobre os restantes 30% recai uma opção de venda por parte da vendedora (a sociedade sueca Vätterledens Invest AB) e uma opção de compra por parte da Amorim Bartop – Investimentos e Participações, S.A., exercíveis a partir de 2020”, por um preço que dependerá da evolução da performance da empresa sueca nos próximos anos.

“Através desta operação, a UN Rolhas adquire uma participação relevante numa empresa com um portefólio de produtos premium e uma carteira de clientes de relevo que pretende desenvolver, reforçando também as fontes de abastecimento de tops de madeira de reconhecida qualidade, o que permitirá acompanhar o crescimento das necessidades dos seus clientes no segmento das rolhas capsuladas”, refere a comunicação enviada à CMVM.

A Elfverson & Co AB produz tops de madeira para rolhas capsuladas (bartops), os quais são utilizados pelos grandes grupos da indústria de bebidas espirituosas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Parlamento aprova subida da derrama. Quanto custa às cotadas do PSI-20?

Parlamento aprovou esta quinta-feira um aumento da derrama estadual para as empresas com maiores lucros. Medida terá impacto nos lucros e ações das cotadas do PSI-20. Qual é o impacto?

O IRC para as grandes empresas sempre vai subir no próximo ano, isto depois de o Parlamento ter aprovado o aumento da derrama estadual de 7% para 9% para as empresas com maiores lucros. Esta medida terá impacto nas empresas com lucros anuais acima dos 35 milhões de euros. No PSI-20, o principal índice bolsista português, são várias as cotadas que vão ser afetadas por isto. Quais?

O CaixaBank BPI Research estimou o impacto da proposta do PCP que aprovada esta quinta-feira no âmbito da discussão do Orçamento do Estado para 2018. A medida teve luz verde do PS e por isso vai entrar em vigor a partir do próximo ano.

Na bolsa portuguesa, poucas são as cotadas vão escapar ao aumento de impostos sobre as grandes empresas. Os cálculos do banco tiveram por base as estimativas para os lucros das empresas e bancos para 2018. Contas feitas:

  • No BCP, o aumento da derrama estadual deverá ter um impacto de 1% na estimativa para os resultados do grupo no próximo ano e 2% depois, estimam os analistas do BPI. Em 2018, o banco liderado por Nuno Amado poderá ter um lucro de 364 milhões de euros, segundo este banco. Na análise do CaixaBank BPI, o aumento da derrama estadual terá também implicações no atual montante de ativos por impostos diferidos, que deverão aumentar em cerca de 214 milhões de euros.

Também o Haitong analisou o impacto do aumento da derrama estadual nas cotadas do PSI-20. REN e Sonae serão as empresas mais afetadas pela medida.

“Embora seja difícil quantificar precisamente o impacto desta medida, uma vez que nem todas as empresas geram os seus resultados em Portugal ou podem utilizar créditos fiscais, simulamos o impacto desta medida no nosso universo de ações que fazemos cobertura”, dizem dos analistas do Haitong.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Corticeira aumenta lucros e paga dividendo extra de oito cêntimos

Compra do grupo Bourrassé influenciou positivamente o crescimento das vendas da Corticeira Amorim. Vendas até setembro atingiram os 531 milhões de euros. Vai pagar dividendo extra de 8 cêntimos.

A Corticeira Amorim fechou os primeiros nove meses do ano com lucros de 56,4 milhões de euros, um crescimento de 2,1% face ao período homólogo do ano anterior, segundo avança a empresa em comunicado enviado esta terça-feira à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Este resultado supera as estimativas dos analistas do Haitong que previam lucros para a Corticeira de 54 milhões de euros.

Já os lucros do terceiro trimestre atingiram os 18,6 milhões de euros, uma queda de 7,3% face a igual período do ano anterior.

As vendas da empresa liderada por António Rios Amorim atingiram os 531 milhões de euros, um aumento de 8,3% face a igual período de 2016. A Corticeira dá conta de que este valor inclui a partir de 30 de junho, as atividades das empresas do grupo Bourassé, o que influenciou positivamente o crescimento das vendas. Em termos comparáveis, as vendas subiram 5,6%.

Em comunicado a empresa diz que: “O aumento das vendas resultou essencialmente de um efeito de quantidade, a que se junta um impacto cambial positivo de 1,8 milhões de euros, ainda que inferior ao do primeiro semestre (3,8 milhões de euros)”.

Para o aumento das vendas contribuiu principalmente a unidade de rolhas, cujo crescimento se cifrou nos 12,2%, impulsionada pela integração da Bourassé. Excluindo esse efeito o crescimento das vendas desta unidade seria de 8,2%. As vendas das unidade de rolhas atingiram os 363,7 milhões de euros.

A unidade de Revestimentos manteve o crescimento das vendas de 1,5% para os 91,1 milhões de euros enquanto que a unidade de Aglomerados Compósitos diminuiu as vendas em 3,5% para os 74,3 milhões de euros.

O EBITDA atingiu os 105,4 milhões de euros, um crescimento de 10,4% quando comparado com o período homólogo do ano anterior.

Em termos financeiros, a dívida da Corticeira Amorim aumentou, no terceiro trimestre do ano, para os 75,8 milhões de euros, devido ao efeito das aquisições da Bourassé e, em menor escala, da Sodiliège. A este propósito, a Corticeira faz a ressalva: “De notar que a introdução das novas subsidiárias no perímetro de consolidação faz com que seja necessário consolidar a dívida que existia nas empresas adquiridas (no valor de 34,5 milhões de euros), sendo que o custo com a aquisição das participações foi de aproximadamente 31 milhões de euros”.

Dividendo extra de 8 cêntimos

Num outro comunicado, a empresa anunciou a convocatória de uma assembleia geral de acionistas extraordinária a realizar no dia 29 de novembro. Entre as propostas em cima da mesa estão a distribuição de um dividendo de oito cêntimos. No total, a Corticeira propõe-se pagar 10,6 milhões de euros de dividendos.

“O sólido crescimento da atividade e dos resultados ao longo dos últimos exercícios, bem como as perspetivas para o exercício corrente, vêm permitindo à Corticeira Amorim gerar cash flows crescentes, sendo assim possível efetuar uma distribuição de reservas aos acionistas sem colocar em causa a manutenção de uma eficiente estrutura de capitais”, justifica a empresa.

O pagamento deste dividendo acontece depois de já este ano a empresa ter pago um dividendo de 18 cêntimos por ação aos acionistas. De resto, já o ano passado a empresa de Rios Amorim pagou no final do ano um dividendo extraordinário semelhante ao proposto agora.

"O sólido crescimento da atividade e dos resultados ao longo dos últimos exercícios, bem como as perspetivas para o exercício corrente, vêm permitindo à Corticeira Amorim gerar cash flows crescentes, sendo assim possível efetuar uma distribuição de reservas aos acionistas sem colocar em causa a manutenção de uma eficiente estrutura de capitais.”

Corticeira Amorim

CMVM

(Notícia atualizada às 17h40)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Há menos penny stocks na nossa bolsa. E mais ações “caras”

As ações do PSI-20 estão mais caras. Há menos penny stocks portuguesas e cinco títulos apresentam-se com um valor nominal supera os dez euros. E isso é bom e mau ao mesmo tempo.

O que têm em comum Jerónimo Martins, Semapa, Galp, Corticeira Amorim e Ibersol? São empresas que se apresentam na principal montra portuguesa com títulos cotados acima de dez euros. Não há muito tempo o PSI-20 estava carregado com penny stocks. Mas agora o destaque na bolsa são ações com elevado valor nominal. E isso é bom e mau ao mesmo tempo.

Penny stocks são ações cujo valor está abaixo do euro. São ações “baratas” que potenciam a liquidez no mercado. O que é bom para os pequenos investidores. Mas, do outro lado da moeda, estas ações de baixo valor nominal afastam grandes investidores institucionais e cuja ausência em Lisboa se fez sentir em grande medida nos últimos anos de crise económica e financeira no país — e com impacto na delapidação da mercado bolsista nacional. Em casos como o BCP e Banif, a cotação das ações chegaram inclusivamente à quarta casa decimal tão reduzido que era o preço dos seus títulos.

Títulos com um valor nominal mais elevado podem acabar por influenciar o comportamento dos investidores privados“, refere Albino Oliveira, gestor da Patris Investimentos. “A menor proporção de penny stocks no PSI-20 é positiva para o índice, se considerarmos os investidores institucionais que muitas vezes estão constrangidos na sua capacidade de investir nestes títulos”, no caso do investidor privado, uma menor percentagem de penny stocks reduz a oferta de títulos para day-trading“, sublinha a equipa de research do BiG.

As ações mais caras do PSI-20

Fonte: Bloomberg (valores euros)

Esta circunstância tem pesado, na verdade, no volume de negociação em day-trading na bolsa portuguesa. No primeiro trimestre do ano, o volume de ações trocadas no mesmo dia afundou 15,6% no Euronext Lisbon, segundo as estatísticas da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Ações caras?

É o título mais “caro” do PSI-20. A Jerónimo Martins está atualmente a cotar na casa dos 17,7 euros. Ainda assim, de acordo com o Erste Group, pode valorizar ainda mais nos próximos meses: até aos 20 euros.

A dona do Pingo é um dos cinco títulos com valor nominal acima dos dez euros que atualmente coabitam no PSI-20. São títulos que chamam a atenção dos investidores de peso para a bolsa portuguesa e que olham sobretudo para os fundamentais das empresas cotadas para aferir o nível de atratividade de determinada ação. É aqui que entram indicadores como o Price Earnings Ratio (PER) — rácio do lucro por ação — para avaliar se uma ação está barata ou não.

"A menor proporção de penny stocks no PSI-20 é positiva para o índice, se considerarmos os investidores institucionais que muitas vezes estão ‘constrangidos’ na sua capacidade de investir nestes títulos”, no caso do investidor privado, uma menor percentagem de penny stocks reduz a oferta de títulos para day-trading.”

Equipa de research do BiG

Este rácio lucro por ação é uma ferramenta útil que compara o preço de uma ação, permitindo avaliar quantas vezes o dividendo está refletido na cotação. Ou seja, assumindo que o dividendo se manterá ao longo do tempo, o PER indica quantos anos serão precisos para reaver o dinheiro investido nas ações. Assim, um título com o valor de um euro pode ser mais caro do que outro título cotado nos dez euros se a primeira não distribuir sequer dividendos. Tudo depende da capacidade de gerar lucro para quem detém o título, o acionista.

No PSI-20, as ações que apresentam o PER mais baixo pertencem atualmente à Mota Engil (PER de 7,8) e Sonae (9). Por seu turno, EDP Renováveis e Novabase apresentam os PER mais altos, de 124,1 e 34,6, respetivamente. À luz deste indicador, é mais atrativo investir na construtora e na retalhista do que na empresa de energias renováveis e na tecnológica.

Injeção de liquidez

Para cotadas como a Ibersol e Corticeira Amorim, o elevado valor facial do título poderá estar a revelar-se um mais um empecilho para a criação de liquidez no mercado, dado tratar-se de empresas com baixa capitalização bolsista ou reduzida dispersão de ações no mercado. O caso da empresa que gere franchises na área da restauração como o Burguer King ou Pizza Hut é elucidativo: subiu à principal liga da bolsa em meados de março, mas no mês subsequente pouco negociou.

É difícil de perceber se é o preço de cerca de 17 euros que está a travar a atividade bolsista da Ibersol. Se for, mais complicado ficará se a estimativa do Haitong se concretizar: as ações podem chegar aos 19,5 euros devido ao bom momento económico na Península Ibérica, de acordo com uma nota de research publicada a semana passada.

O requisito da liquidez faz parte das regras da Euronext para uma cotada pertencer ao grupo exclusivo do PSI-20. Com isto, a gestora da bolsa pretende criar condições para a formação de um preço justo dos títulos.

Em teoria, um processo de stock split (de divisão do título por mais títulos) poderia ajudar a tornar as duas cotadas mais atrativas. Mas essa não é a opinião nem de Albino Oliveira nem do BiG. “Para aumentar a liquidez dos títulos, as opções resumem-se à emissão de novas ações (ou seja um aumento de capital) ou à venda da participação de um acionista de referência que distribuiria as suas ações pelo mercado“, diz a equipa de research do BiG.

Albino Oliveira lembra que na Corticeira Amorim, a Amorim International Participations e a Investmarnk Holdings venderam no ano passado um bloco correspondente a 10% do capital do grupo, “o que permitiu aumentar o free float e, consequentemente, a sua liquidez”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Corticeira Amorim compra fabricante de rolhas francesa por 50 milhões

Aquisição é feita em duas fases: Corticeira compra 60% da Bourrassé por 29 milhões de euros num primeiro momento. Adquire os restantes 40% com base nesse preço de referência.

A Corticeira Amorim comprou a produtora de rolhas francesa Etablissements Christian Bourrassé, num negócio avaliado em cerca de 50 milhões de euros e que permite à corticeira portuguesa alcançar mercados francês, espanhol, italiano e chileno.

O negócio, anunciado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), será feito em duas fases. Num primeiro momento, a Corticeira Amorim adquire 60% da produtora francesa por 29 milhões de euros. Os restantes 40% serão adquiridos até 2022, por um preço que, “tomando por referência o valor já pago pelos primeiros 60%, dependerá ainda da performance da Bourrassé nos próximos anos”, informa a Corticeira Amorim no comunicado.

Ou seja, o negócio tem por referência uma avaliação da empresa francesa em 48,33 milhões de euros. Mas o preço final a pagar pela Corticeira Amorim depende dos resultados que a Bourrassé apresentar no futuro.

Atualmenta, a Bourrassé conta com uma equipa de cerca de 450 colaboradores, desenvolvendo a sua atividade sobretudo em França, Espanha, Itália e Chile. Em 2016, a produtora francesa faturou 55 milhões de euros.

“Detentora da marca internacional “Bourrassé”, a empresa procurava uma solução de sucessão da atual gestão, pelo que pretendia um acionista cooperante que entendesse a indústria e desse continuidade ao projeto“, sublinha a Corticeira Amorim no comunicado. “Dado que o Grupo Corticeira Amorim e a Bourrassé partilham uma visão de mercado muito similar, com uma gama de produtos que responde à segmentação e aos requisitos exigidos pelos clientes, a Corticeira Amorim surgiu como o parceiro natural”, indica ainda.

O cenário de aquisições como forma de acelerar o crescimento da Corticeira Amorim já tinha sido antecipado pelos analistas do Haitong, que consideram que a cotada portuguesa goza de um bom momento no mercado de rolhas de cortiça, sobretudo no segmento premium, e que deverá continuar a sustentar os seus resultados.

A Corticeira Amorim quase duplicou os lucros em 2016 e alcançou um resultado líquido recorde: 102 milhões de euros. A contribuir para este desempenho esteve, em grande parte, a venda da participação na fabricante de pavimentos US Floors, que resultou num encaixe de 30 milhões de euros para a empresa. No primeiro trimestre do ano, registou um lucro de 17,21 milhões de euros.

As ações encerraram esta quinta-feira em baixa de 2,12% para 12,25 euros. Valorizam, ainda assim, 44,12% desde o início do ano, conferindo à Corticeira uma capitalização bolsista de 1,6 mil milhões de euros.

Ações deslizam esta quarta-feira

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Morreu Américo Amorim

  • ECO
  • 13 Julho 2017

O empresário ficou conhecido por construir um império no setor da cortiça.

O empresário Américo Amorim morreu esta quinta-feira, na sequência de complicações de saúde que o afetavam há algum tempo, avançou o Jornal de Notícias, uma informação que o ECO confirmou. Américo Amorim faria 83 anos este mês.

A Corticeira Amorim é a maior empresa mundial de produtos de cortiça e Américo Amorim era, segundo a revista Forbes, o homem mais rico de Portugal, com uma fortuna avaliada em 4,4 mil milhões de dólares, o equivalente a 4,09 mil milhões de euros. Na lista completa da Forbes, ocupava a posição 385.

A Amorim Energia (holding detida em 55% por Américo Amorim e em 45% pela Esperanza, de Isabel dos Santos) entrou no capital da Galp Energia em 2012, contando com 33,34% da petrolífera. Amorim foi chairman da Galp até outubro de 2016, tendo então passado o testemunho à filha.

Através da holding Amorim – Investimentos e Participações, o empresário construiu um grupo económico, com ligações ao imobiliário, sistema financeiro, energia, turismo, tendo chegado a ter mais de 200 empresas sob a sua tutela.

Em 2005, Amorim criou o Banco Internacional de Crédito, com Isabel dos Santos. Mas em 2014 a filha do Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, comprou a posição do grupo Amorim. Ainda assim, o grupo detém outras posições na banca: 47% do Banco Luso-Brasileiro, 18% do Banco Único (Moçambique).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.