Nos aumenta dividendo em 50%. BPI queria mais

A Nos teve lucros acima do estimado pelos analistas. Os resultados líquidos subiram para 124 milhões, levando o dividendo a aumentar em 50%. O BPI previa uma subida ainda maior.

A Nos apresentou um crescimento dos lucros superior ao que era esperado pelos analistas. Os resultados líquidos cresceram 37%, ascendendo a 124 milhões de euros, o que levou a empresa liderada por Miguel Almeida a decidir aumentar em 50% a remuneração a pagar aos investidores. Vai pagar 30 cêntimos por ação. O BPI queria que tivesse aumentado ainda mais.

O “Conselho de Administração da Nos aprovou a proposta de um dividendo ordinário de 30 cêntimos de euro por ação, representando um acréscimo de 50% face ao dividendo pago no ano anterior”, afirma a Nos no comunicado relativo aos resultados de 2017, enviado à CMVM. Em 2017, com base nas contas de 2016, tinha pago 20 cêntimos.

"Apesar de ter superado o consenso, acreditamos que poderá haver algum descontentamento no mercado com o dividendo proposto.”

CaixaBank BPI Research

“A empresa anunciou um aumento do dividendo para 30 cêntimos, o que compara com a nossa estimativa de 37 cêntimos e a de 28 cêntimos do consenso do mercado”, referem os analistas do BPI. “Apesar de ter superado o consenso, acreditamos que poderá haver algum descontentamento no mercado com o dividendo proposto”, refere o banco de investimento.

Em bolsa, as ações da Nos estão a valorizar. Os títulos registaram um arranque tímido, mas rapidamente passaram a apresentar uma valorização de mais de 1%. Seguem a ganhar 2,06% para 5,19 euros por ação. Tendo em conta esta cotação, a rendibilidade do dividendo proposto pela empresa é de 5,8%.

Nos acelera após resultados

Receitas preocupam

Enquanto o lucro disparou, “o EBITDA apresentou uma variação positiva de 4,3%, para 580,6 milhões de euros, com a margem EBITDA a atingir 37,2%, mais 0,4 pontos percentuais que em 2016”, diz a Nos. Por seu lado, as receitas apresentaram “um crescimento de 3,1% para 1.562 milhões de euros, com as receitas de telecomunicações a crescerem 3,1%, motivadas pelo crescimento de 3,7% do número de serviços”.

No quarto trimestre de 2017, as receitas aumentaram 2,2% para os 399,3 milhões de euros, aquém dos 402 milhões estimados pelo CaixaBank BPI Equity Research) e “o EBITDA consolidado aumentou 3,3% para 129,1 milhões (contra os 132 milhões previstos)”. “A desaceleração nos proveitos com os clientes particulares e o crescimento do negócio empresarial suportado em negócios de curto prazo levantam preocupações relativamente às perspetivas de receitas”, notam os analistas do BPI, que avaliam as ações em 5,80 euros. Têm uma recomendação de “neutral”.

Por seu lado, o CaixaBI diz que a Nos apresentou “resultados positivos, em linha com as nossas estimativas a nível de receitas e EBITDA, com a empresa a aumentar ambas as rúbricas em 3,1% e 4,3% [no total de 2017] face ao período homólogo, respetivamente”. A margem de EBITDA “no trimestre melhorou face ao terceiro trimestre apesar da performance menos positiva dos segmentos de Audiovisuais e Cinema”, remata o banco que avalia os títulos em 6,50 euros. A recomendação é de “comprar”.

 

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Nos brilha em bolsa. Aumento do dividendo dá ganho de mais de 2%

A operadora surpreendeu ao apresentar lucros de 124 milhões. E também com o anúncio de um aumento de 50% nos dividendos, animando os investidores. Ações sobem mais de 2%. PSI-20 brilha na Europa.

A Nos está a ser a estrela da primeira sessão da semana. Depois de revelar um crescimento dos lucros superior ao que era esperado pelos analistas, mas também de aumentar em 50% a remuneração a pagar aos investidores, os títulos estão a ganhar mais de 2%. A bolsa nacional está a destacar-se pela positiva entre as pares da Europa.

As ações da empresa liderada por Miguel Almeida arrancaram a sessão com uma valorização de 0,68%. Aceleraram rapidamente, apresentando uma subida de 2,26% para os 5,20, com os investidores a aplaudirem os resultados alcançados em 2017.

Ações da Nos em alta na bolsa

Os lucros cifraram-se em 124,1 milhões de euros. Este valor compara com os 90,4 milhões registados no ano anterior. Houve um crescimento de 37,3%. Os analistas sondados pela Reuters apontavam para lucros de 121,6 milhões.

Ao mesmo tempo, o “Conselho de Administração da Nos aprovou a proposta de um dividendo ordinário de 30 cêntimos de euro por ação, representando um acréscimo de 50% face ao dividendo pago no ano anterior”.

Este dividendo, que leva a empresa a entregar 125% dos lucros, ou seja, 25% mais do que os resultados líquidos obtidos em 2017, está a ajudar a puxar pelas ações. Tendo em conta a cotação atual, de 5,16 euros, a remuneração proposta pela Nos oferece uma elevada rentabilidade. O dividend yield da Nos ascende a 5,9%.

Lisboa segue ganhos da Europa

Não é só a Nos que está a valorizar, ainda que seja a cotada que mais se destaca em Lisboa. Praticamente todas as empresas do PSI-20 estão em terreno positivo, permitindo ao índice nacional acompanhar o movimento positivo das praças na Europa. O índice português soma 0,76% enquanto o Stoxx 600 ganha 0,39%.

A EDP regista também uma forte subida, de quase 2%, para 2,977 euros, dando um forte contributo para a sessão de ganhos em Lisboa. Destaque positivo também para a Mota-Engil, que ganha 1,45%, enquanto os CTT somam 0,41%, apesar da multa aplicada pela Concorrência espanhola no final da semana passada.

O BCP, que deverá, em breve, ter um novo presidente executivo, Miguel Maya, como o ECO avançou, também sobe. As ações do banco ainda comandado por Nuno Amado seguem a valorizar 0,28% para 29 cêntimos.

(Notícia atualizada às 8h25 com mais informação)

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Lucro da Nos bate estimativas. Dividendo dispara 50%

A operadora liderada por Miguel Almeida registou um aumento de 37% dos lucros. Um forte aumento que levou a Nos a elevar a remuneração aos acionistas. Vai dar 30 cêntimos por cada ação.

A Nos lucrou mais no ano passado. Os resultados líquidos da empresa liderada por Miguel Almeida ascenderam a 124 milhões de euros, valor que superou as estimativas dos analistas. Houve um forte aumento que se traduzirá num crescimento expressivo da remuneração a entregar aos acionistas. O dividendo vai disparar 50%.

“O resultado líquido antes de resultados de empresas associadas e joint-ventures e interesses não controlados cresceu 5,6% para 101,3 milhões de euros. O resultado líquido consolidado atingiu 124,1 milhões de euros”, refere a empresa em comunicado enviado à CMVM. Este valor compara com os 90,4 milhões registados no ano anterior. Houve um crescimento de 37,3%. Os analistas sondados pela Reuters apontavam para lucros de 121,6 milhões.

“O EBITDA consolidado apresentou uma variação positiva de 4,3%, para 580,6 milhões de euros, com a margem EBITDA a atingir 37,2%, mais 0,4 pontos percentuais que em 2016”, diz a Nos. Por seu lado, as receitas apresentaram “um crescimento de 3,1% para 1.562 milhões de euros, com as receitas de telecomunicações a crescerem 3,1%, motivadas pelo crescimento de 3,7% do número de serviços”.

Em 2017, “o número de serviços aumentou 3,7% para 9,412 milhões, com adições líquidas de 334,9 mil face ao final de 2016“, refere a operadora, notando que o “número de subscritores móveis atingiu 4,673 milhões e os clientes de televisão por subscrição aumentam para 1,617 milhões”. Nos “serviços de banda larga fixa e telefone fixo continuou a registar-se uma evolução positiva, com crescimentos de 5,4% e 1,9% para 1,333 milhões e 1,758 milhões respetivamente”. Nas empresas, o número de clientes aumentou 40,8 mil face ao final de 2016, atingindo 1,459 milhões de serviços.

Dividendo dispara. Empresa dá 25% mais do que lucrou

Este forte aumento dos resultados líquidos vai levar a empresa a dar mais dinheiro aos seus acionistas. A Nos propõe aos acionistas que o valor do dividendo passe dos 20 para 30 cêntimos por ação. É um crescimento de 50% que se traduzirá num desembolso de 154 milhões de euros, uma soma superior aos lucros que vai, na sua maioria, para a ZOPT, da Sonae e Isabel dos Santos.

Estrutura acionista da Nos

“O Conselho de Administração da Nos aprovou a proposta de um dividendo ordinário de 30 cêntimos de euro por ação, representando um acréscimo de 50% face ao dividendo pago no ano anterior”, diz a empresa. Com os 30 cêntimos por ação, a Nos apresentará um payout de 125%, ou seja, 25% mais do que o que lucrou durante o último exercício. Será, assim, o terceiro ano consecutivo que a empresa liderada por Miguel Almeida vai apresentar um rácio entre dividendos e lucros acima da fasquia dos 100%. Em 2016 apresentou um payout de 114% e de 100% em 2015.

Apesar de dar mais dinheiro em dividendos do que o que lucra, a empresa mantém um nível de endividamento relativamente baixo. “No final do período em análise, a dívida financeira líquida situou-se nos 1.085 milhões de euros, representando 1,9 vezes o EBITDA, um rácio conservador face às congéneres do setor”, nota a empresa no comunicado enviado à CMVM

Mais investimento… em infraestrutura

Mesmo com tanto dinheiro para dividendos, a Nos continua a investir. Miguel Almeida diz que “continua focada no desenvolvimento das melhores soluções de comunicação e entretenimento para os nossos clientes, reforçando continuamente o investimento em inovação, nas nossas redes de nova geração e em serviços de cloud“.

Em 2018, vamos acelerar ainda mais os nossos investimentos em infraestrutura, nomeadamente na modernização das redes de acesso com tecnologias de última geração, prosseguindo o caminho de melhoria continua da qualidade do serviço que prestamos aos nossos clientes”, nota o presidente executivo da Nos, reiterando que a empresa “quer ter um papel ainda mais relevante na transformação digital da sociedade portuguesa e na competitividade das empresas nacionais.”

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Estes são os tarifários que a Anacom diz que estão ilegais

Conheça cinco ofertas de telecomunicações da Meo, Nos e Vodafone que poderão estar a violar as regras europeias e da neutralidade da internet, na visão da Anacom.

Alguns tarifários em Portugal podem estar ilegais, denunciou a Anacom.rawpixel/Pixabay

Existem tarifários no mercado que podem estar ilegais, denunciou a Anacom esta quarta-feira. O regulador considera que algumas ofertas da Meo, Nos e Vodafone podem violar as regras que determinaram o fim do roaming e a neutralidade da internet, preparando-se para dar um período de 40 dias úteis para que as operadoras ponham os serviços em conformidade com a legislação europeia.

O fim do roaming foi uma medida que entrou em vigor em meados do ano passado. Através do regulamento, apelidado Roam Like At Home, os consumidores europeus passaram a pagar no estrangeiro o mesmo que pagariam pelas comunicações caso estivessem no país de residência. Já a neutralidade da internet é um conceito que determina que as empresas prestadoras de serviços de internet não podem discriminar tráfego — tem de ser todo tratado de forma igual.

Num documento de 50 páginas, onde a Anacom justifica a decisão, surgem alguns exemplos de tarifários das três grandes operadoras portuguesas que, segundo o regulador, estão em inconformidade com as regras do fim do roaming e poderão violar também a neutralidade da internet em alguns casos. Estes são alguns dos tarifários dados pela Anacom como exemplo:

Oferta “Smart Net” da Meo

Segundo a Anacom, os pacotes “Smart Net” são disponibilizados pela Meo “desde meados de 2017”. Em causa está um catálogo de plafonds de tráfego específicos para determinados conjuntos de aplicações móveis, como aplicações de comunicação, redes sociais, apps de vídeo, de música ou de correio eletrónico e armazenamento na cloud. Nos pacotes entram aplicações como o Facebook, o YouTube, o Netflix e por aí em diante, consoante a categoria em que se inserem.

Estes pacotes específicos podem ser subscritos por clientes que, por exemplo, passam mais tempo nas redes sociais. Assim, o tráfego de aplicativos como o Facebook, Twitter ou Instagram deixam de contar para o plafond geral e passam a estar abrangidos por um novo plafond específico, com um limite de tráfego significativamente maior. Ora, um dos problemas para a Anacom, em termos de roaming, poderá ser uma alínea do contrato onde se lê que o tráfego incluído nestes pacotes “é válido para utilização em território nacional”, condição que poderá violar a regulamentação do fim do roaming.

Mas existe outro problema identificado pela Anacom. É que, por exemplo, caso um cliente ultrapasse o tráfego do plafond geral de dados e o acesso à internet seja barrado, poderá continuar a utilizar as aplicações que constam no pacote “Smart Net” que subscreveu. Esta prática poderá incorrer em violação das regras da neutralidade da internet, na visão do regulador.

A oferta “Smart Net” da Meo já tinha causado polémica… mas não em Portugal. Foi apontada num contexto político nos Estados Unidos como um exemplo do que poderia acontecer num “país sem neutralidade da internet como Portugal”. Isto aconteceu depois de ter sido anunciada a reversão dos princípios da neutralidade da rede no mercado norte-americano, sob a batuta do Presidente Donald Trump. A notícia foi dada pelo ECO na sua versão em inglês.

Oferta “Moche Legend” da Meo

Outro tarifário da Meo na mira da Anacom é o “Moche Legend”. A Moche é uma marca da operadora detida pela Altice que é voltada para os jovens, o que comprova uma das ideias do regulador, que indicou que as práticas ilegais são mais prevalecentes “nos tarifários designados ‘tribais’, especificamente desenhados para jovens com menos de 25 anos”.

O “Moche Legend” é uma oferta que se desdobra em três tarifários, que variam no preço e na quantidade de minutos e de dados disponíveis (500 MB, 1 GB e 5 GB por mês). Para cada um destes tarifários, são disponibilizadas “apps sem gastar net”, aponta a Anacom — que, por si só, não é totalmente verdade, uma vez que estes plafonds específicos têm uma “política de utilização responsável”.

Neste caso, quando o cliente esgota o plafond geral de dados, continua a poder aceder à internet, quer ao nível geral, quer ao nível das aplicações específicas, sendo cobrado um valor adicional consoante o uso. O problema, para a Anacom, estará, uma vez mais, na alínea pela qual a Meo só considere estas ofertas caso o cliente esteja “em território nacional”.

Anúncio da oferta “Moche Legend” que promete “apps sem gastar net”.Meo

Oferta “Yorn X” da Vodafone

Este é mais um serviço destinado “a um público jovem”, desta vez por parte da Vodafone. A oferta “Yorn X”, escreve o regulador, “disponibiliza desde há algum tempo diversas aplicações específicas com plafonds distintos dos plafonds gerais”.

São três tarifários que variam também na quantidade de tráfego que o utilizador pode fazer. No caso das ofertas de 1 GB e 5 GB, a Vodafone oferece um plafond especial de 5 GB de tráfego no YouTube e no serviço de vídeos em direto Twitch, por exemplo. Segundo a Anacom, “todos os tarifários da oferta” incluem ainda “apps sem gastar dados”.

Neste caso, a Vodafone é omissa “quanto à possibilidade de utilização ou não das aplicações referidas” fora do país, mas o regulador garante que é uma oferta só para o mercado nacional.

Aqui, o problema será também o da neutralidade da internet. Caso o limite de tráfego geral seja atingido, o acesso à internet é cortado, mas o consumidor continua a ser capaz de usar aplicações específicas até chegar ao limite do plafond especial. A prática poderá violar as regras, crê a Anacom. De recordar que, este mês, a Vodafone lançou um novo tarifário, o Vodafone You, que também poderá estar nestas condições.

Anúncio da oferta “Yorn X” que promete “apps sem gastar dados”.Vodafone

Oferta “WTF” da Nos

A Nos NOS 0,00% é outra das operadoras visadas pela Anacom no “sentido provável de decisão” anunciado esta quarta-feira, mais especificamente com a marca WTF, uma vez mais destinada ao público jovem. À semelhança dos exemplos anteriores, a operadora oferece três tarifários WTF com “apps com tráfego ilimitado”, uma prática conhecida por zero rating, mas que é permitida. Contudo, no caso do YouTube e Spotify, este plafond especial é de apenas 5 GB.

Ora, “este tráfego gratuito” é para utilização apenas em território nacional, o que poderá colocar em causa as regras do Roam Like At Home. Mas também as regras da neutralidade da internet estarão em causa, na visão do regulador. E porquê? Porque, caso o limite de tráfego geral seja atingido pelo cliente, as aplicações de tráfego ilimitado poderão continuar a ser utilizadas.

Anúncio da oferta WTF que promete “5 GB de [tráfego no] YouTube e Spotify”.Nos

Oferta “Indie” da Nos

Nesta oferta da Nos, que inclui serviço fixo e móvel, dá-se a “disponibilização de um plafond de dados gerais, para além de um conjunto de aplicações/conteúdos sujeitos a um plafond de dados específico”, escreve a Anacom. Concretamente, indica a entidade liderada por João Cadete de Matos, a Nos oferece um plafond geral de 3 GB mensais e um plafond para certas aplicações de 20 GB.

É tráfego válido apenas em território nacional, o que por si só poderá constituir uma violação, na visão da Anacom. No entanto, esta oferta de telecomunicações não deverá violar as regras da neutralidade da internet, porque todo o acesso à internet é bloqueado quando o utilizador ultrapassa os 3 GB mensais — mesmo o tráfego do plafond específico de 20 GB para aplicações como o Facebook, Instagram, Messenger, WhatsApp, Skype, Snapchat, entre outras.

Anúncio da oferta “Indie” da Nos, com plafond específico para certas aplicações.Nos

Os argumentos (e os contra-argumentos)

Chegados aqui, importa perceber os argumentos de ambas as partes relativos aos tarifários em questão. Mas o dossiê ganha especial relevância na medida em que ambas as partes, Anacom e operadoras, garantem estar a defender os interesses dos consumidores. Especificamente, o regulador afirma que as leis que as ofertas estarão a violar levantam “riscos para a inovação no ecossistema da internet”. O argumento da entidade é que, ao privilegiarem certas aplicações, as operadoras estarão a desnivelar o jogo para outros serviços digitais menos conhecidos, uma vez que os consumidores irão preferir, face aos demais, os serviços em que existem estas vantagens.

Assim, a Anacom indica que “o objetivo desta medida é evitar a descriminação entre conteúdos e/ou aplicações que integram plafonds de dados gerais, e que estão sujeitos a bloqueios ou atrasos quando esses plafonds se esgotam, e os conteúdos e/ou aplicações que integram plafonds de dados específicos ou sem limites de tráfego, e que não estão sujeitos a qualquer bloqueio ou atraso quando se esgota o plafond geral de dados”. Por isso, o que a Anacom sugere às operadoras é que permitam que os plafonds específicos de dados possam ser usados num âmbito geral caso o limite de dados geral seja atingido. Ou seja, se o cliente esgotar os dados, pode continuar a ter acesso à rede através do plafond específico, independentemente dos serviços online que queria usar.

Mas, da mesma forma, as operadoras indicam que apenas têm estas ofertas porque há procura no mercado. Num comunicado conjunto, Meo, Nos e Vodafone apontam que as operadoras “entendem que esta decisão da Anacom prejudica gravemente os interesses dos consumidores, na medida em que vem banir um conjunto de ofertas que os clientes querem e procuram”. Além disso, as empresas garantem que estas ofertas de telecomunicações “foram, e são, decisivas para a massificação da Sociedade da Informação e para o desenvolvimento da economia digital em Portugal”. É por isso que sublinham: “Estas ofertas correspondem a uma resposta dos operadores às necessidades que os consumidores lhes têm apresentado.”

O projeto da Anacom vai agora ser submetido a consulta pública e as operadoras vão ser ouvidas pelo regulador. A avançar, as empresas terão 40 dias úteis para ajustar as ofertas e pô-las em compliance com as regras europeias. Como indicou o ECO esta quarta-feira, o presidente da Anacom, João Cadete de Matos, acredita que, “se tudo correr como planeado”, o dossiê dos tarifários ilegais possa estar fechado “em quatro ou cinco meses”, sem necessidade de aplicação de multas às operadoras.

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Metro de Lisboa vai andar mais rápido… na internet

A Nos está a reforçar a cobertura de rede no metropolitano da capital. Parte da linha verde já tem 4G e toda a rede deverá ter esta tecnologia até março. Segue-se o metro do Porto já este verão.

Parte da linha verde do metro de Lisboa já tem cobertura de 4G da Nos.Paula Nunes / ECO

Os clientes mais atentos da Nos que viajam com frequência no metro de Lisboa podem já ter reparado neste pormenor. Mas, para outros, é total novidade: há alguns meses, começou a haver cobertura de rede móvel 4G nos túneis do metro, o que não acontecia até então. Agora, o anúncio é oficial: a Nos está mesmo a reforçar a cobertura no metropolitano de Lisboa e quer que todos os túneis do metro tenham rede 4G até março.

Aa operadora liderada por Miguel Almeida anuncia, em comunicado, que “a Nos está a reforçar a cobertura do seu serviço móvel 4G nas estações da rede do metropolitano de Lisboa para oferecer melhor acesso a todos os passageiros”. Segundo a empresa, “o projeto está já finalizado na linha verde, no eixo Alameda-Alvalade, com a cobertura total da rede do metropolitano prevista para o final de março”. Um investimento deste género no metro do Porto está já garantido pela operadora para este verão.

O 4G é a quarta geração de rede móvel, que permite velocidades de acesso à internet significativamente mais rápidas do que o 3G, que é uma tecnologia mais antiga e que ainda é amplamente usada no metro da capital. Com esta evolução, a Nos passa a conseguir dar melhor cobertura de telecomunicações aos passageiros do metro.

O ECO confirmou que a rede móvel no eixo indicado pela empresa já é de quarta geração, mas a sobrecarga das estações da rede do metro ainda são um desafio para as três principais operadoras nacionais. Em horas de ponta, por exemplo, o acesso à internet é muitas vezes inviável e, em picos de tráfego de passageiros, há clientes que registam dificuldades até mesmo nas chamadas telefónicas.

A Nos NOS 0,00% dá assim um passo no sentido de mitigar este problema, garantindo que “este reforço da cobertura móvel nas 56 estações da rede vai permitir, aos 162 milhões de passageiros anuais do metropolitano de Lisboa, um serviço móvel com melhor desempenho no que respeita à banda larga móvel”. A operadora conclui, indicando que “este investimento insere-se na melhoria da rede móvel” que “está a efetuar em todo o país e que prevê uma cobertura móvel em 4G de mais de 99% da população nacional”.

Cotação das ações da Nos na bolsa de Lisboa

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Depois da Altice, Nos também é parceira do programa Carnegie Mellon Portugal

  • ECO
  • 19 Fevereiro 2018

Operadora liderada por Miguel Almeida anunciou esta segunda-feira que assinou, através da FCT, um protocolo de investigação com o programa Carnegie Mellon e com o MIT. Cede laboratórios e pessoal.

Paulo Ferrão, presidente da FCT, com Jorge Graça, administrador da Nos.NOS/D.R.

A Nos NOS 0,00% vai ser parceira do programa Carnegie Mellon Portugal, depois de a Altice Portugal também ter anunciado um protocolo semelhante. A operadora liderada por Miguel Almeida anunciou esta segunda-feira que “estabeleceu um protocolo de investigação e desenvolvimento” com o MIT e com a Carnegie Mellon, um acordo que, tal como no caso da dona da Meo, vai ser celebrado através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

De acordo com uma nota enviada às redações, este acordo entre a Nos com o MIT e com o programa Carnegie Mellon Portugal “tem por objetivos promover o desenvolvimento da capacidade científico-tecnológica e de qualificação pós-graduada nas empresas”. Assim, “a Nos disponibilizará os os seus laboratórios e infraestruturas para trabalhos e projetos relativos ao programa, assim como os recursos humanos necessários para acompanhar e supervisionar esses trabalhos”.

O programa contempla ainda um compromisso da Nos em “reforçar o investimento interno” em investigação e desenvolvimento, bem como em “emprego qualificado até 2030 e a aproximar as suas atividades às instituições nacionais de ensino”. Citado em comunicado, Jorge Graça, administrador da Nos, refere: “A solidez e dinamismo dos programas de instituições reputadas como o MIT e a Carnegie Mellon dispensam apresentações e este acordo sublinha a forma aberta e colaborativa como a Nos encara a inovação tecnológica.”

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É assim o novo centro de dados da Nos em Carnaxide

Operadora investiu 1,5 milhões de euros num novo data center mais moderno no Parque Holanda. Vai ainda abandonar três espaços em Lisboa e um no Porto. E há um novo centro em Riba d'Ave a caminho.

Um servidor ligado no novo centro de dados da Nos, Imopolis II, em Carnaxide.Flávio Nunes/ECO

A operadora Nos NOS 0,00% investiu cerca de 1,5 milhões de euros num novo centro de dados em Carnaxide, a que a empresa chamou de Imopolis II. Este novo espaço encontra-se situado no Parque Holanda, onde a companhia já tem outro centro há já 18 anos, o Imopolis I. O investimento está enquadrado na necessidade de expansão do centro anterior, que atingiu o “limite energético” no final de 2016.

O projeto também faz parte de um plano de modernização. O Imopolis II é um data center com tecnologia mais moderna que, segundo a empresa, permite reduzir custos e ter mais capacidade num espaço menor. Seguindo a mesma lógica, a Nos vai deixar de utilizar os espaços América, Picoas e Sibs, passando a contar com apenas dois centros em Lisboa. A empresa vai fazer o mesmo no Porto, desocupando o espaço em Campanhã. O ECO sabe que estará para breve a abertura de um novo centro em Riba d’Ave, em Vila Nova de Famalicão, no norte do país. Contas feitas, manterá dois centros em Lisboa e dois no Porto.

Concretamente, o objetivo da Nos é “aumentar a capacidade atual em 50%”. Numa visita ao Imopolis II com jornalistas esta quinta-feira, o administrador executivo da empresa, Jorge Graça, explicou que, com este novo data center em Carnaxide, a empresa passa a cumprir metade desse objetivo. Os restantes 25% deverão ser conseguidos com o centro de dados em Riba de Ave, sabe o ECO.

Na mesma linha de modernização, o gestor, que também é responsável tecnológico da operadora, garantiu que a tecnologia agora implementada acaba com o paradigma de “data centers grandes e antigos”. Em parte, porque este novo centro permite ter uma aplicação a correr ao mesmo tempo nos dois edifícios da Nos no Parque Holanda, numa redundância praticamente instantânea. O novo espaço da Nos conta com 500 m2 de “área útil” com capacidade para quase duas centenas de racks. No total, são 1.000 m2 divididos em duas salas de sistemas. Reservado está também um espaço vazio para futura expansão, uma sala de reuniões e casa das máquinas, com um gerador para garantir fornecimento de energia em caso de falha.

Os centros de dados da Nos nas regiões de Lisboa e do Porto representam um investimento contínuo de cerca de dez milhões de euros cada ano. Questionado sobre se esta capacidade acrescida não se vai esgotar muito rapidamente, Jorge Graça foi perentório: “Se vier essa procura, construiremos mais”. No caso do Imopolis II, a empresa optou pelo Parque Holanda por já lá ter um espaço alugado, o que “facilitou as negociações com o promotor”, disse Maria João Campos, responsável estratégica da operadora nesta área. A proximidade destes centros à Lisboa permite ainda reduzir a latência das comunicações, que serão mais rápidas.

Neste novo centro em Carnaxide, a Nos aproveitou ainda a oportunidade para testar um sistema inovador de refrigeração. Os centros de dados precisam de ser constantemente refrigerados por razões de desempenho das máquinas e do calor que estas produzem. Por isso, a empresa, ao invés de climatizar toda a sala onde estão os servidores, refrigera apenas as próprias máquinas com um sistema capaz de, em dias de frio, sugar o ar exterior, poupando energia.

Maria João Campos, responsável estratégica da Nos, a explicar o plano de expansão.Flávio Nunes/ECO

Por fim, as máquinas instaladas são totalmente modulares. “É como se fosse um Lego”, comentou Jorge Graça. A construção do Imopolis II demorou seis meses e a ideia é “crescer faseadamente”. Questionado sobre quanto vai a Nos poupar com estes novos centros e o encerramento dos restantes espaços, que eram alugados, o administrador disse ainda não ter números.

Gráfico: Cotação das ações da Nos na bolsa de Lisboa

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Lucros das empresas da bolsa de Lisboa aceleram 10% à boleia da economia

Vem aí a temporada de resultados em Lisboa. Os lucros das grandes cotadas terão acelerado 10%, à boleia do bom momento económico. O ECO preparou um guia para abordar a earnings season nacional.

EDP terminou ano com lucros de quase 1.200 milhões e lidera ranking de resultados em Lisboa.Fotomontagem/ECO

Os lucros das cotadas da bolsa de Lisboa dispararam no ano passado com grande parte das empresas nacionais a recolher frutos da aceleração da economia portuguesa. São muitos os motivos para sorrir à partida para mais uma temporada de resultados no PSI-20. Desta vez até a banca vai ajudar à festa.

De acordo com as estimativas dos analistas sondados pela Reuters, os lucros das cotadas que compõem o índice de referência nacional terão acelerado 9,7% para superarem os 3.500 milhões de euros (ver tabela em baixo). Se há fatores extraordinários que fazem a diferença em algumas contas, o bom desempenho das grandes empresas em 2017 deveu-se, sobretudo, à melhoria das condições económicas em Portugal e lá fora. O argumento é fácil de perceber: quanto maior atividade económica, mais as empresas conseguem faturar. Foi o que aconteceu.

“A valorização a que assistimos parece estar sincronizada com o desempenho das empresas e as perspetivas de crescimento económico doméstico e da zona euro”, refere João Queiroz, diretor de banca online do Banco Carregosa, ao ECO. “Também a melhoria da perceção de risco continua a beneficiar os ativos nacionais”, acrescenta.

A valorização a que assistimos parece estar sincronizada com o desempenho das empresas e as perspetivas de crescimento económico doméstico e da zona euro. Também a melhoria da perceção de risco continua a beneficiar os ativos nacionais.

João Queiroz

Diretor de banca online do Banco Carregosa

É o BPI quem dá o pontapé de arranque na earnings season portuguesa. É já esta terça-feira e os analistas estimam que o banco detido pelos espanhóis do CaixaBank tenha obtido um lucro de 70,5 milhões. Mas, ao contrário dos últimos anos, desta vez o banco já não figura no principal índice português. Pelo que a temporada de resultados no PSI-20 só acontece efetivamente na próxima semana, através da Navigator.

Fonte: Reuters

Serão vários os pontos de interesse para os investidores ao longo dos próximos dois meses em que as cotadas nacionais vão a exame. Até porque os resultados fornecem um bom retrato das empresas e ajudam a antecipar tendências de dividendos. “Será importante para perceber se o bom momento económico se está a materializar nas empresas”, sublinha Salvador Alves, analista da Orey iTrade.

E, neste capítulo, logo na segunda semana acontece um dos habituais pontos altos da temporada de resultados lisboeta. O BCP presta contas e a expectativa dos analistas aponta um disparo de 585% do lucro para 164 milhões, depois de um ano que foi decisivo para o futuro do banco — concluiu o aumento de capital de 1.300 milhões de euros que trouxe a Fosun para a ribalta e com isso pagou o que devia das ajudas prestadas pelo Estado.

“O setor bancário da Europa tem capitalizado com a possibilidade de alteração, a médio prazo, da política monetária do Banco Central Europeu (BCE). Além disso, o BCP beneficia de uma possível recomposição do corpo acionistas e de uma evolução positiva das imparidades, das receitas e respetivas margens”, destaca João Queiroz.

A seguir ao BCP é a vez da Galp e mais boas notícias: os analistas apontam para uma subida de 15% do lucro para 557 milhões de euros, catapultando a petrolífera liderada por Carlos Gomes da Silva para o segundo lugar dos maiores lucros em Lisboa.

EDP, EDP Renováveis, CTT… é só fazer as contas

2017 foi também o ano da família EDP. O seu líder António Mexia viu-se envolvido em casos judiciais e falou-se da possibilidade de estar de saída da liderança do grupo. A mãe EDP tentou a aquisição (um pouco hostil) da sua filha EDP Renováveis e ainda vendeu a Naturgas (em Espanha, por 2,6 mil milhões) e Portgás (à REN, por 530 milhões). Tudo fatores extraordinários que baralharam as contas finais. Como ficaram?

Habituada a ser o rei dos resultados, a EDP terá visto o lucro subir 23,6% para 1,19 mil milhões de euros — representando um terço dos lucros do PSI-20 –, mas os olhos dos analistas vão estar virados para o impacto das duas alienações na redução da pesada dívida da elétrica. Já o resultado líquido da EDP Renováveis terá disparado 270% para 208,6 milhões de euros.

“As receitas e lucros da EDP não parecem constituir uma incerteza tão relevante como o potencial de serviço da dívida”, salienta Queiroz. É que “o elevado grau de endividamento pode impactar a geração futura de lucros e de cash-flows da EDP”, justifica.

No annus horribilis dos CTT, a queda do negócio postal fez mossa nos lucros da empresa: terão recuado 27% para os 46,2 milhões. Foi por causa disto que a administração liderada por Francisco Lacerda anunciou um plano de reestruturação que passa por saídas de trabalhadores e fecho de lojas como forma de posicionar os correios postais para o futuro.

“Mas ambas as medidas custam dinheiro e acresce a elevada regulação por ser um serviço público”, lembra Salvador Alves, considerando que os investidores vão estar atentos à “habilidade [de Lacerda] para cortar custos e para fomentar as alavancas de crescimento”.

Outros dois destaques da temporada vão recair no setor do retalho, que continua sob pressão por causa da digitalização do consumo. Ao que tudo indica, tanto a Sonae (dona do Continente) como a Jerónimo Martins (Pingo Doce) viram os lucros tombarem na ordem dos dois dígitos. Mais intensa será a queda do resultado da Jerónimo Martins, mas há que contabilizar a venda da Monterrroio à Fundação Francisco Manuel dos Santos que fez disparar os resultados do ano passado.

Os investidores vão agora estar atentos a duas coisas essenciais: a habilidade de cortar custos e de fomentar as alavancas de crescimento. De acordo com o plano de reestruturação divulgado em dezembro, a empresa postal terá de fechar agências e despedir colaboradores, ambos custam dinheiro e acresce ainda a elevada regulação por ser um serviço público.

Salvador Alves

Analista da Orey iTrade

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Anacom: “NOS não defendeu serviço de comunicações fixo”

O presidente da Anacom, João Cadete de Matos, está confiante que o Governo vai dar seguimento às negociações com a Nos para pôr fim ao serviço universal de telefone fixo, que só tem dois clientes.

O Governo deverá mesmo avançar com a tentativa de revogação, por mútuo acordo, do contrato de concessão do serviço universal de telefone fixo com a Nos. Pelo menos, essa é a convicção que tem o presidente da Anacom, João Cadete de Matos, a partir das conversações que manteve com o ministério do Planeamento e das Infraestruturas.

O feedback é que o Governo recebeu a proposta e vai dar seguimento do ponto de vista de arbitragem. A expectativa é a de que vai ser aberto o processo de negociações”, disse o líder do regulador, num encontro com jornalistas esta quinta-feira.

Em novembro, a Anacom recomendou o fim do contrato entre o Estado e a operadora, por só ter dois clientes. O contrato data de 2014 e foi adjudicado à empresa de Miguel Almeida por concurso público. No entanto, na visão do regulador, já existem condições concorrenciais que justificam a não necessidade de um serviço universal de telefone fixo. “Existem razões significativas para pôr fim ao contrato. Pareceu-me natural aquilo que propusemos”, afirmou João Cadete de Matos.

O feedback é que o Governo recebeu a proposta e vai dar seguimento do ponto de vista de arbitragem. A expectativa é a de que vai ser aberto o processo de negociações [para rescindir o contrato de serviço universal de telefone fixo por mútuo acordo].

João Cadete de Matos

Presidente da Anacom

Cadete de Matos: “Nos não defendeu um serviço de comunicações fixo”

A recomendação da Anacom não caiu bem junto da Nos, que se disse “surpreendida”. A operadora garante que “procedeu a um avultado investimento em infraestruturas e meios para assegurar” o serviço público em questão. Por isso, “não aceita, nem compreende, como pode a Anacom vir agora pôr em causa” o contrato de concessão com o Estado português, indicou num comunicado enviado dias depois do anúncio da decisão.

A Anacom defende a cessação do contrato por mútuo acordo, mediante “arbitragem”. Mas sobre o argumento do investimento lançado pela empresa de telecomunicações, João Cadete de Matos afirmou: “Acho legítimo que Miguel Almeida defenda os seus direitos e os seus interesses, na certeza de que a Nos não defendeu um serviço de comunicações fixo.” O presidente da Anacom referia-se à resposta da operadora, remetida à comunicação social.

Custo do serviço reflete-se “na fatura que todos os consumidores pagam”

Apesar de só ter dois clientes, o serviço público universal de telefone fixo rendeu à Nos, entre 2014 e 2015, 3,05 milhões de euros, sendo que 870.000 euros foram pagos pela própria. O dinheiro vem do Fundo de Compensação do Serviço Universal, para o qual contribuem também Vodafone, Meo e Nowo.

A empresa de Miguel Almeida já veio garantir, por isso, que o Estado “não teve, nem tem, qualquer encargo com este serviço e com a execução do contrato”. Mas João Cadete de Matos contrapõe: “Temos de ter a consciência de que tem um custo. Esse custo é pago pelos operadores e, no final, há de refletir-se na fatura que todos os consumidores pagam.”

A Nos queixa-se, por fim, de que só soube da decisão através dos jornais. “Para a Nos é inaceitável que a opinião do regulador se transmita, em primeira mão, sem o conhecimento prévio dos contraentes e através da comunicação social”, referiu, num comunicado. Questionado acerca deste fator, João Cadete de Matos, presidente da Anacom, desmente: “Não é verdadeiro que tenham sabido pelos meios de comunicação social, porque dei conhecimento prévio: 24 horas antes, falei com Miguel Almeida”, disse.

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Parlamento aprova subida da derrama. Quanto custa às cotadas do PSI-20?

Parlamento aprovou esta quinta-feira um aumento da derrama estadual para as empresas com maiores lucros. Medida terá impacto nos lucros e ações das cotadas do PSI-20. Qual é o impacto?

O IRC para as grandes empresas sempre vai subir no próximo ano, isto depois de o Parlamento ter aprovado o aumento da derrama estadual de 7% para 9% para as empresas com maiores lucros. Esta medida terá impacto nas empresas com lucros anuais acima dos 35 milhões de euros. No PSI-20, o principal índice bolsista português, são várias as cotadas que vão ser afetadas por isto. Quais?

O CaixaBank BPI Research estimou o impacto da proposta do PCP que aprovada esta quinta-feira no âmbito da discussão do Orçamento do Estado para 2018. A medida teve luz verde do PS e por isso vai entrar em vigor a partir do próximo ano.

Na bolsa portuguesa, poucas são as cotadas vão escapar ao aumento de impostos sobre as grandes empresas. Os cálculos do banco tiveram por base as estimativas para os lucros das empresas e bancos para 2018. Contas feitas:

  • No BCP, o aumento da derrama estadual deverá ter um impacto de 1% na estimativa para os resultados do grupo no próximo ano e 2% depois, estimam os analistas do BPI. Em 2018, o banco liderado por Nuno Amado poderá ter um lucro de 364 milhões de euros, segundo este banco. Na análise do CaixaBank BPI, o aumento da derrama estadual terá também implicações no atual montante de ativos por impostos diferidos, que deverão aumentar em cerca de 214 milhões de euros.

Também o Haitong analisou o impacto do aumento da derrama estadual nas cotadas do PSI-20. REN e Sonae serão as empresas mais afetadas pela medida.

“Embora seja difícil quantificar precisamente o impacto desta medida, uma vez que nem todas as empresas geram os seus resultados em Portugal ou podem utilizar créditos fiscais, simulamos o impacto desta medida no nosso universo de ações que fazemos cobertura”, dizem dos analistas do Haitong.

 

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Nos “não aceita” recomendação da Anacom para fim de contrato com Estado

Na sexta-feira, a Anacom recomendou ao Governo o fim do contrato com a Nos relativo ao serviço universal de telefone fixo, por só ter dois clientes. A Nos foi "surpreendida" com o comunicado.

A operadora Nos foi “surpreendida” pelo comunicado da Anacom que recomenda ao Governo o fim do contrato de serviço universal de telefone fixo por este só ter dois clientes. A empresa refere que “procedeu a um avultado investimento em infraestruturas e meios para assegurar” esse serviço e, por isso, “não aceita, nem compreende, como pode a Anacom vir agora pôr em causa” o contrato com o Estado, diz em comunicado.

Na última sexta-feira, a Anacom defendeu que o contrato que dá à Nos a responsabilidade de garantir um serviço de telefone fixo universal, pelo qual a empresa já recebeu “um valor total de 3,05 milhões de euros”, deve ser revogado “por mútuo acordo”. Em causa, o facto de esse serviço só ter “dois clientes”, referiu a entidade liderada por João Cadete de Matos.

Uma decisão que não caiu bem junto da Nos. A operadora queixa-se, desde logo, de ter tido conhecimento da informação pelos jornais, não tendo sido notificada em antecipação. “Para a Nos é inaceitável que a opinião do regulador se transmita, em primeira mão, sem o conhecimento prévio dos contraentes e através da comunicação social”, lê-se numa resposta da operadora, enviada às redações esta sexta-feira.

A operadora recorda que, através do contrato, “está obrigada, pelo período de cinco anos, a disponibilizar, a disponibilizar, a qualquer pessoa e em qualquer ponto do país, o serviço fixo de telefone, em condições de preço acessíveis e com os níveis de qualidade aí definidos”. Para isso, garante ter feito “um avultado investimento em infraestruturas e meios para assegurar um serviço universal de telefone fixo efetivamente acessível e disponível à expectável procura por parte do mercado-alvo definido pela Anacom”. O público-alvo definido são cidadãos “reformados e pensionistas”.

Ora, o serviço, segundo o regulador, tem apenas dois clientes. Sem reconhecer explicitamente esse facto, a Nos reitera que é a única com “toda a legitimidade para se sentir defraudada nas expectativas com que se apresentou a concurso e se preparou para este contrato”. A empresa lembra que “apresentou a concurso um preço de 11,9 milhões de euros para assegurar o investimento que fosse necessário para responder a todos os pedidos de ligação”.

Num Estado de Direito, os contratos celebrados são para serem pontualmente cumpridos.

Nos

Em comunicado

Estado não teve “qualquer encargo” com o serviço

A Nos vai ainda mais longe e classifica de “inconcebível e incompreensível” esta decisão da Anacom, uma vez que “a totalidade do financiamento da prestação do serviço universal é integralmente suportado pelos operadores do setor”. “Logo, o Estado Português não teve, nem tem, qualquer encargo com este serviço e com a execução do contrato”, indica a operadora, aludindo ao Fundo de Compensação do Serviço Universal, para o qual contribuem todas as operadoras e do qual a Nos recebeu, pelo serviço prestado em 2014 e 2015, 3,05 milhões de euros, 870.000 pagos pela própria.

Neste sentido, a operadora liderada por Miguel Almeida indica que “nem a lei nem o contrato permitem que as circunstâncias invocadas pela Anacom conduzam ao fim da relação contratual que existe entre o Estado Português e a Nos, cujas regras foram fixadas por uma portaria do Governo, tendo o contrato obtido o visto do Tribunal de Contas”, lê-se no comunicado. E acrescenta: “Num Estado de Direito, os contratos celebrados são para serem pontualmente cumpridos e a Nos está certa de que esse mesmo princípio é secundado pelo Estado Português e pelo atual Governo.”

A operadora continua, dizendo: “Ao longo dos anos, a regulação do setor foi construída ou privilegiou o diálogo entre a Anacom e todas as entidades representativas dos interesses do setor, incluindo os operadores. A promoção da participação na regulação pelos diferentes stakeholders foi permitindo adequar a regulação às reais necessidades do setor, do consumidor e dos cidadãos, contribuindo para um setor competitivo, dinâmico, inovador e sustentável, um exemplo em Portugal e no mundo.” E conclui: “Assim, é deveras surpreendente este novo modus operandi da Anacom.”

(Notícia atualizada às 12h48 com mais informação)

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Nos brilha em bolsa. Resultados ditam subida de quase 7%

A empresa liderada por Miguel Almeida está a brilhar em bolsa após os resultados dos primeiros nove meses. As ações da Nos chegaram a subir quase 7%.

A Nos está a ser a estrela da sessão na bolsa nacional. A empresa liderada por Miguel Almeida dispara quase 7%, depois de ter apresentado os resultados dos primeiros nove meses. Os números, que não surpreenderam os analistas, confirmam o bom momento da empresa de telecomunicações, o que está a ser premiado pelos investidores.

Os títulos da operadora avançam 6,39% para 5,31 euros, mas estiveram já a valorizar um máximo de 6,91% para 5,34 euros. É a maior subida diária das ações da Nos desde abril, levando a cotada a negociar em máximos de quase um mês. Com esta subida, a Nos encolheu a queda acumulada desde o início do ano para 6%.

Ações da Nos brilham em bolsa

Os investidores estão a reagir positivamente aos resultados dos primeiros nove meses. A empresa registou um resultado líquido consolidado de 105,5 milhões de euros, equivalente a um crescimento de 34,5%, face ao período homólogo de 2016. No terceiro trimestre, os lucros aumentaram 22,4% para os 33,6 milhões de euros.

Os resultados ficaram “em linha com as nossas estimativas”, diz o BPI, salientando que não prevê qualquer alteração às suas estimativas com base nestes números. O CaixaBI também diz que os números da Nos ficaram “em linha com as estimativas a nível de receitas e EBITDA, com a empresa a aumentar ambas as rubricas em 3,2% e 4,1% face ao período homólogo, respetivamente”. No global, viu “resultados positivos da Nos”.

“Em termos globais, pensamos que os números [apresentados pela operadora] são bastante sólidos”, diz o Haitong, notando que “devem dar suporte às ações no curto prazo”. “Quaisquer receios que possam ter justificado o desempenho inferior da operadora face ao PSI-20 são injustificado”, salienta, reiterando a Nos como uma das “balas de prata”. Avalia as ações em 7,10 euros.

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