Cientistas e robôs, marines e filantropos. Os investidores bizarros da bolsa de Lisboa

Nova onda de euforia na bolsa traz grandes investidores, incluindo alguns bizarros. É o caso do robô que aposta contra a Pharol. Ou dos marines americanos e do fundo que vem do frio do Alaska.

Um fundo do petróleo, filantropos que financiam cientistas, geeks de computadores e robôs: há investidores bizarros na bolsa portuguesa.

Um robô desenhado por cientistas e matemáticos de Oxford analisou milhões e milhões de bites de informação e chegou à conclusão de que seria oportuno apostar na queda das ações da Pharol.

Mas, desde 20 de julho, dia em que a Oxford Fund Management detinha uma posição curta na empresa portuguesa, os títulos seguiram um rumo contrário ao previsto pela máquina, criando um problema de alguns milhares de euros para estes génios resolverem.

A Oxford é apenas um dos investidores menos convencionais que podemos encontrar atualmente na bolsa portuguesa. Há um pouco de tudo. Um fundo soberano que vem do frio do Alaska para investir o dinheiro que obtém dos seus abastados recursos naturais e que distribui dividendos pelos seus habitantes. Uma associação de militares e antigos militares, incluindo os famosos Marines. Ou uma fundação que tem a missão de ajudar a humanidade através do apoio ao conhecimento e que já ajudou a descobrir parte da nossa história genética.

Numa altura em que o PSI-20 volta a aquecer com a presença de grandes investidores, a bolsa tenta acompanhar o ritmo da economia para dar um ar de sua graça e voltar a ser um centro financeiro com alguma relevância. Ainda que alguns acionistas tenham resistido à crise e por cá se mantiveram, como o fundo Asteck da holding do setor petrolífero chamada Heerema, esta nova brisa trouxe novos investidores. Incluindo alguns mais bizarros.

O fundo que ajudou a desvendar 30% do genoma humano

Nem todos os fundos presentes na praça lisboeta procuram rentabilidades com vista ao interesse privado. É o caso do Wellcome Trust Limited. Este fundo detém uma posição importante na Jerónimo Martins. E é com a retalhista portuguesa que conta para continuar a financiar alguns dos projetos promovidos pela fundação de caridade britânica Wellcome.

Esta organização sem fins lucrativos foi fundada ainda no século XIX por Sir Henry Wellcome, um empresário no setor da saúde, colecionador e filantropo. “O nosso financiamento apoia mais de 14 mil pessoas em mais de 70 países. Nos próximos cinco anos, pretendemos investir até cinco mil milhões de libras em pessoas curiosas e apaixonadas em todo o mundo que explorem ideias na ciência, saúde da população, inovação médica, ciências humanas e sociais e envolvimento público”, diz a fundação.

"Nos próximos cinco anos, pretendemos investir até cinco mil milhões de libras em pessoas curiosas e apaixonadas em todo o mundo que explorem ideias na ciência, saúde da população, inovação médica, ciências humanas e sociais e envolvimento público.”

Wellcome

O fundo detém uma carteira de ativos de 20,9 mil milhões de libras, que financia todo o trabalho da fundação. Entre estes ativos estão cinco milhões de ações da retalhista dona do Pingo Doce que valem 85 milhões de euros.

Dos principais feitos da fundação britânica faz parte o mapeamento de 30% do ADN humano na sequência de um projeto de investigação internacional que contou com a colaboração do Wellcome Trust Sanger Institute. Mas os apoios desta organização vão além da ciência.

Nome: Wellcome Trust Limited
País: Reino Unido
Valor da arteira de ativos: 20.900.000.000 libras
Principais investimentos: Setor das tecnologias da informação e setor financeiro

Do vestuário infantil para dar cartas nos CTT

Qual o interesse de uma cadeia de roupa infantil no negócio de distribuição de cartas? A 5 de julho, a espanhola Indumentaria Pueri, que detém a marca de vestuário para crianças Mayoral, reforçou a sua posição para mais de 5% nos CTT, tornando-se num dos principais acionistas da cotada. Através do fundo Wilmington Capital, o grupo espanhol detém ainda uma participação relevante na produtora de pasta de papel Altri, com os interesses no PSI-20 a totalizarem os 80 milhões de euros.

Contactada pelo ECO acerca da presença na bolsa nacional, a Indumentaria Pueri não comenta — o que se percebe dado que Dominguez de Gor, dono da Mayoral, é um dos empresários mais discretos da moda espanhola.

Em Espanha dizem que a Mayoral é uma máquina registadora imparável. E investimentos em bolsa como este nos CTT surgem como consequência da robusta disponibilidade de liquidez e de uma estratégia de diversificação do grupo de Málaga.

Além dos CTT, em Lisboa, tem ainda investimentos noutras praças. Tem 3% da construtora de ferrovias espanhola CAF. Está ainda presente na papeleira Miquel i Costas, no banco e corretora Renta 4, no grupo industrial Azkoyen, na farmacêutica Laboratorios Rovi e na empresa de vestuário Adolfo Domínguez. Tudo junto, este a Indumentaria Pueri gere ativos no valor de 350 milhões de euros.

Nome: Indumentaria Pueri
País: Espanha
Valor da carteira de ativos: 347.750.000 euros
Principais investimentos: CAF, CTT, Altri e Laboratorios Rovi

Os matemáticos e cientistas de Oxford que apostam contra a Pharol

Da cidade universitária de Oxford, no Reino Unido, vem um fundo robô particularmente interessado numa queda das ações da Pharol.

Lançada em 2004, na gestora Oxford Asset Management trabalham apenas geeks da matemática, cientistas de computadores e engenheiros de software. Não é por isso de estranhar que as suas estratégias de investimento se baseiem em modelos computacionais complexos que analisam dados quantitativos e informações dos mercados, cabendo aos robôs a função vital de investimento: a tomada de decisão.

“A maioria das nossas operações são geridas automaticamente pelos nossos algoritmos e software“, diz a Oxford. “A nossa equipa trabalha com as últimas tecnologias para desenvolver estes algoritmos e ferramentas para navegar numa ampla variedade de mercados”, explica.

No últimos meses, o computador encontrou uma oportunidade em Portugal. A 20 de julho a Oxford assumia uma posição curta na Pharol através de mais de cinco milhões de ações, o equivalente a cerca de 0,6% da empresa. Se os modelos apontam para uma queda do preço das ações da cotada portuguesa, até agora isso ainda não aconteceu. O título valoriza pouco mais de 1,5%. E a Oxford arrisca agora uma perda potencial de mais de 35 mil euros. Os computadores são como os humanos: também erram.

"A maioria das nossas operações são geridas automaticamente pelos nossos algoritmos e software. A nossa equipa trabalha com as últimas tecnologias para desenvolver estes algoritmos e ferramentas para navegar numa ampla variedade de mercados.”

OxFord

Nome: Oxford Asset Management
País: Reino Unido
Valor da carteira de ativos: 10.200.000.000 dólares
Principais investimentos: ETF expostos aos mercados emergentes, Embraer, Liberty Media

Oxfam situa-se mesmo ao lado da conhecida Universidade de OxfordPixabay

O fundo do petróleo que chegou sem avisar

Foi em fevereiro de 2007 que o fundo Asteck chegou de rompante à Jerónimo Martins. De uma assentada, ficou com 10% da retalhista portuguesa, tendo deixado o presidente da cotada, Alexandre Soares dos Santos, um pouco embaraçado. “Não sei por que razão comprou a participação. Têm de perguntar ao investidor”, disse na altura.

Uma década depois, aquele fundo detido pela holding holandesa do setor petrolífero ainda por cá se mantinha, mas com uma presença mais tímida. Em 2013, em plena crise da dívida e do mercado de capitais português, a companhia holandesa vendeu uma participação de 5%. Ainda resiste com um interesse avaliado em mais de 350 milhões de euros.

A Heerema é uma empresa que trabalha no setor do petróleo e gás natural. Transporta, instala e remove todo o tipo de infraestruturas de apoio à exploração energética em alto mar. Desde 1948 que trabalha no setor.

Da atividade do fundo Asteck pouco se conhece. Contactada pelo ECO, a Jerónimo Martins não esteve disponível para responder a questões acerca da presença deste fundo no seu capital.

Nome: Asteck
País: Holanda
Valor da carteira de ativos: Desconhecido
Principais investimentos: Jerónimo Martins

Yes, sir! Os marines americanos que tomaram Lisboa de assalto

Não se trata de uma nova incursão militar dos EUA fora de portas. Trata-se antes de um “assalto” ao mercado acionista português por parte de uma associação norte-americana que serve militares no ativo e reformados (Força Aérea, Exército, Guarda Costeira, Marines ou Marinha) e seus familiares.

São vários os serviços que a United Services Automobile Association oferece aos seus membros. Desde seguros, banca, soluções de investimento e de reforma e imobiliário, esta associação não deixa de ter uma presença relevante em Lisboa. No PSI-20, conta investimentos em meia dúzia de cotadas: Altri, CTT, EDP, Galp, Mota-Engil e Semapa. Uma exposição que atualmente vale aproximadamente 19 milhões de euros.

"Conquistámos a confiança dos nossos membros ao oferecer serviços vencedores por muitos anos através de um largo e personalizado conjunto de produtos financeiros, de ferramentas e conselhos.”

United Services Automobiles Association

Mas o leque de fundos de investimento desta associação explora sobretudo o mercado norte-americano (Apple, Facebook, Boeing são exemplos em Wall Street) e outros principais mercados europeus (Nestlé, Bayer, UBS, entre muitos outros títulos) e emergentes (Samsung, Baidu, Alibaba, Sberbank), indo além das ações — mercado monetário, obrigações, matérias-primas.

“Conquistámos a confiança dos nossos membros ao oferecer serviços vencedores por muitos anos através de um largo e personalizado conjunto de produtos financeiros, de ferramentas e conselhos”, sublinha a organização fundada “por militares para militares”.

Nome: United Services Automobile Association
País: EUA
Valor da carteira de ativos: 29.900.000.000 dólares
Principais investimentos: Ações norte-americanas (Apple, Microsoft, Amazon e Facebook)

Do frio do Alaska chegam os minerais e petróleo

“Em 1976, com o pipeline quase completo, os eleitores de Alaska aprovaram uma alteração constitucional para criar um fundo especializado: o Alaska Permanent Fund“.

Assim começou a história deste fundo soberano cujas receitas para investir nos mercados financeiros provêm sobretudo das royalties e licenças com a exploração e extração de minerais e petróleo nas abastadas terras do Estado americano do Alaska.

Com um poder de fogo de 55 mil milhões de dólares, o Alaska Permanent Fund investe sobretudo em obrigações norte-americanas e estrangeiras, ações norte-americanas e estrangeiras, imobiliário e outros produtos alternativos. Apple, Google, Microsoft, Samsung, Facebook… está presente nas maiores empresas mundiais. E, em Portugal, raras são as cotadas do PSI-20 que não figuram na carteira de investimentos deste fundo soberano que é dono dos centros comerciais Alegro em Setúbal e Carnaxide.

Tem ações de 15 empresas nacionais – a exceção são mesmo Pharol, Ibersol, Montepio, Novabase e Sonae Capital –, assumindo uma exposição ao benchmark nacional avaliada em quase 20 milhões de euros. A posição mais valiosa está na petrolífera Galp, onde detém 844 mil ações que valem 12 milhões de euros.

De acordo com o que está estabelecido pela Constituição do Alaska, parte dos rendimentos poderão ser gastos tendo em vista “qualquer fim público”, incluindo as distribuições do Permanent Fund Dividend a todos os residentes considerados elegíveis sob a forma de dividendo.

Nome: Alaska Permanent Fund
País: EUA
Valor da carteira de ativos: 60.784.900.000 dólares
Principais investimentos: Obrigações norte-americanas, ações norte-americanas (Apple, Google, Microsoft, Samsung)

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Resultados aquém do esperado afundam Jerónimo Martins

Lucro da dona do Pingo Doce cresceu menos de 1%, desapontando investidores. Ações registam maior queda em quase três meses.

Jerónimo Martins está a afundar mais de 3% esta quinta-feira na bolsa de Lisboa, isto depois de a retalhista ter apresentado resultados que ficaram aquém do esperado no último trimestre. As ações sofrem a maior queda desde o início do maio.

Com uma queda de 3,45% para 16,77 euros, tratando-se do nível mais baixo dos últimos dois meses, o mercado está a refletir sobretudo as contas que a dona do Pingo Doce apresentou esta quarta-feira. Fechou o primeiro semestre do ano com lucros de 173 milhões de euros, um crescimento de apenas um milhão, ou 0,6%, quando comparado com o período homólogo do ano anterior. Este valor ficou aquém das expectativas dos analistas do CaixaBI, cujas estimativas apontavam para um resultado líquido de 179 milhões de euros.

Alvo de pressão vendedora, mais de 600 mil papéis trocaram de mãos em cerca de duas horas de negociação, um volume que compara com os 750 mil títulos negociados diariamente nos últimos 12 meses.

Jerónimo Martins cai para mínimos de dois meses

Não era só o CaixaBI que esperavam um melhor cenário para a Jerónimo Martins. Também para o BPI Research, “resultados trimestrais ligeiramente abaixo do esperado”.

“Em relação ao EBITDA, as margens ficaram abaixo das nossas estimativas sobretudo devido à Polónia e perdas mais elevadas com os novos negócios. O lucro líquido ficou abaixo das nossas estimativas refletindo também custos não recorrentes em Portugal”, argumentam os analistas do BPI.

E acrescentam: “A Jerónimo Martins tem uma forte operação na Polónia e vamos o crescimento de longo prazo na Colômbia como positivo, mas a avaliação continua esticada. (…) Lucro por ação continua fraco”.

O PSI-20 segue pressionado pela Jerónimo Martins, uma das cotadas com maior preponderância no índice. A bolsa recua 0,18% para 5.260,86 pontos.

"Em relação ao EBITDA, as margens ficaram abaixo das nossas estimativas sobretudo devido à Polónia e perdas mais elevadas com os novos negócios. O lucro líquido ficou abaixo das nossas estimativas refletindo também custos não recorrentes em Portugal.”

BPI Research

Iberian Daily

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Há menos penny stocks na nossa bolsa. E mais ações “caras”

As ações do PSI-20 estão mais caras. Há menos penny stocks portuguesas e cinco títulos apresentam-se com um valor nominal supera os dez euros. E isso é bom e mau ao mesmo tempo.

O que têm em comum Jerónimo Martins, Semapa, Galp, Corticeira Amorim e Ibersol? São empresas que se apresentam na principal montra portuguesa com títulos cotados acima de dez euros. Não há muito tempo o PSI-20 estava carregado com penny stocks. Mas agora o destaque na bolsa são ações com elevado valor nominal. E isso é bom e mau ao mesmo tempo.

Penny stocks são ações cujo valor está abaixo do euro. São ações “baratas” que potenciam a liquidez no mercado. O que é bom para os pequenos investidores. Mas, do outro lado da moeda, estas ações de baixo valor nominal afastam grandes investidores institucionais e cuja ausência em Lisboa se fez sentir em grande medida nos últimos anos de crise económica e financeira no país — e com impacto na delapidação da mercado bolsista nacional. Em casos como o BCP e Banif, a cotação das ações chegaram inclusivamente à quarta casa decimal tão reduzido que era o preço dos seus títulos.

Títulos com um valor nominal mais elevado podem acabar por influenciar o comportamento dos investidores privados“, refere Albino Oliveira, gestor da Patris Investimentos. “A menor proporção de penny stocks no PSI-20 é positiva para o índice, se considerarmos os investidores institucionais que muitas vezes estão constrangidos na sua capacidade de investir nestes títulos”, no caso do investidor privado, uma menor percentagem de penny stocks reduz a oferta de títulos para day-trading“, sublinha a equipa de research do BiG.

As ações mais caras do PSI-20

Fonte: Bloomberg (valores euros)

Esta circunstância tem pesado, na verdade, no volume de negociação em day-trading na bolsa portuguesa. No primeiro trimestre do ano, o volume de ações trocadas no mesmo dia afundou 15,6% no Euronext Lisbon, segundo as estatísticas da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Ações caras?

É o título mais “caro” do PSI-20. A Jerónimo Martins está atualmente a cotar na casa dos 17,7 euros. Ainda assim, de acordo com o Erste Group, pode valorizar ainda mais nos próximos meses: até aos 20 euros.

A dona do Pingo é um dos cinco títulos com valor nominal acima dos dez euros que atualmente coabitam no PSI-20. São títulos que chamam a atenção dos investidores de peso para a bolsa portuguesa e que olham sobretudo para os fundamentais das empresas cotadas para aferir o nível de atratividade de determinada ação. É aqui que entram indicadores como o Price Earnings Ratio (PER) — rácio do lucro por ação — para avaliar se uma ação está barata ou não.

"A menor proporção de penny stocks no PSI-20 é positiva para o índice, se considerarmos os investidores institucionais que muitas vezes estão ‘constrangidos’ na sua capacidade de investir nestes títulos”, no caso do investidor privado, uma menor percentagem de penny stocks reduz a oferta de títulos para day-trading.”

Equipa de research do BiG

Este rácio lucro por ação é uma ferramenta útil que compara o preço de uma ação, permitindo avaliar quantas vezes o dividendo está refletido na cotação. Ou seja, assumindo que o dividendo se manterá ao longo do tempo, o PER indica quantos anos serão precisos para reaver o dinheiro investido nas ações. Assim, um título com o valor de um euro pode ser mais caro do que outro título cotado nos dez euros se a primeira não distribuir sequer dividendos. Tudo depende da capacidade de gerar lucro para quem detém o título, o acionista.

No PSI-20, as ações que apresentam o PER mais baixo pertencem atualmente à Mota Engil (PER de 7,8) e Sonae (9). Por seu turno, EDP Renováveis e Novabase apresentam os PER mais altos, de 124,1 e 34,6, respetivamente. À luz deste indicador, é mais atrativo investir na construtora e na retalhista do que na empresa de energias renováveis e na tecnológica.

Injeção de liquidez

Para cotadas como a Ibersol e Corticeira Amorim, o elevado valor facial do título poderá estar a revelar-se um mais um empecilho para a criação de liquidez no mercado, dado tratar-se de empresas com baixa capitalização bolsista ou reduzida dispersão de ações no mercado. O caso da empresa que gere franchises na área da restauração como o Burguer King ou Pizza Hut é elucidativo: subiu à principal liga da bolsa em meados de março, mas no mês subsequente pouco negociou.

É difícil de perceber se é o preço de cerca de 17 euros que está a travar a atividade bolsista da Ibersol. Se for, mais complicado ficará se a estimativa do Haitong se concretizar: as ações podem chegar aos 19,5 euros devido ao bom momento económico na Península Ibérica, de acordo com uma nota de research publicada a semana passada.

O requisito da liquidez faz parte das regras da Euronext para uma cotada pertencer ao grupo exclusivo do PSI-20. Com isto, a gestora da bolsa pretende criar condições para a formação de um preço justo dos títulos.

Em teoria, um processo de stock split (de divisão do título por mais títulos) poderia ajudar a tornar as duas cotadas mais atrativas. Mas essa não é a opinião nem de Albino Oliveira nem do BiG. “Para aumentar a liquidez dos títulos, as opções resumem-se à emissão de novas ações (ou seja um aumento de capital) ou à venda da participação de um acionista de referência que distribuiria as suas ações pelo mercado“, diz a equipa de research do BiG.

Albino Oliveira lembra que na Corticeira Amorim, a Amorim International Participations e a Investmarnk Holdings venderam no ano passado um bloco correspondente a 10% do capital do grupo, “o que permitiu aumentar o free float e, consequentemente, a sua liquidez”.

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De janeiro a junho foram 10% de distância. E agora PSI-20?

A bolsa nacional registou melhor semestre desde 2015. Avança 10% desde o início do ano. Vai continuar? Os analistas perspetivam desafios para um índice altamente concentrado em cinco cotadas.

De janeiro a junho foram 10% de distância. Ganhos no PSI-20 alavancados sobretudo pelos desempenhos do BCP, Jerónimo Martins e EDP Renováveis. Para o índice de referência nacional foi o melhor semestre desde 2015, coincidindo igualmente com o melhor arranque desde então. O contexto internacional ajudou. Mas podemos ter entrado num ponto de inversão num índice altamente concentrado.

Lisboa teve um primeiro semestre bastante positivo. A bolsa somou 10,1%. Mas as perspetivas para a segunda metade do ano tornaram-se mais incertas com os problemas de comunicação revelados por Mario Draghi na última semana. O presidente do Banco Central Europeu falou em Sintra e poucos perceberam o que realmente disse, mas ficou a certeza no mercado de que o fim dos estímulos dos bancos centrais está aí ao virar da esquina. Há uma nova rotação nos mercados em curso com as expectativas de aperto da política monetária que vai encarecer o acesso ao dinheiro tanto na Zona Euro como no Reino Unido.

Neste cenário, as yields das obrigações sobem, assim como o euro. Na bolsa, perdem as tecnológicas e setores mais sensíveis às taxas de juro como dos bens de consumo, enquanto os bancos surgem em posição mais favorável. Os dados estão lançados.

“O mundo enfrenta incertezas a nível económico, monetário, geopolítico e social para que as bolsas possam continuar a subida sem pausa”, diz Pedro Lino, da Dif Broker. “Após os ganhos verificados nas principais bolsas mundiais com o PSI-20 a acompanhar, é provável que alguns investidores realizem mais-valias”, explica.

De alguma forma esta incerteza já se manifestou durante a última semana, mas isso não foi impeditivo de um semestre em alta para os principais índices. Aqui ao lado, o IBEX-35 avançou mais do que Lisboa, mas o PSI-20 conseguiu distinguir-se positivamente dos benchmarks internacionais Stoxx 600 e do S&P 500.

IBEX-35 fez melhor do que PSI-20 no primeiro semestre

Fonte: Bloomberg (valores em %)

Para a segunda metade do ano, João Queiroz, diretor da banca online do Banco Carregosa, junta-se a Pedro Lino nas perspetivas mais reservadas para a bolsa portuguesa, numa altura em que Portugal pode sair do “lixo” por parte das agências de rating. Ainda assim…

"O mundo enfrenta incertezas a nível económico, monetário, geopolítico e social para que as bolsas possam continuar a subida sem pausa. Após os ganhos verificados nas principais bolsas mundiais com o PSI-20 a acompanhar, é provável que alguns investidores realizem mais-valias.”

Pedro Lino

Dif Broker

“Pode haver margem para mais valorizações no PSI-20, mas seria preciso que a conjuntura fosse favorável. (…) Internamente, o maior desafio é sermos capazes de reduzir a dívida. O risco de Portugal e o juros da dívida teriam muito a beneficiar se o montante da nossa dívida baixasse”, aponta Queiroz. “A política de controlo de custos e gastos do Estado deverá continuar para poder gerar excedentes primários e manter a atual perceção de risco”, acrescenta o responsável.

Desafios concentrados

Além incertezas internas e externas, há outro fator a ter conta quando se olha para o PSI-20: o seu índice de concentração. Mais de 60% do índice está dependente dos humores e amores em relação a apenas cinco cotadas: BCP, EDP, EDP Renováveis, Jerónimo Martins e Galp. Ou seja, qualquer fator específico relacionada com uma delas pode determinar o rumo dos acontecimentos em Lisboa.

Lino concede: “O PSI-20 tem um grau de concentração elevado, com cinco empresas a dominarem o índice. A perspetiva para estas cotadas é de consolidação dos ganhos com correções, com as energéticas a estarem no centro das atenções seja pela desvalorização do preço do petróleo, seja pelo risco reputacional ou legal decorrente da intenção do governo de rever os CMEC”.

O primeiro semestre foi sobretudo amigo para o BCP, Jerónimo Martins e EDP Renováveis. Mas castigou as ações da EDP e Galp.

BCP liderou ganhos em Lisboa

Fonte: Bloomberg (valores em %)

João Queiroz explica que o banco liderado por Nuno Amado vai continuar a ser condicionado pelas taxas de juro em mínimos do BCE, circunstância que mantém o setor “mais dependente da geração de comissões e do desempenho do crédito e financiamento concedido”. Ou seja, malparado.

Para a Galp e Jerónimo Martins também há pontos de interesse. Evolução do preço do barril de petróleo, no caso da petrolífera nacional, “apesar da menor correlação da ação com o preço desta mercadoria”, salienta Queiroz.

Em relação à retalhista dona do Pingo Doce, importará perceber as tendências que vão transformar o setor “dada a maior pressão do online e a necessidade de atrair mais visitantes para o canal tradicional”, frisa o responsável, dando como exemplo da revolução no retalho o fecho de pontos de venda em número recorde nos EUA e a aquisição da Whole Foods Product pela Amazon.

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Lucros da Jerónimo Martins crescem, mas pouco

O grupo de distribuição atingiu lucros de 78 milhões de euros. Já as vendas registaram um crescimento de 9% para 3.679 milhões de euros.

A Jerónimo Martins fechou o primeiro trimestre de 2017 com um resultado líquido de 78 milhões de euros, um crescimento de 0,4% face ao período homólogo do ano passado, anunciou a empresa em comunicado enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Este resultado fica em linha com as perspetivas dos analistas do BPI.

A dona da Pingo Doce e da Biedronka adianta que “excluído o impacto da Monterroio no primeiro trimestre de 2016, os resultados cresceram 4,6%“.

Já as vendas cresceram 9% para os 3.679 milhões de euros. As vendas like for like (LFL), vendas nas lojas que operam sob as mesmas condições nos dois períodos, cresceram 5,8%, com o desempenho de vendas das Biedronka e do Recheio a compensar largamente o impacto negativo do ano bissexto em 2016 e da ausência da Páscoa no primeiro trimestre de 2017.

Biedronka é responsável por 68,7% das vendas

Na Polónia, as vendas da Biedronka terão atingido os 2.527 milhões de euros, um crescimento de 10,8% face a igual período do ano anterior. Já a Hebe atingiu vendas de 36 milhões de euros, um aumento de 33,9%. A Biedronka é responsável por 68,7% do total das vendas da Jerónimo Martins.

A empresa salienta que a boa performance na Polónia se deve ao facto do ambiente se ter mantido favorável, “beneficiando do subsídio que começou a ser atribuído às famílias a partir de abril de 2016 e do aumento do salário mínimo em janeiro de 2017”.

Em Portugal, a atividade também foi penalizada pelo efeito calendário. As vendas totais do Pingo Doce terão crescido 0,8% para 823 milhões de euros, com um LFL (excluindo combustível) de -1,4%.

Já o Recheio registou até março, vendas totais de 201 milhões de euros, mais 7,2% do que em igual período de 2016. As vendas LFL cresceram 5,2%.

A Ara, na Colômbia, onde o grupo Jerónimo Martins fez um forte investimento, nos primeiros três meses do ano, com a abertura de mais 23 lojas, atingiu vendas de 87 milhões de euros, um crescimento de 81,8% face aos três primeiros meses do ano anterior.

O EBITDA (resultados antes de impostos, juros, amortização e depreciação) cifrou-se nos 192 milhões de euros, um crescimento de 4,6%. Este crescimento foi impulsionado pelos negócios estabelecidos — excluindo a Ara e Hebe — que mais do que compensaram as perdas na Ara.

O grupo investiu nos três primeiros meses do ano 101 milhões de euros. Em termos de perspetivas futuras, a Jerónimo Martins adianta que em 2017 deverá investir um total de 700 milhões de euros, e confirma a intenção de abrir mais 100 lojas líquidas Biedronka e a abertura de pelo menos mais 150 lojas na Colômbia.

No final do primeiro trimestre deste ano, o grupo era constituído por um parque de lojas de: 2729 Biedronka, 415 Pingo Doce, 42 Recheio, 244 Ara e 159 Hebe.

Pedro Soares dos Santos, presidente e administrador delegado do grupo, adianta em comunicado que “os números destes primeiros três meses dão-nos confiança de que o rumo estratégico traçado para os nossos negócios nos permitirá continuar a crescer e superar o desempenho dos mercados onde operamos”.

A empresa adianta ainda que “o pagamento do dividendo no valor de 380,2 milhões de euros, terá lugar no segundo trimestre, a 4 de maio”.

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Jerónimo Martins paga dividendo a 4 de maio

  • Lusa
  • 6 Abril 2017

Os acionistas da Jerónimo Martins, reunidos em assembleia-geral anual, aprovaram hoje a distribuição de um dividendo bruto de 60,5 cêntimos por ação. O pagamento será feito a 4 de maio.

Os acionistas da Jerónimo Martins, reunidos em assembleia-geral anual, aprovaram hoje a distribuição de um dividendo bruto de 60,5 cêntimos por ação, excluindo as ações próprias em carteira, divulgou a dona do Pingo Doce.

O pagamento do dividendo ocorrerá no próximo dia 4 de maio de 2017, sendo que as ações passarão a ser transacionadas sem direito ao mesmo dois dias úteis antes dessa data”, refere a Jerónimo Martins, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

As propostas relativas aos pontos de ordem de trabalhos foram aprovadas, o que inclui o relatório de gestão e as contas do exercício do ano passado, bem como a proposta de aplicação de resultados.

No ano passado, a Jerónimo Martins registou um lucro consolidado de 593.218.203,38 euros e um lucro nas contas individuais de 350.645.129,42 euros.

Na reunião foi ainda aprovado um “voto de apreço, reconhecimento e confiança ao Conselho de Administração e a todos e a cada um dos seus membros e, muito em particular, ao seu presidente, bem como à comissão de auditoria e a todos e cada um dos seus membros”, refere a empresa liderada por Pedro Soares dos Santos, no comunicado.

Foi ainda designado o novo Revisor Oficial de Contas até ao final do triénio em curso (2016-2018).

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Jerónimo Martins: CFO deixa a direção executiva por “motivos pessoais”

Javier van Engelen, na empresa desde 2014, abandonou a direção executiva da Jerónimo Martins, avançaram os analistas do Haitong. Ainda não há substituto.

O diretor financeiro da Jerónimo Martins, Javier van Engelen, terá saído da direção executiva do grupo, segundo uma nota enviada por analistas do Haitong que cita informações do site da dona do Pingo Doce. O CFO entrou no grupo em 2014 para substituir Alan Johnson no mesmo cargo.

Ao banco, a retalhista terá indicado que o responsável abandonou a empresa por “motivos pessoais”. Ainda não haverá um nome confirmado para ocupar o lugar que Javier van Engelen deixa agora vazio.

Na perspetiva do Haitong, é algo “neutral” e não deverá causar grandes problemas. “Acreditamos que, numa empresa como a Jerónimo Martins, o papel do CFO é menos crítico que o do CEO [presidente executivo] e do COO [diretor de operações]”, principalmente numa altura em que o grupo apresenta contas sólidas e um bom ritmo operacional, defende o banco.

“Esperamos que a empresa anuncie em breve a substituição de [Javier] van Engelen, e que os riscos de uma alteração no preço das ações sejam limitados”, conclui os analistas do Haitong.

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Quem são os melhores gestores portugueses?

Há gestores portugueses entre os melhores da Europa. Manso Neto (EDP Renováveis) e Carlos Tavares (Peugeot) foram distinguidos pelos analistas e investidores. E entre cotadas portuguesas?

Os prémios da Institutional Investor voltaram a premiar os gestores portugueses em 2017, colocando João Manso Neto (EDP Renováveis/Espanha) e Carlos Tavares (Peugeot/França) entre os melhores CEO de empresas europeias. Também Carlos Gomes da Silva (Galp) obteve a melhor classificação entre empresas com sede em Portugal.

Tanto Manso Neto como Tavares foram considerados pelos analistas, casas de investimento e investidores os terceiros melhores presidentes executivos nos setores das utilities e fabricantes automóveis, respetivamente.

No caso do CEO da EDP Renováveis, Manso Neto apenas foi ultrapassado por Jose Sanchez Galán (Iberdrola/Espanha) e Francesco Starare (Enel/Itália). Quanto ao líder da Peugeot Citröen, Tavares foi terceiro atrás de Jacques Aschenbroich (Valeo/França) e Dieter Zetsche (Daimler/Alemanha).

Já Carlos Gomes da Silva, CEO da petrolífera Galp, foi distinguido pelo mercado como o melhor presidente executivo de uma empresa com sede em Portugal. Gomes da Silva obteve uma melhor classificação do que António Mexia (EDP) e Pedro Soares dos Santos (Jerónimo Martins), que ficaram em segundo e terceiro lugar no ranking da Institutional Investor.

A lista até ao oitavo lugar inclui ainda Miguel Almeida (NOS), Francisco Lacerda (CTT), Diogo da Silveira (Navigator), Rodrigo Costa (REN) e Gonçalo Moura Martins (Mota-Engil).

Entre outras distinções atribuídas a responsáveis portugueses, Nuno Alves, administrador financeiro da EDP, foi considerado o segundo melhor no respetivo setor entre os pares europeus, atrás do seu “homólogo” da Iberdrola, José Sáinz Armada. E Ricardo Mendes Ferreira, da Altri, destacou-se no segundo lugar entre os melhores responsáveis pelas relações com os investidores no setor de papel.

Os prémios de melhores gestores foram atribuídos com base num inquérito a cerca de 2.600 profissionais de investimento, entre analistas e gestores de ativos, e a cerca de 800 empresas de serviços financeiros.

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Ibersol dispara 4% no primeiro dia no PSI-20

Bolsa nacional avançou pela terceira sessão consecutiva, escapando às perdas na Europa. Ajudou a Ibersol e a Jerónimo Martins.

Foi uma primeira sessão em cheio para a Ibersol. A cadeia de restaurantes acelerou mais de 4% no primeiro dia no PSI-20, ajudando a bolsa nacional a conquistar ganhos numa sessão de algum pessimismo na Europa. Também a Novabase avançou na promoção à principal montra acionista portuguesa.

O PSI-20, o principal índice português, subiu 0,38% para 4.631,48 pontos, com 15 das 19 cotadas a encerrar em alta. Destaque para a Ibersol, que na primeira sessão no índice de referência disparou 4,21% para 15,11 euros, e para o peso pesado Jerónimo Martins, cujos títulos ganharam 1,36% para 15,67 euros.

Acompanhando a Ibersol na promoção ao PSI-20, também a Novabase conquistou ganhos. Foram mais modestos, na ordem dos 0,33% para 3,05 euros.

Ibersol com apetite

“O PSI-20 encontra-se agora mais diversificado com a entrada da Ibersol e Novabase, empresas que a partir de hoje terão uma exposição internacional muito mais abrangente”, refere Henrique Romão Dias, gestor da corretora XTB. “Esta é uma boa notícia para o índice nacional, que verá a sua composição alargada por diferentes setores de atividade”, diz ainda.

"O PSI-20 encontra-se agora mais diversificado com a entrada da Ibersol e Novabase, empresas que a partir de hoje terão uma exposição internacional muito mais abrangente. Esta é uma boa notícia para o índice nacional, que verá a sua composição alargada por diferentes setores de atividade.”

Henrique Romão Dias

Gestor da XTB

O melhor desempenho em Lisboa acabou, ainda assim, por pertencer à Sonae Capital. As ações da empresa liderada por Cláudia Azevedo somaram 4,23% para 0,76 euros.

Do lado negativo, a queda de 0,7% da Galp acabou por impedir maiores ganhos no mercado nacional, com a petrolífera nacional a ser condicionada pela desvalorização do barril de petróleo.

Lá por fora, um dia acabou por ser de alguma pressão vendedora. É certo que as perdas não foram muito intensas, entre os 0,3% de Madrid, Paris e Frankfurt e os 0,5% de Milão.

(notícia em atualizada às 17h05)

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Lisboa cede pela quinta sessão em dia de Draghi

Dia começou sem grandes oscilações de relevo nas bolsas europeias. Em Lisboa, a tendência é de baixa nos primeiros minutos. Tudo à espera da reunião do Banco Central Europeu ao início da tarde.

Lisboa apresenta-se novamente em baixa pela quinta sessão consecutiva, pressionada sobretudo pelas ações da Galp e da Jerónimo Martins, num dia em que os investidores na Europa vão centrar atenções na reunião do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE).

O PSI-20, o principal índice português, perde 0,21% para 4.620,31 pontos, naquela que é a quinta sessão de quedas consecutiva, igualando o ciclo mais longo de quedas desde janeiro. São oito as cotadas que seguem abaixo da linha de água no arranque da sessão lisboeta, com nota para as baixas da Galp (-0,83%) e Jerónimo Martins (-1,04%).

Em destaque durante a sessão vão estar ainda os CTT. As ações avançavam ligeiros 0,11% para os cinco euros. A cotada liderada por Francisco Lacerda apresenta esta quinta-feira contas ao mercado. Os analistas sondados pela Bloomberg apontam para lucros na ordem dos 68 milhões de euros em 2016, uma queda de 5% face ao ano de 2015. Segundo os analistas do CaixaBI, os resultados que os CTT têm para apresentar devem ser “negativos, embora o mercado já tenha antecipado esta realidade após o profit warning que os CTT apresentaram em janeiro”.

Também as ações da Sonae valorizavam 0,97% depois do anúncio de fusão da sua SportZone com duas retalhistas inglesas que vai criar o segundo maior player da Península Ibérica.

Para os analistas do Haitong, o acordo é “muito positivo” para a Sonae. Além de potenciar os lucros da retalhista, a Sonae troca um negócio com uma avaliação negativa por 30% numa operação que poderá valer 450 milhões de euros”, mostrando que a administração da cotada portuguesa está “disposta a adotar ações mais decisivas para dar a volta aos resultados do negócio não-alimentar”.

Sonae avança com fusão da SportZone

Isto acontece num dia de particular interesse para os investidores europeus do ponto de vista da política monetária do BCE. Há reunião do Conselho de Governadores para decidir a evolução da taxa de juros — uma decisão que será revelada ao início da tarde e que não deverá trazer novidades –, seguindo-se uma conferência de Mario Draghi com os jornalistas.

“Fim dos estímulos?”, questionam os analistas do Commerzbank numa nota enviada aos seus clientes. “O entusiasmo está garantido na reunião de hoje do BCE com o mercado a especular sobre uma subida antecipada dos juros”, referiram.

Neste cenário, o índice de Madrid, o IBEX-35, era dos poucos que valorizava esta manhã, avançando 0,2%. Mas as perdas nas restantes principais praças europeias não eram muito intensas, com o DAX-30 alemão a ceder 0,18% e o CAC-40 francês a cair 0,26%.

(Notícia atualizada às 8h31)

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Preço do azeite vai subir em Portugal

  • ECO
  • 6 Março 2017

O azeite vai encarecer em Portugal devido à baixa produção de azeitona no ano passado. Produtores nacionais estão "inquietos" relativamente à alteração dos preços de azeite na origem.

Em 2016, a produção de azeitona nacional para azeite caiu perto de 30%, segundo os dados divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). No total, foram produzidas apenas cerca de 491 mil toneladas em todo o território nacional, embora o INE avance que é azeite “de boa qualidade”. A redução no total da produção deveu-se essencialmente a “condições climatéricas adversas” e à “alternância anual de produção dos olivais tradicionais”, esclareceu uma fonte do INE à agência Lusa.

Mas a situação não é exclusiva de Portugal. Em 2016, as condições adversas também afetaram as produções de países como a Tunísia, Grécia ou Itália.

Ao ECO, Mariana Matos, secretária geral da Casa do Azeite, que representa cerca de 90% do volume de azeite embalado comercializado em Portugal e exportado para vários países, defendeu que “uma vez que os stocks mundiais de azeite também se encontram em níveis relativamente baixos, a menor produção na campanha 2016/2017 deverá significar uma manutenção dos preços a níveis mais elevados, e até, provavelmente, um aumento dos preços de azeite nos meses de verão“.

O aumento do preço na origem (na matéria prima) terá de levar, mais tarde ou mais cedo, ao consequente aumento dos preços ao nível do consumidor final.

Mariana Matos

Secretária-geral da Casa do Azeite

A responsável revelou ainda que várias empresas associadas à Casa do Azeite se mostraram inquietas relativamente à alteração dos preços de azeite na origem, porque “esse aumento do preço do azeite para o consumidor final” significa também, normalmente, “uma retração do consumo de azeite que não é desejável de todo”. Mariana Matos esclareceu que é sobretudo nos mercados de exportação, que têm uma menor tradição de consumo de azeite, que um aumento muito significativo do preço do produto tem mais possibilidade de levar “à sua rápida substituição por outras gorduras alimentares líquidas”, como os óleos vegetais, as margarinas ou manteigas. Assim, a situação ideal seria a de uma estabilidade de preços na origem “que permitisse também uma estabilidade dos preços para o consumidor final”, afirmou Mariana Matos.

Um golpe duro para o Alentejo

A região do Alentejo, sozinha, é responsável por “70 a 80%” da produção nacional de azeite, segundo Henrique Herculano, do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo. A região detém quase 170 mil dos 315.340 hectares do país inteiro. Henrique Herculano esclareceu que a produção do ano passado foi prejudicada “pelas chuvas de maio, que afetaram a floração das árvores” e pelos “calores tardios, sobretudo em setembro, que diminuíram o rendimento da azeitona”, e alertou ainda que a “esmagadora maioria do azeite” que os portugueses estão a comprar agora “ainda não deve ser desta campanha”. “Lá para maio ou junho já é capaz de haver uma subida do preço, a não ser que haja a importação de azeites do norte de África”.

Também Paulo Velhinho, diretor executivo da Cooperativa de Olivicultores de Borba, que conta com cerca de 600 associados e é uma das principais da região alentejana, falou com a agência Lusa e afirmou que a produção conseguida em 2016 teve “uma quebra de cerca de 40% em relação a anos normais”, e como a azeitona foi paga a um preço “mais elevado”, “os sócios da cooperativa apanharam mais azeitona e não a deixaram nas oliveiras“, acrescentou.

“O preço da azeitona na campanha de 2015 foi, em média, entre 36 e 38 cêntimos por quilo“, enquanto, na última campanha, “a média foi de 48 cêntimos por quilo, embora tenha havido azeitona galega que chegou a render 55 cêntimos por quilo“, disse Paulo Velhinho à Lusa.

Em Trás-os-Montes são os produtores quem mais sofre

A seguir ao Alentejo, Trás-os-Montes e Alto Douro é a segunda maior região produtora de azeite em Portugal, e em 2016 as quebras na produção rondaram os 20%. O azeite é a produção agrícola com o segundo maior peso para a economia transmontana, a seguir ao vinho, e movimenta por ano um valor bruto de 30 milhões de euros, numa produção média anual de azeite que ronda as 80 a 90 mil toneladas, produzidas em mais de uma centena de lagares. Mas em 2016, tendo em conta a baixa na produção, as consequências foram muito negativas, principalmente para os produtores.

À Lusa, o presidente da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro, António Branco, disse que “sofre sempre o produtor” quando há uma diminuição da produção associada ao aumento do preço do azeite. Defendeu ainda que o acréscimo nos preços não compensa o trabalho tido na produção, que é sempre o mesmo independentemente do resultado, e classificou 2016 como um ano “muito confuso” na região nortenha, em especial tendo em conta o volume de venda da azeitona para fora, nomeadamente para Espanha. “É azeite bom que vai ser feito com a nossa azeitona fora da região”, acrescentando que a consequência será “menos azeite” com a marca regional, o que considerou “péssimo” para o azeite regional certificado. Defendeu ainda que o setor do azeite não devia depender das oscilações de mercado, mas ter “um preço estabilizado”.

Como estão a reagir os comerciantes

À Lusa, Pedro Soares dos Santos, presidente da Jerónimo Martins, a detentora da marca Pingo Doce, afirmou que uma vez que “o preço (do azeite) vai subir”, isso levará “automaticamente” a que “o consumidor vai procurar outras gorduras”. Mas considera que “não é nada de preocupante” porque “não vai haver falta de nada”.

Já para o Lidl Portugal, os maus resultados da produção de azeitona conseguidos em 2016 não são preocupantes, isto porque “tendo em atenção os ‘stocks’ de azeite existentes no final de 2016, e apesar de alguma quebra na produção verificada na campanha do ano anterior, não são esperadas grandes oscilações nos preços de azeite para o corrente ano”.

Já para os hipermercados Continente, do grupo Sonae, que não são produtores ou transformadores de azeitona, as questões da baixa na produção e aumento dos preços “deverão ser remetidas para os organismos que regem essa atividade como, por exemplo, a Casa do Azeite“, concluiu fonte da cadeia de hipermercados.

A Lusa também tentou entrar em contacto com o grupo Auchan (detentor dos hipermercados Jumbo) e o grupo Os Mosqueteiros, mas não obteve resposta.

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Cotadas mais generosas. Vão dar dois terços dos lucros aos acionistas

Lucros subiram, mas dividendos vão crescer mais. As cotadas nacionais vão ser mais generosas com os acionistas. Por cada três euros de lucro, dois vão para o bolso dos investidores.

As cotadas nacionais vão ser mais generosas este ano. Apesar do modesto crescimento dos resultados que deverá apresentar, a maioria das empresas prepara-se para aumentar os dividendos. Contas feitas, por cada três euros de lucro obtido no ano passado, dois euros deverão ir para o bolso dos acionistas. Em alguns casos, até vão pagar mais do que lucraram no ano passado.

Com a época dos dividendos à porta, muitos investidores começam a centrar atenções nas cotadas com políticas de remuneração mais atrativas. E 2017 deverá ser bastante generoso com eles. O bolo dos dividendos deverá crescer mais de 25% para um total de 2,15 mil milhões de euros face ao ano anterior. Isto apesar de os lucros das cotadas que pagam dividendos crescerem uns tímidos 4% para 3,07 mil milhões de euros. Ou seja, 70% dos resultados vão parar às mãos dos acionistas, segundo as estimativas dos analistas, um valor que compara com os 57% de payout observado no ano passado.

“Apesar do rácio de payout (dividendos/lucros) se manter a níveis relativamente elevados, observou-se um esforço relativamente bem-sucedido de desalavancagem da generalidade das empresas do índice português, o que se constata (por exemplo) na redução do rácio dívida líquida sobre o EBITDA de 3,23 vezes em 2010 para 2,57 vezes no final de 2015″, refere a equipa de research do BiG.

A temporada de resultados no PSI-20 ainda vai a meio. Até ao momento, as contas até têm sido francamente positivas. Das oito que já foram a exame, seis bateram as previsões do mercado. Entre elas destacam-se EDP e Galp. A elétrica aumentou o lucro de forma tímida e a petrolífera ganhou menos no ano passado, mas isso não impediu de manter uma remuneração sob a forma de dividendos em linha com o compromisso com os acionistas. Juntas representam mais de metade do bolo de dividendos: mais de mil milhões.

A EDP anunciou ontem um lucro de mais de 960 milhões de euros, batendo as previsões dos analistas. Com isso, vai propor uma subida do dividendo para os 19 cêntimos por ação, prevendo distribuir cerca de 700 milhões de euros. No caso da Galp, a queda de 24% do resultado líquido para 483 milhões de euros não influenciou a política da gestão de Carlos Gomes da Silva, que até aumentou o dividendo dos 40 cêntimos para os 50 cêntimos. Vai entregar aos acionistas 86% dos lucros, um total de cerca de 415 milhões de euros. Dos quais 140 milhões irão para o bolso de Américo Amorim e dos angolanos Isabel dos Santos e Sonangol.

Dividendos superam os dois mil milhões

Fonte: Bloomberg

Entre as que contam mais para o bolo no PSI-20 estão ainda Jerónimo Martins, Navigator e Nos. A retalhista nacional vai atribuir aos acionistas uma parcela de 64% dos seus lucros, 0,605 euros por ação, depois de um ano em que o resultado líquido de 593 milhões de euros foi amplamente beneficiado com a venda da Monterroio à família Soares dos Santos. Já a produtora de pasta de papel obteve um lucro de 217,5 milhões de euros e o CEO Diogo da Silveira anunciou aos investidores que o dividendo deste ano será superior ao do ano passado. Os analistas apontam para um dividendo de 0,23 euros por título.

Quanto à Nos, com os lucros de 90,4 milhões de euros, o dividendo subiu para os 20 cêntimos. Ou seja, a empresa liderada por Miguel Almeida vai fazer um esforço adicional para remunerar os seus acionistas: serão mais de 100 milhões de euros colocados à disposição dos investidores sob a forma de dividendos, um payout acima de 100%.

EDP e Galp dominam dividendo

Fonte: Bloomberg

As contas tiveram por base 14 cotadas do PSI-20. Foram excluídos da análise os bancos BPI e BCP e ainda a Caixa Económica Montepio, pela razão de que não vão pagar dividendos. E ainda a Pharol devido à falta de cobertura dos analistas, apesar do dividendo de três cêntimos que a antiga PT SGPS pagou no ano passado.

Empresas pagam sem lucro

Depois de vender terrenos a Sandra Ortega, filha do dono da Zara, por 50 milhões de euros, a Sonae Capital viu os lucros multiplicarem-se para os 17,6 milhões de euros em 2016. Ainda assim, a cotada liderada por Cláudia Azevedo vai dar aos acionistas mais do que isso. Propõe um dividendo de 10 cêntimos, um total de 25 milhões de euros, representando 142% dos lucros.

Esta política não é propriamente novidade na Sonae Capital, já que no exercício anterior, pagou um dividendo de seis cêntimos, apesar dos prejuízos na ordem dos 300 mil euros. E também não deverá ser novidade no PSI-20. A Nos vai fazer. Os CTT também deverão.

Os analistas antecipam um dividendo de 0,48 cêntimos, um aumento de um cêntimo face ao ano anterior. A cotada liderada por Francisco Lacerda deverá por nas mãos dos acionistas um montante superior aos lucros de 65 milhões de euros que terá registado em 2016. Tendo em conta que é a ação mais penalizada este ano — cai mais de 20% em 2017 –, a questão do dividendo poderá (ou não) mudar o rumo dos acontecimentos nos CTT.

De resto, os CTT deverão ser um dos pontos de atenção para os investidores. O BiG espera que, “apesar do estágio desafiante em que se encontra a atividade do Banco CTT, deverá continuar a reforçar o valor do dividendo com base na elevada proporção do cash em balanço (cerca de 47,5% dos ativos totais)”.

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