Alojamento Local no Porto vai ter regulamento

Novo regulamento de AL terá um código de boas práticas e mediadores. Vereador do Porto destaca que um dos objetivos deste Regulamento é "evitar a lógica de conflito" entre moradores e AL.

O Porto vai passar a ter um código de conduta, que pretende ajudar a requalificar a oferta dos proprietários que estejam no mercado do Alojamento Local. As novas regras serão parte do Regulamento de Alojamento Local que o vereador do Turismo e Economia da Câmara Municipal do Porto, Ricardo Valente, vai apresentar na próxima semana, em reunião de Câmara.

Ricardo Valente refere ao ECO que o Porto foi a primeira cidade a propor à Airbnb um código de conduta e que a plataforma ajudou a autarquia da invicta a elaborar este código de boas práticas.

No âmbito do Regulamento do Alojamento Local está previsto que os “condomínios sejam obrigados a convocar a autarquia sempre que quiserem proibir um alojamento local”, referiu o vereador do Turismo e Economia da Câmara Municipal do Porto, à margem do estudo sobre o mercado residencial no Porto. Acrescenta também que “quando os condóminos quiserem intervir na lógica de Alojamento Local terão à sua disposição um mediador”.

A ideia é que “cada uma das juntas de freguesia tenha esta figura para fazer a a mediação entre o que são os residentes e os alojamentos locais”. Destaca que o objetivo na criação deste Regulamento de Alojamento Local é evitar a lógica de conflito: “É uma forma de resolver o conflito entre aquilo que é o alojamento local e a componente residencial”, refere.

“O AL têm tido uma lógica de rédea livre que de certo modo concorre com os hotéis que têm que cumprir um conjunto de regras que os AL não têm. A nossa ideia é por um lado densificar alguns critérios do ponto de vista de licenciamento e condições de segurança e fazer com que os estabelecimentos de AL se comprometam com um conjunto de regras”, salienta Ricardo Valente.

Ricardo Valente concluí que a “cidade deve imenso ao turismo” e que a aposta na requalificação deve-se “inquestionavelmente” aos turistas e à forte procura. Face a esta tendência, a cidade do Porto tem sofrido uma profunda reabilitação do património e a zona de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sê, Miragaia, Sê, Vitória e São Nicolau foram as zonas que sofreram mais reabilitação residencial.

"Enquanto autarquia entendemos que do lado do Alojamento Local (AL) temos que ajudar a qualifica-lo. Temos que fazer com que as pessoas que exploram o AL tenham maior sentido de responsabilidade.”

Ricardo Valente

Vereador do turismo e economia da Câmara Municipal do Porto

Se no passado o “Porto era uma cidade que não existia”, hoje é o “destino nacional com maior crescimento e a segunda região do país com mais dormidas, no período de janeiro a maio de 2019“, refere o vereador do turismo e economia da Câmara do Porto.

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Cinco interessados na compra das barragens da EDP

  • ECO
  • 4 Julho 2019

A EDP tem cinco interessados em comprar os ativos de energia hidroelétrica: Brookfield, Endesa, Engie, Iberdrola e Macquarie. Negócio poderá render dois mil milhões de euros à elétrica portuguesa.

A EDP EDP 0,75% tem cinco empresas interessadas nos seus ativos de energia hidroelétrica: Brookfield, Endesa, Engie, Iberdrola e a unidade de infraestruturas da Macquarie. A informação é avançada pelo Jornal de Negócios (acesso livre), que cita a agência Bloomberg.

O negócio poderá render cerca de dois mil milhões de euros à elétrica portuguesa liderada por António Mexia, adianta a agência. Acrescenta ainda a Bloomberg que a EDP aguarda por propostas iniciais até final deste mês para projetos hidroelétricos de cerca de dois gigawatts em Espanha e Portugal.

A venda destes ativos surge no âmbito do plano estratégico apresentado em março pela EDP, e que prevê aquilo que a companhia chamou de “otimização do portefólio” que permitirá gerar seis mil milhões de euros para reforçar a aposta nas renováveis e reforçar a posição financeira. A EDP prevê encaixar mais de dois mil milhões de euros com a venda de ativos, incluindo na Península Ibérica, e outros quatro mil milhões de euros com rotação de ativos.

A Endesa, uma das empresas que está na corrida pelas barragens da EDP, já tinha afirmado em maio que estava a analisar o plano de desinvestimento da elétrica portuguesa. José Bogas, presidente da companhia espanhola, considerou na altura que as centrais hidroelétricas da EDP, em Portugal, podem “encaixar estrategicamente” nos planos da Endesa: “Já estamos expostos a este mercado que está integrado com o mercado espanhol”.

Sobre a venda das barragens pela EDP, o secretário de Estado da Energia, João Galamba, considerou que o negócio vai trazer maior concorrência ao mercado da energia em Portugal.

A EDP registou uma redução de 40% dos lucros para 100 milhões de euros no primeiro trimestre do ano. As ações valorizam 11% desde o início do ano. A elétrica apresenta uma avaliação de mercado de 12,5 mil milhões de euros.

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Comunidade empresarial lamenta a morte do presidente da AEP

Empresários e a comunidade em geral lamentam o desaparecimento do presidente da AEP e destacam o "forte contributo" de Paulo Nunes de Almeida para a região e para as empresas.

O presidente da Associação Empresarial de Portugal faleceu esta quinta-feira vítima de cancro. Ao ECO empresários e velhos amigos dizem que o desaparecimento de Paulo Nunes de Almeida representa uma perda para o país e em especial para a comunidade empresarial.

Numa reação à sua morte, Nuno Botelho, Presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), em comunicado enviado ao ECO, sublinha que foi “uma grande perda”, mencionando o contributo de Presidente da AEP para a região, para as empresas e para as instituições que representou.

“A cidade, a região e o país devem estar imensamente gratos a Paulo Nunes de Almeida, um homem que criou emprego e gerou valor. Na AEP, em particular, foi responsável pela reestruturação financeira e pela recuperação da sua operacionalidade e do seu potencial interventivo no tecido empresarial e na sociedade”, refere o presidente da ACP.

"É um homem que deixou uma marca muito grande tanto no tecido empresarial como no desportivo.”

Manuel Serrão

Empresário

Paulo Nunes de Almeida foi uma referência nacional tanto para o tecido empresarial como desportivo. Além de ser presidente da AEP era também presidente do Conselho Fiscal do FC Porto e da Futebol Clube do Porto – Futebol. Do universo empresarial, ao desporto, passando pela moda, Paulo Nunes de Almeida, deu o seu contribuído. Foi o primeiro presidente da Associação Têxtil de Portugal (ATP) e antes, enquanto esteve à frente dos destinos da Associação Nacional dos Jovens Empresários (ANJE) foi um dos promotores do Portugal Fashion.

Para Manuel Serrão, empresário desde sempre ligado ao mundo da moda, “a melhor homenagem que podemos fazer-lhe é o facto de ter desaparecido há meia dúzia de horas e toda a gente já saber e acima de tudo lamentar. É um homem que deixou uma marca muito grande tanto no tecido empresarial como no desportivo“, refere. Acrescentando que foi “um diplomata que nunca deixou de saber o que queria fazer”.

Empresários do Norte lamentam a perda do empresário

Carlos Palhares, CEO da MECWIDE, empersa da indústria metalomecânica, conta ao ECO que o Paulo Nunes de Almeida “fez um excelente mandato, nestes cinco anos, sempre muito focado na internacionalização e no interesse das pessoas, dos empresários e do país”. Salienta que “ajudou muito os empresários” e que foi “uma pessoa muito empreendedora”. “Estamos muito gratos pelo trabalho que desenvolveu e acima de tudo pelo que fez pelas PME do Porto e do norte”. Conclui que foi uma perda enorme para o tecido empresarial e que era uma referência tanto para a sua empresa como para muitas outras.

Para o diretor geral da Continental Portugal, Miguel Pinto, o falecimento do presidente do AEP é uma “perda inestimável para a classe empresarial e para o norte do país”. Fala de Paulo Nunes de Almeida como uma pessoa sempre focada em defender os interesses do tecido empresarial e que soube “escutar os empresários e levar as suas preocupações juntos dos nossos governantes”. Considera que enquanto presidente fez um “trabalho excecional” e lembra que foi uma figura importante na questão da aposta na “formação no tecido empresarial, especialmente nas PME, e na requalificação dos quadros”.

Luís Portela foi membro do conselho geral da AEP durante cerca de 15 anos e diz ao ECO que “foi um prazer” ter sido colega de Paulo Nunes de Almeida. Destaca que foi um “grande homem, um grande animador do associativismo português. Sério, honesto e sempre preocupado com o desenvolvimento económico do país”, conclui o chairman da Bial.

A Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR) em comunicado, frisa que o presidente da AEP “foi um exemplo do que é servir sem pedir nada em troca. Focado no crescimento do país e sempre ao lado das empresas inspirou quem também faz parte do movimento associativo”. A associação ressalta ainda que a “APCOR e toda a indústria da cortiça vão recordá-lo sempre com admiração”.

"Foi um empresário determinado, dedicado e inteligente ao serviço da indústria, da exportação e da economia do Norte em geral. É uma grande perda.”

Nuno Botelho

Presidente da Associação Comercial do Porto

Nesta última homenagem, o presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, destacou ainda determinação, a dedicação e a inteligência do Presidente da AEP e deixa um apelo. “Há semanas, Paulo Nunes de Almeida desafiou-nos a todos a lutar pela regionalização, pela qual tanto se bateu. Devemos honrá-lo com essa missão”, conclui.

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ADSE quer celebrar memorando com privados para regular negociações

Depois de vários prazos ultrapassados, a ADSE ainda não deu nova data para entregar tabelas. Estará à espera que prestadores privados assinem memorando para regular negociações.

A ADSE irá celebrar memorandos com os prestadores privados para depois avançar com as negociações sobre a nova tabela de preços fechados, que vai acabar com as regularizações. Depois de vários prazos ultrapassados para apresentar o documento, o Conselho Geral e de Supervisão (CGS) do subsistema de saúde da Função Pública continua à espera “cada vez com menos paciência”.

O conselho diretivo da ADSE já está em “fase final” da celebração do memorando com os privados, após a qual “é iniciado o processo de negociação”, adianta João Proença, presidente do CGS, ao ECO, citando informação que lhe foi transmitida. O responsável diz ainda que, tanto quanto sabe, a negociação com os privados ainda não está em curso.

Na quarta-feira, o CGS reuniu-se para aprovar o relatório de atividades e as tabelas — ou a falta delas — foi um dos temas em cima da mesa. “Têm sido sucessivamente adiadas”, aponta ao ECO José Abraão, representante da Federação de Sindicatos da Administração Pública no CGS, e o último prazo dado, que apontava para o final de junho, também já foi ultrapassado. “Vamos aguardar cada vez com menos paciência”, diz.

Ao conselho consultivo foi dito que os trabalhos de preparação das tabelas “estão em fase adiantada e nas próximas semanas podem ver a luz do dia”. Ainda assim, não foram dados novos prazos, explica. Quanto às negociações com os privados, José Abraão diz que lhe foi comunicado que têm existido conversas, mas não foram informados que os memorandos pudessem chegar nos próximos dias.

Eugénio Rosa, vogal do Conselho Diretivo da ADSE, explica, citado pelo Negócios (acesso pago), que “as tabelas vão ser enviadas aos prestadores após a assinatura do memorando, que regula a forma como a negociação se vai pronunciar”. “Agora a bola está do lado dos prestadores privados de saúde”, completa. Contactada pelo ECO, a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) diz desconhecer esta questão dos memorandos.

Mais trabalhadores e novas convenções

Entre os temas discutidos na reunião do CGS esteve também a celebração de novas convenções, algo que o CGS tem vindo a defender como sendo necessário. Estarão na calha seis novas convenções, sendo que o processo estará ainda em curso, nomeadamente nos Açores e na Madeira, bem como com o Hospital da Luz. Estas convenções, no entanto, só deverão ser celebradas quando as novas tabelas de preços estiverem prontas.

Tendo em conta os relatos de atrasos nos reembolsos aos beneficiários da ADSE, que já estão a demorar em média 77 dias, a ADSE tem também referido a necessidade de mais recursos humanos. Na reunião foi revelado que existe já uma proposta de um concurso para 67 novos trabalhadores, nomeadamente para responder a estes atrasos, mas que “carece ainda de aprovação das Finanças”, avança José Abraão.

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📷 Fotogaleria: Estes são os imóveis do Estado para arrendamento acessível

O Governo anunciou mais um programa de arrendamento acessível, desta vez com imóveis devolutos do Estado. São cerca de 40 edifícios espalhados por todo o país. Saiba quais são.

Em apenas uma semana, foram lançadas três iniciativas de arrendamento acessível, duas delas da parte do Governo. Esta quinta-feira, o ministro das Infraestruturas e da Habitação anunciou um “Plano de Reabilitação de Património Público para Arrendamento Acessível”, que prevê a recuperação de imóveis devolutos do Estado para os tornar habitações a preços acessíveis para a classe média.

Pedro Nuno Santos anunciou esta quinta-feira um novo programa de reabilitação de imóveis do Estado, que estão devolutos há alguns anos. “Identificámos que há uma parte considerável da população de classe média que começaram a ter graves dificuldades no acesso à habitação. Sentimos isso de forma muito intensa em cada vez mais zonas do país. E queremos dar resposta a esta dificuldade“, disse o ministro.

Na lista estão três imóveis considerados emblemáticos: o antigo hospital psiquiátrico Miguel Bombarda, em Lisboa, que vai dar lugar a centenas de habitações, e ainda o antigo quartel do Cabeço da Bola. Mais a norte está o antigo Convento das Convertidas, em Braga. Veja a lista completa:

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Rendimento disponível das famílias portuguesas em 2017 abaixo de 2008

  • Lusa
  • 4 Julho 2019

Um estudo da Comissão Europeia mostra que, em 2017, as famílias portuguesas tinham disponível menos rendimento do que em 2008.

O rendimento disponível ‘per capita’ das famílias portuguesas estava em 2017 abaixo dos níveis de 2008, de acordo com um estudo divulgado esta quinta-feira pela Comissão Europeia (CE).

No entanto, a edição de 2019 do relatório anual sobre a evolução do emprego e da situação social na Europa (ESDE) mostra que, ao contrário do que aconteceu em território nacional, no geral, o rendimento disponível das famílias ‘per capita’ “ultrapassou os níveis pré-crise de 2008 na zona euro. Esta meta já tinha sido atingida em 2015 na União Europeia (UE) como um todo”.

No entanto, “ainda há oito Estados-membros que não regressaram ao nível de 2008”, de acordo com o ESDE, citando dados de 2017, como é o caso de Portugal, ainda que o país tenha melhorado em alguns indicadores, nomeadamente no emprego e no risco de pobreza.

O relatório destaca que na Grécia este indicador estava cerca de 30% abaixo dos níveis de 2008, no Chipre 15%, em Itália 9%, em Espanha 6% e na Áustria 4%. Portugal está no grupo da Bélgica e Irlanda, cerca de 2% ou menos.

O relatório recordou ainda que estimativas rápidas do Eurostat mostraram que Portugal, Grécia e Roménia apresentaram “descidas significativas” nas taxas de risco de pobreza, enquanto o Reino Unido aumentou ligeiramente, citando dados de 2018. O ESDE estima que depois de 2017 este indicador tenha melhorado.

Em comunicado, a CE explicou que “à luz das tendências globais a longo prazo, como o envelhecimento, a globalização, a transformação tecnológica e as alterações climáticas, a ESDE de 2019 é dedicada ao tema da sustentabilidade”.

Este trabalho “mostra que a luta contra as alterações climáticas e a preservação do crescimento são indissociáveis”, sendo que a “revisão de 2019 confirma igualmente a expansão contínua da atividade económica da União Europeia (UE), com novos níveis recorde de emprego e uma melhoria da situação social”.

No mesmo comunicado, a Comissária responsável pelo Emprego, Assuntos Sociais, Competências e Mobilidade dos Trabalhadores, Marianne Thyssen, disse que “a presente revisão anual revela uma recuperação da economia europeia. Com 240,7 milhões de europeus empregados e um aumento de cerca de 13,4 milhões de postos de trabalho desde o início da Comissão Juncker, a taxa de emprego na UE é a mais elevada de sempre”, garantiu a responsável.

Na mesma nota, a CE garantiu que “a transição para uma economia neutra em termos de carbono aumentará o número de postos de trabalho disponíveis e terá um impacto na estrutura do mercado de trabalho, nas distribuições de postos de trabalho e nas competências necessárias. Espera-se que a transição possa criar, até 2030, 1,2 milhões de empregos adicionais na UE, além dos 12 milhões já previstos”.

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Governo aprova estratégia que prevê atingir 10 mil quilómetros de ciclovia até 2030

  • Lusa
  • 4 Julho 2019

A Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável foi aprovada e prevê um investimento de 300 milhões de euros na construção de mil quilómetros de ciclovia nos próximos 10 anos.

O Governo aprovou esta quinta-feira a Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável (ENMAC), que prevê atingir dez mil quilómetros de ciclovia até 2030, construídas através de várias iniciativas de investimento, entre as quais de 300 milhões do Portugal Ciclável.

Aprovada em reunião do Conselho de Ministros, a ENMAC 2020-2030 prevê a implementação de “mais de 50 medidas ao longo da próxima década, no âmbito da promoção do uso da bicicleta, investimento na construção de ciclovias e aposta na mudança de hábitos dos portugueses”, adiantou à Lusa o gabinete do ministro do Ambiente e da Transição Energética.

Existem atualmente cerca de dois mil quilómetros construídos de ciclovia no país e o objetivo é atingir os 10 mil em 2030”, indicou a tutela, reforçando que, para alcançar essa meta, “será preciso construir oito mil quilómetros de ciclovia numa década”.

No âmbito destes oito mil quilómetros de ciclovia, “existem várias iniciativas de investimento, entre as quais o Portugal Ciclável, que prevê um investimento de 300 milhões de euros na construção de mil quilómetros de ciclovia nos próximos 10 anos”, avançou o Ministério do Ambiente e da Transição Energética.

Assim, o Governo pretende aumentar a percentagem de deslocações em bicicleta no território nacional de 1% para 7,5%, valor que corresponde à atual média europeia, assim como reduzir para metade os acidentes na estrada com peões e ciclistas.

Entre as principais medidas da Estratégia, destaca-se a inclusão do ciclismo como matéria extracurricular do 1º ciclo ao Secundário, a avaliação do alargamento da cobertura do seguro escolar para as viagens dos alunos entre casa e estabelecimento de ensino, o fomento de sistemas públicos de bicicletas partilhadas e a introdução de matéria específica nas escolas de condução, para consciencializar os alunos dos cuidados a ter na estrada com ciclistas e peões, elementos mais vulneráveis na rodovia.

Constituindo-se como uma estratégia integrada na área da mobilidade, a ENMAC 2020-2030 representa “um compromisso para a próxima década e independente de ciclos políticos, assegurando a promoção do uso da bicicleta, a consequente adoção de hábitos de vida mais saudáveis e o investimento na construção de ciclovias”, afirmou o Governo, em comunicado do Conselho de Ministros.

Através desta Estratégia, o Governo quer “reconhecer a bicicleta como uma peça fundamental da cadeia de mobilidade, cada vez mais acessível, diversificada, segura e adaptada às necessidades e trajetos da população”.

Além dos benefícios que a prática de exercício físico tem para a saúde, “o aumento do uso da bicicleta será essencial para aliviar o congestionamento rodoviário, reduzir o ruído, diminuir as emissões de gases com efeito de estufa e libertar espaço público atualmente ocupado pelos automóveis”, defendeu o executivo.

A concretização da ENMAC 2020-2030, através de um trabalho transversal e independente dos ciclos políticos, visa “garantir os compromissos nacionais e internacionais assumidos por Portugal no domínio da sustentabilidade, dos quais se destaca o Acordo de Paris”.

Apresentada em 28 de março deste ano, a Estratégia esteve em processo de consulta pública até 28 de abril, em que “foram recolhidos 16 pareceres de várias entidades, que foram tidos em consideração no texto final do documento”, informou a tutela do Ambiente e da Transição Energética.

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Autoridade Tributária recusa ser o “cobrador do fraque” do setor privado

Representantes dos trabalhadores do Fisco estiveram no Parlamento e pediram aos deputados alterações legislativas que acabem com a 'transformação' da AT em braço armado do setor privado.

Os líderes do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) e da Associação dos Profissionais da Inspeção Tributária (APIT) não têm dúvidas: os trabalhadores da Autoridade Tributária estão a servir de “cobradores do fraque” das empresas privadas, alocando recursos em excesso para uma atividade que desvia atenções do combate à grande fraude e evasão fiscal. E aproveitaram a passagem esta quarta-feira pela Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) da Assembleia da República para pedir aos deputados iniciativas para mudar este cenário.

“Desde a primeira hora que nos manifestamos contra a cobrança destas dívidas”, começou por dizer Paulo Ralha, do STI. “Desde o início que temos manifestado repudio e a não aceitação da situação, que expõe o Fisco a ser o ‘cobrador do fraque’ de privados“, explicou. “E a Autoridade Tributária não tem grandes benefícios com esta prática.”

Os presidentes das duas estruturas representativas de trabalhadores do Fisco foram chamadas à COFMA para explicar e apresentar o ponto de vista dos profissionais da AT sobre a operação stop lançada no final de maio último, numa rotunda em Valongo, onde esta autoridade, em conjunto com a GNR, mandou parar condutores para verificar a existência de dívidas registadas no Fisco e, no limite, penhorando viaturas na hora. A ação foi de tal forma polémica que o Ministério das Finanças acabou por ordenar a sua suspensão cinco horas após o início da mesma.

Sobre este ponto, tanto Paulo Ralha, do STI, como Nuno Barroso, defenderam a legalidade da operação, ainda que sem defender a operação propriamente dita, concordando com a opinião de António Mendonça Mendes, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, que ainda no final de maio apontou para uma clara “desproporção entre os meios que são utilizados” e os fins da operação. Esta ação, tal como na cobrança de dívidas em nome de empresas privadas, significa um “desperdício de recursos que deviam estar focados na grande fraude”, afirmaram aos deputados.

E foi a partir do debate sobre este tipo de operações que os sindicatos acabaram por trazer para cima da mesa a ‘transformação’ da Autoridade Tributária em braço armado do setor privado: “Falamos de dívidas de pouca monta à partida que, quando chegam à fase de cobrança por parte das Finanças, já se transformaram em dívidas enormes, o que provoca, como seria expectável, uma grande revolta nos contribuintes.”

E tudo isto acontece apesar de nem o Estado, nem os trabalhadores, obterem grandes benefícios com a cobrança de dívidas não fiscais, como dívidas de portagens ou de propinas em atraso. “Os serviços das Finanças são a primeira linha de um campo de batalha, em que os próprios trabalhadores e a AT não têm grandes benefícios”, explicou o líder do STI. “Expõe os nossos trabalhadores a uma dose de conflitualidade que não é desejável, falamos de um nível de receitas que não são relevantes e a imagem do Estado fica comprometida enquanto cobrador do fraque do setor privado”, acrescenta.

E quem é que sofre com as reclamações e os protestos? Os trabalhadores dos impostos, que são obrigados por Lei a cumprir este serviço, realçou já Nuno Barroso, da APIT. “Estamos a cobrar dívidas para empresas privadas porque cumprimos a legislação”, disse, explicando que os trabalhadores não têm qualquer informação sobre os valores globais cobrados anualmente em prol do setor privado. “Só a AT é que tem esses dados, não nós”, informou os deputados. O ECO questionou as Finanças sobre este valor, mas não obteve resposta até à publicação desta notícia.

“Como se coaduna isto [trabalhadores da AT a cobrar dívidas para privados] com o combate à fuga fiscal? Isto retira capacidade material e humana ao Fisco que podia estar orientada noutro sentido”, continuou o líder da APIT. E colocou o ónus no Parlamento: “Esta é uma questão que politicamente deve ser tida na Assembleia da República. É certo que 35% dos valores cobrados são para a AT, para compensar pelo trabalho, mas temos de perceber se queremos uma Autoridade que seja um ‘cobrador do fraque’ ou focada na sua missão”, desafiou os deputados.

“É uma alteração legislativa que só pode vir do Parlamento e a isso não podemos fugir, mesmo que não faça sentido estarmos a ser ‘cobradores do fraque’ de privados”, rematou Nuno Barroso. “Temos recursos humanos altamente habilitados que devem ser direcionados para o combate à grande fraude e evasão fiscal”, terminou por seu turno Paulo Ralha.

Secretário de Estado admite alterações

O ECO contactou o Ministério das Finanças para perceber qual a interpretação da tutela sobre o papel a que a Autoridade Tributária está legalmente obrigada a prestar aos privados, mas também qual o valor global cobrado anualmente por estes funcionários públicos em nome do setor privado, ainda que sem sucesso até ao momento.

Contudo, e em recente entrevista ao Observador, António Mendonça Mendes admitiu que a imposição desta função à Autoridade Tributária é um papel que deve ser reavaliado. “Há uma reflexão que temos todos de fazer que é a utilização do processo de execução fiscal por dívidas que não são fiscais”, avançou na entrevista concedida em meados de junho.

Grande parte da litigância que existe dos contribuintes que acham que são abusivamente abordados pela AT tem a ver com dívidas que não são fiscais. Estou a falar de dívidas de portagens, dívidas de quotas a ordens profissionais, todo o tipo de dívidas que entram no processo de execução fiscal”, prosseguiu o governante. “Estou colocar em cima da mesa esta questão, para que também fique claro que a AT não está a agir muitas vezes nos processos de execução fiscal para cobrar impostos.”

Conforme explicou então o secretário de Estado, “a AT só é chamada para fazer estas execuções fiscais pela eficácia que demonstra na arrecadação de imposto que é a sua tarefa”. Contudo, e segundo a interpretação dos representantes dos trabalhadores, esta mesma “eficácia” está a ser desviada do combate à grande fraude e evasão fiscal precisamente à conta da cobrança de dívidas em prol do setor privado.

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BCP dá brilho a Lisboa em dia morno na Europa

Num dia de poucas alterações nas bolsas europeias, marcado pela menor liquidez devido ao feriado nos EUA, Lisboa destacou-se graças a uma subida de 2% nas ações do BCP.

As bolsas europeias fecharam com poucas alterações num dia em que a valorização expressiva do BCP deu brilho à bolsa portuguesa. Só a EDP impediu ganhos superiores numa sessão em que a maioria das cotadas fechou a valorizar.

Enquanto o Stoxx 600 subiu 0,08%, os índices francês, italiano, espanhol e britânico fecharam com subidas na casa das centésimas. O alemão valorizou 0,12%, mas foi mesmo o português PSI-20 a destacar-se entre as pares europeias, com uma subida de 0,56%, para 5.210,07 pontos, impulsionada pelos ganhos na banca.

A maior valorização em Lisboa deve-se, em grande parte, à subida de 2% do preço dos títulos do BCP, para 28,61 cêntimos. O bom desempenho esteve relacionado com uma onda de research positiva para o banco, que aguçou o apetite dos investidores pelas ações da empresa liderada por Miguel Maya.

Também a EDP Renováveis contribuiu para a subida do índice ao valorizar 1,88%, para 9,20 euros. Mas os ganhos acabaram por ser travados pela queda de 1,07% das ações da EDP, que fecharam a valer 3,409 euros.

A sessão foi condicionada pela menor liquidez perante o feriado do Dia da Independência nos EUA. Esta quinta-feira, as bolsas norte-americanas permaneceram encerradas.

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Portugal já tem 60% da dívida no mercado com taxas negativas

Todas as obrigações do Tesouro português com maturidade até sete anos negoceiam com yields negativas. Valor com taxas abaixo de 0% aumentou 21,7 mil milhões apenas desde o início da semana.

Portugal tem 125,5 mil milhões de euros em dívida disponível no mercado e 76,8 mil milhões tem juros negativos. Com as yields a renovarem diariamente mínimos históricos, os investidores já estão disponíveis a pagar para deter quase dois terços das obrigações do Tesouro portuguesas.

Do total de dívida portuguesa que os investidores podem trocar entre si no mercado secundário, 61% transaciona com juros negativos, de acordo com os cálculos do ECO com base em dados da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP.

O montante tem vindo a aumentar de forma expressiva desde o início do ano, mas acentuou-se. Só esta semana, mais de 21,7 mil milhões — todos os títulos com maturidade a seis e sete anos — também passaram a negociar com yields negativas. O total já atingiu, assim, os 76.803 milhões de euros, contra 55.077 milhões no final de junho (ou 43,4% de todas as obrigações no mercado). No final de junho do ano passado, o montante era inferior a 18,8 mil milhões (15,43% da dívida).

No caso das obrigações a dez anos, o juro não está negativo, mas em mínimos históricos. Passou esta quarta-feira pela primeira vez a barreira dos 0,3%, apenas um dia depois de ter quebrado os 0,4%.

A presidente do IGCP, Cristina Casalinho, apontou para o reforço da confiança dos investidores em linha com as agências de rating para o decréscimo no valor pedido a Portugal para comprarem dívida não só em mercado secundário como em primário, onde Portugal se tem financiado com juros constantemente mais baixos. Em maio, o custo médio da nova dívida situou-se no mínimo histórico de 1,5%.

Se a recuperação económica e das contas públicas tem ajudado à tendência, tem sido especialmente a conjuntura externa a causar a quebra nos juros. Também a taxa de juro da dívida soberana alemã a dez anos atingiu esta quinta-feira um novo mínimo histórico negativo, igualando pela primeira vez a taxa de depósitos do Banco Central Europeu (BCE).

A yield das Bunds caiu abaixo de -0,4% colocando-se, o nível da taxa de juro exigida pelo BCE pelo dinheiro depositado pelos bancos. O presidente da instituição, Mario Draghi, garantiu no mês passado em Sintra que o BCE está pronto a avançar com estímulos monetários adicionais se o outlook económico não melhorar.

O mercado começou, desde então, a descontar um possível corte nos juros de referência. Agora que é conhecido nome da sucessora de Draghi a partir de novembro — a atual presidente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagardea expectativa que o novo mandato continue a política expansionista (e a servir de rede de segurança dos soberanos como grande comprador de dívida pública) beneficiou, nos últimos dias, os juros dos países da Zona Euro, incluindo Portugal.

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El Corte Inglés retoma projeto no Porto

  • Lusa e ECO
  • 4 Julho 2019

O projeto de construção do El Corte Inglés no Porto vai "renascer", diz vereador de economia e turismo da Câmara do Porto. Grupo espanhol já está a tratar do licenciamento.

O vereador do Economia, Turismo e Comércio da Câmara do Porto, Ricardo Valente revelou esta quinta-feira que o projeto de construção El Corte Inglés na rotunda da Boavista vai “renascer”.

“O projeto do El Corte Inglês, de facto, vai renascer no Porto. (…) O que sabemos é que o El Corte Inglés já demonstrou a intenção de fazer nascer ali um projeto, que é um projeto multifuncional“, afirmou em declarações à Lusa.

Segundo aquele responsável, o grupo espanhol está “neste momento a tratar da questão do licenciamento”, facto que deixou a Câmara do Porto muito “satisfeita”.

“Para nós, é extremamente relevante o desenvolvimento de um projeto naquela zona da cidade”, declarou, sublinhando que “é fundamental que aquela área que é cratera” desapareça.

A ideia, revelou o vereador, é que projeto, que será algo mais segmentado, inclua para além da área comercial, outros equipamentos como ginásios e até uma zona hoteleira.

À Lusa, Ricardo Valente, mostrou-se ainda convicto de que a construção do espaço comercial que tinha sido chumbada pela Câmara do Porto à data liderada por Rui Rio, possa arrancar em 2020, se os projetos de arquitetura ficarem prontos até ao final deste ano.

Em outubro de 2003, a Lusa noticiava que a empresa espanhola negociou durante mais de dois anos com a Câmara do Porto a sua instalação na cidade, mas não foi possível chegar a acordo sobre a localização exata.

A empresa pretendia construir a sua megaloja num terreno junto à Rotunda da Boavista e à Casa da Música, enquanto a autarquia queria localizar o El Corte Inglés na Baixa.

Ante o impasse, que durava há meses, a empresa espanhola optou por escolher Vila Nova de Gaia, depois de “largos meses de negociações”.

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Deputados aprovam alívio do Big Brother fiscal

A proposta do PSD que prevê a exclusão dos campos do SAF-T da contabilidade que sejam desproporcionais foi aprovada. Solução apresentada pelo PCP ficou pelo caminho.

Os deputados da Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) aprovaram, esta quarta-feira, uma proposta do PSD para aliviar o regime que ficou conhecido como “Big Brother fiscal”. A medida apresentada pela bancada laranja não elimina a obrigatoriedade da submissão do SAF-T (PT) da contabilidade, mas prevê a “exclusão” prévia de todos os campos do ficheiro que “sejam considerados de menor relevância ou de desproporcionalidade face ao âmbito e objeto do presente diploma”. Em cima da mesa, estava também uma proposta de aditamento do PCP, que acabou por ser chumbada.

No final de 2018, o Executivo de António Costa publicou em Diário da República um decreto-lei que tornou obrigatória a entrega à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) das bases de dados da contabilidade de todos os sujeitos passivos que preencham o anexo A e I através do ficheiro SAF-T (PT), fazendo depender dessa submissão o preenchimento da Informação Empresarial Simplificada (IES).

Na altura, o PCP apresentou um pedido de apreciação parlamentar deste diploma, mas o processo acabou por não avançar, já que na ocasião a Assembleia da República estava concentrada na discussão do Orçamento do Estado para 2019.

Entretanto, os comunistas apresentaram também uma proposta de aditamento, já no quadro da discussão de uma proposta de lei do Governo que altera diversos códigos fiscais. Essa medida foi esta quarta-feira a votos, juntamente com uma outra, da autoria do PSD, que foi apresentada esta manhã.

A proposta do PCP previa a submissão em anexo à IES de “um ficheiro resumo extraído” do SAF-T da contabilidade, “contendo exclusivamente os saldos iniciais e finais antes e após o apuramento de resultados, estritamente necessários ao cumprimento das obrigações legais da IES”. Esta medida acabou, contudo, por ficar pelo caminho, merecendo o voto desfavorável do PS, a abstenção do PSD e os votos favoráveis do PSD e CDS.

Diferente desfecho conseguiu a proposta apresentada pelo PSD, que foi aprovada por unanimidade. A proposta de aditamento levada à COFMA pela bancada de Fernando Negrão também não elimina a obrigatoriedade da submissão do SAF-T (à semelhança da do PCP), mas deixa claro que devem ser “excluídos” desse ficheiro todos os campos que “sejam considerados de menor relevância ou de desproporcionalidade face ao âmbito e objeto do presente diploma”.

“No processo de submissão prévia a que se refere o número anterior, devem ser excluídos, previamente à submissão, os campos de dados do ficheiro normalizado de auditoria tributária, designado de SAF-T(PT), relativo à contabilidade, que sejam considerados de menor relevância ou de desproporcionalidade face ao âmbito e objeto do presente diploma, designadamente dados que possam por em causa deveres de sigilo a que, legal ou contratualmente, os sujeitos passivos se encontrem obrigados“, lê-se no documento apresentado pelo PSD e a que o ECO teve acesso.

Os campos que devem ser retirados do SAF-T deverão ser, depois, definidos por decreto-lei pelo Governo, nota o mesmo documento. “Sendo um decreto-lei, o Parlamento pode fazer apreciação parlamentar e alterar (incluir ou excluir) elementos ao ficheiro SAF-T expurgado que será envido à AT”, explicou ao ECO o deputado António Leitão Amaro, tendo sublinhado ainda que que só a partir da publicação desse decreto—lei se passa a aplicar a entrega do SAF—T da contabilidade.

De acordo com o social-democrata, o Fisco não poderá assim ter acesso a esses dados. Tal deverá acontecer através da encriptação dos campos em causa, segundo confirmou o ECO junto de duas fontes. Questionado sobre esse último ponto, Leitão Amaro reforçou que “há um expurgo desses dados”, ou seja, “deixam de ser entregues à AT”, mas não confirmou a “solução técnica” referida, defendendo que poderá ser “diversa”.

“Optámos por uma solução intermédia que andávamos a construir, equilibrando os interesses da simplificação e o combate à evasão fiscal e, por outro lado, a razoável reserva dos contribuintes”, salienta o social-democrata, considerando que as “alternativas apresentadas pelo PCP eram tecnicamente deficientes”.

Em conversa com o ECO, o deputado comunista Duarte Alves diz que, não tendo sido aprovada a proposta apresentada pelo seu grupo parlamentar, “valoriza a possibilidade de ter sido alterado” o regime que estava implementado, daí que o PCP tenha votado favoravelmente esta proposta do PSD.

De opinião semelhante partilha o CDS. Ao ECO, a deputada Cecília Meireles diz que “teria preferido acabar com a obrigação de entrega do SAF-T da contabilidade”, mas votou a favor da proposta do PSD, porque é melhor do que o regime atual.

Recorde-se que, na semana passada, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais pediu aos grupos parlamentares para não deitarem fora todo o trabalho e investimento feito com este novo regime. António Mendonça Mendes admitiu mesmo garantias adicionais na lei para ultrapassar as reservas do PCP e da direita. “Há muito trabalho feito, há muito investimento feito em software (….). Sem prejuízo das garantias adicionais que possam ser acrescidas na legislação, o que peço é que não deitemos fora todo o trabalho feito”, disse o governante.

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