BPI condenado em 400 mil euros por venda de títulos do BES

  • ECO
  • 17 Novembro 2017

Tribunal de Aveiro condenou o BPI a reembolsar um cliente em 400 mil euros pela venda de obrigações do Banco Espírito Santo e da Espírito Santo Financial Group. Banco vai recorrer.

O BPI foi condenado a reembolsar 400 mil euros a um cliente pela subscrição de obrigações subordinadas do Banco Espírito Santo (BES) e da Espírito Santo Financial Group (ESFG). Tribunal considerou que não havia um contrato de intermediação que sustentasse o negócio e por isso foi considerado nulo. Banco vai recorrer.

O Jornal de Negócios (acesso pago) conta que uma agência do BPI vendeu a um seu cliente 300 mil euros em obrigações do BES em fevereiro de 2014. Em maio desse ano, no mesmo balcão, foram colocados mais 100 mil euros em obrigações subordinadas da ESFG em nome desse cliente.

Segundo a sentença de 17 de outubro do Tribunal Judicial da Comarca de Aveiro, o contrato de intermediação financeira celebrado entre as partes foi considerado nulo, o que deu lugar à condenação ao pagamento dos 400 mil euros, revela o jornal, adiantando que o BPI vai recorrer da decisão.

Entretanto, o Jornal Económico revela que o banco Haitong, as auditoras do Grupo Espírito Santo e do BES, Ricardo Salgado, entre outros responsáveis e entidades, vão ser alvo de ações judiciais no valor de 20 mil milhões de euros. As ações por responsabilidade solidária vão ser interpostas pelo novo veículo que vai indemnizar os lesados do BES.

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Presidente do BAD: “Angola não tem de gastar dinheiro para diversificar a economia”

  • Lusa
  • 17 Novembro 2017

"A diversificação económica não depende da despesa pública" mas "dos incentivos que se criem para os privados entrarem", disse o presidente do Banco Africano do Desenvolvimento, Akinwumi Adesina.

O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento considera que a “absolutamente necessária” diversificação económica em Angola não implica um aumento da despesa pública, mas sim a criação de condições legais que impulsionem o investimento privado.

“A diversificação económica não depende da despesa pública, depende dos incentivos que se criem para os privados entrarem nos setores da atividade”, disse Akinwumi Adesina, em entrevista à Lusa, em Lisboa, no final de uma visita de trabalho à capital portuguesa, esta semana.

A diversificação económica não depende da despesa pública, depende dos incentivos que se criem para os privados entrarem nos setores da atividade.

Akinwumi Adesina

Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento

Os privados precisam de poder entrar na economia, e para isso é preciso estabilizar o ambiente macroeconómico e dar incentivos fiscais“, acrescentou o banqueiro, quando questionado sobre como pode Angola investir na diversificação económica atravessando uma crise de liquidez.

A questão, vincou o antigo ministro da Agricultura da Nigéria, “não é tanto diversificar ou não, mas sim ter setores da economia que representem uma percentagem alta das receitas no PIB mas que têm uma produtividade baixa”, como é o caso do setor petrolífero em Angola.

[A questão] não é tanto diversificar ou não, mas sim ter setores da economia que representem uma percentagem alta das receitas no PIB mas que têm uma produtividade baixa.

Akinwumi Adesina

Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento

“A agricultura, os serviços, a indústria do acolhimento e o turismo têm de ser aumentados em termos de peso no total das receitas do Governo”, defendeu Adesina, vincando que “não é o Governo que tem de fazer tudo, tem é de criar as infraestruturas certas e o quadro regulatório adequado para o setor privado poder fazer, e eles assim farão”.

Angola mergulhou numa crise económica com a descida dos preços do petróleo desde 2014, que desequilibrou as receitas e desencadeou uma crise cambial e de escassez de moeda estrangeira, fazendo com que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha sofrido uma recessão de 0,7% no ano passado, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).

 

Akinwumi Ayodeji Adesina, presidente do Banco Africano do Desenvolvimento (BAD) também elogiou o desempenho de Moçambique na transparência demonstrada depois da crise da dívida pública e considera que o país pode ser “o Qatar da África” em termos de gás natural. “Temos um investimento de mais de mil milhões de dólares em Moçambique e estamos confiantes que as reformas macroeconómicas estão a surtir efeito e temos apoiado muito o país na análise do sistema contabilístico para ver o nível de dívida que realmente têm”, vincou o banqueiro, salientando que “o país está a dar os passos certos e tem um enorme potencial”, disse. Jason Alden/Bloomberg

Os países muito dependentes de exportações de uma só matéria-prima, como Angola ou a Nigéria, sofrem desproporcionadamente quando há choques nessa área“, reconheceu Adesina.

“O que tende a acontecer é que quando os preços descem aumenta a ideia de diversificar, mas a questão é como fazer avançar essa diversificação económica, e é por isso que são necessárias mudanças estruturais na estabilidade macroeconómica e em investimentos em infraestruturas como a energia, que são absolutamente necessários para proteger os países do impacto dos preços”, concluiu o banqueiro na entrevista à Lusa.

Desde o início das atividades do BAD em Angola, em 1980, o banco já aprovou 43 empréstimos no total de dois mil milhões de dólares; as operações em curso incluem nove projetos na área das finanças, que representam mais de metade dos 626 milhões de dólares que o BAD tem atualmente investidos no país.

Os pilares estratégicos de intervenção são o crescimento inclusivo através da transformação do setor agrícola e o apoio ao programa de desenvolvimento de infraestruturas sustentáveis.

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Lucros da Sonae Capital caem 96%. Investimentos do início do ano aumentam endividamento

  • Lusa
  • 17 Novembro 2017

Cláudia Azevedo garante que o elevado valor de investimentos realizados nos primeiros nove meses do ano, e o continuado foco na alienação de ativos imobiliários, não põem causa os capitais próprios.

A Sonae Capital teve um aumento do volume de negócios em 3,2%, para 135,18 milhões de euros, nos primeiros nove meses do ano, mas os lucros caíram 96,3%, para 490 mil euros, segundo a informação, divulgada no sítio da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Esta variação do resultado líquido deve-se à baixa em 89% da rubrica ‘resultados de investimentos e empresas associadas’, que passou para 1,99 milhões de euros.

No terceiro trimestre, a Sonae Capital registou um aumento homólogo do volume de negócios de 15,3%, para 59,64 milhões de euros, e dos lucros em 30,8%, para 4,42 milhões de euros.

A holding agrupa negócios no Troia Resort e nos segmentos designadamente de hotelaria, ginásios, energia, refrigeração & AVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado) e engenharia industrial, uma estreia na carteira de atividades.

Na mensagem de apresentação dos resultados, a presidente executiva (CEO), Cláudia Azevedo, salientou a integração de um novo negócio na carteira da holding, “a Adira, que alavanca um dos principais ativos e recursos do país, o ‘know-how de engenharia, fortemente vocacionado para o mercado internacional”. No seu texto, Cláudia Azevedo salientou também “o elevado valor” dos investimentos desde o início do ano, que ascendem a 58,6 milhões de euros, dos quais 16,1 milhões relativos à aquisição da Adira.

O balanço consolidado da holding mostra um ativo que cresceu este ano 4,6%, para 523,6 milhões de euros, variação inferior à do passivo, que subiu 26,9%, para 228,4 milhões de euros, o que foi atribuído aos investimentos. Assim, o capital próprio baixou 7,5%, para 296,4 milhões de euros. A dívida líquida expandiu-se 62,5%, para 107,3 milhões de euros.

A CEO da Sonae Indústria terminou a sua mensagem com a garantia de que “o elevado valor de investimentos realizados nos primeiros nove meses do ano, em conjugação com o continuado foco na alienação de ativos imobiliários, não coloca em causa a manutenção de uma estrutura de capitais confortável”.

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Santander Totta e StormHarbour vão vender défice tarifário da EDP

Santander Totta e StormHarbour foram contratados pela EDP para uma operação de titularização do défice tarifário. Montante em dívida ronda os mil milhões de euros.

A EDP pretende vender mais défice tarifário e já contratou a StormHarbour e o Santander Totta com vista a uma operação de titularização de créditos detidos pela EDP Serviço Universal.

Estes créditos são “relativos ao diferimento, pelo período de cinco anos, da recuperação do sobrecusto de 2017 (incluindo ajustamentos de 2015 e 2016) com a aquisição de energia aos produtores em regime especial”, informa a elétrica num comunicado publicado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A empresa informa ainda que o montante em dívida à EDP Serviço Universal, relativo ao sobrecusto é atualmente de cerca de 1.020 milhões de euros. Ou seja, a operação anunciada esta sexta-feira visa vender esta dívida (ou parte dela) a outros investidores através de títulos.

Nesse sentido, a EDP EDP 0,33% diz que vai iniciar “em breve” contactos com investidores qualificados para finalizar esta operação de titularização do défice tarifário em Portugal.

Para os analistas do Haitong, “tendo em conta as contas dos mercados de crédito (…) a operação não deverá enfrentar problemas e a EDP deverá ter bons termos, apesar do elevado montante do negócio (cerca de mil milhões)”.

EDP coloca regulador em tribunal

Entretanto, de acordo com o Jornal de Negócios (acesso pago), a EDP colocou a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) em tribunal porque quer ter acesso ao estudo do regulador sobre os contratos CMEC (Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual).

A ERSE pretende rever em baixa as rendas a pagar à EDP, no âmbito dos CMEC, defendendo que a EDP deve receber 154 milhões de euros entre 2017 e 2027 de remuneração pelas suas centrais que estão abrangidas por estes contratos. Já a EDP diz que tem a receber 256 milhões.

(Notícia atualizada às 8h40)

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BCP e Jerónimo Martins condicionam início da sessão

  • Juliana Nogueira Santos
  • 17 Novembro 2017

Ainda que tenha iniciado a sessão a registar ganhos ligeiros, o principal índice bolsista nacional segue em terreno negativo. O BCP e a Jerónimo Martins são as que mais pressionam.

Lisboa iniciou a última sessão da semana em terreno positivo, registando ganhos ligeiros. Contudo, a pressão vendedora exercida sobre o BCP e a Jerónimo Martins não deixou o PSI-20 continuar a subir, com o índice a reverter para perdas. Em terreno positivo destacam-se os CTT e a REN.

O principal índice bolsista nacional encaminhava-se para a segunda sessão de ganhos, avançando 0,06% para 5.274,68 pontos, mas a pressão dos gigantes levou o índice a reverter para perdas de 0,11% para 5.266,08 pontos. O banco liderado por Nuno Amado segue a perder 0,51% para 25,24 cêntimos, enquanto a retalhista perde 0,06% para 15,78 cêntimos.

A destacar-se também nas perdas está a EDP Renováveis, que iniciou a sessão a perder 0,32%, e a Galp Energia que, após o maior fundo soberano mundial ter afirmado que vai reduzir a sua exposição às petrolíferas, cai 0,06%.

No outro prato da balança, mas sem força suficiente para contrabalançar as perdas, seguem as ações dos CTT e da REN. A Rede Energética Nacional viu a sua operação de aumento de capital aprovada pelo regulador dos mercados, pelo que os chineses da State Grid e da Fidelidade já expressaram interesse. As ações avançam 0,27% para 2,64 euros.

Do lado da distribuidora nacional, os títulos recuperam das quedas que se seguiram à apresentação de resultados trimestrais, em que os lucros afundaram 57%. Avançam 0,99% para 3,25 euros. “Este movimento é essencialmente de natureza técnica, constituindo uma reação às fortes perdas acumuladas desde a apresentação dos resultados”, apontam os analistas do BPI. “Após uma queda tão acentuada como a observada nos CTT, é normal que o título apresente uma elevada volatilidade à medida que os investidores reformulam as suas perspetivas em relação à empresa, incorporando a sua nova conjuntura, caracterizada pelo corte do dividendo e pelos resultados.”

Na Europa, o dia também é de perdas. Em Espanha o IBEX-35 perde 0,09% enquanto em Itália o CAC-40 desliza 0,09%. Ainda assim, o agregador Stoxx 600 segue acima da linha de água, registando ganhos ligeiros de 0,02%

(Notícia atualizada às 8h38 com mais informação)

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State Grid e Fidelidade vão ao aumento de capital da REN

CMVM deu luz verde ao aumento de capital de 250 milhões de euros da REN. Operação arranca a 23 de novembro e decorre até 6 de dezembro. Acionista chinês vai participar.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliário (CMVM) deu luz verde ao aumento de capital de 250 milhões de euros da REN, uma operação que arranca já na próxima semana e que vai contar com a participação irrevogável de acionistas representando 35% do seu capital. Entre eles estão os chineses da State Grid e da Fidelidade, adiantou a gestora da rede elétrica.

Tanto o prospeto como o anúncio do aumento de capital da REN RENE 0,33% foram publicados esta quinta-feira no site do regulador dos mercados, sendo o passo que faltava para a empresa liderada por Rodrigo Costa poder avançar para a operação cujo resultado visa financiar a compra da EDP Gás à EDP por 530 milhões de euros. Cada nova ação será emitida ao preço de subscrição de 1,877 euros, o que representa um desconto de 25% face ao preço teórico da ação após o aumento de capital.

“A REN recebeu compromissos irrevogáveis dos seus acionistas State Grid Europe Limited, Fidelidade e Red Eléctrica Internacional, que representam um total de aproximadamente 35% do atual capital social da REN, informando que irão exercer os seus direitos de preferência, para subscrição de ações em montante proporcional às suas atuais participações”, informou a REN nesses documentos.

Entre os maiores acionistas da REN encontram-se companhia estatal chinesa State Grid (25%) e a Oman Oil (15%). A seguradora Fidelidade (detida pelos também chineses da Fosun) detém 5,3%, enquanto a Red Eléctrica Internacional (do grupo espanhol Red Eléctrica) possui 5%.

Em relação aos restantes acionistas com participações qualificadas, a REN diz que” não tem confirmação sobre a participação”, “pelo que no final da oferta os mesmos poderão ter mantido, reduzido ou aumentado as suas participações”.

Aumento começa no dia 23 de novembro

Depois de ter anunciado os termos do aumento de capital, nomeadamente o preço de cada nova ação a emitir, na passada segunda-feira, a REN comunica agora que a operação de exercício dos direitos de subscrição desses novos títulos começa às 8h30 do dia 23 de novembro e termina pelas 15h00 do dia 6 de dezembro.

A cada ação detida até dia 21 de novembro será atribuída um direito de subscrição de novos títulos. Ou seja, depois dessa data, as ações já não conferem o direito de participar no aumento de capital.

A gestora da rede elétrica detalha que “o número de ações a subscrever no exercício de tais direitos resulta da aplicação do fator 0,25124803 ao número de direitos de subscrição detidos no momento da subscrição, com arredondamento por defeito”.

Diz ainda que “no caso de ao número de ações subscritas não corresponder um número inteiro de cêntimos será feito arredondamento por excesso para o cêntimo imediatamente superior, e a diferença constituirá ágio [prémio] da emissão”.

Por outro lado, para os acionistas que não queiram exercer estes direitos de subscrição, a negociação destes direitos poderá ser feita entre 23 de novembro e 1 de dezembro.

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Governo cede nas cativações na saúde e não só

  • ECO e Lusa
  • 17 Novembro 2017

Hoje termina o prazo para os partidos submeterem alterações ao Orçamento do Estado para 2018. Governo já fez várias novas cedências aos partidos à esquerda.

O Governo garantiu que haverá uma “redução muito significativa” das cativações em 2018 e, na reta final das negociações com os partidos, assumiu o compromisso de acabar com as cativações em quatro entidades da saúde.

Mário Centeno vai esta sexta-feira à comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, encerrando as audições dos ministros a propósito da proposta de Orçamento do Estado para 2018 (OE2018) no dia em que termina o prazo para os partidos submeterem alterações ao diploma, e deverá ser interpelado pelos vários partidos, incluindo os que dão apoio parlamentar ao Governo, sobre esta matéria.

Depois de já ter ficado a garantia de que haveria uma “redução muito significativa” das cativações em 2018, na quinta-feira o Bloco de Esquerda chegou a acordo com o Governo para que não haja cativações em quatro organismos da área da Saúde, segundo disse à Lusa fonte ligada ao processo.

Em causa estão o Instituto Nacional da Emergência Médica (INEM), o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), a Direção Geral da Saúde (DGS) e o Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH).

Já em 2016 as cativações tinham gerado polémica: nesse ano, as cativações iniciais previstas eram de cerca de 1.730 milhões de euros, tendo ficado por desbloquear quase 943 milhões de euros, uma situação que motivou críticas de todos os quadrantes políticos.

As cativações de despesa são um instrumento de gestão orçamental comum a todos os orçamentos, que permitem adequar o ritmo da execução da despesa às reais necessidades e assegurar a manutenção de uma folga orçamental que permita suprir riscos e necessidades emergentes no decurso da execução.

Na discussão na generalidade da proposta de OE2018, tanto os partidos da esquerda como os da direita criticaram o recurso a este mecanismo pelo Governo e alguns apresentaram propostas.

À direita, o PSD disse que, em matéria orçamental, o Governo “caracteriza-se por uma política de máscara, de atirar areia para os olhos” e o CDS-PP apresentou um projeto de lei para que haja uma divulgação mensal dos montantes cativados e em que ministério, considerando que os partidos que chumbarem a proposta estão “contra” a transparência. Mais recentemente, os sociais-democratas anunciaram que vão propor que fique prevista uma “norma travão” para que as cativações inicialmente previstas não ultrapassem os 1,5% da despesa efetiva orçamentada.

Também o PCP submeteu um diploma sobre as cativações com o qual pretende garantir que os deputados passem “a dispor de mais informação” sobre os montantes cativados, ao passo que o BE considera que “não é aceitável” recorrer a cativações para conseguir défices mais baixos do que os previstos e disse que vai “apresentar propostas não só sobre a questão da transparência, mas também sobre a incidência das cativações”.

Pelo PS, ficou a garantia de que as cativações “nunca porão em causa a qualidade dos serviços públicos” e a afirmação de que estas antes servem para limitar o crescimento abusivo de aquisição de bens e serviços.

Outras cedências do Executivo

Mas há mais. Nesta reta final que antecipa o debate na especialidade os Verdes chegaram a acordo com o Executivo para a redução de pelo menos dois alunos por turma nos primeiros anos dos três ciclos do ensino básico (1º, 5º e 7º) sendo que a alteração acontecerá já em setembro. Depois, o alargamento será feito a um ano adicional por cada ano letivo, avança o Público (acesso condicionado).

O primeiro-ministro está também disponível, já o disse no debate na generalidade, para aceitar a proposta dos Verdes para reduzir em 25% o preço do passe mensal 4/18 para jovens com menos de 18 anos que não frequentem o ensino superior. Uma redução que poderá ser acumulada com outros descontos de que os alunos já beneficiam. Também esta medida está prevista entrar em vigor em setembro.

Por outro lado, os comunistas concentraram a sua aposta no poder local com o objetivo de aliviar as restrições financeiras e de funcionamento, como por exemplo as empresas de resíduos poderem regularizar dívidas e contrair empréstimos, as de água poderem contratar, etc. Recorde-se que o PCP tem pelo menos quatro câmaras sob o Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF), que obriga as autarquias, por exemplo, a cobrar IMI máximo.

O PCP acordou ainda com o Executivo facilitar o acesso ao apoio extraordinário para os desempregados de longa duração. Os desempregados de longa duração que esgotem o subsídio social vão poder aceder à medida extraordinária ao fim de 180 dias e não 360 como vigorava desde 2016.

ano é que foi acrescentada uma rubrica de despesa que ficará de fora das cativações: as dotações previstas na lei de programação de infraestruturas e equipamentos das forças e serviços de segurança do Ministério da Administração Interna.

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Reviravolta nas negociações. Governo abre porta a entendimento com professores

  • ECO
  • 17 Novembro 2017

O Executivo estará disponível para que a reposição salarial decorrente da progressão na carreira comece a ser feita ainda esta legislatura. PSD nãogarante chumbo das propostas à esquerda.

Após um dia de negociações em clima de rutura total, o Governo e os professores abriram esta quinta-feira a porta a uma entendimento relativamente à progressão da classe. O Executivo estará disponível para que a reposição salarial decorrente da progressão na carreira comece a ser feita ainda esta legislatura.

Durante esta semana, o Governo já tinha afirmado que a reposição salarial só ia ser feita no próximo mandato, sendo neste ponto que as duas entidades terão chegado a entendimento. Em discussão está ainda a recuperação do tempo de serviço para efeitos de progressão, com o Governo a querer que seja recuperado o período de 2011 a 2017 e os professores a exigirem que seja acrescentado o período entre 2005 e 2007, em que as suas carreiras também estiveram congeladas.

A informação foi confirmada ao Público (acesso condicionado) por Mário Nogueira, líder da Fenprof, que aponta que “existe disponibilidade para negociar a forma como a recuperação será feita e total indisponibilidade para deixar cair o tempo de serviço”. Os sindicatos dos professores vão se juntar novamente nesta sexta-feira para analisar a proposta do Governo, com o desfecho a ser conhecido ao final da tarde, horas antes de acabar o período de entrega de propostas de alteração do Orçamento do Estado.

PSD não garante chumbo às propostas da esquerda

Ainda que o Governo tenha cedido, o assunto poderá não ficar encerrado. Ao Jornal de Negócios, o deputado do PSD Amadeu Albergaria afirmou que não só não vai apresentar propostas sobre as progressões do Estado, como não garante que vai votar contra as propostas do PCP e do Bloco de Esquerda.

O social-democrata deixou em aberto a intenção de voto em relação à proposta de alteração das esquerdas que dita que o tempo de serviço será considerado para efeitos de progressão na carreira. “Só depois de vermos as propostas é que vamos tomar uma decisão”, apontou. O PSD também não vai avançar com propostas próprias. “Cabe ao Governo apresentar propostas” para resolver o problema que tem em mãos, sendo que os grupos parlamentares não têm dados para avaliar o impacto orçamental, diz o deputado Amadeu Albergaria.

As negociações retomam esta sexta-feira, às 17h30.

(artigo atualizado com a posição do PSD)

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Orey passa de prejuízos a lucros este ano. Reestruturação ajuda contas

O grupo encerrou os primeiros nove meses do ano com um lucro de 70 mil euros. Esse valor compara com prejuízos de 2,879 milhões registados no mesmo período do ano passado.

A Sociedade Comercial Orey Antunes fechou os primeiros nove meses do ano com um resultado líquido de 70 mil euros, o que compara com prejuízos de 2,879 milhões de euros em igual período do ano passado. A cotada liderada por Duarte D’Orey dá assim seguimento ao processo de recuperação já percetível no resultado do primeiro semestre deste ano.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a Orey explica que “nos primeiros nove meses de 2017 são claros os resultados do processo de reestruturação e transformação implementado pelo Grupo Orey, quer ao nível da margem bruta alcançada quer ao nível da evolução dos custos operacionais e financeiros”.

Em termos operacionais, os resultados alcançados melhoraram com o apoio da diminuição dos custos. Enquanto as receitas operacionais desceram 2,1%, de 57,69 milhões de euros para 56,46 milhões de euros, os custos desceram 11%, passando dos 15,43 milhões de euros para 13,73 milhões. Em resultado disso, o EBITDA operacional cresceu 4,2 vezes, dos 1,14 milhões de euros para 4,84 milhões de euros.

Por sua vez, o resultado não operacional deteriorou-se devido, tal como explica a cotada, ao “facto de nos nove primeiros meses de 2016 se ter tido uma mais-valia excecional relacionada com a venda da CMA-CGM, no montante de 1,1 milhões de euros e um ganho por equivalência patrimonial no Banco Inversis, no montante de cerca de 0,5 milhões de euros, tendo esta posição acionista sido alienada em julho de 2016″. O EBITDA não operacional passou de 2,51 milhões de euros para -1,21 milhões.

Daí resultou uma subida muito ligeira no EBITDA — 0,5% –, com este a passar de 3,641 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2016 para 3,624 milhões no mesmo período deste ano.

A sociedade salienta ainda a diminuição dos encargos com juros, o que resultou da da “redução significativa da dívida bancária e também da renegociação do custo da dívida das obrigações do grupo”. A nível do balanço, no final de setembro de 2017, face a dezembro de 2016, a dívida financeira caiu 3%, para 62,03 milhões de euros. Em setembro do ano passado era de 63,95 milhões de euros.

Na Orey Financial, o braço financeiro do grupo, os ativos sob gestão e custódia subiram 2,2% para 143,17 milhões de euros, enquanto o número de clientes aumentou em Portugal (3,2% para 4.381) e Espanha (6,3% para 3.332).

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Combustíveis vão descer. Gasolina baixa mais que o gasóleo

Os combustíveis vão ficar mais baratos. Tanto o gasóleo como a gasolina vão descer na próxima semana, mas neste último caso a queda será maior: dois cêntimos. Preço baixa de máximos de 2015.

Precisa de atestar o carro? Se puder, espere até ao início da próxima semana. É que tanto a gasolina como o gasóleo vão ficar mais baratos já a partir de segunda-feira. A queda dos preços será mais expressiva para quem tem carro a gasolina já que o valor do litro deverá baixar dois cêntimos, corrigindo de máximos desde 2015.

De acordo com os cálculos do ECO com base nas cotações da Bloomberg, o litro de gasolina 95 simples deverá ficar dois cêntimos mais barato a partir do início da próxima semana. Confirmando-se esta queda, isto significa que cada litro de gasolina deverá passar a custar, em média, 1,491 euros. De acordo com os dados da Direção Geral da Energia e Geologia, cada litro está a ser vendido a 1,511 euros.

Em relação ao gasóleo, a descida deverá ser na ordem de um cêntimo por litro. A redução, apesar de menor do que no caso da gasolina, deverá atirar o preço do gasóleo para os 1,27 euros, depois de ter alcançado o valor mais elevado desde o final de janeiro de 1,281 euros.

A revisão em baixa dos preços por parte das petrolíferas acompanha a evolução das cotações das matérias-primas durante esta última semana. Os preços do “ouro negro” estão a cair há cinco sessões consecutivas acumulando perdas de quase 4% para perto dos 60 dólares em Londres — depois de se aproximar dos 65 dólares –, perante o aumento das reservas norte-americanas.

Esta queda do petróleo face aos máximos desde 2015 levou a uma descida acentuada das cotações da gasolina e do gasóleo nos mercados internacionais. O preço médio da tonelada métrica do gasolina recuou 4,25% para 518,06 euros, enquanto o preço médio da tonelada métrica de gasóleo desceu 2,25% para 475,39 euros.

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5 coisas que vão marcar o dia

Puigdemont é ouvido pela justiça belga. Draghi e Weidmann falam em Frankfurt. E há dois prazos que acabam: entrega das listas para as eleições catalãs e das propostas de alteração ao OE2018.

A crise da Catalunha conhece esta sexta-feira mais dois momentos decisivos: termina o prazo para apresentar listas às eleições de 21 de dezembro — falta saber como é que os independentistas se vão apresentar — e Carles Puigdemont é ouvido pela primeira vez em Bruxelas com um mandato de detenção europeu na sombra. Em Frankfurt, Draghi e o seu possível sucessor, Weidmann, falam do futuro da Europa. Em Portugal, o ministro das Finanças vai ao Parlamento no dia em que acaba o prazo para os partidos apresentarem propostas de alteração ao OE2018.

Draghi e Weidmann falam em Frankfurt

O Congresso dos Banqueiros Europeus vai juntar Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, com Jens Weidmann, o membro do conselho de governadores do BCE que é presidente do Bundesbank e que tem sido indicado como o sucessor de Draghi. Ambos vão falar numa conferência sobre a “Europa numa nova era – como aproveitar as oportunidades”. Ultimamente, os dados positivos das economias europeias têm dado mais motivos ao BCE para subir os juros.

Data limite para a entrega de listas para a eleição da Catalunha

Esta sexta-feira termina o prazo para os partidos políticos submeterem as suas listas de candidatos para as eleições de 21 de dezembro. As sondagens mais recentes dão a vitória aos partidos independentistas, mas sem maioria absoluta no Parlamento. Já os partidos a favor da unidade aumentariam os votos face às últimas eleições de setembro de 2015. O Cidadãos, liderado por Albert Rivera, é o partido que mais votos ganha nas sondagens.

Puigdemont é ouvido em Bruxelas

O ex-presidente da Generalitat vai começar a ser ouvido em Bruxelas. Esta é a primeira audiência de Carles Puigdemont que foi para a capital belga após o Governo espanhol ter acionado o artigo 155, depois de esta ter sido aprovada no senado. A audiência serve para a justiça belga analisar a ordem de detenção europeia contra o presidente do governo regional da Catalunha. Em causa está a sua extradição para Espanha.

Data limite para apresentar propostas de alteração para o OE2018

O ministro das Finanças vai esta sexta-feira ao Parlamento no dia em que acaba o prazo para os partidos apresentarem as propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2018. Mário Centeno enfrenta os deputados numa altura em que ainda se especula sobre a solução que o Governo vai aplicar para o regime simplificado dos recibos verdes. Além disso, este é o último dia que os partidos têm para submeter as propostas de alteração. Algumas têm já sido anunciadas ou entrado no site do Parlamento.

Termina a segunda fase de apresentação de requerimentos ao PREVPAP

O novo período do Programa de Regularização Extraordinária de Vínculos Precários na Administração Pública arrancou a 6 de novembro e terminada já esta sexta-feira, dia 17 de novembro. Até ao dia 9, apenas 900 pedidos tinham entrado, segundo fonte sindical disse à Lusa, sendo que muitos dos requerimentos entregues eram repetidos ou de entidades não abrangidas nesta fase do processo. Esta nova fase destina-se aos trabalhadores que, por algum motivo, não entregaram os requerimentos na primeira fase que terminou em junho.

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Mais de 60 exonerações em 51 dias de João Lourenço

João Lourenço tomou posse a 26 de setembro. 51 dias depois, o novo Presidente angolano fez mais de 60 exonerações. A mais marcante foi a saída da Isabel dos Santos da Sonangol.

Isabel dos Santos foi exonerada esta quarta-feira da liderança da Sonangol. Um dia depois, João Lourenço deu posse a Carlos Saturnino, o substituto da filha do ex-Presidente angolano. É com esta rapidez que o novo Presidente de Angola tem exonerado e nomeado para vários organismos públicos, traçando uma linha que separa o seu mandato dos longos anos de José Eduardo dos Santos. Já foram mais de 60 exonerações em 51 dias de presidências. Quanto ao significado destas mudanças, as opiniões divergem. Só o futuro dirá.

A família Dos Santos registou três baixas: Isabel dos Santos saiu da presidência da petrolífera estatal — uma das empresas mais poderosas do país — e os seus irmãos Welwistchea dos Santos e José Paulino dos Santos deixaram de controlar a gestão de dois canais de televisão públicos, o Canal 2 e à TPA Internacional. Resta ainda José Filomeno dos Santos, o gestor do Fundo Soberano de Angola, que recentemente viu-se envolvido no escândalo de offshores Paradise Papers. Além disso, José Eduardo dos Santos, apesar de ter saído do poder, continua a ser o presidente do MPLA, o partido que governa Angola.

As interpretações feitas às exonerações de João Lourenço são várias. Por um lado, pode ser uma afirmação do próprio enquanto novo presidente, afastando a ideia de que seguiria a doutrina de Dos Santos. Por outro lado, pode ser uma forma de melhorar a opinião pública sobre o regime. Nos discursos que fez após ter sido eleito, João Lourenço chegou a admitir que tinha “inúmeros obstáculos no caminho”, mas garantiu que os compromissos que assumiu eram para cumprir.

A verdade é que um dia depois de ter afastado Isabel dos Santos, veio a público um relatório em que a gestão de Isabel dos Santos é criticada pela ausência de liderança, de estratégia e de ter mau relacionamento com as companhias petrolíferas — acusações entretanto refutadas pela empresária. Além disso, o presidente já deixou um recado à nova administração para que construa mais refinarias, algo que a empresária não queria. No caso da exoneração do governador do Banco Nacional de Angola a crítica também aconteceu: João Lourenço criticou e desautorizou o governador nomeado por Dos Santos em público, tendo este depois pedido a demissão.

Várias personalidades angolanas já reagiram a esta onda de exonerações levadas a cabo pelo novo presidente. Jonuel Gonçalves, académico e investigador angolano, em declarações à Lusa, afirmava que a exoneração de Isabel dos Santos era uma forma de João Lourenço testar “os limites do seu poder”. Já Luaty Beirão — o ativista angolano que foi preso durante a presidência de José Eduardo dos Santos — disse, em entrevista à TSF, que mexer com a família Dos Santos é como “meter a mão no ninho das vespas”.

Além da Sonangol e do Banco Nacional de Angola, outras empresas estatais viram as suas administrações renovadas. É o caso da empresa de diamantes, a empresa que comercializa os diamantes e a empresa de ferro de Angola. Mas não só: por exemplo, o Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional e Marketing da Administração criado por José Eduardo dos Santos foi extinto por João Lourenço. Além disso, há o caso do ministro do Trabalho que não compareceu à tomada de posse e, por isso, foi imediatamente exonerado.

Outro dos setores afetados pelas exonerações do presidente angolano foi o da comunicação social: da Televisão Pública de Angola à Rede Nacional de Angola, passando pela Agência Angola Press (Angop) e a Edições Novembro — empresa que controla o Jornal de Angola, um dos títulos que tem atacado várias personalidades, empresas e jornais portugueses.

O ECO contabilizou um total superior a 60 exonerações nos 51 dias de João Lourenço enquanto presidente de Angola. Este levantamento tem como principal fonte os comunicados disponibilizados pelo Governo de Angola. No entanto, pode pecar por defeito dado que nem todas as exonerações constam, em pormenor, com o nome de todos os exonerados, nos comunicados. Alguns dos nomes foram identificados em notícias da imprensa angolana.

Sonangol

  • Isabel dos Santos, do cargo de Presidente do Conselho de Administração;
  • Eunice Paula Figueiredo Carvalho, do cargo de Administradora Executiva;
  • Edson de Brito Rodrigues dos Santos, do cargo de Administrador Executivo;
  • Manuel Lino Carvalho Lemos, do cargo de Administrador Executivo;
  • João Pedro de Freitas Saraiva dos Santos, do cargo de Administrador Executivo;
  • José Gime, do cargo de Administrador Não Executivo;
  • André Lelo, do cargo de Administrador Não Executivo;
  • Sarju Raikundalia, do cargo de Administrador Não Executivo;

Banco Nacional de Angola

  • Valter Filipe, governador do Banco Nacional de Angola
  • Manuel António Tiago Dias, do cargo de vice-governador do Banco Nacional de Angola;
  • Suzana Maria de Fátima Camacho Monteiro, do cargo de vice-governadora do Banco Nacional de Angola;
  • António Manuel Ramos da Cruz – administrador;
  • Gilberto Moisés Moma Capeça – administrador;
  • Samora Machel Januário Silva – administrador;
  • Ana Paula Patrocínio Rodrigues – administradora;

Empresa de Comercialização de Diamantes – SODIAM

  • Beatriz Jacinto António de Sousa – Presidente;
  • Filipe Sérgio Gomes Adolfo – Administrador Executivo;
  • José das Neves Gonçalves Silva – Administrador Executivo;

Empresa de Ferro de Angola (Ferrangol, E.P)

  • Diamantino Pedro Azevedo – presidente;
  • João Diniz dos Santos – administrador;
  • Kayaya Kahala – administrador;
  • Romero Artur Ribeiro – administrador executivo;
  • Rosa de Jesus Faria de Assis Sousa Araújo – administradora;

Empresa de Diamantes de Angola – ENDIAMA, E. P.

  • António Carlos Sumbula – presidente;
  • Paulo M’Vika – administrador executivo;
  • Osvaldo Jorge de Campos Van-Dúnem – administrador executivo;
  • Luís Quitamba – administrador executivo;
  • Fernando Augusto Sebastião – administrador executivo;

Outras exonerações

  • Mário Edison Gourgel Gavião, do cargo de administrador executivo da Comissão de Mercado de Capitais (CMC);
  • Carlos Panzo, do cargo de secretário para os Assuntos Económicos do Presidente da República;
  • Josefina Perpétua Pitra Diakité, do cargo de embaixadora extraordinária e plenipotenciária da República de Angola na África do Sul;
  • Manuel Rabelais do cargo de diretor do GRECIMA e extinção do Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA);
  • António Rodrigues Afonso Paulo, do cargo de ministro da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social;
  • Cessão de contrato com a empresa de Welwistchea dos Santos e José Paulino dos Santos relativa a dois canais de televisão públicos;
  • Administrações de dois dos maiores hospitais públicos: Maria Lina Antunes, Fortunato Silva, Nair da Costa, Júlio dos Santos, Maria Marcos, Agostinho Matamba;
  • Inspetor-geral de saúde;
  • Diretor nacional da saúde;
  • Rescisão, ordenada pelo Presidente, do contrato de exploração de laboratórios de análises com a empresa Bromangol;
  • Secretariado Executivo do Conselho Nacional do Sistema de Controlo e Qualidade, Jorge Gaudens Pontes Sebastião;
  • Conselhos de administração da Televisão Pública de Angola (TPA), Rádio Nacional de Angola (RNA), Edições Novembro e Agência Angola Press (Angop);
  • Hélder Manuel Bárber Dias dos Santos do cargo de presidente do conselho de administração da TPA; Exoneração de Gonçalves Ihanjica e outros cinco administradores executivos e dois não executivos.

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