De janeiro a junho foram 10% de distância. E agora PSI-20?

A bolsa nacional registou melhor semestre desde 2015. Avança 10% desde o início do ano. Vai continuar? Os analistas perspetivam desafios para um índice altamente concentrado em cinco cotadas.

De janeiro a junho foram 10% de distância. Ganhos no PSI-20 alavancados sobretudo pelos desempenhos do BCP, Jerónimo Martins e EDP Renováveis. Para o índice de referência nacional foi o melhor semestre desde 2015, coincidindo igualmente com o melhor arranque desde então. O contexto internacional ajudou. Mas podemos ter entrado num ponto de inversão num índice altamente concentrado.

Lisboa teve um primeiro semestre bastante positivo. A bolsa somou 10,1%. Mas as perspetivas para a segunda metade do ano tornaram-se mais incertas com os problemas de comunicação revelados por Mario Draghi na última semana. O presidente do Banco Central Europeu falou em Sintra e poucos perceberam o que realmente disse, mas ficou a certeza no mercado de que o fim dos estímulos dos bancos centrais está aí ao virar da esquina. Há uma nova rotação nos mercados em curso com as expectativas de aperto da política monetária que vai encarecer o acesso ao dinheiro tanto na Zona Euro como no Reino Unido.

Neste cenário, as yields das obrigações sobem, assim como o euro. Na bolsa, perdem as tecnológicas e setores mais sensíveis às taxas de juro como dos bens de consumo, enquanto os bancos surgem em posição mais favorável. Os dados estão lançados.

“O mundo enfrenta incertezas a nível económico, monetário, geopolítico e social para que as bolsas possam continuar a subida sem pausa”, diz Pedro Lino, da Dif Broker. “Após os ganhos verificados nas principais bolsas mundiais com o PSI-20 a acompanhar, é provável que alguns investidores realizem mais-valias”, explica.

De alguma forma esta incerteza já se manifestou durante a última semana, mas isso não foi impeditivo de um semestre em alta para os principais índices. Aqui ao lado, o IBEX-35 avançou mais do que Lisboa, mas o PSI-20 conseguiu distinguir-se positivamente dos benchmarks internacionais Stoxx 600 e do S&P 500.

IBEX-35 fez melhor do que PSI-20 no primeiro semestre

Fonte: Bloomberg (valores em %)

Para a segunda metade do ano, João Queiroz, diretor da banca online do Banco Carregosa, junta-se a Pedro Lino nas perspetivas mais reservadas para a bolsa portuguesa, numa altura em que Portugal pode sair do “lixo” por parte das agências de rating. Ainda assim…

"O mundo enfrenta incertezas a nível económico, monetário, geopolítico e social para que as bolsas possam continuar a subida sem pausa. Após os ganhos verificados nas principais bolsas mundiais com o PSI-20 a acompanhar, é provável que alguns investidores realizem mais-valias.”

Pedro Lino

Dif Broker

“Pode haver margem para mais valorizações no PSI-20, mas seria preciso que a conjuntura fosse favorável. (…) Internamente, o maior desafio é sermos capazes de reduzir a dívida. O risco de Portugal e o juros da dívida teriam muito a beneficiar se o montante da nossa dívida baixasse”, aponta Queiroz. “A política de controlo de custos e gastos do Estado deverá continuar para poder gerar excedentes primários e manter a atual perceção de risco”, acrescenta o responsável.

Desafios concentrados

Além incertezas internas e externas, há outro fator a ter conta quando se olha para o PSI-20: o seu índice de concentração. Mais de 60% do índice está dependente dos humores e amores em relação a apenas cinco cotadas: BCP, EDP, EDP Renováveis, Jerónimo Martins e Galp. Ou seja, qualquer fator específico relacionada com uma delas pode determinar o rumo dos acontecimentos em Lisboa.

Lino concede: “O PSI-20 tem um grau de concentração elevado, com cinco empresas a dominarem o índice. A perspetiva para estas cotadas é de consolidação dos ganhos com correções, com as energéticas a estarem no centro das atenções seja pela desvalorização do preço do petróleo, seja pelo risco reputacional ou legal decorrente da intenção do governo de rever os CMEC”.

O primeiro semestre foi sobretudo amigo para o BCP, Jerónimo Martins e EDP Renováveis. Mas castigou as ações da EDP e Galp.

BCP liderou ganhos em Lisboa

Fonte: Bloomberg (valores em %)

João Queiroz explica que o banco liderado por Nuno Amado vai continuar a ser condicionado pelas taxas de juro em mínimos do BCE, circunstância que mantém o setor “mais dependente da geração de comissões e do desempenho do crédito e financiamento concedido”. Ou seja, malparado.

Para a Galp e Jerónimo Martins também há pontos de interesse. Evolução do preço do barril de petróleo, no caso da petrolífera nacional, “apesar da menor correlação da ação com o preço desta mercadoria”, salienta Queiroz.

Em relação à retalhista dona do Pingo Doce, importará perceber as tendências que vão transformar o setor “dada a maior pressão do online e a necessidade de atrair mais visitantes para o canal tradicional”, frisa o responsável, dando como exemplo da revolução no retalho o fecho de pontos de venda em número recorde nos EUA e a aquisição da Whole Foods Product pela Amazon.

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BEI empresta mais de mil milhões aos bancos para apoiar PME

  • ECO
  • 29 Junho 2017

O Banco Europeu de Investimento vai conceder um empréstimo de 300 milhões à CGD, de 500 milhões ao BCP, mais 150 milhões ao Totta e ainda 100 milhões ao BPI para financiar projetos realizados por PME.

O Banco Europeu de Investimento (BEI) tem 1050 milhões de euros para ceder aos bancos portugueses. Este financiamento, cedido à Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Santander Totta e BPI, será usado para apoiar projetos de pequenas e médias empresas (PME) e empresas de média capitalização em Portugal. Uma aposta para fomentar o crescimento económico e a criação de postos de trabalho.

Ao banco liderado por Paulo Macedo estão destinados 300 milhões. O financiamento tem como objetivo reforçar a “produtividade e da competitividade das PME portuguesas”, refere o banco estatal. No caso da CGD, este empréstimo “contribuirá para o reforço da produtividade e da competitividade das PME portuguesas”, afirma Román Escolano, de acordo com um comunicado. O vice-presidente do BEI relembra que “as PME representam 80% do emprego total no país”.

Segundo a CGD, o contrato relativo à primeira tranche de 150 milhões de euros — de um total de 300 milhões — foi assinado esta quinta-feira em Lisboa por Román Escolano, Paulo Macedo e José Brito, administrador financeiro do banco. Um financiamento que será ainda complementado por um outro empréstimo cedido pela CGD destinado a “projetos específicos”. Com este reforço, o montante do financiamento alcança os 600 milhões.

Mas não é o único banco a receber este empréstimo. O BCP vai receber um empréstimo de 500 milhões de euros. E a primeira tranche, de 250 milhões, já está disponível. “Nos termos deste contrato, o Millennium bcp compromete-se a complementar o empréstimo do BEI com, pelo menos, o mesmo montante em benefício das PME e mid-caps [média capitalização]. Assim, o Millennium bcp disponibilizará às PME e às mid-caps um total de mil milhões de euros para financiar os seus projetos de investimento”, afirma o banco.

O Santander Totta vai receber mais 150 milhões — a última tranche de um empréstimo de 500 milhões — para “promover o crescimento económico e o emprego em Portugal”. Este empréstimo foi “concedido ao Banco Santander Totta para facilitar o financiamento de projetos de pequena e média dimensão”. O presidente do Totta salienta que “esta nova tranche contribuirá para o crescimento das empresas portuguesas, para a retenção de talentos no país e exerce um impacto positivo na nossa economia”.

O BEI também vai ceder 100 milhões ao BPI. É a última tranche de um total de 400 milhões que tem como objetivo “disponibilizar financiamento em condições competitivas para as empresas portuguesas”, afirma o banco. Este empréstimo junta-se a mais 200 milhões que o BPI vai ceder e colocar “à disposição de projetos do setor empresarial”.

(Atualizado às 16h37 com informação sobre o BPI)

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BCP aumenta administração com três não-executivos da Fosun

  • Rita Atalaia
  • 28 Junho 2017

O banco liderado por Nuno Amado escolheu mais três administradores não-executivos da Fosun. Com esta decisão, o conselho de administração aumenta para de 19 para 22 .

O BCP decidiu aumentar o conselho de administração. Depois de o banco liderado por Nuno Amado ter aprovado a designação de dois novos administradores, um executivo e um não-executivo, a instituição financeira informou esta quarta-feira a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários que foram cooptados mais três novos administradores para ocupar cargos não-executivos, aumentando a dimensão do conselho de administração para 22. Fica ainda a faltar a luz verde do Banco de Portugal e do Banco Central Europeu.

“Foram cooptados três novos administradores não executivos, Gu Xiaoxu, Li Cheng e Zhihua Shen, aumentando assim o número de administradores para 22″, sendo que, deste total, 14 são não executivos“, revela o banco num comunicado enviado ao regulador do mercado.

O BCP aguarda agora pela aprovação dos reguladores. “No âmbito do presente processo de cooptação, se irão agora promover os atos necessários à instrução do processo de pedido de avaliação por parte do BCE/BdP“, refere o banco.

Foi em maio que os acionistas do BCP aprovaram em assembleia-geral a nomeação de dois novos administradores que foram indicados pela Fosun: Lingiang Xu como vogal não executivo e João Nuno de Oliveira Palma [antigo administrador financeiro da Caixa Geral de Depósitos, na equipa de José de Matos] como vogal executivo. Estes dois novos administradores foram indicados pela Fosun.

Estas nomeações acontecem depois de os chineses terem reforçado a sua posição no aumento de capital do BCP. A Fosun passou a controlar 23,9% da instituição liderada por Nuno Amado, ficando com autorização para chegar ao patamar dos 30%.

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Onde é que os grupos chineses têm investido em Portugal?

Grandes grupos chineses já investiram mais de 6,5 mil milhões em Portugal nos últimos anos. Fosun, uma das empresas sob investigação na China, é o principal investidor no país.

Os últimos anos foram marcados por elevados investimentos chineses em todo o mundo e Portugal não fugiu ao radar dos grandes grupos daquela economia oriental que apostaram forte em setores tão sensíveis como o financeiro, elétrico, saúde e aviação. Desde a China Three Gorges, que passou a ser o principal acionista da EDP em 2011, até à Fosun, que detém interesses tão diversos como a banca, seguros, saúde e até futebol, a China tem sido um dos importantes países de origem de investimento internacional em Portugal.

Agora, as autoridades chinesas estão a investigar a exposição de vários bancos chineses a algumas das maiores empresas daquele país. Incluindo grupos com forte presença em Portugal, como a Fosun e a HNA Group. A China Banking Regulatory Commision (CBRC), o regulador do setor financeiro chinês, está preocupada com os riscos sistémicos que podem resultar da elevada exposição dos bancos chineses a empréstimos a esse conjunto de empresas que foram utilizados para aquisições no estrangeiro.

China Three Gorges compram EDP por 2,7 mil milhões

Foi o primeiro grande investimento de um grupo chinês em Portugal neste frenesim de compras internacionais por parte da China. Em 2011, o Governo liderado por Pedro Passos Coelho vendeu uma posição de 21,35% da EDP à empresa estatal China Three Gorges.

Com esta venda, o Estado arrecadou 2,7 mil milhões de euros que foram diretos para abater a dívida pública portuguesa, no âmbito do que fora acordado com a troika para um resgate de 78 mil milhões a Portugal.

Chairman da China Three Gorges, Cao Guangjing, junto do presidente da EDP, António Mexia, na cerimónia oficial do contrato de aquisição de 21,35% da EDP, no dia 30 de dezembro de 2011.Mário Cruz / LUSA

State Grid investe 290 milhões na REN

Em 2012, outra companhia estatal chinesa entrava de rompante numa elétrica portuguesa. Neste caso foi a State Grid que investiu cerca de 290 milhões de euros para ficar com 25% da gestora da rede elétrica nacional REN.

Esta alienação também foi realizada na sequência do empréstimo oficial depois de a crise da dívida ter batido à porta do país em 2011, e contou ainda com a participação da Oman Oil Company, de Omã, que ficou com 15% da REN.

Fosun compra seguradora, banco, hospitais e um clube de futebol

A Fosun é uma das instituições que estão na mira de Pequim. Em Portugal, o conglomerado chinês, liderado por Guo Guangchang, já terá investido cerca de 2,8 mil milhões de euros. Em quê? Adquiriu à Caixa Geral de Depósitos a companhia de seguros Fidelidade, é dona da rede de hospitais Luz Saúde (antiga Espírito Santo Saúde) e detém uma participação de cerca de 24% no banco BCP.

Recentemente foi notícia o interesse deste grupo chinês no clube de futebol Rio Ave, da primeira Liga portuguesa, onde pretende investir dez milhões de euros na SAD vilacondense.

Guo Guangchang, chairman da Fosun InternationalGiulia Marchi/Bloomberg

Haitong fica com o ex-BES Investimento

Já em 2015, depois da derrocada do universo Espírito Santo, o banco Haitong comprou o banco de investimento do BES, o BESI, por 379 milhões de euros.

Mas o grupo financeiro chinês já anunciou que vai injetar mais 420 milhões de euros para reforçar as contas do banco que agora se chama Haitong Bank, numa altura em que tem em curso um processo de reestruturação que passa pela redução do número de trabalhadores.

HNA Group voa na TAP

É através da companhia aérea azul que o HNA Group detém indiretamente cerca de 20% do capital da TAP. Este conglomerado chinês tem uma participação de 13% na Azul (companhia do brasileiro David Neelman que integra a Atlantic Gateway) e de 7% na Atlantic Gateway.

Na Alemanha, o HNA Group tornou-se recentemente no maior acionista do Deutsche Bank, com 10% do banco alemão. É outro dos visados das autoridades chinesas.

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Bolsa nacional regista pior semana em dois meses

Pesos pesados derrubaram PSI-20 na última sessão da semana, em dia de perdas na Europa. O BCP contraiu mais de 2% no pior desempenho em Lisboa.

Apenas três cotadas contrariaram a pressão vendedora na bolsa nacional e fecharam a semana em terreno positivo. Esta sexta-feira, o PSI-20 foi sobretudo pressionado pelos pesos pesados BCP, EDP, EDP Renováveis e Jerónimo Martins. Na Europa, a sessão também acabou em sinal negativo.

O principal índice português fechou a cair 0,85% para 5.200,64 pontos. Foi a quarta sessão de quedas em Lisboa, que acumulou assim uma perda de 1,39% entre segunda-feira e hoje, correspondendo ao pior desempenho semanal em dois meses.

Entre os pesos pesados, destaque para a EDP (-0,9%), EDP Renováveis (-0,7%) e Jerónimo Martins (-0,63%), com o pior desempenho a pertencer ao BCP. As ações do banco liderado por Nuno Amado caíram 2,16% para 0,23 euros. Já esta quinta-feira o banco havia sido alvo de alguma pressão com a notícia de que as autoridades chinesas estão a investigar os investimentos da Fosun, principal acionista do BCP, no exterior do país.

Outra nota negativa vai para a Mota-Engil, cujos títulos desceram 1,61% para 2,57 euros. Para os analistas do BPI, a construtora nacional “foi alvo de uma pressão vendedora após os recentes ganhos”.

Do lado dos ganhos, a Galp até conseguiu recuperar e fechar o dia em alta de 0,08% para 13,11 euros, “em virtude da subida do preço do petróleo”, explica o BPI. Também a Pharol somou 1% para 0,30 euros, depois de a brasileira Oi ter anunciado que inicia na próxima segunda-feira um programa para chegar a acordo com os seus credores. Já depois do fecho do mercado, a Pharol revelou que a Discovery Capital Management aumentou esta semana a sua posição na empresa dos 2,02% para os 5,4%, segundo o comunicado enviado à CMVM.

E a Nos avançou 0,47% para 5,5 euros depois de a casa de investimento Haitong ter mantido a recomendação de “compra” sobre os seus títulos, apesar de ter baixado o preço alvo da operadora portuguesa para 7,10 euros.

Lisboa acompanhou as quedas nos pares europeus, que registaram perdas entre os 0,2% e os 0,7%, “numa sessão em que os investidores acompanharam a evolução do preço do petróleo, bem como os desenvolvimentos relacionados com a reunião dos líderes da União Europeia”, disseram os analistas do BPI.

(Notícia atualizada às 17h01)

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S&P: Bancos só regressarão aos lucros em 2018. E serão limitados

Agência coloca bancos portugueses no mesmo grupo da Bulgária e Marrocos, entre outros países. Diz que os planos de reestruturação estão a correr bem, mas vão demorar até regressar à rentabilidade.

A Standard & Poor’s coloca o setor bancário de Portugal no grupo “7”, juntamente com países como a Hungria, Bulgária, Croácia, Bahrain, Jordânia, Marrocos, Filipinas. Na sua avaliação de risco à indústria bancária dos vários países (BICRA), a agência norte-americana considera que, apesar dos progressos nos planos de reestruturação, ainda vai demorar tempo até que eles surtam efeitos positivos na rentabilidade dos bancos e na redução das imparidades com crédito. E, por isso, lucros só em 2018.

Com um rating “BB+”, já dentro daquilo que considera ser investimento especulativo (“lixo”), a S&P não prevê grandes mudanças no risco do setor bancário em Portugal. “Vai permanecer estável porque continuará a revelar dificuldades em voltar à rentabilidade e à eficiência à luz das atuais taxas de juro, o crescimento modesto e do elevado stock de ativos tóxicos”, diz a agência.

“Apesar de os planos de reestruturação estarem a correr bem em vários bancos, esperamos que leve algum tempo até que esses planos se traduzam num reforço da rentabilidade doméstica e no regresso das imparidades com crédito para níveis mais adequados“, sublinha ainda.

Deste modo, adianta a S&P, “o sistema bancário português deverá continuar a registar prejuízos em 2017 e a apresentar lucros limitados em 2018”.

De resto, do lado das fraquezas que encontra na indústria bancária nacional, além do significativo stock de ativos problemáticos e dos desafios na frente da rentabilidade dos bancos, a S&P destaca o elevado endividamento público e privado e ainda a dependência estrutural do financiamento externo dos bancos. “O acesso aos mercados de capital ainda não regressou ao normal”, nota a S&P.

Como pontos positivos, a agência enfatiza a recuperação económica depois de uma recessão prolongada, a ampla e estável base de depositantes e também a regulação e supervisão sob orientação do Banco Central Europeu (BCE).

"Apesar de os planos de reestruturação estarem a correr bem em vários bancos, esperamos que leve algum tempo até que esses planos se traduzam num reforço da rentabilidade doméstica e no regresso das imparidades com crédito para níveis mais adequados.”

Standard & Poor's

Comunicado

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Espanhóis já controlam 30% da banca portuguesa

A banca nacional fala cada vez menos a língua de Camões. Banqueiros encaram diversidade geográfica com normalidade. Com venda do Novo Banco, protagonismo nacional fica a pertencer à CGD.

É uma tendência consolidada em 2017: a espanholização da banca portuguesa. Nuestros hermanos já detêm 30% do mercado nacional, um domínio que é salientado com a compra do Banco Popular pelo Santander por um simbólico euro.

Santander, Bankinter, CaixaBank... é de peso o protagonismo que o país vizinho tem vindo a assumir nos últimos anos na banca portuguesa. Depois da aquisição do problemático Popular pelo Grupo Santander, o Santander Totta viu alargada a sua influência no mercado nacional com a integração do Popular Portugal. Foi a segunda aquisição do Santander em território nacional em menos de dois anos, depois da compra do Banif no final de 2015. E com ela os espanhóis passaram a controlar o maior banco privado no país, com uma carteira de ativos de 53,9 milhões, representando 17% do mercado.

Isto acontece poucos meses depois de os catalães do CaixaBank terem concluído a oferta pública de aquisição (OPA) sobre o BPI. O grupo de Barcelona já era o principal acionista do BPI. Mas, depois de finalizada a OPA em fevereiro passado, apoderou-se de cerca 95% do capital do banco português cujos ativos ascendiam no final de 2016 a 31,3 mil milhões de euros, aproximadamente 10% do total do mercado português.

Cerca de um ano antes, o Bankinter adquiriu o negócio do Barclays por cerca de 86 milhões de euros. Ou seja, feitas as contas com base nos ativos sob gestão dos bancos em Portugal, os grupos financeiros espanhóis assumem atualmente uma quota de mercado de 29,2% de um mercado bancário português que fala cada vez menos a língua de Camões. Algo que não assusta propriamente os banqueiros nacionais, mas que já mereceu reparos de Marcelo Rebelo de Sousa no passado em relação à forte presença espanhola na banca deste lado da fronteira.

“É importante haver uma participação significativa, o que é diferente de haver um exclusivo. É uma posição de fundo. Nenhuma economia deve ter uma posição exclusiva noutra economia”, disse o Presidente há um ano.

Português perde expressão na banca

Fonte: Relatório e Contas dos bancos; CMVM. Quota de mercado em Ativos (Valores em %)Relatório e contas dos bancos

De Madrid a Luanda, Pequim e… Nova Iorque?

Foi também em fevereiro deste ano que o BCP concluiu um aumento de capital no valor de 1.300 milhões de euros. Esta operação de reforço de capital veio dar força à presença de chineses e angolanos na instituição liderada por Nuno Amado. Na prática, contribuiu para que atualmente mais de 46% do mercado nacional seja pertença de investidores internacionais.

A questão da nacionalidade do acionista não importa, mas antes a qualidade. Sou muito favorável a essa diversificação. Mas é bom que nessa diversidade haja uma base portuguesa“, tinha dito Nuno Amado, CEO do BCP, em novembro passado, a propósito da internacionalização do setor financeiro português.

Nestas contas não está ainda incluída a venda do Novo Banco para o fundo norte-americano Lone Star. A instituição ainda pertence ao Fundo de Resolução. Mas, ao que tudo indica, o processo de venda do banco de transição está na reta final e, assim que a operação estiver oficialmente encerrada, mais um bom pedaço do bolo português vai parar a mãos estrangeiras. O retrato será este: 60% internacional e 40% português — com a pública Caixa Geral de Depósitos a assumir o protagonismo principal do lado luso, com 21% do total da quota.

Para António Ramalho, do Novo Banco, esta nova ordem no panorama bancário português é natural: “Não tem nada de anormal nesta diversificação geográfica dos acionistas dos bancos. Aliás, num país com a história de Portugal é natural que haja muitas geografias a olhar para nós“.

"Não tem nada de anormal nesta diversificação geográfica dos acionistas dos bancos. Aliás, num país com a história de Portugal é natural que haja muitas geografias a olhar para nós.”

António Ramalho

Presidente do Novo Banco

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Depois dos seguros e da banca, Fosun vai a jogo no Rio Ave

A Fosun já detém a Fidelidade e é a maior acionista do BCP, mas quer agora lançar-se aos campos de futebol, no Rio Ave. O negócio está quase fechado.

A Fosun continua a trazer milhões para Portugal. Após investimentos que fizeram deste grupo chinês dono da Fidelidade, e também acionista de referência do BCP, é a vez de apostar num clube desportivo: o Rio Ave. O negócio está quase fechado, só falta a aprovação dos associados.

A Fosun quer investir um pouco mais de 10 milhões de euros no Rio Ave. Para além da injeção de capital, o grupo de investimento chinês compromete-se a melhorar as infraestruturas do Estádio dos Arcos e criar condições para projetar o centro de formação do clube, avança o O Jogo.

Este investimento significaria a passagem de SDUQ (Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas) a SAD (Sociedade Anónima Desportiva). Apesar de o acordo entre os responsáveis do Rio Ave e a Fosun estar praticamente concluído, falta o aval dos associados, que terão que concordar com esta mudança para que se dê o pontapé de partida.

Para o Presidente António Silva Campos, a passagem a SAD significa investir nas aspirações europeias do clube, pois permitirá novas contratações de qualidade.

A Fosun comprou 84,98% da seguradora Fidelidade, investimento que arrancou em 2014. Já este ano passou a ser a maior acionista do BCP, com 25% do capital. Nuno Amado, o administrador do BCP, está satisfeito de ter o grupo Fosun como parceiro. Para além da “confiança diferente” o grupo chinês abre ainda portas para “novos mercados”.

Editado por Paulo Moutinho

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Banca: Dos erros do passado à prudência do presente

A banca cometeu erros e respondeu a incentivos no financiamento às empresas. Agora, dizem os gestores, há prudência e a aposta nos bens transacionáveis.

Fórum Económico, na tarde desta quarta-feira, em Braga.InvestBraga

Vários nomes de peso da banca nacional estiveram esta quarta-feira em Braga, num painel sobre investimento que contou com a participação do ex-ministro da Economia, Carlos Tavares, do presidente do BCP Capital, Pedro Reis, do administrador da CGD, Francisco Cary, e de Vítor Fernandes, administrador do Novo Banco. Entre as conclusões, a ideia de que a estrutura da economia portuguesa está a mudar, tal como o financiamento e a gestão de risco.

Carlos Tavares foi o primeiro a intervir, tendo traçado um perfil da economia portuguesa e do crédito ao longo dos últimos anos. Relembrou como a rede bancária nacional evoluiu ao longo do tempo, tendo culminado em 2010 num dos “maiores rácios da Europa de balcões por habitante e ATMs por habitante”. Que crescimento foi este? Que crédito foi este? “Vemos que, entre 1998 e 2015, o crédito expandiu-se nos setores não transacionáveis. São bens necessários mas que, numa economia aberta como a portuguesa, não a sustentam por si só”, indicou.

"Vemos que, entre 1998 e 2015, o crédito expandiu-se nos setores não transacionáveis. São bens necessários mas que, numa economia aberta como a portuguesa, não a sustentam por si só.”

Carlos Tavares

Ex-ministro da Economia

Sobre isso, Carlos Tavares acrescentou ainda: “Temos de entender que a procura do investimento se tenha dirigido para os setores que tinham maiores margens no curto prazo, que eram os não transacionáveis, dirigidos ao mercado interno.” Mais à frente, sublinhou que isso também se deveu a fatores de política regulatória e económica, esta última a virar “muitos recursos para o setor não transacionável da economia”. E terminou a apresentação com um alerta: “É preciso que [os bancos] ajudem as empresas a crescer por vias alternativas que não sejam a dívida. Mais capital, menos dívida. Caso contrário, teremos dificuldade em manter empresas no setor transacionável que sejam fortes.”

Fernando Alexandre, pró-reitor da Universidade do Minho, concordou que “houve muito investimento e mal direcionado” nos últimos anos. “Durante muitos anos, arranjámos desculpas para termos deixado de crescer depois de 2000. Procurámos lá fora um conjunto de razões para não crescermos, como se fizéssemos tudo bem, mas não crescíamos por estarmos no mundo errado”, rematou. Mas não deixou a plateia sem uma justificação: “Deixámos de crescer porque tínhamos uma estrutura setorial assente nos bens não transacionáveis que teve bons resultados durante muito tempo, mas que acabou no ano 2000.”

O académico recordou que, no início do milénio, houve “um conjunto de setores” que começou a cair — como o da construção –, produzindo em oito anos qualquer coisa como 300.000 desempregados. E falou de problemas de eleitoralismo: “O incentivo que quem tem eleições em dois anos tem para não deixar cair esse setor é enorme. Era quase impossível ganhar eleições pondo as políticas a apontarem para setores que ainda eram muito pequenos. Mas eram o futuro”, sublinhou.

Depois, foi a vez de Vitor Fernandes, do Novo Banco, reconhecer que “a banca cometeu muitos erros”. Disse que Portugal é um país que “não cresce” desde 2000. Mas deu outra perspetiva, referindo que “a generalidade da banca portuguesa financia, neste momento, bens transacionáveis”. “Do ponto de vista do risco, a banca hoje é muito mais prudente ao nível da gestão”, rematou.

Do ponto de vista do risco, a banca hoje é muito mais prudente ao nível da gestão.

Vitor Fernandes

Administrador do Novo Banco

Pedro Reis, do BCP Capital, falou do caso do banco liderado por Nuno Amado para indicar que “o BCP reencontrou a sua estabilidade”. “Tem uma base portuguesa, mas quer sobretudo apoiar as empresas exportadoras e a internacionalização da economia”, disse. Acrescentou ainda: “Se acreditarmos que a chave da internacionalização é a dimensão, e que a dimensão/escala implica capital”, é necessário que a banca assegure “o apoio do financiamento e o apoio na sua capitalização”.

O banqueiro indicou ainda que “é sempre mais fácil recorrer ao financiamento do que ao capital”. “Temos de ser frontais nisso: há todo um caminho a percorrer. Quando se fala em capital de risco, temos visto, a perceção é que o capital de risco é visto como um equity loan. Eu não estou a limitar sequer ao papel dos bancos. Há outros players até ao nível de private equity no mercado. Mas não tenho muitas dúvidas de que se queremos apoiar o crescimento sustentável das empresas, temos de nos focar na capitalização. O financiamento não pode ser tudo. Os bancos devem estar à altura dos desafios que se impõem as empresas”, defendeu Pedro Reis.

"Não tenho muitas dúvidas de que se queremos apoiar o crescimento sustentável das empresas, temos de nos focar na capitalização. O financiamento não pode ser tudo.”

Pedro Reis

Presidente do BCP Capital

Em representação da CGD esteve Francisco Cary. Confrontado com as declarações de Paulo Macedo, em que o gestor do banco público indicava que a banca tem excesso de liquidez, o administrador discordou: “Correndo o risco de contrariar o meu presidente, acho que nunca há excesso de liquidez num banco.” Mais à frente no painel, e falando do setor empresarial, indicou que este é “um período circunstancial” em que as empresas se transformam, acumulam liquidez e até capacidade de investimento. “Se calhar [até] há oferta de crédito a mais. [Mas] está na altura de os empresários aproveitarem estas circunstâncias. Não é garantido que tudo vá correr bem, mas a tendência é essa”, concluiu Francisco Cury.

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BCP obtém mil milhões com créditos à habitação

O banco liderado por Nuno Amado colocou mil milhões de euros em dívida garantida por créditos à habitação. A taxa ficou abaixo de 0,9%.

O Banco Comercial Português (BCP) voltou ao mercado de obrigações hipotecárias — títulos de dívida garantidos por carteiras de créditos à habitação. Obteve mil milhões de euros numa emissão a cinco anos concorrida que permitiu baixar do custo de financiamento face às taxas inicialmente previstas. A taxa de juro anual será de 0,75%, com um spread de 65 pontos base acima da taxa swap para o prazo de cinco anos, um valor que também ficou abaixo do previsto.

“A operação foi colocada com grande sucesso num conjunto muito diversificado de investidores institucionais europeus”, refere o banco, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A procura atingiu “mais de 180% do montante da emissão”, detalha ainda o BCP, sublinhando a “confiança do mercado no banco“.

De acordo com dados da Bloomberg, a emissão deveria contar com um spread de 70 pontos base acima da taxa swap para o prazo em questão, os cinco anos. Contudo, no final da operação, o prémio exigido pelos investidores acabou por encolher para 65 pontos base, reflexo do apetite dos investidores por títulos que contam com um risco baixo — têm rating de qualidade tanto na Fitch, Moody’s e DBRS.

Para apurar a taxa final a pagar pelo BCP é preciso somar o prémio à taxa swap. Atualmente, no mercado, a taxa negociada para o prazo a cinco anos está em 0,222%, o que somado aos 0,65% a que o banco se financiou leva a que o custo total seja em torno de 0,88%. Um juro reduzido tendo em conta que os ativos que o garantem são os créditos à habitação.

Este financiamento a esta taxa dá margem ao banco liderado por Nuno Amado para apresentar taxas mais competitivas nos novos empréstimos para a compra de casa. Atualmente, o banco conta com um spread mínimo de 1,50%, ficando a meio da tabela entre os vários bancos no mercado. A CGD e o BPI têm o mais elevado (1,75%) enquanto o Bankinter apresenta a taxa mais baixa, de 1,25%.

Notícia atualizada às 18h19 com informação enviada pelo BCP à CMVM.

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BCP abandona Pharol após vender 6% da empresa

Banco liderado por Nuno Amado acabou da anunciar a saída da antiga PT SGPS, depois de vender uma participação superior a 6% na empresa.

O BCP já não faz parte da estrutura acionista da Pharol. O banco liderado por Nuno Amado anunciou a venda de um bloco de 6,17% da antiga PT SGPS. Não anunciou mais detalhes sobre a alienação desta participação, nomeadamente os valores do negócio e o comprador.

Foi a 12 de agosto de 2015 que o BCP assumiu uma posição qualificada na Pharol, depois de ter executado uma penhora sobre a Ongoing, uma das principais acionistas da Portugal Telecom, que incluía 37.804.969 ações ordinárias, representativas de aproximadamente 4,2169% do capital social e direitos de voto da Pharol.

Esta penhora surgiu no seguimento de um processo de recuperação de créditos concedidos à Ongoing, de Nuno Vasconcellos.

A preços de fecho desta segunda-feira, a posição do BCP estava avaliada em pouco mais de 14 milhões de euros.

Em virtude da dimensão desta participação, a Pharol deverá terá de comunicar ao mercado quem comprou este as ações BCP, tendo em conta que todas as participações qualificadas, acima de 2%, têm de ser divulgadas pela CMVM,

A Pharol é a principal acionista da brasileira Oi, onde detém uma posição de cerca de 22% na operadora brasileira. Além desta participação, a Pharol detém ainda cerca de 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte, braço não financeiro do Grupo Espírito Santo, embora a empresa já só espere recuperar 85,8 milhões de euros.

O BCP era o terceiro maior acionista da Pharol. Atualmente, a Telemar Norte Leste (Oi) é o principal acionista com 10% da empresa liderada por Palha da Silva, seguida pelo Novo Banco, que assume uma participação de 6%.

Recentemente, o BCP, principal credor da Insight Strategic Investments, participada da Ongoing Strategic Investments SGPS, que chegou a ser acionista de forma direta e indireta da Portugal Telecom (6,57%), aceitou receber 20% de um total da dívida de dívida de 282,7 milhões de euros, ou seja 56,5 milhões de euros.

(Notícia atualizada às 12h30)

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Bancos já estão a dar lucros. A dúvida é a CGD

  • Rita Atalaia
  • 18 Maio 2017

BCP e Santander Totta aumentaram os lucros no primeiro trimestre. O BPI também, mas apenas excluindo o BFA. Hoje é a vez de a CGD apresentar resultados. Estará de regresso aos lucros?

Os lucros estão, pouco a pouco, a regressar aos bancos portugueses. BPI, BCP e Santander Totta estão a beneficiar da recuperação do setor. Perante o crescimento dos lucros, fruto da melhoria da atividade mas também do menor peso das imparidades, os rácios de capital estão cada vez mais fortes. Mas a grande dúvida é se a Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai conseguir apanhar esta boleia dos lucros. Uma questão que será respondida quando o banco estatal apresentar hoje os números para os primeiros três meses do ano.

Nuno Amado (BCP); Pablo Forero (BPI); António Vieira Monteiro (Santander Totta); Paulo Macedo (CGD).

Ao todo, Santander Totta, BCP e BPI (excluindo o impacto da venda do BFA) acumularam lucros de mais de 260 milhões de euros nos primeiros três meses do ano. Um aumento de quase 60 milhões em relação ao mesmo período do ano passado. O banco de António Vieira Monteiro foi o que mais contribuiu para esta melhoria. Mas o BCP também revelou um aumento dos lucros, contrariando as expectativas no mercado. Para este crescimento contribuiu, disse o banco, o bom desempenho da atividade em Portugal.

O caso do BPI é um pouco diferente. O banco agora liderado por Pablo Forero teria registado lucros de 90 milhões sem contar com a alienação dos 2% que tinha no BFA. Com este impacto, a instituição financeira teve prejuízos de 122,3 milhões. Mas também deixou uma garantia na apresentação dos resultados: o próximo trimestre já deve ser de lucros.

Mas há algo que os três bancos têm em comum: as imparidades estão a diminuir e os rácios de capital estão mais fortes. O dinheiro que as instituições têm de colocar de parte para fazer frente a problemas, como o crédito malparado — Portugal está no top 3 dos países da zona euro onde este indicador é mais elevado — é cada vez menos. Se, por um lado, o banco liderado por António Vieira Monteiro colocou apenas 3,7 milhões de lado, por outro, o BCP diminuiu as provisões para 148 milhões. Já, no BPI, as imparidades resultaram num impacto positivo no resultado de 6,3 milhões de euros.

Os rácios de capital? Estão mais fortes

No BPI, o aumento dos lucros e a diminuição das imparidades traduzem-se numa outra melhoria: os rácios de capital também estão mais fortes. O rácio CET1, com as regras aplicáveis em 2017, ficou nos 11,9%. Já o CET1, com as regras totalmente implementadas, situou-se nos 10,8%.

O mesmo no BCP. “A evolução positiva do rácio CET1 no primeiro trimestre de 2017 beneficiou maioritariamente da operação de aumento de capital realizada em fevereiro 2017 e dos resultados líquidos acumulados do primeiro trimestre de 2017″, destacou o banco liderado por Nuno Amado. O CET1 faseado e totalmente implementado é de 13% e de 11,2%, respetivamente.

Mas a instituição que realmente se destaca é o Santander Totta. O banco realçou, na apresentação dos resultados, que estes indicadores “continuam bastante acima” do que é exigido pelo Banco Central Europeu. E muito acima dos seus pares. O rácio CET1, totalmente implementado, situou-se nos 14,7%.

Será que a CGD vai apanhar boleia?

É neste cenário de aumento dos lucros, redução das imparidades e reforço dos rácios de capital que o banco liderado por Paulo Macedo vai apresentar as contas relativas aos primeiros três meses do ano. Mas pode ainda não ser dia de festa para o banco público.

Contactado pelo ECO, um especialista no setor relembra o que foi dito pelo presidente da CGD quando o banco apresentou os resultados para o total do ano passado: os lucros só devem regressar daqui a dois anos. Há resultados extraordinários negativos e isso fará com que — mesmo com resultados recorrentes positivos — haja no início resultados líquidos negativos até 2018“, explicou Paulo Macedo.

Isto numa base anual. Trimestralmente, é muito difícil fazer uma projeção, refere o analista. “Vai ser um trimestre totalmente atípico por força da recapitalização“, explica. E, por isso, é muito difícil prever se é desta que o banco estatal vai regressar aos lucros. No primeiro trimestre do ano passado, a CGD registou um prejuízo de 74,2 milhões de euros.

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