Apenas dez pessoas chegaram para distribuir vacinas aos maiores hospitais de Lisboa

Rangel Pharma é um dos parceiros do Governo na primeira fase de vacinação. No sábado as vacinas chegaram a três hospitais em Lisboa através de um veículo de temperatura controlada.

A Rangel Pharma, unidade do grupo Rangel Logistics Solutions que transporta e armazena medicamentos, foi uma das empresas selecionadas pelo Governo para transportar as vacinas de Covid-19 nesta primeira fase de vacinação. No decorrer da operação estiveram dez pessoas envolvidas, contou ao ECO, Nuno Rangel, presidente executivo do grupo.

“Tivemos dez pessoas envolvidas na sua totalidade durante o decorrer da operação”, afirmou Nuno Rangel, garantindo que não foi necessário contratar mais ninguém para esta operação.

Foi através da Rangel que as vacinas chegaram, sábado, a três hospitais em Lisboa, transportadas num veículo de temperatura controlada. No sábado “só foi necessário utilizar um veículo. Na passada segunda-feira já tivemos dois veículos a fazer entregas”, explicou o CEO da Rangel.

Estes veículos são “específicos para o transporte de medicamentos”, fazem parte da frota da empresa e têm “controlo interior de temperatura, que neste caso oscila entre 15 e 25 graus” negativos, mas também pode ser de “frio positivo de dois a oito graus”. Além do mais, os veículos são rastreados com GPS para se acompanhar a sua deslocação mas também controlar a temperatura dos mesmos.

Questionado quanto às restantes vacinas que aguardam aprovação, como por exemplo a da Moderna, Nuno Rangel explicou que são parceiros do Governo nesta primeira fase, mas estão “disponíveis e com capacidade de resposta às solicitações de logística que forem necessárias”. Até porque, segundo o CEO, “o processo de transporte [das outras vacinas] poderá ser igual”, uma vez que os “equipamentos e embalagens permitem o controlo de temperatura com diversas amplitudes”.

A Rangel está-se a preparar para a vacinação “desde que o tema ‘vacina’ surgiu como solução para a Covid-19”, explicou, mas reconheceu que o maior desafio para esta fase é a “imprevisibilidade”.

A pandemia trouxe mais procura e mais investimento

A Rangel está envolvida na luta contra a Covid-19 não só ao nível da distribuição de vacinas, mas logo no início da pandemia em Portugal. “De imediato houve uma procura enorme por alguns medicamentos e produtos de saúde, o que representou uma duplicação no número de unidades expedidas e nos obrigou a reforçar e a implementar planos para reagir ao aumento da procura”, afirmou o responsável.

Segundo Nuno Rangel, “a procura de todo tipo de medicamentos aumentou nas primeiras semanas da pandemia” pois “as pessoas recearam a falta de medicamentos, e acorreram em grande escala às farmácias para terem stocks de medicamentos em casa”.

Adicionalmente fizeram diversos transportes de carga aérea, com “ventiladores, máscaras, e todo o tipo de material de proteção individual”, para Portugal. Já no país “houve a necessidade de rececionar, triar, montar kits de vários equipamentos e distribuir pelos vários armazéns e hospitais do país”.

Para o futuro vão “investir 12 milhões de euros na operação logística” na Rangel Pharma “com o objetivo de quase duplicar a capacidade de armazenagem e criar mais 130 postos de trabalho até 2025”.

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Governo puxa “travão de emergência” para o Ano Novo. Veja as regras

Depois do "alívio" no Natal, o Governo puxou o "travão de emergência", com medidas mais gravosas no Ano Novo. Volta a proibição de circulação entre concelhos e o recolher é às 23h no dia 31.

Se o Natal pôde ser passado em família, o Ano Novo chega com regras apertadas para evitar a propagação do novo coronavírus, procurando evitar uma potencial terceira vaga da pandemia. O Governo puxou o “travão de emergência”, proibindo a circulação entre concelhos e decidiu que os portugueses terão de estar em casa até às 23 horas na noite de passagem de ano. Festas abertas ao público estão também proibidas e os restaurantes têm regras específicas.

Ainda antes do anúncio das medidas, o primeiro-ministro tinha avisado que o Natal seria com o “mínimo de regras”, mas Ano Novo teria “todas as restrições”. E foi isso que fez. “Sempre disse que puxaria o travão de mão se fosse necessário. Felizmente, não é necessário puxar o travão de mão no Natal, na confiança que tenho de que todas as famílias farão um esforço para se organizarem, mas o travão teve de ser puxado para a passagem de ano e achamos que é o equilíbrio certo”, justificou António Costa.

Deste modo, e ao contrário do que aconteceu no Natal, fica proibida a circulação entre concelhos “entre as 00h00 do dia 31 de dezembro de 2020 e as 05h00 do dia 4 de janeiro de 2021”, salvo as exceções previstas no “artigo 11.º do Decreto n.º 9/2020, de 21 de novembro” com as devidas adaptações, lê-se no decreto-lei publicado em Diário da República.

Neste contexto, esta medida aplica-se a todos os cidadãos, exceto nos casos excecionais previstos na lei, como é o caso de profissionais de saúde, forças de segurança ou outros trabalhadores que estejam munidos de uma justificação da entidade empregadora.

Ponto por ponto, estas são as exceções previstas na legislação:

  • Em termos gerais, os cidadãos “não podem circular para fora do concelho de residência habitual” durante este período, “salvo por motivos de saúde ou por outros motivos de urgência imperiosa”. Esta restrição não impede, contudo, a circulação “entre as parcelas dos concelhos em que haja continuidade territorial”.
  • A medida exclui ainda “profissionais de saúde e outros trabalhadores de instituições de saúde e de apoio social”, bem como “agentes de proteção civil”, “forças e serviços de segurança, militares, militarizados e pessoal civil das Forças Armadas” e “inspetores da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica” (ASAE), assim como “titulares dos órgãos de soberania, dirigentes dos parceiros sociais e dos partidos políticos representados” na Assembleia da República.
  • Também no plano político, ficam à margem destas restrições “pessoal das missões diplomáticas, consulares e das organizações internacionais localizadas em Portugal”, desde que as deslocações estejam “relacionadas com o desempenho de funções oficiais”.
  • Também os representantes de entidades religiosas estão excluídos destas restrições, mas devem circular munidos de “uma credenciação pelos órgãos competentes da respetiva igreja ou comunidade religiosa”.
  • As deslocações “para efeitos de atividades profissionais ou equiparadas” são permitidas, mas os trabalhadores devem estar “munidos de uma declaração da entidade empregadora” ou emitida “pelo próprio, no caso dos trabalhadores independentes, empresários em nome individual ou membros de órgão estatutário”, como forma de justificação. Caso a deslocação se realize entre concelhos limítrofes ao da residência habitual ou na mesma Área Metropolitana”, basta que os trabalhadores assinem uma declaração “sob compromisso de honra”. Também os trabalhadores do setor agrícola, pecuário e das pescas podem apresentar o “compromisso de honra”.
  • Embora as aulas tenham terminado, estas restrições abrangem um dia útil e portanto há exceções para as deslocações a escolas ou creches. Por isso, são permitidas deslocações “de menores e dos seus acompanhantes” para fora do concelho de residência para se dirigirem a “estabelecimentos escolares, creches e atividades de tempos livres”.
  • Estão ainda autorizadas as deslocações de “utentes e seus acompanhantes para Centros de Atividades Ocupacionais e Centros de Dia”. Além disso, são permitidas deslocações para realizar a inspeção ao carro, bem como “para participação em atos processuais junto das entidades judiciárias ou em atos da competência de notários, advogados, solicitadores, conservadores e oficiais de registo”. Os cidadãos podem ainda deslocar-se para atendimento aos serviços públicos, “desde que munidos de um comprovativo do respetivo agendamento”.
  • São ainda autorizadas deslocações “por outras razões familiares imperativas”, como a “partilha de responsabilidades parentais, conforme determinada por acordo entre os titulares das mesmas ou pelo tribunal competente”.
  • Quanto ao turismo, são permitidas “deslocações necessárias para saída de território nacional continental”, bem como “deslocações de cidadãos não residentes para locais de permanência comprovada”. Estão ainda salvaguardadas todas as deslocações de regresso ao domicílio.
  • Por fim, o Governo determinou que os veículos particulares “podem circular na via pública” desde que seja para “realizar as atividades mencionadas” anteriormente, bem como para “reabastecimento em postos de combustível no âmbito das deslocações referidas”.

Além disso, a circulação na via pública está proibida a partir das 23h na noite de passagem de ano, isto é, dia 31 de dezembro. Ou seja, será imposta a hora normal do recolher obrigatório que está em vigor nos concelhos de risco “elevado”, “muito elevado” e “extremo,” mas desta vez para todo o país. Ao passo que, nos dias 1, 2 e 3 de janeiro, o recolher obrigatório é às 13h00. De salientar que estas regras, tal como a proibição de circulação entre concelhos, vigoram em todo o território continental, salvo também algumas exceções previstas na lei, muitas delas semelhantes às aplicadas na proibição de circulação entre concelhos.

Haverá ainda horários específicos para o setor da restauração. Assim, no dia 31 de dezembro, os “estabelecimentos de restauração e similares” só podem funcionar até às 22h30, o que não permite que as pessoas possam celebrar a entrada em 2021 nestes espaços. Ao mesmo tempo, as “atividades de comércio a retalho e de prestação de serviços” só podem funcionar das 08h00 às 13h00, no dia 1, 2 e 3 de janeiro.

Nestes dias de celebração, este ano não haverá grandes festas para evitar a propagação do vírus, pelo que estão proibidas as festas públicas ou abertas ao público “de cariz não religioso”. Além disso, ficam “proibidos ajuntamentos na via publica para mais de seis pessoas”, disse o primeiro-ministro, após o Conselho de Ministros, aquando do anúncio das medidas.

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Hoje é o último dia para ex-precários do Estado se inscreverem na ADSE

Desde que o período extraordinário de inscrições arrancou, em julho, já se inscreveram na ADSE pelo menos 2.100 antigos precários do Estado.

Termina esta quinta-feira o prazo para os trabalhadores que tenham constituído novo vínculo de emprego público no âmbito do PREVPAP se inscreverem na ADSE. O período extraordinário para a regularização de inscrições no subsistema de saúde dos funcionários públicos arrancou a 8 de julho.

Desde que este período extraordinário abriu, há cerca de cinco meses, já se inscreveram no subsistema de saúde dos funcionários públicos pelo menos 2.100 antigos precários do Estado, que viram a situação regularizada, de acordo com os últimos dados disponíveis.

O prazo de inscrição no subsistema de saúde de até seis meses após o início da relação laboral com o Estado bloqueava o acesso a alguns destes funcionários, situação para a qual o CGS já tinha alertado. Para resolver esta questão, a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública anunciou, em julho, a abertura deste período excecional.

Esta medida terá um impacto “positivo” para a sustentabilidade da ADSE, vindo também “rejuvenescer” e diminuir a média de idades da base de beneficiários, defendeu, na altura em que foi anunciado o período extraordinário, o presidente do Conselho Geral e de Supervisão (CGS) do subsistema de saúde.

Entretanto, foi também aprovado em Conselho de Ministros o alargamento da ADSE aos trabalhadores do Estado com contrato individual de trabalho. Este universo abrange cerca de 100 mil trabalhadores, aos quais se somam também aproximadamente 60 mil possíveis beneficiários não titulares, segundo adiantou Alexandra Leitão.

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Pestana aliena gestora da Zona Franca à Madeira por 5 milhões. Mas diz que “não tinha interesse nenhum” em vender

O grupo Pestana está prestes a vender a posição na gestora da Zona Franca ao Governo Regional por 5 milhões de euros. Porém, o CEO diz ao ECO que a empresa "não tinha interesse nenhum em vender".

É um negócio azedo para o grupo Pestana. A cadeia hoteleira geria a Zona Franca da Madeira (ZFM) praticamente desde o início deste regime fiscal favorável através da Sociedade de Desenvolvimento da Madeira (SDM), mas vai vender a sua posição maioritária ao Governo Regional. “Não tinha interesse nenhum em vender a posição”, confessa o CEO do Grupo Pestana, José Theotónio, ao ECO. Esta é uma venda que acontece no seguimento de um processo de infração aberto pela Comissão Europeia devido a dúvidas sobre a concessão.

A ligação da venda a estas preocupações é confirmada pelo CEO da cadeia hoteleira: “Há questões que têm a ver com a União Europeia, que veio questionar a adjudicação que tinha sido feita à antiga concessionária”, refere, assumindo que o grupo “percebeu isso e decidiu vender”. “Mas não tínhamos interesse nenhum”, repete, referindo que o valor da venda representa uma “subavaliação face ao trabalho que foi feito” nestes anos. “O Governo vai, no fundo, comprar uma coisa e adquirir todo o know-how que foi o desenvolvimento daquela zona”, diz.

Ainda esta semana o vice-presidente do Governo Regional da Madeira, Pedro Calado, confirmou em declarações aos jornalistas que o negócio ia ser concluído até ao final do ano. A 15 de dezembro, o social-democrata anunciou no Diário de Notícias da Madeira que o negócio seria fechado no máximo por cinco milhões de euros, com base na exploração de mais quatro anos da ZFM (e não dos sete que restam do atual regime), para a aquisição de 51,14% do capital da SDM. Os restantes 48,86% do capital já pertencem ao Governo Regional.

Paulo Padra, administrador do grupo Pestana e presidente da SDM, confirmou ao ECO que o negócio está “em vias” de ser assinado, com os advogados a trabalharem para fechar o dossier ainda este ano. Apesar de não ter intenção de vender, este acaba por ser um negócio com “pouca relevância” para o grupo hoteleiro, explica, referindo que antes da pandemia o EBITDA do Pestana atingia os 180 milhões de euros e este negócio equivale a 1% desse valor. “Muito fizemos para contribuir para o desenvolvimento do Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM) e não poderíamos pôr em causa um instrumento essencial para o desenvolvimento da RAM”, argumenta.

A venda é feita para tentar resolver as dúvidas inicialmente levantadas pela Comissão Europeia de que a adjudicação da gestão da ZFM à SDM, detida pelo Pestana, feita por ajuste direto, sem concurso público, infringe as regras para contratos públicos de concessão uma vez que impede propostas de outras empresas potencialmente interessadas na gestão. O Tribunal de Contas português veio a confirmar a interpretação de Bruxelas, considerando ser “ilegal” o ajuste direto desta concessão.

Cinco milhões serão pagos em prestações

Nas declarações em que atacou a proposta do Governo para a prorrogação do regime da Zona Franca, o vice-presidente do Governo Regional da Madeira explicou também esta semana que as condições do negócio são “muito positivas” para a Região, nomeadamente porque “o valor do pagamento [os cinco milhões de euros] será feito ao longo dos anos” e não obrigará a um “esforço significativo de tesouraria”.

Segundo Pedro Calado, estes cinco milhões correspondem à avaliação da exploração dos próximos quatro anos e não dos sete que faltam do atual regime e concessão. De acordo com o Diário de Notícias da Madeira, a SDM gera 4,5 milhões de euros em dividendos, taxas e outras receitas que passarão a ir integralmente para os cofres da Região. Os cerca de 30 trabalhadores da empresa manterão os postos de trabalho.

Do lado do Pestana, José Theotónio explica ao ECO que “a sociedade já tinha bens, [pelo que] houve uma partilha de bens que tem que ver com propriedades imobiliárias, contas a receber e contas a pagar”. Segundo o responsável, a avaliação foi feita pela PwC e foi aceite pela cadeia hoteleira.

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Wall Street sobe na penúltima sessão de 2020

Os principais índices norte-americanos subiram ligeiramente na penúltima sessão de 2020, ficando perto dos níveis recorde alcançados na segunda-feira.

Os três principais índices norte-americanos valorizaram esta quarta-feira — a penúltima sessão do ano –, mas não renovaram recordes históricos que tinham alcançado esta segunda-feira. Fica apenas a faltar uma sessão bolsista para concluir 2020, um ano marcado pela crise pandémica.

O Dow Jones valorizou 0,24% para os 30.409,56 pontos, o S&P 500 avançou 0,15% para os 12.870 pontos e o Nasdaq subiu 0,13% para os 3.732,04 pontos. Desde o início do ano, apesar da forte queda registada em março, os três principais índices norte-americanos acumulam fortes ganhos: o Dow sobe mais de 6% desde o início do ano, o S&P 500 soma 15% e o índice tecnológico Nasdaq valoriza 43%.

A contribuir para o tom positivo deste início de sessão esteve a aprovação da vacina da AstraZeneca/Oxford pelos reguladores britânicos, dando ânimo ao processo de vacinação.

Além disso, os investidores estão expectantes relativamente aos estímulos orçamentais aprovados nos EUA, os quais ainda poderão ser aumentados de um cheque de 600 dólares para 2.000 dólares, apesar de haver alguma resistência no senado para aprovar essa legislação. Para já, os 600 dólares começaram a ser entregues aos norte-americanos esta madrugada, de acordo com o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.

O líder republicano no senado, Mitch McConnell, que tem a maioria, bloqueou um voto rápido desta legislação. McConnell relacionou um cheque maior de 2.000 dólares com a remoção de proteções para as empresas de social media e com a introdução de um estudo sobre a segurança das eleições.

Porém, nem tudo são boas notícias. O número de infetados continua a aumentar nos EUA, com pelo menos 180 mil novos casos por dia e mais de duas mil mortes, de acordo com os cálculos da CNBC usando os dados da Universidade de Johns Hopkins. Além disso, foi descoberto o primeiro caso de um norte-americano com a nova variante da Covid-19 identificada pelo Reino Unido.

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CDS acusa Pedro Nuno Santos de gestão “desastrada” do caso dos salários da TAP

  • Lusa
  • 30 Dezembro 2020

Para o centrista Miguel Barbosa, é "inaceitável e inoportuno" que a "questão da remuneração dos órgãos de gestão" da TAP "se coloque" quando a empresa se prepara para despedir trabalhadores.

O CDS considerou esta quarta-feira que “a remuneração da gestão de topo” na TAP é reveladora “do desnorte e da crise de ansiedade que se instalou” na transportadora aérea e exigiu que o ministro da tutela “arrepie caminho” na reestruturação. Em comunicado, o vice-presidente do CDS Miguel Barbosa acusa o Governo, e em particular o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, de gerir “a questão da TAP de forma desastrada e nebulosa”.

“O mais recente da triste série de episódios disparatados – a remuneração da gestão de topo – é especialmente revelador do desnorte e da crise de ansiedade que se instalou em torno da TAP”, sustenta.

Na segunda-feira, o ECO avançou que três membros da administração da companhia aérea viram os salários aumentados, com o aval do Governo, incluindo o presidente executivo e o presidente do Conselho de Administração. No dia seguinte, o presidente do Conselho de Administração da TAP, Miguel Frasquilho, anunciou que abdicou do acréscimo salarial de que usufruiu a partir da saída de Humberto Pedrosa, porque quer continuar a fazer parte das negociações sobre o futuro da companhia.

O Ministério das Infraestruturas assegurou, por sua vez, que a TAP “não teve qualquer acréscimo de custos salariais” com os administradores, adiantando que os encargos com o Conselho de Administração caíram 33% “em termos brutos” desde março.

Para o centrista Miguel Barbosa, é “inaceitável e inoportuno” que a “questão da remuneração dos órgãos de gestão” da TAP “se coloque” quando a empresa “se prepara para despedir uma parte considerável da sua força de trabalho, e em que os contribuintes são chamados para a socorrer”. Segundo o CDS, o ministro Pedro Nuno Santos, que “representa o interesse coletivo” na TAP, “não pode tentar distanciar-se” desta questão.

No comunicado, o CDS exige que o titular da pasta das Infraestruturas, que tutela a TAP, “arrepie rapidamente caminho de forma a evitar mais um negócio ruinoso”, apontando “falta de transparência” ao plano de reestruturação da companhia, apresentado “sem o suporte de estudos e dados” e “sem discussão das alternativas”.

O plano de reestruturação da TAP, entregue em Bruxelas este mês, prevê a suspensão dos acordos de empresa, medida sem a qual, de acordo com o ministro Pedro Nuno Santos, não seria possível fazer a reestruturação da transportadora aérea.

O documento entregue à Comissão Europeia prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine, 450 trabalhadores da manutenção e engenharia e 250 das restantes áreas. O plano prevê, ainda, a redução de 25% da massa salarial do grupo (30% no caso dos órgãos sociais) e do número de aviões que compõem a frota da companhia, de 108 para 88 aviões comerciais.

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EUA preveem aprovar vacina da AstraZeneca/Oxford em abril

  • Lusa
  • 30 Dezembro 2020

A vacina da AstraZeneca/Oxford é bastante aguardada devido a razões práticas: é mais barata e pode ser armazenada em condições de refrigeração vulgares (2 a 8 graus Celsius).

Os Estados Unidos afirmaram esta quarta-feira que anteveem aprovar a vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca em abril, mais de três meses depois da ‘luz verde’ do regulador britânico oficializada esta quarta-feira. A previsão foi avançada pelo conselheiro-chefe do programa norte-americano de imunização contra o novo coronavírus, Moncef Slaoui.

A Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde do Reino Unido (MHRA), que autorizou esta quarta-feira o uso da vacina da AstraZeneca/Oxford no território britânico, é “uma instituição reguladora muito talentosa, de base científica e não tenho dúvidas quanto à sua decisão”, disse o especialista numa conferência de imprensa. Mas, segundo frisou Moncef Slaoui, o contexto regulatório é diferente nos Estados Unidos, explicando que os ensaios clínicos e as avaliações necessárias não permitem ter uma aprovação antes “do início de abril” de 2021. Moncef Slaoui salientou, nomeadamente, a necessidade de provar a eficácia da vacina nos idosos.

Desenvolvida pelo grupo farmacêutico britânico AstraZeneca em parceria com a também britânica Universidade de Oxford, esta vacina vai começar a ser administrada no Reino Unido a partir do dia 04 de janeiro. O Reino Unido já tinha aprovado, no início de dezembro, uma autorização de emergência para a vacina criada pela norte-americana Pfizer e pela alemã BioNTech. Aliás, foi o primeiro país do mundo a aprovar a vacina da Pfizer/BioNTech.

A vacina da AstraZeneca/Oxford é bastante aguardada devido a razões práticas: é mais barata e pode ser armazenada em condições de refrigeração vulgares (2 a 8 graus Celsius), o que facilita um processo de vacinação em grande escala.

Em relação à vacina desenvolvida pelo gigante norte-americano Johnson & Johnson, Moncef Slaoui antevê uma possível aprovação nos Estados Unidos em fevereiro. Esta vacina é igualmente aguardada com expectativa, uma vez que só necessita da administração de uma dose, ao contrário das vacinas aprovadas até agora (duas doses).

Neste momento, duas vacinas (Pfizer/BioNTech e Moderna) estão autorizadas nos Estados Unidos e mais de 2,1 milhões de pessoas já receberam a primeira inoculação. Este número está longe do objetivo traçado pela administração norte-americana ainda em funções, liderada pelo Presidente Donald Trump, que prometeu ter 20 milhões de pessoas vacinadas até ao final do ano. Na terça-feira, o Presidente eleito Joe Biden lamentou o “atraso” do processo.

O general Gus Perna, da Operação Warp Speed (nome do programa de desenvolvimento de vacinas e do programa de imunização nos EUA), precisou, entretanto, que 14 milhões de doses tinham sido distribuídas no país e assegurou que “as autoridades locais estavam a trabalhar arduamente” para administrá-las.

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Covid-19, mudanças na PLMJ, 70 transferências e CPAS. Veja o que marcou o mercado da advocacia em 2020

Mudança do modelo de gestão da PLMJ, novo responsável para denúncia de casos de lavagem de dinheiro nas firmas, até a entrada de novos players no mercado. Descubra o que marcou o ano na advocacia.

O ano de 2020 foi desafiante para todos os setores, sendo que a advocacia não foi exceção. Vários acontecimentos marcaram o ano dos advogados. Desde a saída do sócio da Uría, Jorge Brito Pereira, passando pela discussão em torno do regime de previdência dos advogados – CPAS ou Segurança Social, até à pandemia que colocou os advogados a trabalhar no conforto das duas casas, a Advocatus fez um resumo do que marcou o ano do setor.

Logo em janeiro, o ex-advogado de Isabel dos Santos, Jorge Brito Pereira, saiu da Uría Menéndez-Proença de Carvalho. O sócio da firma, desde 2016, decidiu renunciar no seguimento do caso Luanda Leaks que divulgou o alegado desvio de dinheiro da Sonangol, por parte da empresária Isabel dos Santos.

Na PLMJ, o ano de 2020 marcou um novo capítulo da firma com a adoção de um novo modelo de gestão com dois managing partners. Bruno Ferreira juntou-se a Luís Pais Antunes na liderança do conselho de administração da firma. Este reforço surgiu para fazer face aos desafios que o Covid-19 colocaram ao país e ao setor, bem como de forma a preparar as duas próximas décadas assumidas pela PLMJ.

Luís Pais Antunes e Bruno Ferreira, managing partners da PLMJ

Um ano marcado também pela liderança feminina no setor. Nos dez primeiros meses de 2020 muitos foram os negócios que movimentaram o país e o mundo. Segundo os dados da TTR divulgados pela Iberian Lawyer, entre as principais operações lideradas por advogadas face o valor de transação estiveram os escritórios da Vieira de Almeida (VdA), Morais Leitão, Cuatrecasas, Sérvulo, Abreu Advogados e Uría Menéndez-Proença de Carvalho.

Com o objetivo de criar uma comunidade de mulheres juristas que “se apoiem entre si” e que contribuam para que o “direito e as profissões jurídicas se tornem mais transparentes, inclusivas, interdisciplinares e acessíveis”, nasceu a associação Astraea. O projeto foi criado por seis juristas: Aida Conde, Beatriz Esperança, Gabriela Pinheiro, Leonor Catela, Madalena Narciso e Rafaela Miranda.

O género feminino marcou ainda 2020 com a integração da Associação das Juízas Portuguesas na International Association of Women Judges, com a reeleição da sócia da VdA, Margarida Couto, na presidência da direção da associação GRACE – Empresas Responsáveis para o triénio 2021-2023, e ainda com a adesão da VdA ao Target Gender Equality, um programa acelerador para a Igualdade de Género.

A partir de 11 de setembro de 2020, as sociedades de advogados passaram a ser obrigadas a ter um responsável que terá de zelar pelo cumprimento das obrigações dos seus profissionais no âmbito da prevenção do branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo através do novo regulamento da Ordem dos Advogados (OA). À Advocatus, os escritórios de advogados garantiram que já controlavam as operações suspeitas de branqueamento de capitais e financiamento de terrorismo.

Luís Menezes Leitão, bastonário da Ordem dos Advogados, em entrevista ao ECO/Advocatus - 07JAN20
Luís Menezes Leitão, bastonário da Ordem dos AdvogadosHugo Amaral/ECO

Mas as denúncias feitas já superavam as do mandato anterior, mesmo antes do novo regulamento estar em vigor. “Em todo o mandato anterior, a Ordem dos Advogados recebeu apenas cinco denúncias. Nos primeiros seis meses deste mandato já ultrapassámos esse número”, explicou o Luís Menezes Leitão, bastonário da OA.

Dez sociedades de advogados receberam do Estado cerca de 30 milhões de euros, em cinco anos por serviços jurídicos prestados. Desse total – relativo aos anos de 2015 a 2019 – 24 milhões foram relativos a contratos celebrados com o Banco de Portugal. Na ‘pole position’ está a VdA que, só por si, recebeu 11,5 milhões de euros de dinheiros públicos por prestação de serviços jurídicos.

Na versão preliminar do OE para 2021, o Governo quis reduzir a contratação de serviços jurídicos externos ao Estado como o pedido de estudos, pareceres, projetos, serviços de consultoria, trabalhos especializados e representação judiciária feitos por escritórios de advogados e consultoras. Estes devem assim passar a ser “realizados por via dos recursos próprios das entidades públicas”.

Duas perdas marcaram o mundo jurídico em 2020: o advogado de José Sócrates, João Araújo, e antigo ministro da Defesa e ex-bastonário da Ordem dos Advogados, Júlio de Lemos Pereira Castro Caldas.

Novos escritórios e fusões em 2020

Vários foram os novos escritórios que viram a “luz do dia” em 2020. Mais recentemente, Carlos Lobo e Sérgio Vasques, ex secretários de Estado dos Assuntos Fiscais de José Sócrates, fundaram uma nova boutique de direito fiscal, a Lobo Vasques e Associados.

A fusão da SRS Advogados com a AAA Advogados e da Antas da Cunha ECIJA com a Vieira Advogados foram os dois “casamentos” que se deram em 2020. Entre as novidades está também a nova boutique de direito da concorrência, regulação e União Europeia, a Sousa Ferro & Associados, e a integração da José Manuel Mesquita & Associados na PRA.

Pedro Rebelo de Sousa, managing partner da SRS AdvogadosPaula Nunes/ ECO

A cidade de Lisboa somou dois novos escritórios: um da Valadas Coriel & Associados, nas Amoreiras, e outro da Ferreira Leite, Rua, Pontes & Associados, no Parque das Nações. No Porto a CRS Advogados abriu um novo escritório. A PRA mudou de espaço na região do Algarve e abriu um novo escritório em Faro.

Pelo mundo, a Valadas Coriel & Associados integrou-se na Grimaldi Alliance, a Miranda Alliance criou a Costa, Cunha, Gonçalves & Associados em Cabo Verde, a VFA celebrou um protocolo de cooperação com a Motus Asia – consultora com sede em Singapura, a Pais de Vasconcelos & Associados estabeleceu uma parceria com a firma brasileira Estevez Advogados, e a Cuatrecasas abriu um novo escritório no Chile.

Mas alguns escritórios também foram encerrados por ilegalidades. Em 2020, o escritório de mediação imobiliário Sónia Veríssimo – Sociedade de Mediação Unipessoal, Lda fechou depois de uma decisão judicial que considera que em causa estão atos de procuradoria ilícita. Também a OA pugnou pelo encerramento do escritório da Intercobranças – Gestão e Recuperação de Valores e Bens.

Pandemia, teletrabalho e corte de salários

Com os primeiros casos de Covid-19 a surgirem em Portugal em março, o país acionou o Estado de Emergência e praticamente ficou suspenso. Devido à interrupção que prejudicou os rendimentos dos advogados, a OA suspendeu o pagamento das quotas mensais e criou um fundo de apoio aos profissionais do setor em situação de emergência. Para este mecanismo foram canalizadas as verbas que não eram estritamente necessárias para assegurar o funcionamento dos serviços da OA.

Durante o período de confinamento, os advogados viram a sua remuneração diminuir face ao período anterior. Segundo o estudo apresentado pela OA, 40,5% teve uma redução de 50% dos rendimentos e cerca de 36% sentiu um decréscimo de 100%. Ainda assim, os advogados passaram também a ter maior facilidade em conseguir o apoio do Estado de 483 euros, sem terem de provar que, antes recorreram a todos os familiares próximos.

Advocatus. Teletrabalho ou escritório?

Em tempos de crise, os escritórios de advogados admitiram um cenário difícil, que há que ter cautela e moderação nos custos. Em alguns casos houve uma redução efetiva de salários e corte nos prémios. E noutros apenas a chamada “retenção” no pagamento integral dos mesmos.

Várias iniciativas surgiram com a pandemia de forma a apoiar não só os cidadãos como a classe de advogados. Exemplo disso, foi o COVIDizer, um projeto que surgiu para combater a “desinformação” junto da população, através da partilha de conteúdos simplificados e interativos dos efeitos práticos das várias leis. Já a OA distribuiu kits de proteção, perante a falta de fornecimento de equipamentos de proteção para os advogados.

23,1%. Foi este o valor de crescimento do número de teletrabalhadores em Portugal, no segundo trimestre de 2020, segundo o INE. Esta percentagem traduz um aumento para 1.094 milhões de pessoas em regime de teletrabalho no país. Sendo que 91,2% destes profissionais indicaram que a principal causa é a pandemia Covid-19. Dos 348 advogados, sondados pela Advocatus, 64,4% prefere exerce a sua atividade em regime de teletrabalho (224 inquiridos), face aos 35,6% que prefere o seu escritório na firma.

CPAS ou SS? A discussão permaneceu

2020 ficou ainda marcado pela aprovação do Plano de Proteção de Rendimentos para advogados, solicitadores e agentes de execução em situação de incapacidade temporária absoluta por doença ou acidente. Esta solução foi desenvolvida pela CPAS e pela companhia de seguros AIG e permite que os beneficiários usufruem de um seguro que lhes garante, nas situações previstas, o pagamento equivalente a 70% da remuneração convencional mensal escolhida pelo beneficiário.

No ano que cessa iria também ficar marcado por uma Assembleia Geral Extraordinária que iria discutir a convocação de um referendo relativo à escolha do sistema de previdência – Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores (CPAS) ou Segurança Social, mas que devido à pandemia teve que ser adiado para 28 de janeiro. A discussão sobre o regime de previdência social dos advogados tem sido recorrente ao longo dos anos, mas face ao período de estado de emergência que o país enfrentou, intensificou-se.

Carlos Pinto de Abreu, presidente da CPAS

A encerrar o ano, a CPAS anunciou que não vai aumentar as contribuições em 2021. Em Conselho Geral foi decidido que as contribuições para o sistema de previdência dos advogados não vão sofrer qualquer aumento em 2021. Este sistema de previdência tem cerca de 35 mil inscritos, que pagam, em média mensalmente, no mínimo 256 euros, independentemente do que ganham de ordenado.

A CPAS viu o seu ano ainda marcado por uma investigação, pela Justiça, por suspeitas de gestão danosa e desvio de fundos. Os factos remontam a 2015 e até 2018 – quando a direção da instituição era a de José Ferreira de Almeida – e neste momento o processo encontra-se a decorrer no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, estando ainda em segredo de Justiça.

Também o bastonário avisou que a OA vai lançar uma auditoria externa à CPAS. O objetivo é “apurar o património da entidade e as condições para o pagamento de pensões”. Relembre-se que em 2020 foi anunciado que os advogados devem cerca de 6,5 milhões de euros em quotas à OA.

Nomeações e distinções internacionais

Durante o último ano, várias foram as distinções e nomeações de advogados e profissionais da área, não só a nível nacional como internacionalmente. Em janeiro, Paulo Pinto de Albuquerque, professor catedrático e juiz do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, recebeu uma medalha de honra pela OA. Também o advogado José António Barreiros recebeu uma medalha de ouro pela OA.

O Instituto dos Advogados de São Paulo nomeou José Miguel Júdice, ex-sócio e fundador da sociedade de advogados PLMJ, como associado honorário. Existem atualmente 32 pessoas com o estatuto atribuído a José Miguel Júdice, entre eles quatro portugueses: José de Oliveira Ascensão, José Gomes Canotilho, António Pinto Monteiro e Eduardo Vera-Cruz.

José Miguel JúdiceHugo Amaral/ECO

O consultor da Abreu Advogados, Alexandre Miguel Mestre, foi nomeado para o comité de três membros independentes do UEFA Governance and Compliance Committee, passando a integrar o órgão dedicado à prevenção de condutas ilegais e à ética no futebol europeu. Também da Abreu, o sócio Francisco Patrício foi o advogado português eleito para integrar o conselho da Insol Europe para o triénio 2020-2022.

Já João Vieira de Almeida, managing partner da VdA, integrou o Advisory Board do World Economic Forum, sendo o único europeu no órgão de aconselhamento da New Champions. Mas não ficou por aqui e assumiu-se como vice-chairman da administração da Generali Portugal.

O ex-presidente da Uría Menéndez-Proença de Carvalho, Daniel Proença de Carvalho, assumiu a presidência do grupo Movicortes, substituindo o advogado Teófilo Santos. O ex-advogado retirou-se da advocacia em 2019, após 50 anos a exercer a profissão.

Daniel Proença de CarvalhoTiago Petinga / Lusa

Pedro de Gouveia e Melo, sócio da Morais Leitão, foi eleito presidente da UAE – União dos Advogados Europeus para o biénio 2020-2022. Por outro lado, Miguel Poiares Maduro é o titular da Cátedra VdA em Digital Governance.

Encontros ficaram-se pelos ecrãs

A 12.ª edição do Rock ‘n’ Law voltou a dar música. Dada a impossibilidade de realizarem a festa e concerto ao vivo, a organização não deixou de apoiar quem mais precisa e atuou através das redes sociais. Nove bandas compostas por advogados afinaram os instrumentos, aqueceram as vozes e e brilharam nos ecrãs do Youtube e das redes sociais. A organização apoiada este ano foi a União Audiovisual, uma associação que surge para apoiar os vários profissionais que ficaram sem trabalho.

Francisco Proença de CarvalhoHugo Amaral / ECO

Após duas edições em Lisboa, a Advocatus Summit regressou em 2020 a dobrar com uma edição no Porto e outra na capital portuguesa. O principal evento que liga a advocacia de negócios aos agentes empresariais e da economia decorreu em formato digital, face à pandemia, sendo divulgados diariamente um novo painel.

Também por via digital, a décima edição dos Encontros de Coimbra, fundados por José Miguel Júdice e António Pinto Leite, abriu portas e reuniu a comunidade arbitral lusófona. Este ano, Mariana França Gouveia, sócia da PLMJ, e Catarina Monteiro Pires, sócia da Morais Leitão, organizaram em conjunto esta edição sob o mote “Arbitragem ao serviço de um mundo em mudança”.

Da Escola Superior de Advocacia aos 254 advogados falsos

Uma das novidades anunciadas pela OA em 2020 foi a Escola Superior de Advocacia até ao final do mandato atual do Conselho Geral. Ou seja, até 2022 os advogados estagiários terão, a par com a formação dada pelos Conselhos Regionais da OA, de fazer também a formação dada por esta nova escola, com caráter obrigatório. Na prática, serão ações de formação que os jovens licenciados em direito terão de fazer no Centro de Estudos Judiciários, que é responsável pela formação da magistratura judicial e a do Ministério Público.

A parte da formação, a Ordem dos Advogados registou 254 casos suspeitos de falsos advogados a praticar procuradoria ilícita. Empresas de consultoria, advogados suspensos pela Ordem que continuam a exercer, empresas de cobrança de dívidas, gestão de condomínios, sociedades de mediação imobiliária, gabinetes de contabilidade, agências funerárias, seguradoras, agências de comunicação e juntas de freguesia são algumas das instituições que estão a praticar atos que são exclusivos dos advogados.

Foi ainda criada a Associação Internacional de Jovens Advogados de Língua Portuguesa (JALP) com o objetivo principal apoiar, integrar e representar os jovens advogados oriundos dos países de língua oficial portuguesa, “pretendendo assumir-se como um polo agregador e voz ativa e intransigente das inquietações e interesses dos seus associados”.

De acordo com a primeira edição do Deloitte Fraud Survey Advogados, o número de empresas envolvidas em situações de fraude tem vindo a aumentar, com 55% dos advogados a assumirem que já foram solicitados para participar na realização de um esquema de fraude. Segundo o estudo, 63% dos inquiridos pertencentes a grandes escritórios de advogados declaram que já foram solicitados para assessorar na estruturação de uma potencial situação de fraude.

Oito cêntimos foi quanto o ministério da Justiça aumentou na tabela de referência que serve de base de pagamento aos advogados oficiosos, pagos pelo Estado para a defesa de cidadãos que não tenham possibilidade de pagar do seu próprio bolso. O aumento deu-se ao fim de 11 anos.

Entre os acontecimentos do ano de 2020 está o lançamento da Associação Portuguesa da Advocacia em Prática Individual que pretende defender aos interesses dos advogados em nome individual, a “Netflix do Direito”, uma plataforma digital que permitirá a consulta de vídeo-aulas, casos práticos e seminários para que estudantes e juristas, a Plataforma MAGNO, uma ferramenta que tem o objetivo de identificar movimentos que sejam suspeitos de corrupção ou de fuga ao Fisco, e ainda a LMS – Legal Management System, um software de gestão e administração de processos em litigação e cobrança de dívidas integrado atualmente em 25 escritórios de advogados portugueses.

Lançada também em 2020, a PAIIR – Portuguese Association of Immigration, Investment and Relocation é a nova associação portuguesa, criada por Sara Sousa Rebolo, sócia da Caiado Guerreiro, e Vanessa Rodrigues Lima, associada da Abreu Advogados.

Sociedades apostam na inovação

2020 foi sinónimo de aposta tecnológica nas sociedades de advogados. A Antas da Cunha ECIJA apostou no projeto “Legal Augmented Intelligence”, com o objetivo de estudar o impacto das alterações sociais na evolução da justiça. Já a CMS lançou a C’M’S’ Breach Assistant, uma aplicação desenvolvida para responder a questões relacionadas com incidentes de segurança e violação de dados pessoais em tempo real. A Kennedys, por outro lado, lançou a Plataforma IQ.

Arte nos escritórios
Escritório da Morais LeitãoHugo Amaral/ECO

A Morais Leitão também apostou na tecnologia e lançou, em parceria com o Luminance, uma plataforma de inteligência artificial para advogados. Por outro lado, a CCA e a Startup Lisboa celebraram uma parceria de forma a apoiar startups de forma transversal, com especial foco nas áreas de captação de investimento, tecnologia e corporate.

A Serra Lopes, Cortes Martins lançou a newsletter WITH SLCM, vocacionada para partilhar experiência e conhecimento e abordar, numa linguagem clara e informativa, a atualidade jurídica e a realidade legislativa e regulatória num conjunto de oito setores de atividade.

Outras novidades surgiram no mundo da advocacia. Desde a criação da “Unidade Económica do Dano Corporal” pela PRA, passando pela parceria estabelecida entre a CCA e a IAMCP Portugal, ou até a Business Academy for Lawyers, programa criado pela Morais Leitão e a Nova SBE Executive Education, o ano 2020, apesar da pandemia, acabou por ser movimentado.

A Abreu Advogados foi eleita, pelos estudantes universitários de direito, como a sociedade de advogados mais atrativa para trabalhar em Portugal. E por falar em alunos, a VdA criou o Gabinete do Estagiário, núcleo que passará a acompanhar ativamente todo o percurso do estagiário VdA, através de um programa focado nas especificidades dessa fase profissional.

Já a PLMJ assinou um movimento internacional de organizações que em conjunto promovem melhores práticas de trabalho em prol da saúde mental e do bem-estar, o Mindful Business Charter.

Apostando na inovação, a RSA – Raposo Subtil e Associados integrou a Nextlaw Referral Network, de forma a permitir conectar com clientes a advogados em todo o mundo. A SPS, por outro lado, criou uma nova função na firma — de office manager —, com o objetivo de “potenciar a eficiência da gestão da sociedade”.

O mundo do futebol também fez correr tinta na imprensa. Após o Barcelona ter suspendido os serviços jurídicos da Cuatrecasas devido ao aconselhamento feito ao Messi, a sociedade de advogados anunciou que o advogado do jogador argentino, Jorge Pecourt, iria abandonar a firma.

Um mercado de transferências com 70 histórias

No ano de 2020 totalizaram-se 70 transferências, fora a entradas e saídas de advogados que se estrearam no mercado.

Desde outubro de 2018, entraram na PLMJ cinco novos sócios e foram promovidos dois advogados a sócios. Em contrapartida, desde finais de 2018 que vários advogados ‘históricos’ PLMJ saíram do escritório. Treze sócios desde outubro de 2018 – entre eles João Medeiros, advogado de António Mexia e que coordenava a área de Alexandra Mota Gomes.

Reveja tudo o que aconteceu no mercado de transferências:

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Merkel já passou o testemunho da presidência da UE a Costa. “Fazemo-lo com os melhores votos de sucesso”

  • Lusa
  • 30 Dezembro 2020

Angela Merkel endereçou votos de “muito sucesso” a António Costa, a propósito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia durante o primeiro semestre de 2021.

A chanceler alemã, Angela Merkel, desejou esta quarta-feira ao primeiro-ministro português, António Costa, “muito sucesso” na presidência do Conselho da União Europeia, assegurando que a Alemanha “fará tudo ao seu alcance” para apoiar Portugal.

Angela Merkel, na presidência do Conselho da União Europeia (UE) até 31 de dezembro, passou hoje virtualmente “o testemunho” a António Costa, cujo governo assume a presidência da União Europeia a 1 de janeiro, através de uma mensagem vídeo divulgada nas redes sociais.

Num balanço da presidência alemã, Merkel afirma que “o desafio central foi sem dúvida a pandemia do coronavírus” e afirma a importância da unidade dos 27 neste desafio.

“Estou convencida de que juntos seremos mais fortes que o vírus. É o que estamos a presenciar nestes dias: em conjunto a Europa está a promover, adquirir e distribuir vacinas”, apontou, agradecendo à Comissão Europeia e assegurando que a União Europeia está empenhada “em assegurar que as vacinas estão disponíveis em todos os países, porque a pandemia não conhece fronteiras”.

“Juntos também seremos capazes de enfrentar as consequências para as nossas economias e para os postos de trabalho dos nossos cidadãos”, frisou igualmente, apontando que o orçamento plurianual da União Europeia e o fundo de recuperação vão ajudar “a superar este momento de crise excecional”.

A chanceler afirmou que, com o fundo de recuperação, a Europa está a “investir no futuro comum”, ao privilegiar o “apoio à proteção do clima e à digitalização”, salientando que a definição da meta de redução de 55% das emissões de CO2 até 2030 mostra como os europeus querem “continuar na primeira linha do combate às alterações climáticas à escala global”.

“Passamos-vos o testemunho e fazemo-lo com os melhores votos de sucesso para as tarefas que têm pela frente”, afirmou a chanceler alemã, dirigindo-se a António Costa e aos “caros amigos portugueses”.

Desejo-vos muito sucesso para a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia. A Alemanha fará tudo o que estiver ao seu alcance para apoiar Portugal”, concluiu.

Portugal assume a 1 de janeiro a sua quarta presidência da União Europeia, dando continuidade ao trio de presidências iniciado pela Alemanha em 01 de julho de 2020 e que será concluído pela Eslovénia no segundo semestre de 2021.

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Autoridade da Concorrência quer “consolidar ritmo de investigação” após ano de multas recorde

Firmeza na vigilância, deteção e sanção de abusos ou práticas anticoncorrenciais que explorem dificuldades económicas de famílias e empresas estão entre as prioridades do regulador para o ano novo.

Após um ano em que aplicou multas como nunca, a Autoridade da Concorrência quer consolidar o trabalho de investigação. E promete focar-se ainda mais nas práticas que comprometam anticoncorrenciais em ambiente digital, bem como contribuir para a recuperação da economia portuguesa. Estas são as prioridades do supervisor para 2021.

No que toca às suas preocupações quanto ao ambiente digital, a Autoridade da Concorrência pretende fazer uma identificação rigorosa de práticas anticoncorrenciais no comércio eletrónico de bens e serviços. Em causa estão, por exemplo, a combinação de preços ou de repartição de mercados, em qualquer nível da cadeia de abastecimento, incluindo no comércio eletrónico. Para isso, conta com a task-force digital inter-departamental criada este ano para o efeito.

Ao longo de 2020, a AdC aplicou quatro grandes multas nos setores do retalho, ferrovia, publicidade e telecomunicações, no total de 393,4 milhões de euros, um trabalho que pretende continuar no próximo ano. Mas, a par das práticas online, irá estar especialmente atenta à retoma pós-Covid.

“Em 2021, para além de consolidar o ritmo de investigação, a AdC propõe-se contribuir para a recuperação da economia portuguesa, ao promover a redução de barreiras estruturais e legislativas, como as barreiras à mobilidade profissional e à inovação das empresas”, explica a entidade liderada por Margarida Matos Rosa, em comunicado.

É através de uma promoção da redução de barreiras estruturais e legislativas — nomeadamente, das barreiras à mobilidade profissional e à inovação das empresas — que a Autoridade da Concorrência se propõe a contribuir para uma recuperação da economia portuguesa.

Eliminando barreiras nas profissões, o desemprego poderá ser reduzido ao permitir-se mais facilmente a reconversão profissional. Eliminando barreiras à inovação, a economia poderá recuperar do ano que passou, com agilidade e com resiliência para a próxima década”, acrescenta Margarida Matos Rosa.

A firmeza na vigilância, deteção e sanção de abusos ou práticas anticoncorrenciais que explorem as dificuldades económicas que têm vindo a ser sentidas por muitos agregados familiares e empresas configura-se ainda como um dos principais objetivos do regulador para o ano que está prestes a iniciar-se.

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Marcelo faz reparos, Leão defende Orçamento para 2021

Marcelo promulgou o OE 2021, mas fez reparos na ênfase social e nos apoios às empresas. De seguida, João Leão veio em defesa do seu primeiro Orçamento, garantindo que há uma "luz ao fundo do túnel".

O Presidente da República promulgou esta terça-feira o Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021), mas como é habitual deixou reparos e avisos ao Governo. Mais tarde, Marcelo admitiu que se não fosse a pandemia teria feito um comentário “mais duro” ao OE. Esta quarta-feira chegou a “resposta” de João Leão: o ministro das Finanças garantiu que este “é um bom orçamento”, aquele que “Portugal precisa para conseguir superar esta crise”.

Sem querer dar uma carta branca ao Governo socialista, principalmente quando se aproxima a campanha das Presidenciais 2021 em que é recandidato, Marcelo Rebelo de Sousa identificou três pontos “menos positivos” no orçamento, sendo dois da responsabilidade do Executivo e do PS: em primeiro lugar, “podia-se ter ido um pouco mais longe na ênfase social”; em segundo lugar, notou o “renovado não acolhimento de algumas pretensões empresariais”.

Mais tarde na terça-feira em entrevista à RTP, o Presidente da República foi mais longe no seu comentário, mas pouco. Disse compreender o “difícil equilíbrio” entre a prioridade do défice e a necessidade de medidas sociais — que “estão lá [no OE 2021]”, fez questão de assinalar — e referiu apenas que as empresas já querem há vários anos uma redução de impostos e melhores incentivos à iniciativa privada, pretensões que não foram correspondidas. Contudo, não assumiu se apoiava ou não essa redução de impostos para as empresas.

Como “atenuante”, Marcelo deu como principal razão para a promulgação rápida do OE 2021 a “complexa situação vivida”, ou seja, a crise pandémica. “O país precisa de um orçamento em vigor a 1 de janeiro”, argumentou. Essa prioridade é partilhada com o ministro das Finanças: “O contexto atual é de grande exigência“, disse Leão num vídeo divulgado esta quarta-feira, assinalando que já se vê “a luz ao fundo do túnel, mas ainda o temos de atravessar”.

Quanto à preocupação do Presidente da República com as medidas sociais, Leão contrapôs com as medidas negociadas à esquerda: a nova prestação social extraordinária para quem perdeu rendimentos por causa da pandemia, o aumento do subsídio de desemprego mínimo (mais o prolongamento por seis meses quando caducar) e o alargamento das creches gratuitas ao segundo escalão de rendimentos, o que, segundo as Finanças, beneficiará 65 mil crianças.

A estas medidas de caráter social podem juntar-se as alterações que vão melhorar o rendimento disponível dos portugueses. É o caso do aumento do salário mínimo em 30 euros (para 665 euros brutos), o aumento extraordinário de 10 euros para dois milhões de pensionistas, a redução das taxas de retenção na fonte de IRS (que é apenas um efeito temporal e não um aumento real do salário) e a redução do IVA da eletricidade para consumos baixos.

Na falta de preocupação pelas empresas — uma crítica também feita pela direita durante a discussão do OE 2021 no Parlamento –, Leão riposta com o programa Apoiar, o apoio ao pagamento de rendas, as moratórias bancárias até setembro, o fortalecimento das linhas de crédito com garantias estatais, o crédito fiscal extraordinário de investimento (20% em IRC) e o arranque do fundo de recuperação europeu (principalmente o Plano de Recuperação Europeu).

Para o ministro das Finanças “estas medidas vão dar um contributo fundamental para uma forte recuperação da economia, o que contribuirá “também para a redução do défice e da dívida pública” com o contributo do aumento do PIB. “Esta evolução da economia e das finanças públicas contribuirá para dar confiança aos portugueses, demonstrando que o país está no bom caminho, e que segue uma trajetória segura e sustentável”, rematou Leão.

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Ministro do Ambiente garante que é seguro fechar central de Sines já em janeiro

  • Lusa
  • 30 Dezembro 2020

A DGEG e a REN ditaram que "é seguro" para o sistema elétrico nacional acabar com o carvão através da "concertação de todas as outras infraestruturas que produzem eletricidade e que podem ser backups"

O ministro do Ambiente disse que vê com “grande satisfação” o fecho da central termoelétrica a carvão de Sines, depois de a EDP ter sido autorizada a fazê-lo a partir de 15 de janeiro.

“Com grande satisfação, uma unidade que era responsável por 15% das emissões em Portugal vai encerrar já nos próximos dias de janeiro”, afirmou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, que falava aos jornalistas no final de uma visita ao Pinhal de Leiria, ardido no incêndio de outubro de 2017, na Marinha Grande.

Sublinhando que a avaliação feita pela Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) tem caráter técnico e não político, Matos Fernandes explicou que aquela entidade “encontrou segurança no abastecimento que lhe permite poder ter já adiantado à EDP que, a partir do dia 15 de janeiro, pode, de facto, encerrar” aquela central.

O fecho da central de Sines esteve inicialmente apontado para 2023, uma vez que dependia da entrada em funcionamento das barragens do Alto Tâmega e a construção de uma nova linha de eletricidade entre Ferreira do Alentejo e o Algarve, ambas ainda por concluir.

No entanto, a intenção de antecipar o fecho daquela central a carvão já tinha sido anunciada.

A EDP recebeu, entretanto, as autorizações necessárias para encerrar a atividade na central a carvão de Sines a partir de 15 de janeiro e, segundo confirmou hoje à Lusa fonte oficial da empresa, “mantém os planos para encerrar nessa data”.

Segundo o governante com a pasta do Ambiente, a DGEG e a REN – Redes Energéticas Nacionais decidiram que é seguro encerrar a atividade de produção de energia poluente em Sines, “em face da redução de consumos que existiu também consequência da Covid-19, e com uma concertação da manutenção de todas as outras infraestruturas que produzem eletricidade e que podem ser ‘backups’”.

Quanto aos planos para a produção de hidrogénio verde naquelas instalações lembrou que – não tendo “nada a ver uma coisa [fecho da central] com a outra [produção de hidrogénio]” – “no aviso, ainda que informal, que foi aberto” há um projeto, no qual participam a EDP, a Galp e a Ren, cujo objetivo é produzir aquele gás, através da eletrólise da água (separação dos seus componentes, hidrogénio e oxigénio).

A EDP explicou que, “após o fim de atividade, a central irá entrar em fase de descomissionamento e desmantelamento, estando em avaliação a possibilidade de projetos que possam aproveitar parte das infraestruturas existentes naquela localização”.

O projeto para produção de hidrogénio verde é uma possibilidade, prosseguiu a empresa, “mas está ainda numa fase de avaliação com vários parceiros”.

A EDP, Galp, Martifer, Vestas e REN anunciaram, em 27 de julho, que tinham assinado um memorando de entendimento para avaliar a viabilidade do projeto H2Sines, que visa implementar um ‘cluster’ industrial de produção de hidrogénio verde com base em Sines.

Questionada sobre o futuro dos trabalhadores da central termoelétrica, a EDP esclareceu que se iniciaram “contactos” no final de setembro.

“Esse processo está a decorrer dentro do previsto e com total colaboração entre as partes, tendo como prioridade cumprir os compromissos com todos os seus trabalhadores, tal como foi anunciado na altura”, apontou a empresa.

O Sindicato das Indústrias, Energias, Serviços e Águas de Portugal (SIEAP) alertou hoje para o grave problema dos quase 100 trabalhadores indiretos da central termoelétrica de Sines da EDP que já receberam carta de despedimento e defendeu uma transição energética justa.

O ministro do Ambiente, em declarações sobre a descontinuação da refinação da Galp em Matosinhos a partir do próximo ano, que coloca em causa 500 postos de trabalho diretos e 1.000 indiretos, disse que verbas do Fundo para a Transição Justa serão direcionadas para a criação e reconversão profissional.

No caso da central de Sines (1.180 MW), que não produz energia desde janeiro 2020, foi entregue em julho uma “declaração de renúncia” à licença de produção, para encerramento em janeiro de 2021.

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