Câmara de Oeiras alvo de buscas em investigação sobre corrupção e abuso de poder

  • Lusa
  • 6 Junho 2018

A Câmara de Oeiras foi alvo de buscas no âmbito de uma investigação sobre tráfico de influência, corrupção passiva e ativa, participação económica em negócio e abuso de poder.

A Câmara de Oeiras foi esta quarta-feira alvo de buscas no âmbito de uma investigação sobre tráfico de influência, corrupção passiva e ativa, participação económica em negócio e abuso de poder, informou a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL).

Segundo uma nota divulgada no ‘site’ da PGDL, “foram emitidos e cumpridos hoje mandados de busca à Câmara Municipal de Oeiras”, no distrito de Lisboa, e “não houve lugar à constituição de arguidos” durante a operação, encontrando-se o processo em segredo de justiça.

“Nestas operações foram apreendidos documentos de índole contabilística e outras e mensagens de correio eletrónico necessários à produção de prova”, refere a nota.

O inquérito está a ser dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Sintra, da Comarca de Lisboa Oeste, coadjuvado pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária.

A Câmara de Oeiras é presidida pelo independente Isaltino Morais, que voltou à liderança do município em 2017, após a gestão do executivo ter estado a cargo do também independente Paulo Vistas.

Buscas referem-se a plano de pormenor

Estas buscas realizadas na Câmara de Oeiras prendem-se com o Plano de Pormenor da Margem Direita e Foz do Rio Jamor, já explicou a autarquia.

Em comunicado, a autarquia atualmente liderada por Isaltino Morais revelou que as buscas estão relacionadas com aquele projeto, “cuja aprovação data de 15 de abril de 2014”, altura em que o independente Paulo Vistas presidia ao município.

Na mesma nota, o município indicou ainda que a primeira deliberação camarária do designado projeto Porto Cruz ocorreu em “11 de maio de 2004, momento em que se aprovaram os termos de referência do projeto”, durante o mandato de Teresa Zambujo (PSD).

“Em ambas as datas, o atual presidente da Câmara não exercia funções no município de Oeiras”, sublinha a autarquia, revelando que “a única deliberação camarária” decidida no período em que Isaltino Morais presidia à câmara data de 13 de janeiro de 2010 e era relativa à “proposta remetida pela Silcoge de celebração de contrato de execução do Plano de Pormenor do empreendimento denominado Porto Cruz – Margem Direita da Foz do Rio Jamor”.

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Primeira casa em 3D concluída este ano em Eindhoven

Uma universidade holandesa pretende imprimir cinco casas através do 3D, que poderão ser alugadas ou compradas. A primeira estará pronta a habitar no próximo ano.

A Universidade de Tecnologia de Eindhoven anunciou a impressão de um conjunto de casas em 3D, que ficarão concluídas ainda este ano. De acordo com a equipa responsável, estas habitações ficarão disponíveis para arrendamento ou para compra, e estarão prontas a habituar em meados do próximo ano, de acordo com a revista Dezeen (conteúdo em inglês).

Descrita em muitos meios de comunicação como uma “novidade mundial”, a universidade holandesa deverá imprimir cinco casas com recurso ao 3D nos próximos cinco anos. “O projeto é o primeiro de habitação comercial no mundo à base da impressão 3D”, disse a equipa responsável. “As casas estarão todas ocupadas e vão preencher vários requisitos modernos de conforto. As vendas serão intermediadas por uma empresa imobiliária“.

A primeira casa a ficar concluída terá apenas um andar com três quartos de 95 metros quadrados, de acordo com o Idealista News (conteúdo em inglês). As próximas habitações a serem impressas terão formas irregulares para criar um “desenho errático na paisagem verde”, e ficarão localizadas a oeste do centro da cidade de Eindhoven, próximas do aeroporto. “A forma irregular dos edifícios pode ser conseguida através de uma das principais características da impressão 3D: a capacidade de construir praticamente qualquer formato“, disse a universidade.

A Universidade Tecnológica de Eindhoven foi também responsável pela construção da primeira ponte em 3D, o ano passado. Em cima da mesa está ainda a ser projetada a primeira ponte de metal em 3D, localizada em Amesterdão.

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Nasdaq atinge recorde. Tesla acelera 5% com promessa de Musk

Índice tecnológico Nasdaq renova máximos históricos no arranque da sessão em Wall Street. Ações da fabricante de carros Tesla aceleram 5% com promessa de Elon Musk.

As empresas tecnológicas continuam em bom plano nas bolsas norte-americanas, que iniciaram a sessão desta quarta-feira em alta após o Nasdaq ter atingido um recorde na sessão anterior à boleia da Apple e Amazon.

Entretanto, os destaques do dia em Wall Street vão para a Tesla e para a United Health. No caso do fabricante de automóveis, as ações valorizam 5% para 305,88 dólares, depois de o CEO Elon Musk ter assegurado que é “muito provável” que a Tesla produza 5.000 carros do popular Model 3 até final de junho. Quanto à seguradora, abriu em alta de 0,81% para 246,4 dólares, depois de ter aumentado o dividendo trimestral e anunciado um plano de recompra de dívida.

Neste cenário, o S&P 500 soma 0,23% para 2.755,09 pontos e o Dow Jones ganha 0,52%. E depois de ontem ter fechado em máximos históricos, o tecnológico Nasdaq prossegue em ritmo de crescimento, mas mais tímido: avança 0,2% para 7.652,81 pontos, marcando um novo recorde.

“Não há escalada na frente comercial e, em resultado disso há uma ausência de más notícias, e as ações tenderão a recuperar”, referiu Randy Frederick, vice-presidente da Charles Schwab, citado pela Reuters.

A Casa Branca anunciou na semana passada a imposição de tarifas à importação de aço e alumínio do Canadá, México e União Europeia, com taxas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio. A Comissão Europeia anunciou hoje a retaliação. Donald Trump deverá marcar presença na cimeira do G7, no Canadá, que acontecerá no final deste semana, e que deverão discutir as restrições comerciais colocadas pela maior economia do mundo.

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Bruxelas conseguiu pré-acordo para limitar a 19 cêntimos custo das chamadas entre países da UE

  • Lusa
  • 6 Junho 2018

A partir de 15 de maio de 2019, o custo de uma chamada de um país da UE para outro será limitada a 19 cêntimos por minuto e o de uma mensagem SMS não poderá ser superior a seis cêntimos.

As instituições europeias alcançaram, esta quarta-feira, um pré-acordo para limitar a 19 cêntimos o preço das chamadas de um país da União Europeia (UE) para outro, um pacote de medidas proposto pelos eurodeputados. Este acordo político surge um ano depois da supressão do roaming.

A partir de 15 de maio de 2019, o custo de uma chamada de um país da UE para outro será limitada a 19 cêntimos por minuto e o de uma mensagem SMS não poderá ser superior a seis cêntimos, segundo este acordo alcançado esta madrugada, depois de 12 horas de debate entre os negociadores do Parlamento Europeu e os dos 28 países da UE, em Bruxelas.

“Nós pusemo-nos de acordo sobre o facto de que os operadores não podem cobrar custos excessivos aos utilizadores quando estes telefonam ou enviam um SMS a partir do seu país de origem para um outro Estado membro da UE através de um telemóvel ou de um telefone fixo”, declarou a espanhola Pilar del Castillo, uma das negociadoras do parlamento.

Os operadores históricos europeus criticaram o pacote adotado esta noite, considerando que é uma “cortina de fumo” política, que esconde os fracassos da UE em chegar a entendimentos sobre medidas muito mais importantes que facilitariam os investimentos indispensáveis para inovações de alta tecnologia.

“O objetivo principal da proposta inicial da Comissão Europeia (CE) era melhorar significativamente o clima de investimento para a implantação de novas redes e capacitar os usuários de todos os serviços de comunicação”, disse num comunicado a ETNO, federação europeia que inclui a Orange ou a Deutsche Telekom. Esta “ocasião, única em dez anos, foi perdida”, adianta a ETNO.

Este acordo preliminar ainda tem de ser aprovado definitivamente pelos 28 Estados membros e pelo PE.

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Teixeira dos Santos: “Custa-me acreditar que parceiros europeus queiram Itália” fora da UE

O presidente do banco Eurobic prevê uma "atitude europeia mais propensa ao diálogo e ao estabelecimento de compromissos" com a Itália.

O presidente do banco Eurobic mostra-se preocupado com a situação política de Itália, relativamente a uma hipotética saída da país da União Europeia (UE). Contudo, não acredita que os italianos queiram esse cenário e, do lado dos parceiros europeus, também não. Nesse sentido, antevê uma “atitude europeia mais propensa ao diálogo”. Questionado sobre as perspetivas da economia portuguesa para as empresas, Fernando Teixeira dos Santos defende a necessidade de “reformas importantes que incentivem a competitividade do país”.

Precisamos de crescimento, tanto o país como a Europa em geral, para podermos aliviar o fardo que o legado da crise nos deixou”, começou por dizer o presidente do Eurobic esta terça-feira, durante o fórum “Desenvolvimento económico e futuro de Leiria“, promovido pelo banco Eurobic. “A Europa precisa, de facto, desse crescimento, mas ainda está confrontada com problemas relacionados com a crise e com o impacto que essa crise teve na geometria política de vários países, incluindo Itália”, continuou.

Questionado sobre o futuro político de Espanha e Itália, dois países que têm sido temas frequentes em vários órgãos de comunicação, Teixeira dos Santos diz não estar preocupado com o país vizinho, uma vez que considera “os espanhóis muito pragmáticos e pró-europeus” e, neste sentido, acredita que haverá “um período de ajustamento e clarificação política“. Mas, pelo contrário, quanto aos italianos, o caso muda um pouco de figura.

Da situação de Itália, a imagem é mais preocupante porque gera mais incerteza”, afirmou, fazendo referência ao “dilema italiano”, que inclui a possibilidade de o país seguir o exemplo do Reino Unido e decidir abandonar a UE. Ainda assim, acredita não haver motivos para alarme: “Custa-me acreditar que os italianos queiram sair e romper com a Europa. Não podemos ignorar que Itália é um país fundador da comunidade económica europeia. Portanto, custa-me pensar numa Itália a romper com este legado histórico de participação na construção europeia”.

"Custa-me acreditar que os italianos queiram sair e romper com a Europa. Não podemos ignorar que a Itália é um país fundador da comunidade económica europeia. Portanto, custa-me pensar numa Itália a romper com este legado histórico de participação na construção europeia.”

Fernando Teixeira dos Santos

Para além disso, do lado da Europa, acredita que esta também não quererá ver a Itália de fora. “Custa-me acreditar que os parceiros europeus queiram ver a Itália sair. Estamos agora a perceber os problemas que o Brexit gerou, mas também a UE, no seu conjunto, estará interessada em evitar que experiências de saída como esta se venham a repetir”, disse. Neste sentido, acredita que, no futuro, “será de esperar uma atitude europeia mais propensa ao diálogo e ao estabelecimento de compromissos com um país com a dimensão de Itália”.

“É evidente que o aspeto populista do poder italiano neste momento é evidente mas, no meu entender, quando as novas autoridades italianas começarem a ter que dialogar mais frequentemente com os seus parceiros europeus, estes também vão ter de dar sinais de que não querem rompimentos“, continuou.

Portugal já está a acompanhar o ciclo económico europeu?

Questionado sobre as perspetivas para a economia nacional, o professor e economista antevê um período positivo. “Temos uma exposição à economia europeia muito forte, importamos e exportamos muito. Portanto, o ciclo europeu vai, inevitavelmente, influenciar o ciclo económico nacional”. Neste sentido, acredita que o país continuará numa “fase positiva do ciclo económico, onde será de esperar que o crescimento desacelere, tendo em conta este contexto europeu”. “Mas vamos poder ter um nível de crescimento positivo“, notou.

Contudo, para que haja esse crescimento, Teixeira dos Santos defende a necessidade de “reformas importantes que tenham a ver com mais flexibilização dos mercados e que incentivem a competitividade do país“. Durante o fórum do Eurobic esta terça-feira, sublinhou duas áreas que considera importantes para as empresas: “Mais pessoas qualificadas e mais inovação“. E, quanto a isto, esclareceu: “Não é com salários baixos que reforçamos a nossa produtividade. Para termos mais produtividade precisamos de pessoas mais qualificadas e inovação nos equipamentos, nos processos, etc.”.

Analisando a situação atual do país, não vê “grandes reformas significativas” mas, de qualquer modo, destaca “uma dinâmica muito positiva do setor empresarial”, na medida em que “o setor privado tem encontrado o seu caminho para tomar iniciativa”. Um caminho que, segundo disse, é notório: “Vê-se o surgimento de uma geração de empresários com uma visão completamente diferente”.

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Eutanásia. “Enquanto advogado fica a perplexidade jurídica”

A Advocatus foi saber o que alguns advogados pensam sobre as propostas para a despenalização da eutanásia, onde se posicionam e que alterações seriam feitas além do código penal.

Do grego “ευθανασία” ou “boa morte”, a eutanásia é um assunto de extremos, passível de dividir um país em dois blocos. Foi o que se passou por cá, com o tema a ser levado a discussão na Assembleia da República. Depois de a dia 29 de maio se ter votado no parlamento os quatro projetos de lei para a sua despenalização — do PS, Bloco de Esquerda, PEV e PAN — numa luta renhida e com desfecho difícil de adivinhar, o “não” venceu por cinco votos e as propostas foram chumbadas. Mas os partidos de esquerda prometem trazer o tema de volta ao debate público, assegurando que, mesmo perdida a luta, existe agora espaço para a sociedade discutir a eutanásia.

A Advocatus foi saber o que a classe dos advogados pensa sobre estas propostas, onde se posicionam, em que medida a legislação sobre a despenalização lá fora é, de facto, vanguardista e se uma medida como esta alteraria apenas o código penal. Fique com o testemunho de três advogados sobre a eutanásia — um a favor e dois contra.

A favor

O advogado Paulo Saragoça da Matta, especializado em direito penal, direito das obrigações, direito administrativo e contraordenacional, da sociedade de advogados Saragoça da Matta & Silveiro de Barros, conta à Advocatus que é a favor da despenalização da morte medicamente assistida, e afirma logo de início que a questão para si não é “religiosa, espiritual, moral, nem muito menos política (no sentido de axiologia de esquerda-direita)”.

É antes “exclusivamente ética, médica e jurídica”. E explica: “por razões jurídico-filosóficas, antes de mais, posto que considero que o direito à escolha da morte em situações limite, como aquelas que vinham consagradas nos projetos sujeitos a discussão no Parlamento, constitui a expressão última da própria dignidade humana em que assenta todo o edifício jurídico, e constitucional, português. A liberdade de me poder furtar a situações de dor excruciante, sem qualquer possibilidade de cura, num momento em que os avanços da ciência médica não podem assegurar-me uma cura, é o expoente máximo da liberdade ínsita ao ser humano plenamente digno e responsável. E essa mesma responsabilidade na tomada de decisão, quando acompanhada pelas cautelas médicas e jurídicas previstas, garante plenamente a inexistência de qualquer possibilidade de tomada de decisões não livres, não conscientes, não pessoais”.

Não é por acaso que a misericórdia ou compaixão já jogam um papel “típico” no direito penal português. Também a cautela de alguns dos projetos no que respeita à manutenção dos procedimentos reservada às instituições públicas de saúde, se afigura um importante garante da não-construção de “negócios” menos claros à volta desta tão sensível questão. Por tudo isto, porque um ser humano livre só o será se o puder ser até ao fim, sou a favor da despenalização da morte medicamente assistida.

Paula Saragoça da Matta

Advogado da Saragoça da Matta e Silveiro de Barros

Por outro lado, o advogado é a favor também por razões jurídico-práticas, uma vez que, segundo o advogado, “o sistema jurídico construído sobre os valores em que assenta a nossa Constituição não é compatível com a recusa da liberdade máxima que qualquer ser humano tem que poder ter. Aliás, se não é punível a tentativa de suicídio, ainda que totalmente desmotivada e sem qualquer acompanhamento médico ou cautela jurídica, seria absolutamente injusto, porque violador do princípio da igualdade, punir quem nas circunstâncias descritas auxilia aquele que conscientemente, livremente, esclarecidamente, deseja suicidar-se mas não o quer, ou não o pode, fazer sozinho”.

“Não é por acaso que a misericórdia ou compaixão já jogam um papel “típico” no direito penal português”, lança Paulo Saragoça da Matta. “Também a cautela de alguns dos projetos no que respeita à manutenção dos procedimentos reservada às instituições públicas de saúde, se afigura um importante garante da não-construção de “negócios” menos claros à volta desta tão sensível questão. Por tudo isto, porque um ser humano livre só o será se o puder ser até ao fim, sou a favor da despenalização da morte medicamente assistida”, reforça.

Contra

Por sua vez, o advogado Rui Tabarra e Castro, especializado nas áreas de Contencioso e Arbitragem da FCB Sociedade de Advogados, admite que, antes de mais, “convém precisar que aquilo que foi discutido e votado na Assembleia da República não foi a despenalização da eutanásia, mas sim a sua legalização”. E explica: “pode parecer um preciosismo, mas faz toda a diferença. Embora os promotores dos projetos que foram submetidos a votação e a própria comunicação social tenham sempre falado em despenalização, a verdade é que não foi isso que esteve em causa. O que era pretendido com os referidos projetos era que, em determinadas circunstâncias, fosse possível exigir-se ao Estado, em hospitais públicos e através de médicos do Serviço Nacional de Saúde, a eliminação de uma vida humana. Daí estar em causa a legalização da eutanásia e não unicamente a sua despenalização”, defende o advogado.

Antes de mais, e enquanto advogado, fica a perplexidade jurídica. A eliminação da vida de uma pessoa, por mais ponderosos que possam parecer os motivos, constitui, em termos objetivos, um homicídio. No caso, divide-se a doutrina entre o homicídio privilegiado e o homicídio a pedido da vítima. Ora, o artigo 24.º da Constituição da República Portuguesa, o primeiro dos artigos dedicados aos direitos, liberdades e garantias, é inequívoco e não permite interpretações restritivas. A vida humana é inviolável.

Rui Tabarra e Castro

Sócio da FCB Sociedade de Advogados

“Feita a precisão, importa esclarecer que não concordo com a legalização da eutanásia (como também não concordaria com a sua despenalização)”, defende o advogado, explicando que há muitos argumentos contra a eutanásia — jurídicos, éticos, científicos e políticos. “Antes de mais, e enquanto advogado, fica a perplexidade jurídica. A eliminação da vida de uma pessoa, por mais ponderosos que possam parecer os motivos, constitui, em termos objetivos, um homicídio. No caso, divide-se a doutrina entre o homicídio privilegiado e o homicídio a pedido da vítima. Ora, o artigo 24.º da Constituição da República Portuguesa, o primeiro dos artigos dedicados aos direitos, liberdades e garantias, é inequívoco e não permite interpretações restritivas. A vida humana é inviolável”, explica. “Este princípio, estruturante da nossa ordem jurídica, tem subjacente uma etiologia que não pode ser ignorada. O edifício normativo do Estado de Direito assenta no valor absoluto que constitui a dignidade da vida humana. Torna-se, assim, fácil de perceber que, por mais válidos que pudessem ser os motivos que estiveram na base dos quatro projetos, a inconstitucionalidade de qualquer um deles não deixaria de ser suscitada e, na opinião de muitos constitucionalistas – com os quais concordo –, constituiria motivo de chumbo pelo Tribunal Constitucional”.

“Julgo, assim, que antes de se discutir qualquer projeto que vise instituir a eutanásia, deveriam os seus defensores tentar alterar a Constituição, estabelecendo uma exceção ao princípio que prevê que a vida humana é inviolável. Se bem que tenha algumas dúvidas de que tal fosse possível, é importante lembrar que qualquer alteração à Constituição exige, por um lado, a assunção de poderes de revisão e, por outro, uma maioria deliberativa de dois terços, o que talvez ajude a explicar por que motivo esta questão foi praticamente ignorada por aqueles que, na Assembleia, pretendiam aprovar uma lei objetivamente atentatória da inviolabilidade da vida humana por maioria simples”.

Deve ler e ater-se com toda a atenção na posição política manifestada do insuspeito Partido Comunista Português (PCP) sobre a matéria, e compreender, também por aí, que a proibição jurídica da eutanásia não é um imperativo de religião – como se fosse pouco – mas sim e inequivocamente de civilização.

Nuno Pena

Sócio da CMS Rui Pena & Arnaut

Nuno Pena, sócio da CMS Rui Pena & Arnaut, especialista na área do direito civil, comercial, societário e resolução de litígios na área da banca, também se mostrou contra a eutanásia. Em declarações prestadas à Advocatus, o advogado afirma que no ordenamento do Direito, “o direito à vida é inalienável e inviolável. Encontra-se protegido pela Constituição, e no que particularmente respeita à eutanásia, pelos tipos criminais de homicídio privilegiado, de homicídio a pedido da vítima e de incitamento ou auxílio ao suicídio, todos previstos e punidos nos termos do Código Penal. O parlamento nacional reiterou recentemente este entendimento sobre o sentir nacional quanto aos referidos padrões civilizacionais e deliberou não dever abrir caminho a alterações do referido quadro legal. Julgo que esteve muitíssimo bem“, comenta.

Acrescentou ainda, em jeito de nota irónica, que, com efeito, “ainda que eu acredite convictamente que o espírito santo iluminou os nosso deputados, mesmo quem não partilhe esta minha convicção, por não ser católico, por não seguir uma diferente religião, por não ser crente ou nem sequer conservador, deve ler e ater-se com toda a atenção na posição política manifestada do insuspeito Partido Comunista Português (PCP) sobre a matéria, e compreender, também por aí, que a proibição jurídica da eutanásia não é um imperativo de religião – como se fosse pouco — mas sim e inequivocamente de civilização”, remata.

A legislação lá fora: precipitação ou vanguarda?

Na Europa, a eutanásia ou o suicídio assistido foram legalizados em quatro países: Holanda, Bélgica, Suiça e Luxemburgo. Já nos Estados Unidos o suicídio assistido é legal em cinco estados: Oregon, Washington, Vermont, Montana e Califórnia, sendo a eutanásia criminalizada, sem exceção. O Canadá foi o mais recente país a legalizar a prática de eutanásia para doentes terminais, em junho de 2016. Uma pequeníssima amostra, tendo em conta o panorama global. Será a legislação destes países em torno da eutanásia e suicídio assistido vanguardista ou antes precipitada?

Segundo Paulo Saragoça da Matta, a legislação estrangeira a este respeito pode dizer-se que é vanguardista “porque constitui um passo fundamental no reconhecimento do que não pode deixar de ser um direito de cada um de nós, individualmente considerados, num estado de direito democrático assente na dignidade da pessoa. Aliás, os argumentos contra a legalização da morte medicamente assistida em Portugal assenta numa série de falácias e distorções da realidade, como os movimentos “anti-despenalização” mostraram “a outrance” na passada semana, com argumentos como “não matem os velhinhos”, ou com posições totalmente incompreensíveis de um ponto de vista dogmático jurídico por parte de alguns partidos políticos”, defende.

O advogado sublinha, contudo, que a junção das normas de pelo menos dois dos projetos discutidos na passada semana — o do PS e o dos Verdes — tornariam a legislação portuguesa “igualmente vanguardista”, uma vez que ao permitir a legalização da morte assistida “estruturavam mecanismos de segurança (checks and balances) melhores do que os de outros países que já reconheceram este mesmo direito”. Realça ainda que ficava “apenas por regularizar uma parte do problema, que é o da legalização da morte assistida, nos casos das pessoas que não tendo testamento vital, se encontrem impossibilitadas no momento da verificação dos pressupostos médicos, de tomar uma decisão (não pensando os ditos projetos em vias substitutivas de obtenção do tal consentimento livre e esclarecido na impossibilidade do doente terminal em estado vegetativo)”.

Já Rui Tabarra e Castro diz que a questão do “suposto vanguardismo da opção pela eutanásia é outro dos logros que viciou o debate. Ao contrário do que possa pensar-se, a eutanásia não é admitida senão em meia dúzia de países. Quer isto dizer que, depois de décadas a discutir a eutanásia, existem cerca de 190 países que não permitem a eutanásia. Muito recentemente, uma proposta que visava legalizar a eutanásia na Finlândia foi rejeitada por cerca de 70% dos deputados. Na Holanda, um dos primeiros países a legalizá-la, discute-se a forma como a medida que pretendia aplicar-se a casos extremos, muito residuais, acabou por ser uma prática muito mais recorrente do que a inicialmente esperada (mais de 6.000 no último ano), o que levou a que muitos que, no passado, haviam defendido a sua prática, tivessem mudado de opinião quando perceberam as consequências da sua legalização”.

“Mas se rejeito a eutanásia não é por serem muito poucos os países que a admitem”, explica o advogado, “é porque ela relativiza a vida humana e degrada a dignidade da pessoa. Isto não pode ser entendido como progressista. Seria antes um retrocesso civilizacional que, em minha opinião, devemos evitar“, defende.

Eutanásia alteraria apenas o Código Penal?

Todas as quatro propostas, caso vencessem, tinham previstas alterações ao Código Penal, nomeadamente aos artigos 134º — que fala sobre homicídio a pedido da vítima — e 135º — a respeito do incitamento ou ajuda ao suicídio. Em causa estaria legislar a proteção dos médicos que procedam a uma antecipação da morte. O artigo 139.º, acerca da propaganda do suicídio, foi também mencionado pelo PEV: “Não é punido o médico ou enfermeiro que, não incitando nem fazendo propaganda, apenas preste informação, a pedido expresso de outra pessoa, sobre o suicídio medicamente assistido”.

A ex-ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, numa entrevista dada ao DN onde defende a despenalização da eutanásia, também referiu que entende que “é muito importante que a discussão se passe a centrar no direito à boa morte como um direito de facto, mas no âmbito do direito civil, e não como uma questão penal“. A advogada e deputada do PSD considera que “temos estado a discutir esta matéria pelo lado do direito penal, só a mera despenalização, o que no meu ponto de vista é um erro. Não chega. Devíamos estar a discutir o assunto no âmbito dos direito e das liberdades que nos assistem”.

Paulo Saragoça da Matta defende que esta matéria, por definição, “nunca pode ser restrita apenas ao Código Penal, posto que há regulamentação variada que terá de ser introduzida em legislação de outras áreas do direito, como, por exemplo, normas da área do direito médico e da saúde“.

Rui Tabarra e Castro diz que estão em causa princípios constitucionais e estruturantes do Estado de Direito e da ordem jurídica. “Não é só o da inviolabilidade da vida humana. A incapacidade ou, pior, a falta de vontade do Estado em democratizar a rede de cuidados paliativos viola o princípio da proteção da saúde, o que constitui uma inconstitucionalidade por omissão. Considero, assim, que, mesmo que estivesse unicamente em causa a despenalização da eutanásia (que não é o caso dos projetos que foram votados no Parlamento), esta questão não se resumiria a uma alteração do Código Penal“.

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CMVM trava emissão do Sporting. “É um assalto”, diz Bruno de Carvalho

Sobre a decisão da CMVM de travar a emissão de 15 milhões do Sporting, Bruno de Carvalho atribuiu a responsabilidade a Marta Soares e diz que o que se está a passar "é um assalto".

A instabilidade vivida, nos últimos tempos, na SAD do clube leonino levou a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a travar a emissão de 15 milhões de euros, que serviria para dar cumprimento ao serviço de dívida e tesouraria dos verdes e brancos. “Isto que estão a fazer ao Sporting é um assalto”, reagiu Bruno de Carvalho, numa conferência de imprensa transmitida pela Sic Notícias. O presidente dos leões atribui a Jaime Marta Soares a responsabilidade pela decisão da CMVM.

Em declarações aos jornalistas, Bruno de Carvalho reconhece que o atraso na emissão em causa traz problemas ao clube e garante que os culpados “serão responsabilizados”. Questionado sobre se assume ter contribuído para o caos que levou à decisão da CMVM, o responsável rejeita qualquer culpa, uma vez que “nunca pediu a demissão”. Nesse sentido, responsabiliza inteiramente Jaime Marta Soares, presidente demissionário da Mesa da Assembleia Geral leonina.

Ainda sobre esse dirigente, Bruno de Carvalho diz não lhe reconhecer legitimidade para ter marcado uma Assembleia Geral a 23 de junho. “Os sportinguistas estão a sofrer um embuste”, considera o presidente verde e branco, apelando à entrega das assinaturas que Marta Soares diz ter como fundamento para essa convocação.

O presidente do Sporting diz que não se demite.

Pinheiro sai. “Não há perigo de queda”

Esta quarta-feira, o administrador da SAD do Sporting, que há um mês tinha afastado qualquer risco de insolvência do clube verde e branco, Guilherme Pinheiro, anunciou a sua demissão. “Isso não põe em causa nada no Sporting, nem na SAD”, garante Bruno de Carvalho, que sublinha que “não há perigo de queda”.

Segundo o presidente do Sporting, o Conselho Diretivo continua intacto, pelo que a saída de Pinheiro não terá efeitos significativos nos verdes e brancos.

Já sobre a ida de Jorge Jesus para o árabe Al-Hilal, Bruno de Carvalho confirma que a despedida aconteceu com tranquilidade e que ficou marcado “um almoço” com o treinador.

Por último e sobre os apelos a uma ida às urnas, o responsável declara que não tem medo de enfrentar os sócios, mas insiste em salientar que, neste momento, faz parte do único órgão “legitimado” do clube, pelo que só marcará uma assembleia destitutiva quando forem entregues as assinaturas necessárias e os devidos preceitos legais.

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Mexia está limitado na tomada de “medidas defensivas” na OPA chinesa

Regulador diz que António Mexia não está em gestão corrente por causa da OPA à EDP Mas isso não significa que possa adotar livremente "medidas defensivas" contra os chineses. Há limitações.

António Mexia continua com plenos poderes na EDP, mas isso não significa que possa adotar livremente “medidas defensivas” contra a oferta pública de aquisição (OPA) da China Three Gorges sobre a elétrica, esclareceu o regulador do mercado esta quarta-feira. Há que respeitar as competências dos outros órgãos sociais.

Este esclarecimento da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) surge depois da resposta ao requerimento apresentado pela EDP EDP 0,71% relativamente à aplicação ou não da regra de neutralidade à administração por causa da OPA chinesa. Para o regulador, António Mexia e os seus administradores não se encontram em gestão corrente, podendo exercer funções sem limitações.

Apesar disso, a CMVM lembra que “existem outras normas que regulam a conduta do conselho de administração executivo da EDP durante a pendência da OPA”, onde se incluem “deveres de cuidado e lealdade, o que implica, por exemplo, gerir no interesse da sociedade, atendendo aos interesses de longo prazo dos sócios e ponderando os interesses dos outros sujeitos relevantes”.

"O afastamento da restrição prevista no artigo 128.º/1 do Código de Valores Mobiliários não significa nem tem como consequência a atribuição de poderes ao órgão de administração para, em contexto de OPA, adotar quaisquer medidas defensivas que entenda adotar.”

CMVM

E vai mais longe: “O afastamento da restrição prevista no artigo 128.º/1 do Código de Valores Mobiliários não significa nem tem como consequência a atribuição de poderes ao órgão de administração para, em contexto de OPA, adotar quaisquer medidas defensivas que entenda adotar, porquanto persiste, nestas condições, o dever de respeito pelas competência dos demais órgãos sociais, tal como definidas legal e estatutariamente, assim como a vinculação plena dos administradores da sociedade aos deveres de cuidado e de lealdade prescritos, impondo-lhes uma avaliação e fundamentação de todos os atos de gestão que possam comprometer a oferta de acordo com o parâmetro do interesse da sociedade e dos acionistas e responsabilizando-os em conformidade”.

Ou seja, a implementar medidas defensivas, estas teriam sempre de passar pelo crivo dos outros órgãos sociais, com o Conselho Geral e de Supervisão ou a Assembleia Geral.

A China Three Gorges lançou uma oferta sobre a EDP com uma contrapartida de 3,26 euros e o registo da OPA já deu entrada na CMVM na passada sexta-feira. Até ao dia 11 de junho, a administração da elétrica terá de apresentar um relatório sobre a oportunidade e condições da oferta, embora já tivesse referido que o prémio oferecido pelos chineses é baixo e não reflete o valor da empresa.

E importa lembrar o contexto desta OPA: o grupo chinês não gostou de ver António Mexia ensaiar com os espanhóis da Gas Natural uma operação de fusão entre as duas companhias, pelo que decidiu antecipar-se à concorrência e também a eventuais ofertas de interessados na maior utility nacional, como a francesa Engie ou os italianos da Enel

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A manhã num minuto

Não sabe o que se passou durante a manhã? Fizemos um vídeo que reúne as notícias mais relevantes, em apenas um minuto.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) considera não haver estabilidade na SAD do Sporting e, por isso, ainda não aprovou o prospeto da emissão, que foi entregue no final de maio. O chefe do Governo, António Costa, voltou esta quarta-feira a insistir que mais de 45 mil professores vão ter a carreira descongelada este ano e existem outras apostas que necessitam de recursos financeiros.

O Sporting deveria ter arrancado, no dia 28 de maio, com uma emissão de 15 milhões de euros, que serviria para dar cumprimento ao serviço de dívida e tesouraria. Contudo, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ainda não aprovou o prospeto desta operação, uma vez que considera não haver estabilidade na SAD do clube.

O primeiro-ministro defendeu esta quarta-feira que existem outras carreiras na Função Pública e investimentos que estiveram parados durante anos e que precisam de ser descongelados, afastando assim mais uma vez a possibilidade de contar o tempo de serviço passado dos professores para efeitos de progressão na carreira.

O acesso a apoios sociais relacionados com a parentalidade e com as pensões vai passar a ser automatizado, os estrangeiros residentes em Portugal vão ter um “cartão de cidadão” e as faturas vão passar a ser emitidas sem papel. Estas são algumas das medidas que o Governo vai apresentar, esta quarta-feira, no âmbito do Simplex+2018. Uma por uma, conheça-as.

O banco liderado por Paulo Macedo não parece estar para brincadeiras. A CGD lançou um novo ataque na “guerra dos spreads“. O banco público voltou a cortar o spread mínimo que se dispõe a cobrar no crédito à habitação, desta vez para 1,3%. Deixou o BPI para trás e aproximou-se da margem mínima em vigor no BCP, Novo Banco e Santander Totta. O Banco CTT também cortou o seu spread mínimo, mas para 1,2%.

Os motores a gasóleo poluem… e muito. A conclusão é da International Council on Clean Transportation (ICCT), a organização norte-americana sem fins lucrativos que expôs as emissões falseadas da Volkswagen, depois de realizar testes a quase cinco mil modelos a diesel. Nenhum destes novos automóveis conseguiu cumprir com os limites de emissões de gases definidos na União Europeia (UE) em condições reais de condução.

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Altice compra TVI? “Vejo com dificuldade que o negócio possa seguir para a frente”, diz o presidente da Vodafone

Face às circunstâncias, a Vodafone vê "com dificuldade" que a concorrente Altice consiga mesmo comprar a Media Capital, dona da TVI. "A nossa posição é a de que o negócio já acabou", disse Mário Vaz.

O líder da Vodafone em Portugal considera que o negócio da compra da Media Capital pela concorrente Altice já não se vai realizar. Em declarações aos jornalistas esta quinta-feira, Mário Vaz disse ver “com dificuldade” que a compra do maior grupo de media português pelo grupo que detém a Meo “possa seguir para a frente”, depois de o regulador da concorrência ter chumbado a lista dos compromissos assumidos pela Altice e esta ter rejeitado a hipótese de apresentar novas garantias.

Face aos receios de que a incorporação da dona da TVI pela Altice possam distorcer a concorrência nos setores das telecomunicações e media, a empresa viu-se obrigada a apresentar uma série de garantias para mitigar esses riscos. No entanto, a Autoridade da Concorrência (AdC) chumbou a lista de garantias, considerando-os insuficientes. Na sequência disto, a Altice mostrou inflexibilidade para apresentar novas garantias, o que põe em causa a operação, avaliada em 440 milhões de euros.

“Aparentemente a esta data, com os dados conhecidos e com o conhecimento do processo, se a Altice mantiver a sua posição, vejo com dificuldade que o negócio possa seguir para a frente. Mas a questão tem de ser colocada a quem está a fazer o negócio que, pelos vistos, também terá perdido alguma vontade quando disse que não teria abertura para novos remédios”, disse o presidente executivo da Vodafone Portugal, Mário Vaz, em declarações aos jornalistas esta quarta-feira.

“A nossa posição é a de que o negócio já acabou. Já acabou há muito tempo”

A Vodafone tem em curso duas ações na Justiça para tentar travar a compra. Questionado acerca destes processos, Mário Vaz indicou que estão a decorrer dentro da normalidade e dos “prazos judiciais”. Mas ainda não terá havido qualquer desenvolvimento de relevo. Uma dessas ações é uma providência cautelar para suspender o efeito da decisão da AdC caso esta aprove o negócio da compra da Media Capital.

O argumento da Vodafone é o de que o parecer da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), que criticou o negócio mas não conseguiu fechar um sentido de decisão por falta de unanimidade na votação, foi vinculativo e chumbou, de forma efetiva, a operação. Este foi um trâmite anterior à avaliação que está agora a ser feita pela AdC, com a Vodafone a considerar que, tendo em conta o parecer da ERC, o negócio da Altice nem sequer deveria ter seguido de novo para avaliação da AdC.

Foi isso que Mário Vaz reiterou esta quinta-feira. “A nossa posição é a de que o negócio já acabou. Já acabou há muito tempo. Acabou com a decisão da ERC. Essa é a nossa posição e por isso é que depusemos a ação principal e a providência cautelar, porque essa é a nossa visão: já acabou porque a decisão da ERC é mandatória e foi vinculativa. Essa é a nossa leitura. Mas como é a nossa leitura, isso não quer dizer que não haja outras leituras. A AdC tem um entendimento diferente e continua o seu processo”, afirmou o gestor.

Estas declarações foram feitas à margem da apresentação do 5G Hub na sede da Vodafone. A empresa apresentou uma parceria com a Ericsson para acelerar o desenvolvimento e implementação da quinta geração de rede móvel.

Anacom facilitou o acesso às condutas e postes da Meo. Vodafone satisfeita com a decisão

O ECO questionou também Mário Vaz acerca da recente decisão da Anacom, que aprovou um pacote de medidas para facilitar o acesso das operadoras à rede de condutas e postes da Meo, infraestruturas necessárias para garantir a cobertura por parte das operadoras e que vem do tempo em que a PT era uma empresa pública.

Frisando ainda não conhecer a decisão em detalhe, Mário Vaz disse que, “pelas linhas orientadoras”, parece “estar no bom sentido”. “É algo que, há muito tempo, nós nos queixamos. Do ponto de vista dos postes, a regulação existente era uma regulação que não permitia competir de forma justa, transparente e equilibrada no mercado”, indicou.

“Para se ter a noção, cada vez que um cliente nosso precisava de uma extensão associada a um poste onde nós já estávamos com a fibra (mas é a partir do poste que sai a extensão para o cliente) nós tínhamos de fazer marcação prévia [junto da Meo]. O nosso concorrente sabia com antecedência e determinava o momento em que nós iríamos instalar no cliente, o que, naturalmente, lhe dava mais do que tempo suficiente para fazer uma atuação comercial que alterasse a intenção de mudança do cliente”, garantiu Mário Vaz.

E concluiu: “Era algo que estava claramente mal, que estávamos até em litígio com o operador incumbente [Meo] e que há muito pedíamos uma atuação da Anacom nesse sentido. No caso das condutas, também, facilitar é bom.”

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Exposição à dívida e preços das casas deixam banca vulnerável

O Banco de Portugal elogia a redução do malparado. Mas é preciso fazer mais para que evitar um acumular de vulnerabilidades na banca. Além do malparado, há a dívida e os preços das casas.

O Banco de Portugal elogia os esforços dos bancos para reduzirem os níveis de crédito malparado nos balanços. Contudo, este “fardo” ainda pesa na rentabilidade dos bancos e é, por isso, preciso fazer mais. Apesar da evolução positiva, o “fardo” continua a deixar a banca vulnerável, isto além de eventuais choques provocados pela elevada exposição à dívida pública e ao imobiliário.

“O setor bancário registou progressos muito relevantes ao nível da capitalização, da redução dos NPL [malparado] e da eficiência (cost-to-income)”, refere o Banco de Portugal no relatório de estabilidade financeira apresentado esta quarta-feira.

Os esforços de redução dos bancos estão à vista. “Entre dezembro de 2016 e dezembro de 2017, o stock total de NPL reduziu-se em mais de 9,3 mil milhões de euros (20%), refletindo em larga medida o elevado volume de empréstimos abatidos ao ativo, as vendas de NPL e a saída de empréstimos da categoria de NPL.”

"Tendo em vista reduzir as vulnerabilidades do setor, é fundamental que os bancos continuem a cumprir os planos de redução de ativos não produtivos submetidos às autoridades de supervisão, bem como que completem o ajustamento das suas estruturas de custos.”

Banco de Portugal

Mas o regulador diz que é preciso fazer mais de maneira a que os bancos consigam recuperar a sua rentabilidade e, dessa forma, serem capazes de fazer frente a possíveis choques. “Em setembro de 2017, o peso dos NPL líquidos de imparidades no total do ativo em Portugal é próximo do verificado na Irlanda e ligeiramente superior ao observado em Itália.”

“Tendo em vista a redução das vulnerabilidades do setor, é fundamental que os bancos continuem a cumprir os planos de redução de ativos não produtivos submetidos às autoridades de supervisão, bem como que completem o ajustamento das suas estruturas de custos.”

Entre estas vulnerabilidades, o banco liderado por Carlos Costa destaca “os níveis de rendibilidade, apesar de terem aumentado, permanecem baixos; o stock de NPL [malparado] ainda é significativo e a elevada exposição à dívida pública e ao imobiliário tornam o setor particularmente sensível a evoluções desfavoráveis nos preços destes ativos”. A exposição à divida pública dos bancos residentes “representa cerca de 15% do ativo total, da qual 11,6% do ativo total respeitando a títulos de dívida”, de acordo com o relatório.

Contudo, o Banco de Portugal dá especial destaque à evolução dos preços das casas, outro dos riscos. Para o regulador, esta subida, à boleia do turismo e investimento por parte de não residentes, ainda não é preocupante. Mas já há sinais de sobrevalorização. E caso o boom no turismo perca força, há riscos: uma correção no valor dos imóveis pode acabar por pôr em causa a estabilidade do sistema financeiro nacional.

Nesta lista de riscos para a estabilidade financeira, o Banco de Portugal refere ainda a reavaliação significativa e abrupta dos prémios de risco a nível global, eventual prolongamento do ambiente de taxas de juro muito baixas, concorrência com as fintech e transição do setor bancário para o novo quadro regulamentar e institucional europeu.

Mas também a menor restritividade dos critérios de concessão de crédito a particulares, o que já levou o regulador a recomendar aos bancos a imposição de limites a alguns dos critérios usados na avaliação de solvabilidade dos clientes.

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Banco de Portugal alerta para sobrevalorização das casas. A culpa é do turismo, mas banca pode pagar fatura

A subida dos preços das casas, à boleia do turismo, não preocupa por agora o Banco de Portugal, embora haja sinais de sobrevalorização. E se o turismo perder força, há risco para a banca.

Portugal continua a atrair muitos turistas. Cada avião que aterra nos aeroportos portugueses traz dinheiro que ajuda a acelerar a economia, mas também faz subir os preços das casas para máximos atrás de máximos. Uma escalada que ainda não é preocupante, na perspetiva do Banco de Portugal. Contudo, há sinais de sobrevalorização. E caso o boom no turismo perca força, há riscos: uma correção no valor dos imóveis pode acabar por pôr em causa a estabilidade do sistema financeiro nacional.

“Em Portugal, tem-se observado um período continuado de aumento dos preços no mercado imobiliário”, refere o Banco de Portugal no relatório de estabilidade financeira divulgado esta quarta-feira. O regulador dá, assim, conta da evolução dos preços dos imóveis, cujo valor não para de subir, atingindo máximos desde antes do resgate a que o país foi sujeito em 2011.

"Na segunda metade de 2017 começaram a existir sinais de alguma sobrevalorização, ainda que limitada, dos preços do mercado imobiliário residencial em Portugal.”

Banco de Portugal

“Na segunda metade de 2017 começaram a existir sinais de alguma sobrevalorização, ainda que limitada, dos preços do mercado imobiliário residencial em Portugal”, afirma o Banco de Portugal. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, a tendência mantém-se — a avaliação bancária de imóveis chegou a 1.171 euros por metro quadrado em abril, um máximo do verão de 2010. No caso de persistência desta dinâmica, há “riscos para a estabilidade financeira”, alerta.

O Banco de Portugal explica que “não existe evidência que o crédito bancário esteja a ser o determinante primordial do aumento dos preços no mercado imobiliário em Portugal”. De quem é a culpa? É do turismo.

“O forte crescimento dos preços do imobiliário residencial (…) tem sido impulsionado pelo turismo e pelo investimento direto por não residentes, podendo a sua inversão alterar esta dinâmica”, alerta o regulador. Não só há cada vez mais estrangeiros a comprarem casa para viver em Portugal, como há uma crescente aposta por parte de investidores no alojamento local.

Tal como a economia, como alertou o Conselho de Finanças Públicas e o FMI, também a estabilidade financeira está refém da manutenção do bom momento do turismo, isto numa altura em que apesar de o país continuar a registar recordes em termos de receita com quem visita o país, o ritmo de crescimento deste setor começa a dar sinais de abrandamento.

"O forte crescimento dos preços do imobiliário residencial (…) tem sido impulsionado pelo turismo e pelo investimento direto por não residentes, podendo a sua inversão alterar esta dinâmica.”

Banco de Portugal

Uma “quebra de receitas associadas ao turismo e à dinâmica do alojamento local poderá conduzir, numa primeira fase, a dificuldades por parte dos mutuários no cumprimento do serviço da dívida”, não só porque aqueles que dependem diretamente deste negócio perdem fonte de rendimento, como a economia ressentir-se-ia, o que levaria à quebra de rendimento das famílias.

Numa segunda fase, nota Carlos Costa, o abrandamento do turismo levaria “à venda de ativos imobiliários e consequente efeito na correção em baixa dos preços”. E “um decréscimo dos preços do mercado imobiliário iria acarretar a redução do valor do colateral dos empréstimos concedidos pelo setor bancário residente”.

“A relevância de investidores não residentes neste mercado aumenta a sua vulnerabilidade [a da banca] à atuação destes investidores, dado o ajustamento mais célere que os tende a caracterizar. Em particular, uma reversão abrupta e acentuada da procura por parte de investidores internacionais”, alerta Carlos Costa, notando que além da pressão sobre os preços, também “dificultaria a redução dos imóveis e dos NPL [crédito malparado] no balanço”.

Assim, “muito embora os bancos portugueses não estejam a ser os principais dinamizadores deste mercado, um eventual decréscimo acentuado de preços no mercado imobiliário teria efeitos negativos sobre o setor bancário”, nota o regulador que demonstra mais preocupação com a reversão do fenómeno do turismo do que propriamente com a inversão do ciclo de taxas de juro do Banco Central Europeu. “A normalização da política monetária (…) tenderá a ter efeitos bastante mais limitados, já que se espera que ocorra de forma gradual”.

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